Arquivos da categoria: Geral

Um processo kafkiano

Como se sabe, antes de morrer, Franz Kafka pediu ao amigo Max Brod que destruísse todos os seus escritos para que eles nunca fossem publicados. Felizmente, Brod não atendeu ao pedido e, só na coleção de bolso, estão quatro obras do tcheco.
Bom. Em 1939, pouco antes da invasão nazista, Brod contrabandeou duas malas com cartas, desenhos e manuscritos de Kafka para a Palestina. Depois, em 1956, durante a Crise de Suez, mandou parte desse material para a Suíça. E quando ele, Brod, morreu, os documentos ficaram sob os cuidados de sua namorada, Esther Hoffe. Esther morou em Tel Aviv, capital de Israel, até que também ela morreu três anos atrás. Desde então, as duas filhas dela lutam na justiça pelo direito de ficar com os pertences de Kafka. E elas inclusive já venderam alguns, incluindo o manuscrito de O processo, para o Arquivo da Literatura Alemã. O governo de Israel alega que os documentos devem estar acessíveis ao povo israelense e move uma ação para garantir que eles sejam mandados à Biblioteca Nacional do país.

Isso tudo para dizer que ontem foram abertas em Zurique as quatro caixas que continham o material enviado por Brod à Suíça 50 anos antes. Ninguém sabe exatamente qual é o conteúdo das caixas, já que as irmãs israelenses impediram que qualquer relatório fosse aberto à imprensa. Mas sabe-se, por exemplo, que algumas páginas de Carta ao pai e um texto ressentido que Kafka escreveu em 1919 – e que parece ser uma peça-chave para entender a sua obra – fazem parte do conteúdo.
A decisão da justiça sobre tornar público ou não o conteúdo das caixas deve ser divulgada em breve.

Com informações do The Guardian.

Da viagem à lua ao Dia Internacional do Amigo

Em 20 de julho de 1969, Neil Armstrong deu o pequeno passo que seria “um gigantesco salto para a humanidade”. O que o astronauta não sabia era que sua chegada à lua também seria responsável pela criação do Dia Internacional do Amigo. Isso porque, a partir de então, o argentino Enrique Ernesto Febbraro passou a divulgar exaustivamente que o feito era uma “grande oportunidade de fazer amigos em outras partes do universo” (!) e lançou a campanha Meu amigo é meu mestre, meu discípulo é meu companheiro (?). Tanto ele insistiu que, em 1979, através de um decreto, Buenos Aires adotou oficialmente o dia 20 de julho como aquele dedicado a todos os amigos. Da capital argentina, a data espalhou-se pelo mundo e, hoje, em quase todas as partes do planeta (ou será do universo?) é comemorado o Dia Internacional do Amigo.

E para mostrar que de amizade a gente entende, a Coleção L&PM Pocket publica alguns livros que trazem amigos até no título:

 Um amigo de Kafka, de Isaac Bashevis Singer
  
O amigo de infância de Maigret, de Simenon 

Garfield e seus amigos, de Jim Davis

Divulgado pôster de Uivo, o filme

Foi liberado o pôster do filme Howl (Uivo), baseado no livro homônimo de Allen Ginsberg. No longa, Ginsberg é interpretado por James Franco (de Homem-Aranha e Milk). O elenco conta ainda com Jon Hamm Jeff Daniels, Mary-Louise Parker e Paul Rudd, entre outros.

Na L&PM WebTV, é possível assistir alguns trechos legendados do filme, que estreia nos Estados Unidos no dia 24 de setembro.

Walter Ego e outros alteregos da literatura

Foi para homenagear todos os alteregos – na verdade mais os “egos” do que os “alter”, que o cartunista Angeli criou Walter Ego, o mais emblemático de seus personagens e que, como o próprio nome sugere, ama a si mesmo acima de tudo (clique na tirinha para ampliar).

E foi aproveitando o tema e o nome sugerido por Angeli que resolvemos perguntar: você tem um alterego? Tipo um pseudônimo, uma personalidade dupla, um outro você? Não? Pois muitos escritores tem… Parte deles, simplesmente usava outro nome para assinar algumas de suas obras. Fernando Pessoa, por exemplo, era ao mesmo tempo Álvaro de Campos e Bernardo Soares. Agatha Cristhie virou Mary Westmacott na hora de publicar seus romances não policiais. E Nelson Rodrigues não só usou outro nome, como trocou de gênero. Na década de 1940, sem que os leitores soubessem, Nelson assinava Suzana Flag em folhetins que eram publicados nos jornais. O alterego feminino do escritor não só fez o maior sucesso como passou a receber cartas de homens apaixonados. E os alteregos literários não param por aí. Muitas vezes eles se escondem (ou não) nas páginas das próprias obras. O alterego de Franz Kafka seria Gregor Samsa, seu personagem em Metamorfose. Dizem que David Copperfield era o próprio Charles Dickens. E Lima Barreto teria criado Isaías Caminha com sua própria personalidade, enquanto João da Ega seria o alterego de Eça de Queiroz em Os Maias. Ficou inspirado? Então responda mais essa: se você tivesse que criar um outro você, quem ele seria?

O estande da L&PM na Bienal de São Paulo

A Bienal do Livro de São Paulo começa daqui a menos de um mês, e os preparativos para a montagem do estande da L&PM já estão se encaminhando para o final. Então, para quem não é paulista e não estará em São Paulo entre 12 e 22 de agosto, adiantamos como vai ser a estrutura desse ano:

O estande foi projetado pela Design Alternativo.  E aos paulistas, agora que vocês já sabem como será nosso ponto de encontro, nos vemos por lá!

A hora dos assassinos: quando Henry Miller encontra Arthur Rimbaud

Ivan Pinheiro Machado

A visão que o mundo tem de Rimbaud é como um caleidoscópio. Ela muda de cor, de forma, se transforma e nunca é definitiva. Não é concreta, não é real. A lenda tomou conta da biografia e o mito soterrou o homem. Os poemas são poderosos fragmentos biográficos, embora eles não concluam, não desenhem um Rimbaud preciso. Seus delírios, suas alucinações, suas iluminações e temporadas no inferno, às vezes indicam traços do poeta. Mas a poesia acaba quando ele sai da adolescência, aos 19 anos. Aí começa a saga mítica que quase se sobrepõe ao poeta. Porque se tem indícios, mas na verdade, se sabe muito pouco. Seu périplo africano já foi objeto de milhares de livros. Sua fuga para o nada foi cantada e decantada. De quê fugia o poeta? Tudo é mistério, vestígios vagos, traços, aquarelas esmaecidas. Enfim, cada um tem o “seu” Rimbaud. Kerouac, Gide, Alain Borer, Proust, Vitor Hugo, Verlaine, Charles Nichol, Mallarmè, Breton e centenas de outros poetas, romancistas, biógrafos escreveram sobre ele. Dentro do claro-escuro em que sua identidade aparece e se esvai, cada um viu um Rimbaud. Suas numerosas biografias são antologias de dúvidas, tentativas. Seus analistas estudam pegadas, trilhas enganosas. E perdem seus passos em dezembro de 1880 quando ele chega em Harar, na desolada Abissínia. Foi ser comerciante, traficou armas, dizem, traficou escravos, supõem. Ele reaparece em 1891 em Marselha. O trágico retorno para encontrar a morte.

Henry Miller junta-se à esta enorme legião de fascinados pelo mito Rimbaud. Seu livro A hora dos assassinos é um livro sui generis, onde o grande escritor maldito faz uma cartarse onde expõe sua profunda identificação com o poeta. O texto brilhante de Henry Miller analisa a tragédia rimbaldiana, a beleza de seus poemas, a sua revolta. E conclui: “Em Rimbaud, me vejo como em um espelho”.

Woody Allen e Carla Bruni juntos em Paris

Depois de modelo, cantora e primeira-dama, Carla Bruni agora é atriz. E não de qualquer diretor. Escalada para o próximo filme de Woody Allen, “Midnight in Paris”, mademoiselle Sarkozy reservou cinco dias de agosto próximo para filmar sob a câmera de Allen. Na nova comédia romântica do diretor, Carla será a diretora de um museu e suas cenas serão filmadas no espetacular hotel Le Bristol de Paris. No elenco, estão ainda Kathy Bates, Michael Sheen, Owen Wilson e a também francesa Marion Cotillard.

Mas enquanto o novo filme não chega, você pode ir se divertindo com um dos livros de Woody Allen publicados pela L&PM. Que loucura!, por exemplo, mistura humor, filosofia, psicanálise e, claro, boas histórias. E o melhor é que custa menos do que um ingresso de cinema…

Uma ode à Liberdade

Liberdade de pensamento, de imprensa, de expressão. Liberdade pra correr, pra despir, pra cantar. Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós. No Dia Mundial da Liberdade, – escolhido 14 de julho porque nesse dia de 1789 a França mostrou como se fazia para liberar geral – nós propomos que você liberte-se dos grilhões, dos complexos, dos preconceitos, das amarras, das pequenas culpas nossas de cada dia. Ok, não precisa inventar de derrubar a Bastilha novamente, mas quem sabe sair leve e solto por aí, somente com um livro no bolso, não seja uma forma de sentir a liberdade na pele? Freedom!  

E já que o assunto é liberdade, aí vão duas opções de leitura da Coleção L&PM POCKET que têm liberdade até no título:
Liberdade, liberdade, de Millôr Fernandes e Flávio Rangel
Liberdade de imprensa, de Karl Marx

Felipe Melo & Shakespeare

Ivan Pinheiro Machado

O Brasil ficou melancolicamente de fora da parte quente da Copa do Mundo de 2010. Antiga protagonista temida e respeitada, a seleção brasileira virou inofensiva coadjuvante da grande festa do futebol.
Felipe Melo foi eleito o saco de pancada.
Ele deu o passe genial para Robinho fazer o gol do Brasil contra a Holanda e pouco depois amputou as chances de reação do time ao colaborar no empate da Holanda e ir pra rua ao pisotear um holandês. Como diria William Shakespeare em Julio César: “o bem que os homens fazem quase sempre é enterrado com seus ossos…”

Veja outras frases do grande dramaturgo que estão em Shakespeare de A a Z, da Coleção L&PM POCKET, e que também podem ser aplicadas a certas cenas (dramáticas ou não) do futebol brasileiro:

– Muitos passam para outro amo pisando no primeiro.
– Foge de entrar na briga; mas se acaso brigares, faz com que o competidor te tema sempre.
– Poucos gostam de ouvir falar nas faltas que com prazer praticam.
– A impaciência só fica bem para um cachorro louco.
– Quem gosta de ser adulado é digno de adulador.

Os leilões literários mais estranhos da história

O The Huffington Post publicou um levantamento dos itens pertencentes a escritores mais estranhos já leiloados. Entre os objetos estavam a coleira do cachorro (US$ 11.590) e um palito de dente (ok, era um palito de dente de ouro, mas ainda assim um palito de dente que não vale quase US$ 10 mil) de Charles Dickens, uma suposta mecha de cabelos de Jane Austen (isso mesmo, suposta, mas que ainda assim foi vendida por £ 4.800) e “a ilha de Virginia Woolf“. Bom, nesse caso a ilha não era realmente da Virginia, mas acredita-se que foi ela que inspirou o clássico Rumo ao farol. O comprador provavelmente compartilha dessa teoria, já que desembolsou £ 80.000 pela propriedade, £ 30.000 a mais do que foi pedido.