Por Ivan Pinheiro Machado
Imagine um banco onde os clientes não precisam de banco. Não pedem empréstimos, nunca utilizaram o cheque especial e só podem investir se tiverem mais de R$ 40 mil. Nem jamais ficaram, como os mortais em geral, tensos na fila de espera, aguardando um gerente que certamente vai negar o emprestimozinho tão necessário para pagar uma operação cirúrgica, uma reforminha na casa ou as prestações atrasadas da faculdade do filho. Enfim, imagine um banco do qual Vincent Van Gogh jamais poderia ser cliente. Imaginou? Pois este banco, 120 anos depois da sua morte, chama-se Van Gogh. E é anunciado na televisão como o banco dos ricos, dos que não precisam de banco. E eu fico pensando. Quem imaginou isso? Será que a escolha do nome foi ignorância, mau gosto ou uma ironia tão refinada que não se consegue alcançar a olho nu? Eu vejo o anúncio do banco dourado e fico lembrando do genial, incompreendido, miserável e desesperado pintor que se matou porque a vida tinha negado o mínimo que ele precisava para viver. Aconselho aos publicitários e banqueiros que bolaram isto, que leiam a biografia de Van Gogh, coleção L&PM Pocket, R$ 19,50.