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Uma mostra impressionante

Se você estiver em São Paulo neste final de semana e ainda não arrumou programa para a madrugada de sábado (dia 4) para domingo (dia 5), aqui vai uma dica maravilhosa: visitar o CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) e participar da “Virada Impressionista” para ver as 85 obras que vieram diretamente do acervo do Museu d’Orsay de Paris. Monet, Renoir, Manet, Pissaro, Degas, Gauguin, Toulouse-Lautrec e Van Gogh são alguns dos artistas selecionados.

A mostra reúne obras-primas dos pintores impressionistas e é dividida em seis módulos temáticos. Em “Paris: a Cidade Moderna”, “A Vida Urbana e Seus Autores” e “Paris é Uma Festa” ficam os retratos do cotidiano burguês da Cidade Luz e seu exato oposto, como a vida de prostitutas, por exemplo. Na outra ponta, os módulos “Fugir da Cidade”, “Convite à Viagem” e “A Vida Silenciosa” reúnem obras de artistas que preferiram fugir do ritmo acelerado de Paris para refúgio interiorano francês. Entre eles, o holandês Van Gogh, que escolheu a cidadezinha de Arles.

A exposição abre neste sábado e vira a noite só fechando às 22h de domingo. A partir de então, segue o horário normal do CCBB e fica em cartaz até 7 de outubro quando então vai para o Rio de Janeiro.

La Gare Saint Lazare, de Claude Monet, é uma das pintura que vão estar em São Paulo a partir de amanhã

SERVIÇO

O Que: Paris e a Modernidade: Obras-Primas do Acervo do Museu d’Orsay de Paris, França
Quando: De 4 de agosto a 7 de outubro
Onde: CCBB – Rua Álvares Penteado, 112, Sé – São Paulo
Quanto: Grátis

Para quem quer saber mais sobre o assunto, a Série Encyclopaedia L&PM publica Impressionismo, um livro perfeito pra descobrir como tudo começou e quem eram os envolvidos neste movimento que revolucionou as artes.

Van Gogh assassinado?

Como morreu Van Gogh? A resposta está na ponta da língua de quem conhece pelo menos um pouco da biografia do grande pintor: deu-se um tiro cuja bala foi parar na virilha e que acabou virando uma hemorragia fatal. O doutor Gachet chegou a ser chamado, mas não conseguiu remover e bala. Van Gogh deixou este mundo dois dias depois do incidente, em 29 de julho de 1890.

Van Gogh pode não ter morrido como conta a história

Eis que, 121 anos depois, uma nova versão do fato contesta o suicídio e joga luz sobre uma possibilidade de assassinato. Steven Naifeh e Gregory White Smith, que estudam a vida do pintor holandês há mais de 10 anos, vasculharam cartas inéditas, charfurdaram documentos desconhecidos e chegaram a uma nova hipótese: há indícios de que Van Gogh teria sido vítima de um homicídio culposo.

Naifeh e Smith são biógrafos de Van Gogh e também de Jackson Pollock

Segundo a investigação empreedida pela dupla de pesquisadores, há estudos realizados na década de 30 que afirmam que Van Gogh teria saído para beber na companhia de dois adolescentes. Um dos jovens brincava de cowboy e portava uma arma que – acreditava ele – estava com defeito. O tiro disparado pelo jovem teria sido acidental, mas a consequência foi fatal. A bala perfurou o abdomem do pintor e se alojou na virilha, como na história que conhecemos. Outro indício que reforça a nova versão é de que a bala teria entrado num ângulo oblíquo e não reto, como costuma acontecer em suicídios.

Questionado sobre os novos fatos, o curador do Museu Van Gogh, Leo Jansen, disse que esta nova versão é “dramática” e “intrigante”, mas como “muitas questões permanecem sem resposta”, seria “prematuro descartar o suicídio”.

Vamos aguardar novidades. Enquanto isso, vale conhecer a história completa do grande pintor em Van Gogh na Série Biografias, Cartas a Théo e Biografia de Vincent Van Gogh por sua cunhada, todos da Coleção L&PM POCKET.

As últimas palavras de Van Gogh

Van Gogh pintou o "Retrato do Dr. Gachet" um mês antes de morrer

Era madrugada do dia 29 de julho de 1890 e Théo estava deitado ao lado do irmão no leito do hospital. Vincent fumava seu cachimbo tranquilamente e parecia bem, apesar de fraco. Dois dias antes, tinha disparado um tiro contra o próprio peito, que desviou e se alojou na virilha. O Dr. Gachet foi chamado às pressas, mas não conseguiu retirar a bala.

Assim que soube do “incidente”, Théo veio ao encontro do irmão, mas ele estava decidido a morrer. Por volta da 1h30 do dia 29 de julho, Vincent Van Gogh murmura suas últimas palavras: “Quero ir embora”, e morre.

Van Gogh guardava consigo uma carta, a última das Cartas a Théo:

Meu caro irmão,

Obrigado por sua gentil carta e pela nota de cinquenta francos que ela continha. Já que as coisas vão bem, o que é o principal, por que insistiria eu em coisas de menor importância? Por Deus! Provavelmente se passará muito tempo antes que se possa conversar de negócios com a cabeça mais descansada.

Os outros pintores, independente do que pensem, instintivamente mantêm-se à distância das discussões sobre o comércio atual.

Pois é, realmente só podemos falar através de nossos quadros. Contudo, meu caro irmão, existe isto que eu sempre lhe disse e novamente voltarei a dizer com toda a gravidade resultante dos esforços de pensamento assiduamente orientado a tentar fazer o bem tanto quanto possível – volto a dizer-lhe novamente que sempre o considerarei como alguém que é mais que um simples mercador de Corots, que por meu intermédio participa da própria produção de certas telas, que mesmo na derrocada conserva sua calma.

Pois assim é, e isto é tudo, ou pelo menos o principal que eu tenho a lhe dizer num momento de crise relativa. Num momento em que as coisas estão muito tensas entre marchands de quadros de artistas mortos e de artistas vivos.

Pois bem, em meu próprio trabalho arrisco a vida e nele minha razão arruinou-se em parte – bom -, mas pelo quanto eu saiba você não está entre os mercadores de homens, e você pode tomar partido, eu acho, agindo realmente com humanidade, mas, o que é que você quer?

A história de Van Gogh está contada nas centenas de Cartas a Théo e também no célebre Antes & Depois, memórias de Paul Gauguin onde o pintor narra em detalhes o célebre episódio em que Van Gogh corta sua própria orelha. Ambos os livros publicados na Coleção L&PM POCKET.

Com quantas cervejas se faz um Van Gogh?

Segundo os artistas Ross Thomas e Elizabeth Farrell, são necessárias 8 mil cervejas para fazer o quadro Noite estrelada, pintado por Van Gogh em 1889. Antes que duvidem da possibilidade de criar qualquer coisa com tanta cerveja na cabeça, é bom explicar: apenas as tampinhas das garrafas foram necessárias para recriar uma das mais famosas obras de arte do mundo, que hoje compõe o acervo do MoMA, em Nova York. Lembra do quadro Noite estrelada?

Veja como ficaram as pinceladas pós-impressionistas de Van Gogh numa versão, digamos, reciclada:

Ross e Elizabeth foram criteriosos na escolha do material e conseguiram encaixar cores e logos de acordo com as variações cromáticas do quadro:

A versão feita de tampinhas tem 2,74 x 2,13 m, quase o dobro do tamanho da tela original!

Noite estrelada é uma das pinturas mais conhecidas de Van Gogh e também uma das mais parodiadas e homenageadas por artistas do mundo inteiro. Woody Allen, por exemplo, usou-a no cartaz do seu próximo filme Midnight in Paris, que vai abrir o Festival de Cannes em maio.

Van Gogh pintou Noite estrelada aos 37 anos, enquanto morava em um asilo em Saint-Rémy-de-Provence. Para saber mais sobre a vida e a obra do pintor holandês, vale a pena conhecer o livro Van Gogh, publicado pela L&PM na Série Biografias.

Vi Zupi

Novo filme de Woody Allen estreia em junho

A revista francesa Première divulgou hoje novas imagens do filme Midnight in Paris, de Woody Allen, que vai abrir o Festival de Cannes em maio e tem estreia no Brasil prevista para junho. Quem também faz sua estreia no cinema é a primeira-dama da França, Carla Bruni-Sarkozy, no papel de guia turística do Museu Rodin, em Paris.

Carla Bruni e Woody Allen nas filmagens de "Midnight in Paris"

Sempre cheio de referências e intertextualidades, Woody Allen não faz diferente em Midnight in Paris. No cartaz do filme, divulgado na semana passada, o cenário da Cidade-Luz se mistura à tela Noite estrelada, de Vincent Van Gogh.

Enquanto espera o filme estrear no Brasil, vá preparando o humor e dê boas boas risadas com os livros de Woody Allen publicados pela L&PM e veja o trailer:

É permitido cruzar a linha amarela

Houve um tempo em que arte e tecnologia eram consideradas opostas e até capazes de se anular. A dúvida que ameaçava os paradigmas da época era como preservar a dita “aura” da obra de arte diante das novas possibilidades tecnológicas que começavam a se inserir nos processos de criação artística.

Hoje, por motivos que já nos parecem óbvios, aceitamos sem nenhum problema ter uma reprodução de Van Gogh na parede da sala ao invés de uma pintura original. Vários tabus foram superados e hoje arte e tecnologia se complementam de maneira impressionante. É o caso da ferramenta Art Project, uma experiência do Google, uma das maiores empresas de tecnologia do mundo, no universo das artes. Utilizando o mesmo princípio do Google Street View, que permite visitar e até percorrer as ruas de outro país sem levantar da cadeira, agora é possível visitar também galerias e museus pelo mundo.

E se você é do tipo que diria, sem pensar duas vezes, que não é a mesma coisa ver um Van Gogh pessoalmente e vê-lo pela tela do computador, você está coberto de razão! Pois a visitação pelo Art Project permite uma proximidade incrível e impensável dentro do limite imposto pelas linhas amarelas no chão dos museus de concreto. A sensação é de estar encostando o nariz na tela:

Talvez o próximo passo seja a possibilidade de sentir também o cheiro da tinta. Será?

O único negócio mais lucrativo do que petróleo e tráfico de drogas

*Por Ivan Pinheiro Machado

Há alguns meses atrás, eu escrevi neste blog um post protestando contra o marketing de um grande banco holandês/brasileiro que batizou de Van Gogh sua unidade destinada a atender clientes ricos. Uma ironia perversa, uma ofensa à memória do grande pintor que suicidou-se no desespero e na miséria, tendo vendido durante toda a vida apenas um quadro. Nenhuma novidade, pois os bancos estão sempre por trás das piores histórias. Principalmente no Brasil, campeão mundial de taxa de juros, cujo escorchante e humilhante escore é o pilar da política econômica do país desde FHC. Receituário aliás, seguido a risca pelo PT de Lula e Dilma. Aqui os grandes bancos fazem a maior farra do planeta. E patrocinados pelo governo. Afinal é o governo que determina as taxas de juros. A cada trimestre são anunciados os bilhões de lucros dos bancos. Como diria o Boris Casoy, “uma vergonha!”. Até porque, banco não produz nada. Pega o seu dinheiro, aplica a 0,8% e empresta a 10%…

Mesmo lá fora, onde a farra é menor – afinal as taxas de juro são infinitamente mais baixas do que no Brasil – a imagem dos bancos não é melhor. O exemplo maravilhoso é esta tira do “Hagar, o Horrível” que expressa a universalidade da péssima reputação dos banqueiros.

De onde vem a inspiração dos grandes artistas?

O quadrinista argentino Liniers, cujas tirinhas ilustram a página de humor do jornal La Nación, sugere algumas possibilidades:


Liniers mantém dois blogs, um especial para as tirinhas de seu personagem mais famoso, o Macanudo, e outro para publicar trabalhos diversos. Vale conferir!

O mito Rimbaud: a dor que fascina

Por Ivan Pinheiro Machado

Nos próximos meses, publicaremos uma biografia de Arthur Rimbaud, por Jean-Baptiste Baronian, na Série Biografias da Coleção L&PM POCKET. Esta série foi produzida originalmente pela editora francesa Gallimard e sua principal característica é a clareza e a qualidade do texto. Todos os “biografados” são retratados de forma a aproximar e cativar o leitor. Alguns destes livros, como os dedicados a Van Gogh, Cézanne, Gandhi e Átila receberam importantes prêmios literários na França.

Verlaine e Rimbaud em detalhe do famoso quadro "Un coin de table" (1872) de Henri Fantin-Latour

Agora chegou a vez de Rimbaud. Com maestria, Jean-Baptiste Baronian traça, em menos de 200 páginas, um perfil realista de Jean-Nicolas Arthur Rimbaud. Ele consegue transportar o leitor ao universo denso e trágico do poeta, mostrando as bases e as causas da existência do “mito Rimbaud”. Porque o grande poeta francês deixou no seu rastro uma longa trilha de mistérios, contradições e indagações que construíram toda uma mitologia que só se amplia com o passar do tempo. Arthur Rimbaud teve uma vida tumultuada e uma obra incomparável. O enigmático divórcio da literatura com pouco mais de 20 anos; um caso de amor com Paul Verlaine, também um grande poeta; onze anos errando pela África Oriental, traficando de tudo, inclusive armas, numa época em que menos de cem europeus aventuravam-se pela Abissínia (hoje Etiópia), quase uma terra de ninguém. O poeta que escreveu toda a sua obra entre os 15 e os 20 anos e é considerado um dos maiores poetas franceses em todos os tempos. Estes são apenas alguns ingredientes irresistíveis para a construção de um mito. E a prova disso são os milhares de livros escritos “sobre” Rimbaud, sua vida e, principalmente, seu périplo africano. O jovem bonito de grandes olhos azuis com apenas 14 anos já havia vencido o concurso de poemas em latim da sua escola. Com 19 anos escreveu “Uma temporada no Inferno”, pouco depois, com 20 anos escreveu “Iluminações”. Além destes dois grandes poemas a obra de Rimbaud é composta de uma centena de poemas entre os quais o célebre “Bateau Îvre” escrito aos 17 anos.

O errante Rimbaud na Abissínia

Adolescente, leu todos os autores fundamentais e, de repente, inconformado com a vida na província e a mãe autoritária, iniciou um rosário de fugas. De Charleville, departamento de Roche, ele ganhou o mundo, deixando no seu rastro histórias de escândalos em Paris, Bruxelas e Londres. Rodou pelo Oriente Médio, na marinha mercante, trabalhou em Chipre, Genova, voltou à França e finalmente sumiu na África. Aden, Harar, Choa, os desertos da Abissína. Onze anos vivendo numa vida terrível, sob 50 graus à sombra, cujo testemunho são as cartas para a família e depoimentos ocasionais de mercadores e europeus que o encontraram ou que trabalharam com ele. Tráfico de armas, suspeitas de tráfico de escravos, Arthur Rimbaud vendia tudo o que era possível vender. Falava mais de 10 línguas, inclusive o árabe. Nunca mais falou em poesia. Nunca mais se referiu a literatura em nenhum relato conhecido a partir dos seus 21 anos. Com 33 anos começou a ter problemas na perna direita. Depois de muito sofrimento foi diagnosticado um câncer. Voltou para a França para morrer depois de imensos sofrimentos. Inclusive a amputação da perna direita.

A história de Arthur Rimbaud intriga e apaixona. Dele, restou o mistério impenetrável. Como um homem abandona um dom no qual era perfeito? Ninguém sabe, nem saberá. Um dos milhares de autores que escreveram com maior ou menor brilhantismo sobre o poeta, Charle Nicholl, finaliza seu brilhante “Rimbaud na África” com um parágrafo que pode definir o grande enigma. Ele refere-se a um registro encontrado em um hotel em Aden:

“A profissão que consta é a de ‘negociante’, e quanto ao endereço, o funcionário escreveu apenas ‘de passage’. Este é o seu verdadeiro epitáfio. Ele é o homem ‘de passagem’, o nômade ou beduíno, o caminhante das grandes estradas. Está – tomando-se a expressão em sua intensidade máxima – apenas de passagem. E mesmo agora, um século depois, em pé diante de seu túmulo em Charleville, não sinto nem um pouco como se estivesse diante de seu último repouso, mas sim batendo à porta de mais uma hospedaria deserta, indagando inutilmente por Monsieur Rimbaud, que já foi ‘traficar no desconhecido’, e não deixou endereço para a posteridade.”

O túmulo de Rimbaud em Charleville, cidade natal do poeta

 

Obras de Dalí e Van Gogh são roubadas em intervalo de três dias

Crimes no maior estilo Roubaram a Mona Lisa! têm movimentado alguns museus pelo mundo. Na quarta-feira passada (25), uma estátua de bronze de Salvador Dalí foi roubada de uma sala de exposições em Bruges. “La femme aux tiroirs” pesa cerca de 10 quilos e tem valor estimado entre 100 e 120 mil euros.  

Estátua de bronze pesa cerca de dez quilos / Reprodução France 24

No Egito, o prejuízo foi “um pouco” maior. O quadro “Flor de Papoula”, de Van Gogh, avaliado em 55 milhões de dólares, foi furtado no sábado do Museu Mahmoud Khalil, no Cairo. Das 43 câmeras de segurança instaladas no local, apenas sete estavam funcionando. Segundo um especialista em arte, o mesmo quadro já havia sido roubado no final dos anos 70, mas foi recuperado 10 anos depois.  

O mesmo quadro já havia sido roubado nos anos 70 / Reprodução

A L&PM publica Libelo contra a arte moderna, de Salvador Dalí, e Cartas a Théo, de Van Gogh, além de uma biografia do pintor. 

*Com informações da Folha de São Paulo