Arquivos da categoria: Enciclopédia dos Quadrinhos

Verbete de hoje: Baptista Mendes

Com o lançamento da nova Enciclopédia dos Quadrinhos“, de Goida e André Kleinert, este Blog publicará, nos domingos, um verbete deste livro. O de hoje foi escolhido em comemoração ao descobrimento do Brasil pelos portugueses. É o ilustrador português Baptista Mendes (1937).

Ilustrador e quadrinista português, Baptista Mendes nasceu em Luanda e foi para a Europa com 11 anos de idade. Começou a trabalhar muito jovem em publicações infantojuvenis (Mundo das aventuras, Cavaleiro andante, Camarada, O falcão). Mais tarde, pelos seus conhecimentos históricos e por ter uma biblioteca de pesquisa, trabalhou também nas publicações dos órgãos militares, Jornal do Exército e Revista Armada. A maioria de suas histórias é baseada em acontecimentos do Portugal antigo, muitas reunidas no álbum Por mares nunca dante navegados.

Verbete de hoje: José Luis Salinas

Com o lançamento da nova Enciclopédia dos Quadrinhos“, de Goida e André Kleinert, este Blog publicará, nos domingos, um verbete deste livro. O de hoje é  o argentino José Luis Salinas (1908 – 1985).

Salinas é não só um dos maiores nomes dos quadrinhos argentinos, mas um mestre mundial nessa arte. Foi o primeiro artista platense da especialidade a ter seus trabalhos publicados em muitas partes do mundo, firmando ainda mais o seu conceito quando passou a colaborar para o King Features Syndicate. Mas vamos mais devagar. É relevante contar toda a história desse buenairense do Bairro de Flores, autodidata completo, que costumava afirmar: “O desenho não se aprende, apenas aperfeiçoamos aquilo que já nasce com a gente”. Começou sua carreira como ilustrador e publicitário. Embora estivesse esporadicamente nas páginas pioneiras da revista de Ramon Columba, El Tony, foi em 1936 que ele realmente marcou sua presença nos quadrinhos. Sua primeira história em série, “Hérnan El Corsário” (publicada por Patozuzú, de Dante Quinterno), marcou o início da moderna tradição de aventuras nas historietas argentinas. Desde o primeiro quadrinho, essa narrativa de oitenta páginas saiu redonda, perfeita, uma beleza em detalhes, anatomia e expressividade dramática. A América do Sul já tinha o seu Harold Foster, que provou talento ainda maior ao adaptar, também em série, para a revista El Hogar, clássicos da literatura internacional. Para essas adaptações, Salinas não utilizou os balloons, tornando as imagens mais limpas, criando verdadeiras obras de arte em cada página. E foram várias as versões que desenhou: Miguel StrogoffO Capitão TormentaA Costa de MarfimEllaa feiticeiraAs minas do Rei SalomãoPimpinela EscarlateOs três mosqueteirosO último dos moicanos O livro da Jangal. Em 1949, a convite do King Features Syndicate, que queria transpor para os quadrinhos um personagem criado originalmente por O. Henry – Cisco Kid –, ele viajou aos Estados Unidos. Fechou contrato com uma curiosa cláusula: continuaria morando no seu país e remeteria o trabalho para os Estados Unidos, a partir dos roteiros que lhe mandava Rod Reed. Assim, entre 1950 e 1968, Salinas desenhou Cisco Kid (imagem) para a meca dos comics norte-americanos, sentado no seu estúdio em Buenos Aires. Clássico dos westerns, Cisco Kid constantemente ganha reedições no mundo inteiro (aqui no Brasil através da revista Eureka e em álbum na coleção “Quadrinhos L&PM”). Em 1973, depois de um período trabalhando em ilustração e criação de livros sobre a História dos trajes e uniformes no século XIX, Salinas voltou ao King. Com roteiros do seu compatriota Alfredo Grassi, desenhou, entre 1973/75, Dick the Gunner (Dicoo artilheiro, no Brasil, em revista própria editada pela RGE). A história, quando Salinas a deixou, ainda teve continuidade, algum tempo, por Lucho Olivera (veja em O). Terminam por aqui as experiências de Salinas nos quadrinhos. Ganhador de todos os prêmios possíveis na Argentina, ele também foi galardoado, em 1976, em Lucca, com o troféu Yellow Kid, o máximo em distinção mundial. Deixou principalmente uma obra a ser admirada através dos anos pelo invariável traço limpo, sereno, expressivo em cada quadrinho, em cada detalhe que ele nunca cansou de desenhar.

Verbete de hoje: Stan Sakai

Com o lançamento da nova Enciclopédia dos Quadrinhos“, de Goida e André Kleinert, este Blog publicará, nos domingos, um verbete deste livro. O de hoje é  o japonês Sakai Stan (1953), cujo principal personagem era Usagi Yojimbo, uma espécie de coelhinho da Páscoa samurai.

Radicado nos Estados Unidos há muitos anos, o quadrinista japonês Stan Sakai é formado em artes plásticas pela Universidade do Havaí, além de ter estudado no Art Center College of Design em Pasadena, Califórnia. Seu trabalho mais reconhecido no mundo dos comics é o personagem Usagi Yojimbo, criado por ele em 1982 e que foi publicado pela primeira vez em 1984, na edição especial Critters. Com o passar dos anos, Usagi Yojimbo ganhou revista própria e foi editado pelas editoras Fantagraphics, Mirage e Dark Horse. Usagi é um coelho ronin, e os demais personagens da série também são seres antropomorfizados. As histórias se passam no Japão da virada do século XVII, durante a consolidação do poder do shogunato. Sakai revela em Usagi Yojimbo uma rigorosa e bem estudada reconstituição histórica do período, apresentando ainda um domínio narrativo impressionante na elaboração das sequências de ação. Além disso, o artista traz para a revista uma série de influências marcantes da cultura popular japonesa, como fatos inspirados na vida do célebre samurai Miyamoto Musashi, elementos da lenda do herói Zatoichi e citações ao mangá O lobo solitário. O sucesso de Usagi Yojimbo foi tanto que motivou Sakai, inclusive, a criar em 1991 Space Usagi, que tem como protagonista um descendente futurista do coelho. No Brasil, Usagi Yojimbo foi editadopela Via Lettera (com os volumes Samurai, Ronin e Bushido) e pela Devir (através dos álbuns Sombras da morte e Daisho). Além de Usagi, Sakai também teve participação destacada nas revistas dos Simpsons (Bongo Comics, 2001) e do Boné (desenhando a história Riblet, aqui publicada pela Via Lettera no álbum Estúpidas, estúpidas caudas de ratazana) e na antologia “AutobioGraphix” (Dark Horse, 2003). Ele igualmente é um renomado e premiado letrista, tanto de seus trabalhos próprios como em obras alheias (principalmente Groo, de Sergio Aragonés).

O verbete de hoje é: Millôr Fernandes

Com o lançamento da nova Enciclopédia dos Quadrinhos“, de Goida e André Kleinert, este Blog publicará, nos domingos, um verbete deste livro. O de hoje é  o brasileiro Millôr Fernandes (1924 – 2012), que se foi esta semana. 

Durante muito tempo ele não foi Millôr, foi Vão Gôgo, nome com o qual assinava suas colaborações para as revistas O Cruzeiro e A Cigarra (décadas de 40 e 50). Aliás, o próprio e estranho nome de Millôr ele assim explica: “Meu pai queria registrar-me com o nome de Milton. Na hora, o funcionário do cartório errou e o Milton virou Millôr. E ficou por isto mesmo”. Carioca do Méier, nascido em 16 de agosto, iniciou-se na imprensa em 1943, como humorista e cartunista. Com o decorrer dos anos, tornou-se escritor e autor teatral (Um elefante no caos, Liberdade, Liberdade – junto com Flávio Rangel –, É, Os órfãos de Jânio). Foi também tradutor brilhante, pintor, artista gráfico e editor. Desentendendo-se com a cúpula de O Cruzeiro, por motivos de censura, fundou a publicação de humor Pif Paf (nome das páginas que mantinha naquela revista) e mais tarde ajudou também a editar O Pasquim. Manteve, desde a década de 60, incrível atividade diária na imprensa (Correio da Manhã, Jornal do Brasil) e semanal em revistas como Veja e Isto É. Em mais de sessenta anos de atividades, Millôr/Vão Gôgo já escreveu e desenhou milhares e milhares de páginas, sempre com um nível impressionante e busca de renovação. E quadrinhos, o Millôr fez? Mas claro que fez, senão estaria fora desta obra. Nas páginas do Pif Paf (tempos de O Cruzeiro) ele sempre ensaiava essa forma de comunicação. Em 1948, junto com outro notável humorista e desenhista (Carlos Estevão, veja em C), Millôr roteirizou as tiras de um personagem chamado Ignorabus, o contador de histórias, publicadas no Diário da Noite. Uma das razões de sua saída de O Cruzeiro foi a publicação de A verdadeira história do paraíso, onde misturava textos, desenhos e técnicas de quadrinhos. Para O Pasquim, de boa lembrança é também O último baião em Caruarú, uma divertidíssima gozação com o filme-escândalo de Bertolucci, O último tango em Paris. Isso é o que nos lembramos. Quem pesquisar toda a imensa obra de Millôr, certamente vai encontrar mais. Sem dúvida, o livro mais importante dele (sem ilustrações e sem quadrinhos) foi Millôr Definitivo, a bíblia do caos, editado pela L&PM em 1994 e com reedições até 2000. Foram selecionadas 5.142 frases, pensamentos, máximas, insultos e outras incríveis definições do autor, em volume único de mais de 500 páginas. Mais recentemente, de 2006 para cá, quem vem reeditando as obras de Millôr é a Desiderata. Já saíram A verdadeira história do paraíso, Ministério de perguntas cretinas (com ilustrações de Jaguar), Trinta anos de mim mesmo, Que país é este? e Novas fábulas & contos fabulosos, esse ilustrado por Angeli. 

Verbete de hoje: Joe Sacco

Com o lançamento da nova Enciclopédia dos Quadrinhos“, de Goida e André Kleinert, este Blog publicará, nos domingos, um verbete deste livro. O de hoje é Joe Sacco (1960).

Ele nasceu em Malta, mas antes de completar 20 anos mudou-se para os Estados Unidos. Formou-se jornalista e editou sua primeira publicação, a Portland Permanent Press. A primeira vez que vimos os desenhos de Joe Sacco foi no álbum The Big Book of The Unexpleined (Paradox Press, da DC, em 1997). Ele apresentava a história do Chupa-Cabra, em dez páginas. Em 2000, a Conrad lançou o primeiro álbum de Sacoo, Palestina, uma nação ocupada. Destacando-se no estilo que se chamou “jornalismo em quadrinhos”, Sacco foi novamente publicado em álbum pela Conrad em 2001 (Gorazde, área de segurança), 2003, (Palestina: na faixa de Gaza), 2005 (Uma história de Sarajevo) e 2006 (O derrotista). Esse último possuiu uma série de histórias curtas do autor, começando com a crônica Gênio dos quadrinhos, de uma autoironia incrível. Nesses últimos treze anos, Joe Sacco acumulou prêmios e mais prêmios por seus trabalhos, destacando-se  Eisner Award em 2001 (Gorazde, área de segurança), American Book Award em 1996 para Palestina: uma nação ocupada, e 1999, pelo mesmo álbum, o prêmio Tournesol de Angoulême (França). Em 2010, a Companhia das Letras publicou no Brasil o álbum Notas sobre Gaza. Para melhor conhecer seu estilo cáustico e irreverente, é interessante ler as 218 páginas de Derrotista, uma síntese de seu trabalho avulso, às vezes distante do “jornalismo em quadrinhos”.

O verbete de hoje é Jean Giraud (Moebius)

Com o lançamento da nova Enciclopédia dos Quadrinhos“, de Goida e André Kleinert, este Blog publicará, nos domingos, um verbete deste livro. O de hoje é  o francês Moebius que faleceu há pouco mais de uma semana, em 10 de março de 2012, aos 73 anos. 

Também conhecido por Gir ou Moebius, dependendo do gênero que ilustra, Jean Giraud é hoje um dos mais prestigiados desenhistas não só da França, mas do mundo inteiro. No álbum da L&PM, O homem é bom?, aparece a seguinte apresentação do autor: “Aos 16 anos, em 1954, Giraud entra para a École des Arts Apliqués, em Paris. Aos 18 anos começa a colaborar ativamente em periódicos, onde realiza suas primeiras histórias no estilo faroeste. Discípulo de Jijé, entre 1963 e 1980 desenha a famosa série “Tenente Blueberry” (imagem), a partir de roteiros de Charlier. Paralelamente começa, sob o nome de Moebius, algumas histórias maravilhosas de fantasia e ficção científica, como O desvio (1973), O homem é bom? (1974), As aventuras de John Watercolor (1974) e O pesadelo branco (1975). Enfim, pode-se dizer que ele definiu seu estilo feito de fantástico, de poesia e de insólito, quando realiza para a revista Metal Hurlant, Arzach e, mais tarde, A garagem hermética (O major Fatal – publicada no Brasil pela L&PM). Muito ativo, Moebius também desenha posters, cartazes publicitários e ilustra, com roteiro de Dan O’Bannon, The Long Tomorrow. Desenhou o storyboard do filme que Jodorowsky tentou realizar a partir do clássico Duna (mais tarde filmado por David Lynch). Em 1978, colaborou estreitamente com Giger em Alien, o filme de Ridley Scott. Em seguida, fez os storyboards dos filmes O garoto do espaço (Les Maitres du Temps) e Tron, esse último produzido por Walt Disney. Jean Giraud é um dos desenhistas mais premiados do mundo: Estados Unidos, França, Bélgica, Itália e Holanda. Em toda parte, ganhou medalhas e prêmios de Melhor Desenhista. Às vezes, duas vezes! Uma pelos seus álbuns assinados por Jean Giraud ou Gir. Uma segunda por aqueles assinados por Moebius!”. Resta acrescentar alguns trabalhos mais recentes de Moebius, como a série “O Incal Negro” (roteiro de Alejandro Jodorowsky) já com seis álbuns e “Os Mundos de Edena”. A série “Tenente Blueberry” também foi ilustrada por um ótimo  assistente que ele formou, Colin Wilson. Usando o pseudônimo Moebius, depois de 1990, ele participou de dois álbuns coletivos, Au Secours (Amnesty International) e O muro antes e depois (Meribérica Liber, 1991) – esse último organizado por Christin e Knigge. Também por essa mesma editora portuguesa saíram álbuns do Incal negro (Uma aventura de John Difool), em primeira edição, depois pela Editorial Futura. O Incal negro recebeu edição no Brasil pela Devir. O ciclo de Edena, sem a ajuda de Jodorowsky, como fora em Incal, foi publicado até o volume três pela Meribérica/ Liber. No prefácio do volume 3, Os jardins de Edena, Moebius anunciava novos volumes para breve. Embora não ilustre mais a série “Tenente Blueberry”, Giraud apareceu como apenas roteirista nos álbuns desenhados por William Vance, À ordem de Washington e Missão Sherman (editados em Portugal pela Meribérica/Liber). Também saíram, ainda com roteiros de Charlier e desenhos de Colin Wilson, os álbuns de Blueberry, Os demônios do Missouri, Terror no Kansas e O raid infernal (traduções pela Meribérica/Liber).

Moebius e seu personagem, Major Fatal, publicado pela L&PM nos anos 80

Verbete de hoje: Glauco

Com o lançamento da nova Enciclopédia dos Quadrinhos“, de Goida e André Kleinert, este Blog publicará, nos domingos, um verbete deste livro. O de hoje é  o brasileiro Glauco (1957-2010).

Glauco Vilas Boas, paranaense de Jandaia do Sul, nasceu em 10 de março. Junto com Angeli e Laerte, formou a trinca dos melhores e mais ativos quadrinistas da contracultura brasileira. Seus primeiros bonecos (ou abobrinhas, como ele gostava de chamar) foram publicados em 1976, no Diário da Manhã, de Ribeirão Preto. Colaborou para as seções de humor Vila Lata e Gol, da Folha de S. Paulo, onde manteve igualmente uma tira diária com o personagem Geraldão. O sucesso da figura – um “Edipão” em estado crônico, cuja frase chave é “amar é espiar a mãe tomando banho” – incentivou Glauco a criar sua revista própria (exatamente Geraldão), que começou trimestral. Com a participação cada vez maior de outros ótimos desenhistas e criadores, Geraldão atingiu um público tão entusiasta quanto o de Chiclete com Banana, de Angeli. Em Geraldão, além das tiras do conhecido personagem, aparecem O casal neuras, Zé do apocalipse, Doy Jorge e Dona Marta. Junto com Laerte e Angeli, Glauco fez seguidamente histórias a seis mãos. Em Geraldão colaboraram Claudio Paiva, Pelicano e Jaca. Glauco, como cartunista, foi premiado no Salão Internacional de Humor de Piracicaba (1977/1978) e na 2a Bienal de Humorismo y Grafica Militante de Cuba, 1980. Teve três livros publicados, Abobrinhas da brasilonia, As minorias do Glauco e Geraldão. Depois de 1990: em revistas, as histórias de Glauco saíram em Bundas (Los Três Amigos, com Angeli e Laerte), Mil Perigos, Interquadrinhos, Geraldinho e Glauco Geraldão. Álbuns e livros: As espocadas de Geraldão (Ensaio/Circo, 1995); Abobrinhas da brasilônia – reedição pela L&PM, em 2006; Geraldão 1: edipão, surfistão, gravidão (L&PM, 2007); Geraldão 2: a genitália desnuda (L&PM, 2007); e Geraldão 3: ligadão, taradão na televisão (L&PM, 2008). Álbuns coletivos: Los Três Amigos (Ed. Ensaio, 1992/1994), com Laerte e Angeli; Os filhos da dinda (Scritta Ed., 1992); e Seis mãos bobas (Jacarandá/Devir, 2006), com Laerte e Angeli. Morreu assassinato, em 2010, junto com o filho Raoni.

Glauco está na Coleção L&PM Pocket

12 de março de 2012 marca os 2 anos da morte trágica e precoce de Glauco.

Verbete de hoje: Clifford McBride

Com o lançamento da nova Enciclopédia dos Quadrinhos“, de Goida e André Kleinert, este Blog publicará, nos domingos, um verbete deste livro. O de hoje é  o norte-americano Clifford McBride (1902-1959).

Em 1929, Clifford McBride desenhava uma série de publicação irregular, onde o personagem principal era um tipo simpático, de meia-idade, chamado Uncle Elby. O autor resolveu colocar um cachorro na história, Napoleon, e foi o que bastou para alcançar sucesso. Grande, meio desengonçado, Napoleon conquistou os leitores e transformou o trabalho de McBride numa das melhores man-dog strip. Os mais relembrados momentos da série (páginas dominicais, já que as tiras diárias eram dedicadas ao humor) apresentaram Napoleon e Uncle Elby acompanhando um marujo muito pitoresco chamado Singapore Sam. Mesmo antes da morte do criador, Napoleon e Uncle Elby já tinham ganhado várias reedições em formato de livros e álbuns.

Verbete de hoje: Nani

Com o lançamento da nova Enciclopédia dos Quadrinhos“, de Goida e André Kleinert, este Blog publicará, nos domingos, um verbete deste livro. O de hoje é  o brasileiro Nani (1951) que, em meados de 2012, lança novo livro pela L&PM: “Humor mais grosso, humor menos grosso”.

Em 1984, quando a Record editou um álbum com as tiras de Vereda Tropical, criação de Nani, publicadas originalmente em O Bicho e depois no Jornal do Brasil, Luis Fernando Verissimo escreveu: “O desenho de Nani tem um jeito inexplicavelmente brasileiro. É um desenho deliberadamente simples, que, no entanto, escapa do ‘faux naif’, como dizem na Praça Mauá, malandramente. Diz tudo o que quer dizer com economia, mas não tão rapidamente que falte o detalhe, que pode não ser essencial, mas é engraçado. O humor de Nani também é o humor do Brasil do nosso infortúnio: irreverente e perplexo, impaciente e pacífico. O humor de quem olha o que se passa nesta vereda tropical com uma mistura de espanto, divertimento, impotência, revolta e resignação, mas não se entrega”. Ernani Diniz Lucas é de Esmeralda, Minas Gerais, nascido em 27 de fevereiro. Desde 1972 colaborou profissionalmente em O Pasquim, Ovelha Negra, Status Humor e Ele & Ela (onde criou a divertida página mensal de Aspone) Participou das edições do Almanaque do Humordaz (seção de cartuns e quadrinhos humorísticos do Estado de Minas) e teve as histórias de seu personagem Zé Zebrinha reunidas num miniálbum da Codecri (editora de O Pasquim). Até hoje é figura constante nas revistas nacionais de humor, quer como cartunista ou quadrinista. Nani chegou a ter uma revista só dele, chamada (muito apropriadamente) Onanista. Trabalhou para a publicação de Ota, Cerol Quadrinhos Urgentes. Para Ota também colaborou nas edições da Mad (Vecchi e Record). Seu traço também esteve na Megaquadrinhos e, a partir de 1999, na revista Bundas, onde fez as páginas (charges, HQs e textos) Nani pinta e borda. Na coleção “L&PM Pocket ”, publicou Humor politicamente incorreto (2002), Foi bom prá você? (2004), É grave, doutor? (2005), Orai pornô (2005) e Batom na cueca (2008). Na Desiderata, teve editados dois livros de charges e HQs, Humor 100% sexual (2006) e Humor de bar (2007).

Verbete de hoje: Joseph Pinchon

 

Com o lançamento da nova Enciclopédia dos Quadrinhos“, de Goida e André Kleinert, o Blog L&PM publicará, nos domingos, um verbete do livro. O de hoje é  o francês Joseph Pinchon (1871-1953)

O ilustrador Joseph-Porphyre Pinchon entrou para a História dos quadrinhos franceses quando, em fevereiro de 1905, desenhou para a revista La Semaine de Suzette a primeira página de uma personagem chamada Bécassine. Não era ainda uma história em quadrinhos, mas narrativa figurada, com textos ao pé de cada imagem e sem as separações convencionais dos comics. Bécassine, uma jovem bretã, empregada doméstica em Paris, ingênua e servil, alcançou inesperado sucesso. Por muitos e muitos anos, Pinchon continuou desenhando a série, que a partir de 1913 ganhou roteiros de Maurice Languereau, com o pseudônimo de Caumery. “Bécassine” representou para os quadrinhos franceses o que The Yellow Kid (veja em Outcault, Richard) trouxe para a nascente indústria dos comics norte-americanos, em 1895. Sem dúvida, uma obra pioneira, que eclipsou os outros trabalhos que Pinchon ilustrou até 1950. Ainda hoje circulam vários álbuns com seleções das melhores páginas de Bécassine, alegrando novas gerações marcadas por super-heróis e a comunicação televisionada.

Bécassine em ação em uma página assinada por Pinchon