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Estação de metrô com imagens de Dostoiévski desagrada psicólogos

A estação de metrô Dostoevskaya, inaugurada há pouco tempo em Moscou para homenagear o escritor Fiódor Dostoiévski, está sofrendo com a resistência psicólogos.

Mosaicos com imagens violentas poderiam estimular impulsos suicidas / Reprodução

A preocupação é de que os murais escuros, que estampam cenas violentas dos romances do escritor russo, possam deixar condutores e passageiros de mau humor e até encorajar impulsos suicidas.

Com informações da NPR.

As últimas palavras dos escritores

O site do jornal britânico The Guardian publicou uma matéria bem legal sobre as últimas palavras de célebres escritores. Selecionamos algumas delas (em tradução livre):

The Guardian publicou uma seleção de “últimas palavras” / Reprodução

Mark Twain: Death, the only immortal, who treats us alike, whose peace and refuge are for all. The soiled and the pure, the rich and the poor, the loved and the unloved. (“Morte, a única imortal, que nos trata da mesma forma, para a qual paz e refúgio são para todos. O sujo e o puro, o rico e o pobre, o amado e o não-amado.”)
Essa nota foi encontrada no leito de morte do autor de Tom Sawyer e publicada em uma coletânea de 1935. Depois de sofrer um ataque cardíaco em Bermudas, Twain voltou para sua casa em Connecticut para se recuperar. Previu em 1909 que iria “sair de cena” com o cometa Halley – que tinha aparecido no ano de seu nascimento. E morreu um dia depois da maior aproximação do astro com a Terra. De acordo com seu biógrafo, ele disse: “’Adeus’, e o Dr. Quintard, que estava perto, achou que ele tinha acrescentado: ‘Se nós nos encontrarmos’ – mas as palavras foram muito fracas.”

Emily Dickinson: I must go in, the fog is rising. (“Eu devo ir, o nevoeiro está aumentando.”)
A saúde de Dickinson piorou consideravelmente nos últimos anos de sua vida, até que ela finalmente ficou presa à cama, limitando-se a escrever pequenas notas. Seu médico considerou como causa da morte a doença de Bright, um mal renal agora chamado de nefrite.

Robert Louis Stevenson: What’s that? Do I look strange? (“O que é isso? Eu pareço estranho?”)
Com a saúde debilitada desde 1880 (ele morreu em 1894), o autor de O médico e o monstro mudou-se para Samoa na tentativa de uma recuperação. Stevenson provavelmente morreu de hemorragia cerebral. De acordo com sua biógrafa, “no fim da tarde, ele desceu as escadas falando sobre um tour de palestras na América que estava ansioso por fazer, já que estava ‘se sentindo tão bem’… de repente ele colocou as duas mãos sobre a cabeça e gritou: ‘o que é isso?’ Aí ele perguntou logo depois: ‘eu pareço estranho?’” E logo que fez isso caiu de joelhos ao lado dela.

Anton Tchékhov: It’s a long time since I drank champagne. (“Fazia muito tempo que eu não bebia champanhe.”)
Já doente terminal, foi com a esposa Olga para Badenweiler, no interior da Alemanha. Mais tarde, ela recordou seus últimos momentos: “Anton sentou-se estranhamente reto e disse alta e claramente (embora não soubesse quase nada de alemão): ‘Ich sterbe’ (estou morrendo). O doutor o acalmou, pegou uma seringa, aplicou uma injeção e pediu champagne. Anton pegou uma taça cheia, examinou-a, olhou pra mim e disse: ‘Fazia muito tempo que eu não bebia champagne’. Aí ele bebeu tudo, colocou a taça do seu lado esquerdo sem fazer barulho e eu só tive tempo de correr até ele, me inclinar sobre a cama e chamá-lo, mas ele tinha parado de respirar e estava dormindo tranquilamente como uma criança.”

Franz Kafka: Dearest Max, my last request: Everything I leave behind me … in the way of diaries, manuscripts, letters (my own and others’), sketches, and so on, (is) to be burned unread. (“Querido Max, meu último pedido: tudo que eu deixo pra trás… diários, manuscritos, cartas (minhas próprias e de outros), sketches, e assim por diante, deve ser queimado antes que possa ser lido.”)
O bilhete foi deixado por Kafka pouco antes de morrer de tuberculose em um sanatório perto de Viena. Como se sabe, Max Brod não cumpriu o último pedido do amigo, o que resultou agora, em 2010, numa grande disputa judicial pelos direitos do material deixado por Kafka.

Virgínia Woolf: I feel certain that I’m going mad again… (“Tenho certeza de que estou enlouquecendo de novo…”)
Temendo que estivesse a beira de mais uma crise, Woolf suicidou-se enchendo seus bolsos de pedras e afongando-se no Rio Ouse. O corpo só foi encontrado vinte dias depois. O bilhete que deixou para o marido dizia: “Tenho certeza de que estou enlouquecendo de novo… Eu sinto que não podemos passar novamente por outro daqueles tempos terríveis. E não acho que vou me recuperar dessa vez. Comecei a ouvir vozes e não consigo me concentrar. Então estou fazendo o que parece ser o melhor a fazer… Eu não posso continuar a estragar a sua vida por mais tempo. Eu não acho que duas pessoas poderiam ter sido mais felizes do que nós fomos.”

Leia a íntegra da matéria aqui.

Snoopy só para milionários

Charles Schulz começou a desenhar as tirinhas do Peanuts em 1950, o que significa dizer que em 2010, Snoopy, o mascote-escritor de Charlie Brown, completa 60 anos. Para comemorar, a joalheria TSL, de Hong Kong, criou esse Snoopy da foto:


O cãozinho cravejado de diamantes – 9.917 diamantes claros, 783 diamantes negros e 415 rubis – levou mais de oito meses para ficar pronto e custa US$370.380.

Via Hype Desire

Subindo o rio Amazonas e pensando em O coração das trevas

Ivan Pinheiro Machado

Quando anoitece na Amazônia, o sol despenca sobre a copa das árvores e assume uma cor alaranjada, estranha e selvagem. Durante uma meia hora o céu imenso fica tingido de tons lilases, como se fossem caprichosamente pintados por uma mão imensa. E quando a escuridão toma conta de tudo, a gente olha para o céu e nota que na linha do Equador – conforme ensinava a professora de geografia ­– há menos estrelas que no sul que nós conhecemos. O barco avança rio acima envolvido pelo negror da noite.
Na proa, sob um calor de 32 graus, eu olhava perplexo as silhuetas da imensidão   do rio e fazia considerações filosóficas ao pé de uma cerveja estupidamente gelada (confortos da tecnologia). Éramos um nada em meio aquele mundo de distâncias impressionantes, tamanhos impressionantes, volumes de água impressionantes. Lembrei do “O Coração das trevas” de Joseph Conrad, um dos mais fantásticos livros jamais escritos. Quando passou da meia-noite, a magia amazonense se completou. De repente, no sentido inverso em que o sol mergulhou, espirrou da floresta uma lua  avermelhada que rapidamente se projetou céu adentro salpicando o grande rio com reflexos prateados.


Vindos de Alter do Chão, a prestigiada praia paraense à beira do Tapajós com seu rio de águas quentes quase azuladas, subimos o rio Amazonas até Manaus. Foram três dias navegando dia e noite ininterruptamente para cobrir os quase 700 quilômetros que são vencidos lentamente contra a correnteza. Éramos cinco amigos em um barco grande e potente capaz de fazer esta travessia enorme em segurança.
Foram muitas as aventuras vividas nesta jornada pela selva. Mas o que interessa é que aqueles que não conheciam a região voltaram inoculados pelo vírus da Amazônia. Um maravilhamento meio inexplicável. Eu, que naquela noite, no “coração das trevas”, me senti um nada, compensei esta depressão filosófica com um orgulho amazônico de ser brasileiro. E entendi um pouco a imensa e mortal inveja que os gringos têm dessa mata extraordinária e poderosa e destes rios absurdamente caudalosos.


Abaixo, uma degustação de Joseph Conrad e sua obra prima O Coração das trevas cujo narrador descreve suas sensações enquanto seu barco avançava no meio da selva desconhecida e perigosa. Mas ao contrário do inseguro e temeroso narrador de Conrad, nós possuíamos GPS, sonar, ar-condicionado e um freezer lotado de cervejas…

“Árvores, árvo­res, milhões de árvores, imponentes, imensas, erguendo-se à grande altura.(…) Fazia você se sentir muito peque­no, muito perdido; contudo, no conjunto, não era um sentimento depressivo. Extensões de água abriam-se a nossa frente e fechavam-se atrás, como se a floresta houves­se avançado displicentemente sobre o rio, barrando o caminho de nosso retorno. Penetrávamos cada vez mais fundo no coração das trevas. Fazia um silêncio enorme ali. (…)Não podíamos compreender porque estávamos longe demais, e não lembrávamos por que estávamos viajando na noite das primeiras eras, de épocas que ha­viam desaparecido, mal deixando um sinal – e nenhuma lembrança.”

Não ao ponto e vírgula

Está no youtube uma palestra de Kurt Vonnegut  intitulada “Como conseguir um emprego como o meu”. Na série de cinco vídeos, o autor de Armagedom em retrospecto dá uma série de conselhos aos aspirantes a escritores. 

O melhor deles (ou pelo menos o mais engraçado) é esse, selecionado pelo blog Trabalho Sujo: “Não use ponto e vírgula. Eles não querem dizer nada. São travestis hermafroditas. São só uma forma de exibicionismo. De mostrar que você foi para a universidade”.

Assista também as partes 2, 3, 4 e 5.

O tempo passa para todos…

Disponibilizamos mais cedo na WebTV uma entrevista legendada concedida por Jack Kerouac à intelectual italiana Fernanda Pivano. Aí resolvemos pesquisar um pouco mais sobre a “linda garota” que encantou o autor de On the road em 1966, e descobrimos essas fotografias dela na praia com o amigo de Kerouac, Allen Ginsberg, em 1967:

Anos depois, a mesma Fernanda e o mesmo Ginsberg posaram para outra foto:

É, o tempo passa até mesmo para as musas e os ícones da geração beat.

“O último romance de Balzac” no 38º Festival de Cinema de Gramado

Em 1965, Waldo Vieira, médico e médium espírita, que trabalhava com Chico Xavier, recebeu o espírito de ninguém menos do que Honoré de Balzac. Ouvindo a voz do célebre escritor, o doutor Vieira psicografou um romance de Balzac. Anos depois, o livro post mortem foi parar nas mãos do psicólogo Osmar Ramos Filho, recém chegado da Bélgica, que lhe dedicou 10 anos de estudos. De tudo isso, resultou não apenas um livro contando toda essa história, como também um documentário que, nesse final de semana, será exibido no 38º Festival e Cinema de Gramado que começa hoje. No longa-metragem “O último romance de Balzac”, dirigido pelo baiano Geraldo Sarno, há ainda a dramatização do romance balzaquiano A pele de Onagro (La peau de Chagrin), além da análise do processo de criação de Balzac sob um ponto de vista, no mínimo, incomum. Para quem puder ir à serra gaúcha assistir, ele será exibido no domingo, dia 08 de agosto, às 21:30 no Palácio dos Festivais.

Uma das cenas do filme, fotografada por Anita Dominoni

Veja mais fotos das filmagens aqui.

Flp, Flp, Flp, flip, fliiip, fliiip, FLOOOOP!!

Marcos e Rachel Ribas moram há anos em Paraty e são donos do Teatro Espaço. Com exclusividade para o Blog da L&PM, Marcos escreveu um texto sobre a Festa Literária Internacional de Paraty, evento que ele acompanha (como morador da cidade) desde antes da primeira edição.

Marcos Ribas

A nave mãe baixa finalmente sobre o Areião do Pontal, ao lado da Santa Casa da Misericórdia, o hospital da cidade.
Vai começar a Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP), provavelmente o maior evento literário do mundo com este formato.
Lembro de quando, em 2002, Liz Calder e Louis Baum (seu marido) convidaram Rachel e eu para jantar e para falar sobre o plano que ela tinha de fazer um evento literário em Paraty, num formato que ela conheceu numa cidade pequena da Inglaterra.
Confesso que achei a ideia meio maluca. Imaginei alguns autores estrangeiros lendo seus textos literários, que eram reproduzidos em tradução simultânea por pessoas sem muita formação na área, e me lembrei da expressão italiana “traduttore, traditore”. Mas ouvi com atenção. Afinal, aquela mulher (muito simpática, diga-se de passagem) era a co-fundadora da Bloomsbury Publishing, a editora do Harry Potter.
Perguntei se eles tinham já o principal que, naturalmente, era o dinheiro para o evento. Ela me disse que não. Que estava em contato com uma editora de São Paulo, mas que se dispunha a investir uns US$ 50.000,00 de dinheiro dela. Pensei “que maluquice”, mas educadamente disse: “Que legal, que bom para Paraty. Vai em frente, faz aí.”
E seguimos comendo da boa comida que ela servia, tomando do bom vinho e proseando sobre outros assuntos divertidos, como sempre acontecia nas nossas visitas daquela época.
Caramba, como aquilo deu certo! Como cresceu!
De cima da ponte, olho para a nave mãe de um lado do Rio Perequê-açu e para as duas enormes tendas do outro lado e fico totalmente pasmado. Que coisa enorme que é a Flip. Perto das duas tendas grandes, a Flipinha colore e transforma a Praça da Matriz, que praticamente desaparece no meio do colorido, dos bonecos gigantes, dos livros pendurados nas árvores, e das muitas atividades oficiais e penetras. A Flip é um fenômeno, um enorme fenômeno muito maior do que Paraty…
Mas vamos voltar para a Liz Calder, a criadora da Festa, a inventora da Flip. Engraçado este nome, não é? Flip. To flip em inglês quer dizer fazer dar voltas. Palavra muito usada na expressão to flip the coin que significa literalmente jogar a moeda para cima, ou jogar cara ou coroa.
Já faz algum tempo que a gente não se encontra com calma para jantar e conversar fiado, como se dizia na minha cidade natal lá do norte de Minas. E fico pensando como é que a Liz, que já não tem mais casa em Paraty, que circula pelo evento mais como uma rainha mãe, se sente sobre tudo isto agora, oito Flips depois, fliping um orçamento de 6,3 milhões de reais in the air. Quite a lot of coins, I would say.
Se a festa faz bem para a cidade? Acredito que sim, mas no começo pensava: “como será que Paraty vai digerir a Flip?”  Hoje penso: “como será que a Flip vai digerir Paraty?” O futuro dirá.
No presente, não tenho do que me queixar. No Teatro Espaço, nosso espetáculo está cheio. Lotado, mesmo na noite do show de abertura, que é na Praça, quase aberto para o público e sempre com grandes nomes como Caetano, Gilberto Gil, este ano com Edu Lobo e (veja você) Fernando Henrique Cardoso.
Só é chato a história de não poder comer fora sem fazer fila, e a mania que o povo tem de me confundir com o Paulo Coelho…(hehe) Mas que fazer, não é?
A Flip tem seus prós e tem seus contras, é assim mesmo, é natural. Quero ver a conferência do Robert Crumb e do Gilbert Shelton (Fritz the Cat x Freak Brothers), o horário só me permite assistir uma parte antes do nosso espetáculo e só consegui um ingresso. Tudo bem, fazer o que? A confusão dos ingressos é o problema maior que eles têm. Mesmo para nós moradores.
Eu não falo nada. Fico quieto, só no meu canto, mineiramente esperando. Olhando aquele mundão de gente e esperando até que flooop, fliiip, fliip, fliip, flip, flip, flip, vupt! A nave mãe foi embora. Ufa! Paz de novo em Paraty…

O Curriculum Vitae de Leonardo da Vinci

Não é só você, caro leitor, que precisa vender suas qualidades para conseguir um emprego. Até Leonardo da Vinci precisou fazer isso um dia. Quando tinha 30 anos, o italiano enviou uma carta a Ludovico Sforza, então Duque de Milão, em que ressaltava suas suas invenções voltadas para a guerra e pouco falava na vocação artística.

A carta começa assim: “Ilustríssimo Senhor, esforço-me em dar explicações a sua Excelência, sobre os motivos que me levam a solicitar minha incorporação sob a proteção do Duque, para assim desenvolver todas as invenções realizadas por mim e que poderiam ser úteis em uma batalha, estou disposto a fazer experiências em sua casa, ou em qualquer lugar que agrade a sua Excelência”. No item 9, da Vinci completa: “Se a operação de bombardeio falhar, inventaria catapultas, trabucos e outras máquinas de máxima eficácia e de uso pouco comum. Ademais, segundo o caso, posso inventar artigos de ataque e defesa.”

Para ver a íntegra da tradução, clique aqui. Foi nesse mesmo blog que encontramos a carta.
Para saber mais sobre Leonardo da Vinci, leia o título dedicado a ele na série Biografias e o romance Roubaram a Mona Lisa!, de R. A. Scotti.

Revista publica foto inédita de Salinger

A revista Newsweek publicou na última semana uma foto inédita de J. D. Salinger,  que morreu em janeiro desse ano. Salinger passou os últimos 45 anos de sua vida recluso e, portanto, fotos suas são raríssimas. Essa, em que ele até esboça um sorriso, foi tirada em abril de 1968.

Quando a foto foi tirada, Salinger estava com 49 anos / Reprodução

Leia a íntegra da matéria da Newsweek aqui.