Cannes é mais do que um festival, é uma festa. Ou melhor, muitas festas. E também a oportunidade de ver antes o que em breve vai estar nas melhores salas de cinema do mundo. E é durante o 63º Festival de Cannes, que acontece até 23 de maio, que está sendo exibido Howl (Uivo), o filme que reconta as origens do mais famoso poema de Allen Ginsberg. O longa, dirigido por Rob Epstein e Jeffrey Friedman, traz a história do intenso e inflamado poema que chocou os EUA e foi acusado de “obsceno” e “pornográfico”. E mais do que isso: foi levado a júri por conter palavrões e referências explícitas a drogas e sexo hetero e homo. No papel de Ginsberg, James Franco, conhecido por ser o melhor amigo (e ao mesmo tempo inimigo) de Peter Parker na série de filmes Homem Aranha e também por ter atuado ao lado de Sean Penn em Milk. Franco vive o jovem Ginsberg que, em 1957, antes de tornar-se um dos maiores ícones da geração beat, era conhecido apenas nos pequenos círculos literários de San Francisco. “Éramos só um bando de escritores que queriam ser publicados”, diria ele mais tarde. Segundo nota publicada na imprensa, Howl está em Cannes à procura de compradores. Ou seja, apesar de atores de peso – e de uma primorosa produção que mistura linguagem de documentário e animação para recriar trechos do poema -, por enquanto o filme é quase como o poema que o inspirou: praticamente underground. A L&PM publica Uivo na Coleção POCKET e, em junho, está prevista a reedição do livro em formato convencional. A tradução da L&PM, feita por Claudio Willer, pode ser vista nos trechos legendados do filme que você assiste com exclusividade na nossa Web TV. E já que o longa ainda não tem data definida para estrear, comece pelo livro e entenda porque Uivo foi, e continua sendo, tão impactante.
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Entenda o conflito no Tibet
Ivan Pinheiro Machado
Em 1959, depois do fracasso da rebelião armada contra o governo chinês, o 14º Dalai Lama, acompanhado de milhares de fiéis, refugiou-se na cidade de Dharamsala, na Índia, instalando um governo no exílio.
Nove anos antes, com o desequilíbrio de forças ocasionado pela descolonização britânica, o Tibet havia sido ocupado pelo exército chinês, rompendo com uma tradição de 400 anos de estado religioso. Os ingleses apoiavam o Dalai Lama, o chefe de estado tibetano, e os chineses apoiavam Panchem Lama, de outra facção budista e postulante ao governo do Tibet. O tempo entre a invasão inicial e a fuga do 14º Dalai Lama foi marcado por um processo sistemático de perseguições e de aculturação monitorado pelos chineses que tentaram – e tentam até hoje – erradicar o budismo que é a identidade do Tibet e do povo tibetano.
Em seu livro Caminho da sabedoria, caminho da paz, publicado na coleção L&PM POCKET, o Dalai Lama denuncia o incrível número de um milhão de mortos (um sexto da população) desde 1959 como consequência da invasão chinesa: 175 mil morreram na prisão, 156 mil em execuções em massa, 413 mil de fome (isso durante as “Reformas agrícolas”), 92 mil foram torturados até a morte e 10 mil cometeram o suicídio. No rastro deste genocídio – segundo conta o Dalai Lama em seu livro – 6.100 mosteiros foram destruídos.
A China alega que o Tibet faz parte de seu território desde meados do século XIII e deve ficar sob o comando de Pequim. Muitos tibetanos afirmam que a região do Himalaia ficou independente durante vários séculos e que o domínio chinês nem sempre foi uma constante.
Em 1989, a causa da independência do Tibet ganhou força no Ocidente após o massacre de manifestantes pelo exército chinês na praça da Paz Celestial e a entrega do Nobel da Paz ao Dalai Lama, líder espiritual dos budistas.
Desde o final dos anos 1990, a China tenta legitimar sua presença no Tibet por meio do crescimento econômico – a partir de 1999, a economia local cresceu 12% ao ano. O governo chinês também tenta dominar o país através da presença de chineses da etnia majoritária han e do controle da sucessão religiosa.
A China diz que os tibetanos no exílio, liderados pelo Dalai Lama, só estão interessados em separar o Tibet da terra-mãe. O Dalai Lama diz querer nada mais que a autonomia da região.
Sete anos no Tibet
O registro deste conflito está em Sete anos no Tibet (L&PM POCKET), livro escrito pelo alpinista austríaco e campeão olímpico Heinrich Harrer (1912-2006) que relata sua experiência na região. Em 1943, após decidir escalar um dos picos mais altos do Himalaia, Harrer e seu companheiro Peter Aufschnaiter, engajados no exército alemão, foram presos pelos ingleses. Depois de fugir do campo de prisioneiros na Índia, atravessaram as montanhas do Himalaia enfrentando a rejeição das autoridades tibetanas, as baixas temperaturas e todos os perigos imagináveis. Ao fim de dois anos de uma árdua travessia, chegaram às portas de Lhasa, a Cidade Proibida, famintos, maltrapilhos e quase mortos de frio. Diante do estado lamentável em que se encontravam, foram recolhidos e acolhidos pelos tibetanos. Devido aos seus conhecimentos de ciências em geral, Heinrich Harrer, depois de conquistar a confiança dos monges e nobres tibetanos, foi contratado para ser o preceptor e professor do Dalai Lama – a encarnação do Buda na Terra. Nesta convivência de sete anos, Harrer viveu uma profunda amizade com o jovem Dalai Lama que o despertou para um mundo completamente diferente daquele que conhecia. Ele permaneceu no Tibet até 1950, quando os chineses invadiram o país expulsando milhares de cidadãos e o líder Dalai Lama.
Em 1997, o livro de Harrer foi adaptada para o cinema com grande sucesso, em filme dirigido por Jean-Jacques Annaud e com Brad Pitt no papel de Harrer.
Crianças e livros
O auditório da Livraria da Vila da Lorena, onde a L&PM reuniu os colaboradores das edições de O futuro de uma ilusão e O mal-estar na cultura, de Freud, fica ao lado da área infantil da biblioteca. No sábado, o espaço estava lotado pelos pequenos, como esses três atirados nos pufes do local, compenetrados em seus livros.
Além de fofa, a imagem é estimulante. Ainda que se pregue o fim dos livros, enquanto o hábito da leitura se renovar com as crianças – assim mesmo, no papel – nossas histórias favoritas continuarão sendo impressas.
Puffin elege os 70 melhores livros infanto-juvenis
A Puffin, selo infantil da Penguin, comemorou seus 70 anos com a divulgação dos 70 melhores livros infanto-juvenis de todos os tempos. A lista está dividida em categorias que vão de “Poesia” a “Guerras e conflitos”. A diretora da Puffin, Francesca Dow, disse que “as categorias foram escolhidas para mostrar que há livros para satisfazer todos os gostos, daqueles que adoram ação e aventura aos que trazem contos sobre família e amizade e até um ou dois de vampiros”. Três títulos da Coleção L&PM POCKET estão entre os melhores: Drácula, O cão dos Baskerville e Alice no País das Maravilhas. Para ver a lista completa, clique aqui.
Ler Hamlet agora ou daqui a pouco: eis a questão
Ao digitar “Hamlet” no Google, o resultado soma aproximadamente 20 milhões* de citações. E não é preciso ir muito longe: mesmo aqueles que nunca leram Shakespeare (e que não sabem o que estão perdendo), já ouviram falar do Príncipe Hamlet.
Escrita entre 1599 e 1601, a peça, com seu denso enredo, mistura traição, vingança, incesto e corrupção para formar uma teia trágica de acontecimentos. E se Shakespeare realmente se baseou na lenda de Amleto (ou Amleth) – que depois se transformaria numa peça de teatro isabelino conhecida hoje como Ur-Hamlet – , ninguém sabe ao certo. De certeza mesmo, só que Hamlet é um clássico obrigatório aos amantes do bom texto e da boa trama. E também que a ótima tradução de Millôr Fernandes oferece o prazer de ler Shakespeare em português. Mas enquanto você não vai correndo buscar o seu Hamlet da Coleção L&PM POCKET, que acaba de sair em nova edição, divirta-se assistindo a versão de Os Simpsons para o clássico. E veja que, mais de 400 anos depois, Hamlet continua sendo a inspiração e o deleite de muitos:
*Atualização: em 9 de agosto de 2011, se você buscar por “Hamlet” no Google, o número de resultados já ultrapassa os 51 milhões!
Mansão em que Capote morou está a venda
Essa casa amarela da foto foi o local onde Truman Capote escreveu o clássico Bonequinha de Luxo. Capote morou lá entre 1955 e 1965. Segundo o NY Daily News, o autor de A sangue frio teria dito que embebedou o amigo Oliver Smith, então dono da mansão, para convencê-lo a lhe alugar uma parte da casa. Smith foi diretor de arte da peça da Broadway “Amor, sublime amor”.
Agora, a mansão de 11 quartos (e 11 lareiras) deve bater o recorde de preço de uma casa no Brooklyn: a estimativa é de que seja vendida por $18 milhões. O recorde anterior era de $12 milhões.
Dunga assassina o português – Parte II
Por Ivan Pinheiro Machado
As duas pessoas mais importantes do país, hoje, são o Presidente Lula e Dunga, o técnico da seleção brasileira. Sobre eles se voltam os chamados “olhos da nação”. Ontem, o Brasil parou para saber os convocados de Dunga e ouvir a sua entrevista coletiva. E, na minha opinião, muito pior do que deixar de convocar os dois melhores jogadores do país – Neymar e Ganso –, muito pior, foi o show de erros de português, de autoritarismo e arrogância protagonizado pelo comandante da Seleção Brasileira. Se houvesse uma forma de voltar ao passado, Dunga seria o técnico dos sonhos do ditador mais truculento de nossa história, o General Médici.
Lula, tão criticado pela imprensa pelos seus deslizes no português, é um verdadeiro lexicógrafo perto do Dunga. Mas, curiosamente, ninguém na imprensa critica as barbaridades que o técnico diz em cada espaço que tem na mídia. Depois de inúmeras trombadas na língua “que Camões chorou no exílio”, perguntado sobre as razões da convocação do goleiro Gomes, ele explicou:
– Ele está habituado a conviver “com nós”.
O velho filósofo e esteta húngaro Georg Lukács dizia: “A forma nunca é indissociável do conteúdo”. Portanto…
Aniversário em ritmo punk: Sid Vicious faria 53 anos hoje
“Todo mundo sabia que Sid Vicious estava no Hurrah´s naquela noite. Quando alguém famoso como Sid está num lugar, você sabe onde ele está, você fica dando umas olhadinhas por cima do ombro, só pra ficar de olho nele pra ver se ele vai fazer alguma coisa bárbara, e, é claro, vi Sid dar uma garrafada em Todd Smith, irmão de Patti Smith”. O depoimento de Jim Marshall é um dos tantos sobre Sid Vicious que ilustram Mate-me por favor (Please Kill me), uma história sem censura do punk, editada em dois volumes pela Coleção L&PM POCKET. Sid Vicious, nome artístico de John Simon Ritchie-Beverly, nasceu em Londres há exatos 53 anos atrás, em 10 de maio de 1957. Ícone da cultura punk, foi baterista do Siouxsie & The Banshees e baixista da banda Sex Pistols. Filho de um ex-guarda com uma hippie, aos vinte anos, conheceu Nancy, a namorada que viria a matar não muito tempo depois. Em homenagem ao aniversário dele, convidamos você a assistir a versão punk de My Way. Cante com ele. Se for capaz, é claro.
Maio de 68: Paris vivia outra Revolução #2
Em 6 de maio de 1754, vinha ao mundo o “incorruptível” Robespierre
Maximilien Robespierre nasceu no dia 6 de maio de 1754 e morreu em 28 de julho de 1798. Foi, juntamente com Danton (1756-1794) e Marat (1743-1793), uma das figuras que personificaram a Revolução Francesa no seu lado mais radical. Robespierre foi a principal cabeça do golpe de 31 de maio de 1793 que suspendeu as garantias individuais e instituiu os julgamentos sumários para os suspeitos de serem contrarrevolucionários. Este período ficou célebre como “Terror” e durou quase um ano. Terminou no dia 24 de julho exatamente com a prisão de Robespierre. Ironicamente, ele foi guilhotinado quatro dias depois de um julgamento sumário, exatamente nos termos que havia instituído. Foi o último dos radicais a morrer no processo de autodestruição de líderes que a revolução sofreu na sua política interna – uns foram provocando a morte dos outros, com exceção de Marat, que foi apunhalado quando estava na banheira.
Maximilien foi advogado, pensador e dedicou sua vida à causa da revolução. Era místico e acreditava na influência de um “ser supremo”. Sua austeridade e dureza na condução dos negócios de estado lhe renderam o epíteto de “O incorruptível”. Sua morte simboliza o fim do período do “Terror”, quando a sociedade francesa já não suportava mais o macabro espetáculo diário da guilhotina ensanguentando a Place de la Revolution, que a partir da morte de Robespierre passou a chamar-se Place de la Concorde.