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Sobrinho-bisneto de Bram Stoker virá ao Brasil

Da sombra do tio-bisavô (?) surge de repente o escritor Dacre Stoker, autor de Drácula, o morto-vivo. Dacre é um parente (bem distante) de Bram Stoker, criador do Drácula (o original), e vem a Bienal do Livro de São Paulo em agosto. Para quem gosta de histórias de terror, é uma oportunidade de ouro: Dacre participará do Salão de Ideias sobre vampirismo com José Mojica Marins, o célebre Zé do Caixão. E se você está pensando em ir, já pode preparar a fantasia: os visitantes caracterizados entram de graça e ainda concorrem a prêmios.

Também durante a Bienal, a L&PM lança na sua Série Ouro, um livro que reúne alguns dos maiores clássicos de horror: Drácula (o de Bram Stoker), Frankenstein,  de Mary Shelley  e O médico e o monstro, de Robert Louis Stevenson.

Veja as adaptações do clássico de Bram Stoker para o cinema no post Parabéns ao Drácula.
 

Gol de Nilton Santos

“Foi no Mundial de 58. O Brasil estava ganhando de 1 a 0 contra a Áustria. No começo do segundo tempo, Nilton Santos, o homem-chave da defesa brasileira, chamado de Enciclopédia pelo muito que sabia de futebol, avançou, partindo de seu campo. Abandonou a retaguarda, passou a linha central, esquivou um par de adversários e continuou seu caminho. O técnico basileiro, Vicente Feola, corria também pela lateral do campo, mas do lado de fora. Suando em bicas, gritava:
– Volta, volta!
E Nilton, imperturbável, continuava sua corida para a área adversária. O gordo Feola, desesperado, agarrava a cabeça, mas Nilton não passou a bola a nenhum atacante: fez toda a jogada sozinho, e culminou-a com um golaço.
Então, Feola, feliz, comentou:
– Viram só? Eu não disse? Este sim, sabe!”

Nota do editor: exatamente há 52 anos atrás, em 29 de junho de 1958, o Brasil conquistou a Copa do Mundo pela primeira vez, derrotando os suecos, anfitriões da Copa, por 5 a 2. 

Até o final da Copa, o blog da L&PM publica diariamente um trecho do livro Futebol ao sol e à sombra, de Eduardo Galeano. Leia o anterior:
O pecado de perder 

O pecado de perder

A partir desta segunda-feira e até o final da Copa, o blog da L&PM vai trazer diariamente trechos do livro Futebol ao sol e à sombra, de Eduardo Galeano. O trecho de hoje foi retirado da crônica “O pecado de perder”.

“O futebol eleva suas divindades e as expõe à vingança dos crentes. Com a pelota no pé e as cores pátrias no peito, o jogador que encarna a nação marcha para conquistar glórias em longínquos campos de batalha. Na volta, o guerreiro vencido é um anjo caído. Em 1958, no aeroporto de Ezeiza, as pessoas jogaram moedas nos jogadores de seleção argentina, que tinham feito má figura no Mundial da Suécia. No Mundial de 82, Caszely errou um pênalti e no Chile sua vida ficou impossível. Dez anos mais tarde, alguns jogadores da Etiópia pediram asilo às Nações Unidas, depois de perder por 6 a 1 do Egito.

Somos porque ganhamos. Se perdemos, deixamos de ser. A camisa da seleção nacional transformou-se no mais indubitável símbolo de identidade coletiva, e não só nos países pobres ou nos pequenos que dependem do futebol para figurar no mapa. Quando a Inglaterra foi eliminada nas preliminares do Mundial de 94, o Daily Mirror, de Londres, abriu título na primeira página, em corpo catástrofe: O FIM DO MUNDO.”

Ivan Ilitch

Por Luiz Antonio de Assis Brasil

É uma preciosidade, esta pequena novela de Tolstói: A Morte de Ivan Ilitch. Tão preciosa quanto o romance Guerra e Paz. A primeira, um estudo minimalista; o outro, um poderoso drama acerca da invasão napoleônica à Rússia dos czares. Cada qual, à sua maneira, honra o gênio que os escreveu, e Ivan Ilitch possui uma grandeza que rivaliza com o famoso épico.

E por quê? Antes de tudo, pela segura condução da narrativa. O conflito central – a doença e morte do protagonista – só se agrava da primeira à última página. Aliás, muitos elogiam o admirável Crônica de uma Morte Anunciada como se fosse o primeiro livro a antecipar o seu final sem que isso seja um spoiler. Tolstói já fizera isso. Mesmo sabedores que Ivan Ilitch vai morrer, lemos, fascinados, como a personagem, a partir do anúncio de sua doença, vai ganhando em humanidade, revendo sua vida inútil e amparada por seu cargo burocrático e bem pago.

A questão tratada nesta narrativa não é a morte, que a ela nos acostumamos à medida que passa o tempo, mas é a morte como o fim da possibilidade de aprimorarmos nossa vida. Sim, com a morte cessa todo o esforço para sermos melhores. E quando essa morte surge como uma possibilidade logo ali, ao dobrar da esquina, tudo é pior.

Ivan Ilitch vê, a partir de uma pequena dor, que não é eterno, e que todo o amparo de um conforto conquistado, agora nada valem. Ivan, por isso, não suporta que sua esposa e sua filha decidam ir ao teatro, porque nada é mais importante do que sua doença. Ivan não admite sequer otimismo profissional de seu médico, detesta-lhe a saúde, o perfume, a pele rosada e hígida.

Tolstói consegue, como nenhum outro, utilizar-se da dor física para refletir sobre os limites de nossa vontade. Ivan Ilitch, o onipotente, deve dobrar-se a algo mesquinho e maligno que cresce dentro de seu corpo. Eis aí uma lição para os que, admitindo em tese que são mortais, não aceitam a inevitabilidade de sua morte pessoal. Uma boa reflexão para os neoarrogantes de nosso século.

E temos na praça uma premiada tradução, editada pela L&PM, assinada pela inesquecível e talentosa Vera Karam. É uma celebração da literatura.

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Texto publicado originalmente na coluna de Assis Brasil no jornal Zero Hora.

Astro de Harry Potter deve protagonizar remake de Nada de novo no front

Daniel Radcliffe, vulgo “Harry Potter”, assinou para protagonizar o remake de Nada de novo no front, filme de 1930 dirigido por Lewis Milestone e baseado no clássico de Erich Maria Remarque publicado na Coleção L&PM Pocket.

Radcliffe ficou encantado com o roteiro do remake / Divulgação

O novo longa tem o roteiro assinado por Ian Stokell e Lesley Paterson, mas ainda está sem diretor e, portanto, não tem qualquer definição com relação a datas. Se o projeto realmente sair do papel, Radcliffe interpretará Paul Baumer, um estudante idealista que é levado a se alistar no exército alemão por um professor ultranacionalista. A ideia é mostrar a desilusão dos soldados alemães durante a Primeira Guerra e o estranhamento na volta para casa, alguns anos depois. Stokell disse à revista Variety que Radcliffe traz vulnerabilidade e inocência ao personagem: “Quando nos demos conta de o quanto ele gostou do script ficamos muito felizes, porque sabemos que ele pode encontrar o equilíbrio entre intensidade e credibilidade que é essencial para esse papel.”

No primeiro filme, Paul Baumer foi interpretado pelo ator Lew Aires e recebeu indicações para o Oscar nas categorias de melhor fotografia e diretor. Assista ao trailer:

Com informações do The Guardian

Brasil é país convidado na Feira do Livro de Frankfurt de 2013

É graças a Feira do Livro de Frankfurt que muitos livros chegam até você. O mega evento, que acontece anualmente desde setembro de 1949, é onde as editoras do mundo inteiro se encontram para comprar e vender seus títulos. Pois essa semana foi divulgado que, em 2013, o Brasil será novamente o tema da Feira – a primeira vez foi em 1994. O que isso significa? Que, se você é escritor, terá mais chances do seu livro ser vertido para o alemão e outras línguas. Que, se você é livreiro, seus títulos poderão ter maior destaque na Europa. E que você, leitor, provavelmente terá mais novidades para escolher nas livrarias.

Corredores da Feira de Frankfurt em 2009 / Bob O'Hara

A homenagem ao Brasil foi divulgada após um encontro que reuniu o diretor da Feira, Jüergen Boos, e o Ministro da Cultura do Brasil, Juca Ferreira. Outro que participou da reunião foi Mauricio de Sousa. “O mundo passa por lá para saber o que há de melhor no mercado editorial e nós estaremos lá. Temos que trabalhar para que Frankfurt possa ser a melhor vitrine”, disse o criador da Turma da Mônica. Já o diretor Boos destacou a presença da imprensa: “O importante é que nesses cinco dias são 11 mil jornalistas presentes. Fiz uma pesquisa do que eles escrevem e 60% do noticiário se refere ao país tema, que é convidado de honra”.

Enquanto 2013 não chega, trataremos de aproveitar a 62ª edição da Feira de Frankfurt desse ano, que ocorrerá entre 6 e 10 de outubro. Há cerca de 20 anos a L&PM participa do evento.

A leveza de um suspiro e a precisão de um punhal

Por Jorge Furtado*

Em meu último filme (Saneamento Básico) tem uma cena que termina com uma frase de Dostoiévski na qual eu acredito profundamente: “a beleza salvará o mundo”. Trata-se de um strip-tease de Silene (Camila Pitanga), intercalado com imagens da exuberante natureza da serra gaúcha, regatos, folhas, flores, pedras, musgos, tudo o que há de mais bonito no mundo. Não demorei muito tempo para escolher a trilha da cena, o som de maior beleza possível: a voz de Billie Holiday.

Billie teve uma vida de cão, e não dos mais sortudos. Violentada aos dez anos e internada numa casa de correção, aos 12 era faxineira dos mais sórdidos puteiros de Baltimore. Prostituta aos 14, alcóolatra e viciada em heroína, apanhou e foi roubada por seus sucessivos maridos. Sofreu o que pode até sua morte, aos 44 anos.

Em troca de tanta dor, deixou ao mundo uma obra de raríssima beleza. Billie Holiday é uma força da natureza, uma das maiores artistas da história da humanidade. Sua voz é um instrumento musical capaz de contracenar com o trompete de Louis Armstrong, os pianos de Duke Ellington e Count Basie, o sax de Lester Young e os clarinetes de Benny Goodman e Artie Shaw. Seu ritmo é único e seu timbre, inconfundível. Era também boa compositora, mas nem precisava. Sua interpretação tem, ao mesmo tempo, a leveza de um suspiro e a precisão de um punhal. Corta fundo e assopra, mata e cura. Melhor que o silêncio, só Billie Holiday.

*Jorge Furtado é diretor, roteirista e escritor. Pela L&PM publicou Meu tio matou um cara.

Para saber mais sobre a biografia da maior diva do blues, leia Billie Holiday, o mais recente lançamento da Série Biografias.

Toshiba lança portátil para concorrer com iPad e Kindle

A Toshiba lançou na última segunda-feira um computador portátil de pequeno porte que pode também funcionar como e-reader. A diferença do Libretto, como o aparelho foi batizado, para os tablets tradicionais é o formato: o portátil da Toshiba possui duas telas, enquanto iPad e kindle, para citar os mais “famosos”, têm formato de prancheta.

Libretto pode ser notebook ou e-reader / Divulgação

O Libretto começará a ser vendido no Japão no final de agosto e depois segue para outros mercados. De qualquer maneira, não deve exercer muita influência no mercado dos livros digitais a curto prazo, já que ainda não firmou acordo com provedores de conteúdo.

Acusado de roubar obra de Shakespeare vai a julgamento

Em 1998, o First Folio (Primeiro Fólio), publicado em 1623 e considerado uma das obras mais importantes da literatura inglesa, foi roubado da Universidade de Durham. Só reapareceu 10 anos depois, quando um playboy chamado Raymond Scott se apresentou na Folger Shakespeare Library de Washington tentando vendê-lo. Ele alegava, e ainda alega, que o livro foi presente de um amigo cubano. O fato é que os funcionários da Biblioteca não acreditaram muito nessa história, ligaram para a polícia e a perícia confirmou que se tratava da obra roubada.

Edição publicada em 1623 reapareceu em público / Reprodução The Independent

Scott foi preso em janeiro de 2009, mas pagou a fiança e foi solto pouco depois. Agora, em junho de 2010, o julgamento teve início. Começou na semana passada e deve se estender até julho. No último sábado, 19, o First Folio foi levado ao tribunal e mostrado em público pela primeira vez desde 1998. Já Scott, o acusado, quer mesmo é aparecer. Chegou ao tribunal de limusine, usando um chapéu panamá e fazendo o V de vitória para os fotógrafos…

Veja todas as obras de Shakespeare publicadas pela L&PM.

Original inédito de Mark Twain é vendido nos Estados Unidos

Os leilões estão mesmo bombando nos últimos dias (vide post anterior sobre a máquina de escrever do Kerouac). O inédito “A Family Sketch”, de Mark Twain, foi vendido por mais de US$ 242 mil na última quinta-feira, bem mais que os US$ 180 mil esperados pelos organizadores. O comprador não foi identificado.

O manuscrito era uma homenagem do autor de As aventuras de Tom Sayer a sua filha, Olivia “Susy” Clemens (para os mais desavisados, o verdadeiro nome de Mark Twain é Samuel Langhorne Clemens). Susy inspirou duas das histórias do pai e morreu aos 24 anos, depois de contrair meningite.

“A Family Sketch”, de 64 páginas, estava entre outros duzentos manuscritos, cartas e fotografias de Twain. O restante dessa coleção de documentos, que pertencia ao executivo James S. Copley, deve ser vendida por no mínimo US$ 750 mil.