Pra colocar fim à depredação do túmulo de Oscar Wilde no cemitério de Père Lachaise, em Paris, a família do escritor resolveu erguer em volta do jazigo uma parede de vidro. Na verdade, a principal preocupação era impedir que as pessoas continuassem deixando marcas de batom no túmulo. Isso mesmo: centenas de beijos deixados por fãs e admiradores do escritor ornavam o local – o que, segundo a família e amigos próximos, era uma afronta à memória do autor de O retrato de Dorian Gray.
“Oscar era muito cuidadoso com sua imagem, apresentando-se sempre bem vestido. Não acho que lhe agradaria a ideia de repousar num túmulo degradado, mesmo por beijos de batom”, disse o ator britânico Rupert Everett, famoso intérprete das obras de Wilde.
O neto do escritor, Merlin Holland, lembra outro motivo pelo qual a atitude dos visitantes não era bem vista por sua família: foi um beijo que levou Oscar Wilde para a prisão em 1895. Holland assegura que, se vivo fosse, seu avô estaria enfurecido com a situação.
As placas de vidro têm dois metros de altura e impedem totalmente o acesso ao túmulo, que ostenta uma extravagante esfinge alada, esculpida em 1912 pelo artista Jacobs Epstein especialmente para decorar o jazigo do escritor.
“Flores, não beijos de batom!”, bradou o neto, que assistiu à “cerimônia” de colocação das placas ao lado do Ministro irlandês das Artes e do Patrimônio, que também apoiou a intervenção.