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O maior poço do mundo

Por Marco Antônio Pinheiro Machado*

Poucos brasileiros sabem que o nosso território não se restringe apenas aos tradicionais limites geográficos que aprendemos na escola. A chamada “Amazônia Azul”, com 5,7 milhões de quilômetros quadrados (67% da área do Brasil), margeando o nosso litoral sob o Oceano Atlântico, é território brasileiro. Uma região onde o mar alcança profundidades que ultrapassam 2.000 metros. Fruto de trabalho de décadas liderado pela Marinha Brasileira em parceria com a Petrobras, que detém o conhecimento deste subsolo, logramos total soberania e exclusividade de exploração econômica, em pleito reconhecido pela ONU. A Amazônia Azul é repleta de recursos naturais (minerais e pescado), sendo uma das pérolas deste tesouro a imensa reserva de petróleo do Pré-sal. Desde a descoberta do Campo de Tupi em 2006 a Petrobras vem confirmando volumes que podem garantir a nossa auto-suficiência por séculos. O turbilhão de problemas políticos, econômicos e éticos que levaram o país à beira de um precipício nos últimos anos tem produzido uma “cortina de fumaça” encobrindo a divulgação de significativas conquistas capazes de melhorar a auto-estima do nosso povo, tão atordoado por administrações abiloladas que agora colocam em risco nossa democracia e sobretudo nossa soberania econômica. Um marco destas conquistas foi a recente perfuração de um certo poço em outro campo de petróleo do Pré-sal (Campo de Búzios), onde a Petrobras opera integralmente, sem parceiros internacionais. Trata-se do poço com maior produtividade do mundo atualmente, e talvez de todos os tempos, no âmbito da indústria do petróleo. Uma façanha digna de figurar no Guiness Book. O volume de petróleo que é extraído deste poço (65 mil barris por dia, medidos no dia 27 de julho de 2019) poderia abastecer sozinho um país como o Uruguai, por exemplo. Este resultado não é apenas uma “dádiva da natureza”, mas fruto da excelência e árduo trabalho de brilhantes gerações de geólogos e engenheiros brasileiros. Para saber mais a respeito dos fatos que levaram a esta conquista leia o livro Pré-sal: a saga. A história de uma das maiores descobertas mundiais de petróleo.

*Marco Antônio Pinheiro Machado, autor de Pré-sal: a saga (L&PM, 2018), é geólogo aposentado da Petrobras, onde trabalhou por 37 anos. Participou dos estudos sobre o pré-sal na Bacia de Santos de 2001 a 2014.

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Uma viagem espacial com o cãozinho mais amado dos quadrinhos!

No dia 7 de agosto, quarta-feira, o pequeno Snoopy vai sair dos quadrinhos e aterrissar no McLanche Feliz! Dessa vez, em uma missão especial com a NASA. Isso porque, nesse ano, são comemorados os 50 anos da chegada do homem à Lua! Para que essa data não passe em branco, os amantes de Mc Donald’s poderão escolher entre 10 brinquedos do cãozinho aventureiro em diferentes módulos espaciais. Tem de tudo: foguete, satélite, e até uma simpática miniatura que faz moonwalk!

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Por que Snoopy foi escolhido  para essa missão?

Recentemente, foi encontrado um módulo lunar denominado Snoopy, perdido em maio de 1969, que fazia dupla com o veículo Charlie Brown na missão Apollo 10.

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A função de Snoopy era levar as pessoas até a superfície da Lua e trazê-las de volta para a Terra. Após o teste, que durou aproximadamente oito dias, os astronautas da missão chegaram a pouco mais de 15 quilômetros da superfície Lunar, porém sem tocá-la. Na volta da equipe para o módulo que orbitava a lua, Snoopy foi descartado, sem intenção real da NASA de recuperá-lo.

No entanto, em junho de 2019, um grupo de astrônomos liderado por Nick Howes, afirmou ter encontrado o módulo. Algo que possuía uma chance entre 235 milhões de acontecer!

Em cada brinquedo são disponibilizados pequenos cartões com informações sobre cada um dos modelos representados e como funcionam.

Os brinquedos estarão disponíveis para a compra separada também, no valor de, aproximadamente, R$ 13,00.

 

A L&PM publica a turma de Charlie Brown em vários formatos.  

Peça de Hilda Hilst publicada pela L&PM estreia na Casa da Luz em São Paulo

Estreia quarta-feira, 7 de agosto, no Teatro Centro Cultural Casa da Luz em São Paulo, o espetáculo do grupo Teatro da Vértebra: O Verdugo, peça escrita por Hilda Hilst. Esta encenação integra um projeto de pesquisa do grupo sobre dramaturgas que escreveram durante regimes ditatoriais. Em seu texto, Hilda aborda temas como relações de poder, empatia e intolerância e apresenta a história de um executor que decide defender a vida de um homem acusado de incitar a desordem e a revolta popular. Ao recusar as ordens e o sentido do seu trabalho, ele enfrenta também as consequências de se posicionar diante do que acredita ser injusto. A pesquisa do grupo, que passa também pela investigação das pontes entre as ditaduras do Brasil e Argentina, tem ainda como objetivo, olhar para a própria produção cultural e dramatúrgica brasileira no contexto dos regimes ditatoriais, estimulando o debate e a valorização desse patrimônio histórico para o país.

O Verdugo é publicado na Coleção L&PM Pocket juntamente com outra peça de Hilda: A morte do patriarca.

O VERDUGO

 

SERVIÇO

O que: “O Verdugo” com o Grupo Teatro da Vértebra

Quando: Quartas-feiras – 7, 14 e 21 de agosto

Onde: Teatro da Luz,  Rua Mauá, 512 – Centro Histórico de São Paulo

Quanto: R$ 30 (inteira) R$ 15 (meia-entrada e lista amiga) – Aceita cartão de débito

Pinóquio ganha versão em live-action e vira um menino de verdade

Nesta onda de adaptações de clássicos literários e animações para live-action, o pequeno Pinóquio também ganhou um espaço nas telonas. Dessa vez, no entanto, a Disney não estará por trás da produção.

O longa italiano tem, como diretor, Matteo Garrone, que trabalhou em filmes como “Dogman”, “Gomorra” e “O Conto dos Contos”. Ainda não foi divulgada a data de estreia no Brasil.

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O livro Pinóquio faz parte da Coleção L&PM Pocket. Confira o trailer do filme:

Vita e Virginia: um romance digno de cinema

Estreou no dia 5 de julho, no Reino Unido, o filme “Vita and Virginia”, dirigido por Chanya Button. O longa, que retrata a amizade e o romance das escritoras Virginia Woolf e Vita Sackville-West, possui como base as cartas trocadas entre as duas escritoras em 1920. O roteiro foi escrito por Eileen Atkins e baseado na peça também de Atkins, escrita em 1990.

Infelizmente, ainda não há data de estreia para o Brasil, porém é possível conhecer um pouco mais sobre os pensamentos e sentimentos de Woolf em suas diversas obras publicadas pela L&PM Editores. Ficou com curiosidade? Confira o trailer do filme aqui.

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Abaixo, as verdadeiras Virginia e Vita:

Virginia Woolf e Vita

Virginia Woolf e Vita

Leiloado o revólver que Van Gogh teria usado em seu suicídio

Vincent havia saído para pintar na tarde de 27 de julho, quando nessa hora costumava trabalhar na sala dos fundos do albergue. Deu um tiro de revólver contra o peito, caiu e depois se ergueu para retornar. Caiu três vezes no caminho de volta e notaram sua ausência, pois estava atrasado para o jantar. Sua atitude ao chegar pareceu estranha aos Ravoux: Vincent subiu diretamente ao seu quarto. Depois, como não descia para jantar, o sr. Ravoux subiu para vê-lo, encontro-o estendido no leito e perguntou o que tinha. Vincent virou-se bruscamente, abriu o casaco e mostrou a camisa ensanguentada. “É isso, quis me matar e falhei”, ele diz. (Trecho de Van Gogh, David Haziot, Série Biografias L&PM Pocket).

Vincent Van Gogh não sairia mais da cama. Dois dias depois, em 29 de julho de 1890, morreria nos braços do irmão Theo, aos 37 anos e poucos meses.

Pois na quarta-feira, 19 de junho de 2019, o revólver Lefaucheux calibre 7 mm que o pintor holandês teria usado para dar o tiro contra ele próprio foi leiloado por 162 mil euros (o equivalente a R$ 703 mil). O comprador, que não teve sua identidade revelada, participou do leilão pelo telefone.

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A arma foi descoberta em 1965 por um agricultor no mesmo campo em que Van Gogh tentou o suicídio, próximo da hospedaria onde, na época, o pintor estava estava instalado em Auvers-sur-Oise. Depois de sua descoberta, o camponês entregou a arma – muito danificada – a Arthur Ravoux, proprietário dessa hospedaria. O objeto teria permanecido na família até ser leiloado, conta a casa de leilões AuctionArt.

Estudos científicos apontam que o revólver permaneceu enterrado por entre 50 e 80 anos, tempo transcorrido até sua descoberta. E, em 2016, o museu Van Gogh em Amsterdã apresentou a arma na exposição “Nos confins da loucura, a doença de Vincent Van Gogh”.

Outra teoria sobre a origem da arma, muito polêmica, foi apresentada em 2011 por dois investigadores americanos. Segundo eles, Van Gogh não se suicidou. Ele teria sido, na verdade, vítima de um disparo acidental por parte de dois irmãos adolescentes que brincavam com uma arma.

A L&PM Editores publica vários livros sobre Van Gogh, veja aqui.

Visite a rua de Bukowski de onde você estiver!

Em 2008, foi determinado que a primeira casa de Charles Bukowski, localizada na Avenida De Longpre, tornaria-se um monumento municipal de Los Angeles, Califórnia. A decisão, assim, impediria qualquer construção no terreno onde ele produziu seu primeiro livro Cartas na rua. O local onde Hank viveu por 9 anos continua intocável, e resiste aos novos e luxuosos prédios construídos em seu entorno.

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Que tal conhecer a humilde casa e a rua do Velho Safado? Clique aqui!

 

Ruy Castro diz que só deixará de admirar Woody Allen quando sua culpa for provada

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Crônica de Ruy Castro publicada originalmente no jornal Folha de S. Paulo em 24 de maio de 2019

Quando Woody Allen tiver sua culpa provada, deixarei de admirá-lo. Mas só então

Em off, na abertura de seu filme “Manhattan”, de 1979, em cima de uma fabulosa tomada noturna de Nova York e logo antes da “Rhapsody in Blue”, de George Gershwin, inundar a trilha sonora, ouve-se a voz de Woody Allen: “Nova York era sua cidade. E sempre seria”.

Será? Não mais. Nova York traiu o amor que Woody Allen lhe dedicou em dezenas de filmes, entrevistas, reflexões e frases apaixonadas durante 50 anos como diretor, roteirista, ator, músico e seu principal símbolo. Manhattan virou-lhe as costas. Quatro grandes editoras americanas, baseadas lá, recusaram ou ignoraram sua oferta de um livro de memórias. A Amazon engavetou seu último filme, “A Rainy Day in New York”, e prefere ser processada a produzir os outros que já tinha sob contrato. E não sei se, mesmo sob o chapéu desabado e os óculos escuros, ele pode continuar andando pelas ruas da cidade, como sempre fez. Não são mais suas ruas.

Gosto de Woody Allen desde seu primeiro filme como ator, “O Que é Que Há, Gatinha”, de 1966. Quando ele estreou como diretor, com “Um Assaltante Bem Trapalhão”, em 1970, eu já lia suas crônicas de humor em revistas como Playboy e The New Yorker. Crônicas que, depois, ele compilaria em livros que, em fins dos anos 70, eu traduziria para a editora L&PM: “Cuca Fundida”, “Sem Plumas” e “Que Loucura!”. E assisti a rigorosamente todos os seus filmes. Ele fez com que nos sentíssemos adultos, inteligentes e sofisticados.

Woody Allen está sendo linchado. Por causa de uma acusação, da qual —note bem— ele já foi legalmente inocentado, sua carreira e sua vida acabaram. Tornou-se alguém de quem não se deve chegar perto. Mas eu gostaria de ler seu livro de memórias. Gostaria também de ver seu filme engavetado e os que ele viesse a fazer. Gostaria de apertar-lhe a mão se o encontrasse na rua.

Quando sua culpa for provada, deixarei de admirá-lo. Mas só então.
Ruy Castro – Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues.

 

O encantador assombro da tranquilidade

Três novas coletâneas resgatam escritos inéditos de Charles Bukowski

Por Marcos Losnak – Folha de Londrina – 8 de maio de 2019

Existem dois grandes grupos de pessoas quando o assunto é animal de estimação. De um lado estão aqueles que amam os cachorros. De outro lado estão aqueles que amam os gatos.

O escritor Charles Bukowski (1920 – 1994) se enquadra no segundo grupo. Tinha uma coleção de gatos em casa: Manx, Ting, Butch, Bhau, Ding, Beeker, Bugger, Feather, Prana, Craney e Beauty.

O escritor norte-americano achava que os gatos possuíam um tipo de conhecimento que poderia servir como exemplo para os homens, como a independência de suas vontades, como a capacidade de lutar, como a garra de sobreviver. Provocativamente, definia os gatos como “belíssimos diabos”.

A editora L&PM está lançando três novos livros de Bukowski organizados por Abel Debritto, biógrafo do escritor: “Sobre Gatos”, “Escrever Para Não Enlouquecer” e “Tempestade Para os Vivos e Para os Mortos”.

Sobre gatos

Sobre gatos

Sobre Gatos” reúne textos e poemas sobre a experiência cotidiana de Bukowski com os felinos. Parte dos escritos é inédita, recolhidos em manuscritos deixados pelo escritor. Outra parte foi originalmente publicada em revistas literárias alternativas de pequenas tiragens. O livro estava previsto para ser lançado em setembro de 2018, mas acabou chegando às livrarias somente agora.

As abordagens trafegam entre observações cotidianas, situações inusitadas, relatos humorados, percepções elaboradas e constatações pueris.

Um exemplo: “Ter um monte de gatos em volta é bom. Quando você não se sente bem, é só olhar para os gatos, você logo se sente melhor, porque eles sabem que tudo é simplesmente do jeito que é. Não há nenhum motivo para grandes exaltações. Eles simplesmente sabem. São salvadores. Quanto mais gatos têm, mais tempo você vive. Se tiver cem gatos, vai viver dez vezes mais tempo do que se tiver dez. Um dia vão descobrir isso, e as pessoas vão ter mil gatos e viver para sempre.”

Outro exemplo: “Não existem espíritos ou deuses num gato, não procure por eles. Um gato é a imagem da maquinaria eterna, igual ao mar. Nós não domesticamos o mar porque ele é bonitinho, mas domesticamos o gato. Por quê? Só porque ele nos deixa. E um gato não sabe nunca o que é ter medo, ele só se mete na mola do mar e da rocha, e mesmo em uma luta mortal ele não pensa em nada exceto na majestade da escuridão.”

Escrever para não enlouquecer

Escrever para não enlouquecer

Escrever Para Não Enlouquecer” reúne cartas redigidas e ilustradas por Bukowski entre 1945 e 1993. Grande parte das cartas está endereçada a editores de revistas literárias que o escritor enviava seus textos para possível publicação.

O destaque está nos desenhos e nas tentativas de persuasão utilizada para convencer os editores a publicarem seus escritos. Exemplo: “Agora estou trabalhando numa fábrica de ferramentas – e bebendo. Mas continuei matutando. Onde estão aqueles contos que mandei para ela em março de 1946? Ela está zangada? Isso é a vingança dela? Será que ela queimou as minhas coisas? Ela transformou as páginas em barquinhos de papel para a banheira? Ou será que Henry Miller dorme com elas embaixo de seu colchão? Não posso esperar mais. Se não receber resposta, terei minha resposta.”

Tempestade Para os Vivos e Para os Mortos”, que chega às livrarias no final de maio, reúne poemas inéditos

Em breve, chegará Tempestade para os vivos e para os mortos

Em breve, chegará Tempestade para os vivos e para os mortos

recolhidos na gaveta de Charles Bukowski. Uma parte representa textos que ele não pretendia publicar, escritos apenas como prática de escrita. Outra parte representa textos que pretendia publicar em seu último livro que não chegou a existir. Entre os poemas está o intitulado “#1”, considerado o último poema escrito pelo autor semanas antes de falecer, vítima de leucemia, em 1994.

Em seus últimos anos de vida, Bukowski chegou a ter em casa 13 gatos entre população fixa e flutuante. Os felinos de rua eram sempre bem vindos para devorar uma lata de sardinha na varanda para revelar aquilo que ele chamava de “encantador assombro da tranquilidade”.

John Fante, uma das paixões de Bukowski

Um dia, quando o velho Bukowski ainda era o jovem Bukowski, ele encontrou uma velha edição de Pergunte ao pó, de John Fante, na Biblioteca Pública de Los Angeles. Segundo suas próprias palavras, foi “ouro no lixo”. Bukowski apaixonou-se pelo personagem de Fante, Arturo Bandini, um aspirante a escritor sem recursos que mora em motéis baratos, passa fome e se embebeda sempre que pode. Foi a inspiração que faltava para Bukowski seguir o caminho de uma literatura visceral, de humor ácido e carregada de passagens autobiográficas. No artigo “Eu conheço o mestre”, que está em Pedaços de um caderno manchado de vinho, Bukowski conta com detalhes como descobriu “John Bante” – assim mesmo, com “B”, numa escrachada brincadeira ou talvez para mostrar que o seu Johh Fante era diferente, era só dele:

Nessa tarde eu matava o meu dia com o costumeiro baixar de livros das prateleiras, o abrir de páginas, ler uma ou duas de cada volume, devolvê-los aos seus lugares. Bem, peguei mais um. Sporting Times? Yeah?, de um tal John Bante. Abri numa das páginas, esperando o de sempre, mas as palavras, sim, as palavras pularam sobre mim, assim mesmo. Saíram do papel e me perfuraram. As palavras eram simples, concisas, e falavam de alguma coisa que estava acontecendo agora! Até mesmo a fonte parecia diferente. As palavras era legíveis. Havia alguns espaços e então mais palavras. As palavras eram quase como uma voz na sala. Peguei o livro e fui me sentar a uma mesa. Cada página era poderosa. Não podia acreditar naquilo. Era como se as páginas fossem pular do livro e começar a caminhar por ali, voar ao meu redor. Possuíam uma força notável, um realismo total. Por que esse homem nunca tinha sido mencionado antes? Eu também estava lendo crítica literária, Winters, todos aqueles vigaristas, os queridinhos da Kenyon Review e da Sewanee Review, e nunca haviam mencionado este homem. O mesmo ocorreu nos meus dois anos de coma profundo no LA City College, nem uma menção sequer.

Ergui os olhos da minha mesa. Bem, não era minha, pertencia à cidade, aos contribuintes, e eu não podia me enquadrar nessa categoria. Mas eu tinha o livro de John Bante diante de mim e eu olhava para as pessoas nas outras mesas, para as pessoas que caminhavam por ali ou que estavam apenas sentadas, muitos vagabundos como eu e nenhum deles sabia sobre John Bante… ou teriam começado a brilhar, a se sentir melhor, não teriam se importado em ser o que eram ou que deveriam ser.

John Fante era filho de imigrantes italianos pobres e toda a sua literatura estava ligada às suas origens. Mas assim como o seu personagem, Bandini, Fante não teve o devido reconhecimento em vida e trabalhou durante 40 anos como roteirista em Hollywood. Sua trajetória só começaria a mudar a partir dos anos 1980, quando a Black Sparrow Press, editora dos livros de Bukowski, tirou Pergunte ao pó do limbo. Foi a vez do discípulo salvar o mestre. Fante morreria em 8 de maio 1983, já cego devido ao diabetes. Dele, a Coleção L&PM Pocket publica 1933 foi um ano ruim e Sonhos de Bunker Hill.

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