Arquivo mensais:junho 2010

As lições de amor da turma do Charlie Brown

Hoje a dica não é para os casais. Mas sim para você, amiga, que está desesperada para não passar o dia 12 sozinha. A gente sabe, você já fez promessa para todos os santos, já assediou todos os contatos do msn, Facebook, Orkut. Toda a sua timeline no Twitter sabe que você está solteira. E o único cara que ainda não te deu o fora é o Schroeder – ops, aquele menino quieto, quase autista, que era seu colega na terceira série?

Pois é… vale quase tudo para não ficar sozinha. Agora, se fizer como a Lucy, não tem jeito, até sua última esperança se esvairá. Tenha modos e umas aulas com a turma do Charlie Brown (clique nos quadrinhos para aumentar a imagem).

Ajuda de deuses e filósofos para o dia dos namorados

Para quem está sem inspiração para preparar um belo dia dos namorados, a gente dá uma forcinha. Até o dia 12 (mas não necessariamente todos os dias, porque mordomia tem limites) a gente dá dicas para você surpreender o seu/sua amado.

E começamos do princípio: com os gregos. Uma das mais belas metáforas do amor está em O banquete, de Platão. Quando os filósofos se reúnem em uma janta e o debate sobre Eros é imposto, Aristófanes apresenta a origem dos seres humanos:

Para começar, a humanidade compreendia três sexos, não apenas dois, o masculino e o feminino, como agora. O andrógino era então, quanto à forma e quanto à designação, um gênero comum, composto do macho e da fêmea. (…) Terríveis na força e no vigor, extraordinários na arrogância, desafiaram os deuses. Escalar o céu, tentativa que Homero atribui a Efialtes e Oto, era projeto deles, hostis aos celestes. Zeus e os outros deuses, ao deliberarem sobre as medidas a serem tomadas, esbarraram num impasse. Se os extinguissem e fulminados os fizessem desaparecer como os gigantes, sumiriam as homenagens e os templos erigidos pelos homens. De outra parte, inconcebível seria tolerar a insolência. Ao cabo de cansativa deliberação, sentenciou Zeus: “Julgo ter encontrado um recurso para preservar os homens e, enfraquecendo-os, deter a insolência. Seccionarei agora cada um em dois para torná-los mais fracos e mais prestativos a nós, visto que serão mais numerosos. Andarão eretos, sustentados por duas pernas”.

(…)

Eros, que atrai um ao outro, está implantado nos homens desde então para restaurar a antiga natureza, faz de dois um só e alivia as dores da natureza humana. Cada um de nós é, portanto, a metade complementar de outro (um símbolo). Somos como uma das partes de um linguado cortado ao meio, dois formando um. Cada qual anda à procura de seu próprio complemento.

Claro que lá tem muito mais coisas – para todas as orientações sexuais, inclusive –, então, vai se preparando para chamar seu amor de a metade que Zeus separou.

Enquanto isso, na milenar China, a Expo continua a mil

No comunismo capitalista da China é assim: Twitter e Facebook são como pornografia, totalmente bloqueados para consumo do povo. Isso quer dizer que você jamais poderá passear pela Expo Shanghai 2010 tuitando sobre o que está vendo e gostando. Mas antes de contar sobre o mega pavilhão da China na Expo, vamos a um passeio pelos outros espaços. Primeiro, o Canadá. Os canadenses pedalaram tanto que, não resta dúvida, chegaram ao futuro antes de nós. O pavilhão do país começa com várias bicicletas fixas que, com a interação dos visitantes, movimentam enormes animações ao estilo de Moebius (não chequei se são dele). E ainda há um lago sonoro que muda de tom quando tocamos em suas águas. 

Visitantes fotografam pavilhão finlandês / Paula Taitelbaum

Já o pavilhão da Finlândia mais parece uma loja de decoração futurista, pois exala design por todos os poros. Em um vídeo que lembra o mundo de Pandora, de Avatar, robôs interagem com bolas de sabão ao ritmo de uma música hipnótica. Entre as atividades interativas, está o fato das pessoas poderem tirar “uma foto na Finlândia”, bastando para isso escolher um fundo no computador. A minha até agora não chegou… Mas falando em fotos, esse é um dos assuntos em destaque no pavilhão do Japão que, entre alguns robôs que limpam a casa e outros que tocam violino, está um grande merchandising da Canon e da Toyota. Um dos momentos mais impressionantes é quando a super câmera Canon, ao vivo, capta um detalhe do painel de parede e mostra no telão em alta definição, isso a muitos metros de distância. Mas o Japão não acerta todas e tropeça no seu último ato. No final das apresentações, há uma espécie de ópera de Pequim tão sonolenta, repetitiva e enfadonha que cheguei a pegar no sono. 

Cartaz com imagem do pavilhão chinês convida para a Expo / Reprodução

O pavilhão da Alemanha – cujas filas chegam a quatro horas – é um tanto quanto claustrofóbico. Uma verdadeira usina de calor com overdose de informação. Como tem elementos demais, interação demais e gente demais, fica quase insuportável circular pelos espaços. Parece ônibus na hora do rush. Mas no final – quando eu já me encontrava um tanto quanto irritada e louca pra ir embora – há um espetáculo bem impressionante com uma bola gigantesca que pende do teto e projeta luz e imagens mais fortes à medida que o público grita e aplaude. É a salvação da Alemanha no finalzinho do segundo tempo. 

E agora o gran finale: o espetáculo da anfitriã. O pavilhão da China, tão vermelho quanto à estrela de Mao, tem catorze andares, sendo que os dois últimos fechados ao público. Mas ainda sobram doze para o desfrute dos visitantes. A diversão começa nos andares mais altos, com a exibição de um filme que parece ser sobre Genghis Khan, mas que logo evolui para mostrar como a China – em especial Xangai – chegou onde chegou. É claro que, sendo um investimento (e põe investimento nisso) estatal, o “partido” está ali  representado por seus trabalhadores sempre dispostos a pegar junto, unir forças e fazer um “novo país”. Depois dessa exibição, quando não resta nenhuma dúvida de que a China vai mesmo dominar o mundo, começa a caminhada pelo resto do pavilhão.  Há metros e metros de paredes que projetam uma magnífica animação da China antiga. Há relíquias autênticas que exemplificam e contam a história do papel, da porcelana e da seda. Há, ainda, representações do interior das casas dos chineses ao longo das décadas. E há um disputado trenzinho que conduz a uma viagem que mais parece “A Fantástica Fábrica de Chocolate”. Tudo para expor que a China é, de fato, milenarmente moderna. O detalhe é que esqueceram de avisar a maioria dos chineses disso. Talvez quando conseguirem acessar a Internet sem censura eles descubram que podem ser tão modernos quanto as cidade. Por enquanto, ainda acho que o povo é um tanto quanto primitivo. Ou você acha que jogar bichos vivos dentro da sopa é uma evolução? Hoje meu almoço teve esse tipo de espetáculo. E eu ainda não me recuperei… Conto mais nos próximos posts. 

Leia os posts anteriores:
A Expo é um parque de diversões na cabeça
A Expo Shanghai, os chineses e o Brasil
Xangai é um barato