O Ricardo Lombardi encontrou três vídeos em que o astro Johnny Depp lê algumas cartas que recebeu de Hunter Thompson. A adaptação para o cinema de Medo e delírio em Las Vegas, uma das obras mais conhecidas do polêmico escritor norte-americano, foi protagonizada por Depp, que agora já trabalha também na adaptação de Rum: diário de um jornalista bêbado. Tanto o lançamento do longa quanto o lançamento do livro pela Coleção L&PM Pocket estão previstos ainda para 2010.
Arquivo mensais:julho 2010
Por onde começar a ler Balzac?
Ivan Pinheiro Machado
Falei muito sobre o autor de A Comédia Humana nos 12 posts anteriores. Procurei dar uma ideia do tamanho de Balzac, suas ideias, suas contradições, seu gigantesco talento e sua obra sem precedentes na história da literatura universal. Mas a Comédia é vasta – 89 histórias sendo que mais de 60 romances com, pelo menos, 200 páginas cada – e o leitor se pergunta: “por onde devo começar?” Vai aqui minha sugestão. Depois de dar a partida, será muito fácil engatar Balzac.
Comece nessa ordem: O pai Goriot, Ilusões Perdidas, Esplendores e misérias das cortesãs. Por quê? Bem, O pai Goriot é o primeiro romance onde Balzac concebe a ideia central da Comédia, ou seja, a de criar um enorme conjunto de romances que se passam no mesmo período e que, contando histórias diferentes, “pintam” um retrato preciso da mesma sociedade, através de personagens que vão e vem de uma história para outra (veja o post desta série O monumento chamado Comédia Humana). O pai Goriot é emblemático da “descoberta” de Balzac. Nele surgem personagens, principais e secundários, que atravessarão toda a Comédia, com destaque para Engène Rastinagnac e Vautrin, o malfeitor. Em Ilusões Perdidas, Lucien Rubempré é o protagonista. Sua saga de “alpinista social e intelectual” prossegue e se conclui em Esplendores e misérias das cortesãs, uma continuação de Ilusões…, com os mesmos personagens e o retorno de outros que estavam em Pai Goriot.
Na informalidade que o seu “realismo” lhe concedia, o próprio Balzac nos dá claramente a pista dessa ordem de leitura na parte final de seu Esplendores e misérias das cortesãs. Ele escreve: “Jacques Collin (nome verdadeiro de Vautrin) e sua horrível influência são a coluna vertebral que liga O pai Goriot a Ilusões perdidas e Ilusões perdidas a Esplendores e misérias das cortesãs”.
Costumo dizer que as 1.500 páginas que compõem estes três romances são o Guerra e Paz de Balzac. Embora seja uma fração minúscula da gigantesca Comédia Humana, ali estão os fundamentos, as intenções e a amostra perfeita da incrível capacidade de fabulação do mestre Honoré de Balzac.
Leia também:
– Paris: a cidade-personagem
– Balzac e a política: um autor de direita e uma obra de esquerda
– O homem que amava as mulheres
– O poder das mulheres na Comédia humana
– Balzac e as balzaquianas
– Ouro e prazer
– 20 de maio: aniversário de Balzac
– Sexo para todos os gostos
– Balzac: o homem de (maus) negócios
– O monumento chamado Comédia Humana
– Por que ler Balzac
– Balzac: a volta ao Brasil mais de 20 anos depois
Dos palcos para os livros
Contos sobrenaturais chineses deve ser lançado ainda em agosto.
Sob o sol de Nova York
Um daqueles casamentos que parecia ser eterno está passando por uma grave crise. Woody Allen e Nova York vivem um momento de idas e vindas depois de anos de união estável. Em 2008, “a outra” foi Barcelona, em 2010, Londres, e em 2011 será Paris – Allen inclusive já está por lá trabalhando com a primeira dama francesa. Entre elas, Manhattan voltou de leve em Tudo pode dar certo (veja o trailer abaixo), mas há quem diga que foi uma aparição apenas para manter as aparências.
Outro relacionamento de celebridades, no entanto, está melhor do que nunca e em vias de completar bodas de cristal. É o de Frances Mayes com a Itália. Seu segundo título pela Coleção L&PM Pocket, publicado nessa semana, não só traz de novo a Toscana no título (o primeiro foi Sob o sol…, em 1996), como é uma declaração de amor: Bella Toscana. E como se não bastasse, nos Estados Unidos foi lançado em março Every day in Tuscany – Seasons of an italian life (algo como “O dia a dia na Toscana – Temporadas de uma vida italiana”).
Outros escritores tiveram flertes com cidades, mas não chegaram a casar. Aí os romances ficaram imortalizados em, bom, romances. É o caso de Medo e delírio em Las Vegas (esse não muito romântico), Satori em Paris, Sete anos no Tibet e – por que não? –, Dançar tango em Porto Alegre.
L&PM lançará Agenda Martha Medeiros
Martha Medeiros esteve na editora hoje de manhã para aprovar a agenda temática que a L&PM vai lançar em outubro. Ela se reuniu com o editor, Ivan Pinheiro Machado, e os dois analisaram o protótipo.
A própria Martha já falou do projeto no blog dela:
“Esse ano não vou lançar coletânea de crônicas, ficará para o ano que vem, mas como estou completando 25 anos de literatura (meu primeiro livro de poemas foi lançado em outubro de 1985), e essa é uma data de respeito, resolvi preparar um presente para os leitores fiéis que me acompanham há tanto tempo. Exatamente em outubro, a L&PM publicará uma Agenda 2011 com 144 frases selecionadas por essa que vos escreve. Sei que há muita gente fazendo isso no twitter, mas não sou eu que estou por trás das escolhas, então achei que seria bacana eu mesma fazer uma seleção particular de versos e frases, e passar o ano todo ao lado de vocês: janeiro, fevereiro, março, abril… Espero que curtam e não se cansem.” Leia a íntegra do post aqui.
Estreia em agosto peça baseada nos textos de David Coimbra
Os textos de Jogo de damas e Mulheres, de David Coimbra, vão ganhar em breve uma adaptação para o teatro. Nos dois livros, David defende que desde o surgimento do homo sapiens, as fêmeas manipulam e dominam os machos através daquilo que eles mais apreciam: o sexo. O objetivo delas, no entanto, seria um só – a manutenção da espécie e, por consequência, da civilização. Mas a civilização está em colapso, alerta o cronista, e é partindo desta premissa que a concepção de Sobre Saltos de Scarpin situa a ação da peça num futuro pós-apocalíptico, quando a Terra, sobrevivente do dito colapso, vive sob um regime totalitário feminino.
Longe de pretender uma projeção futura da guerra entre os sexos, a proposta de um distanciamento temporal visa o efeito cômico, estético e um olhar crítico sobre o senso comum a respeito da relação entre homens e mulheres na sociedade atual. Todos os elementos da encenação, na verdade, fazem uma caricatura das convenções sexistas difundidas na nossa cultura.
A peça tem estreia prevista para o dia 13 de agosto, no Teatro Renascença em Porto Alegre, e fica em cartaz até 5 de setembro. E fiquem de olho no blog: em breve sortearemos algumas entradas.
Lançamentos na Bienal de São Paulo
No post anterior, falamos das 50 reedições deste mês.
E se em julho, que era para ser “o mês de cães danados”, já tivemos essa produção toda, agosto não poderia chegar em menor estilo. O grande acontecimento será a 21ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, a realizar-se no Anhembi de 12 a 22 de agosto.
E para marcar este importante evento, a L&PM terá excelentes novidades tanto entre os livros convencionais, como nos livros de bolso. Olha só:
Coleção L&PM POCKET:
Depois do Funeral – Agatha Christie
Maigret sai em viagem – Simenon
Radicci 7 – Iotti
A linha de sombra – Joseph Conrad
Lincoln (Série Encyclopaedia) – Allen Guelzo
Primeira guerra mundial (Série Encyclopaedia) – Michael Howard
Despertar: uma vida de Buda – Jack Kerouac
O amor é o cão dos diabos – Charles Bukowski
Bella Toscana – Frances Mayes
Outros formatos:
Peanuts Completo volume 3 – Charles Schulz
Anjos da desolação – Jack Kerouac
Clássicos do Horror (Drácula, Frankenstein e O médico e o monstro) (Série Ouro) – Bram Stoker, Mary Shelley e Robert Louis Stevenson
Pedaços de um caderno manchado de vinho –Bukowski
Amores de alto risco – Walter Riso
A espécie fabuladora – Nancy Huston
Videiras de cristal – Luiz Antonio de Assis Brasil
Assassinato no Expresso Oriente & Morte no Nilo (Versão em Quadrinhos) – Agatha Christie
Alguns trechos dos livros novos já estão disponíveis na seção Próximos Lançamentos do nosso site.
Julho “caliente” aqui na editora
Normalmente o mês de julho – e não agosto –, é “o mês de cães danados” para as editoras. Chegam as férias e ninguém quer saber de nada. A retomada lenta e gradual costuma acontecer em agosto. Mas nós resolvemos desafiar os astros e a ressaca da Copa do Mundo e, neste julho friorento no sul e chuvoso no norte, nos dedicamos como nunca a trazer de volta grandes livros para as livrarias.
O resultado é um número expressivo de 50 reedições! Títulos como Misto-quente de Bukowski, Os duelistas e Coração das trevas, de Joseph Conrad, Vagamundo, de Eduardo Galeano, Fragmentos, de Caio Fernando Abreu, Guerra e Paz, de Tolstói, O colar de veludo, de Alexandre Dumas e muitos outros que você encontra aqui.
Claudia Tajes grava mais um Consultório Sentimental
A escritora (e apresentadora) Claudia Tajes gravou nessa sexta-feira mais uma edição do Consultório Sentimental, da L&PM WebTV. Claudia explicou que, durante a pequena parada do programa, aproveitou para fazer cursos e melhorar ainda mais seus sempre… interessantes conselhos amorosos.
Os novos programas começam a ir ao ar a partir da próxima semana. Até lá, aproveitem para rever os antigos.
Uma biografia recheada de ficções
Hoje pedimos licença para publicar no blog uma pequena biografia. Em agosto, será lançado A espécie fabuladora, terceiro livro de Nancy Huston pela L&PM. A espécie… é um conjunto de ensaios sobre a necessidade dos seres humanos de encontrar um Sentido (assim, com S maiúsculo) para tudo e a consequente habilidade de formular histórias (já que todo Sentido encontrado é, na verdade, uma ficção criada por nós mesmos). E um nome insiste em aparecer em quase todos os ensaios do livro: Romain Gary, o nosso “biografado”. As inúmeras menções a ele nos deixaram curiosos, fomos pesquisar a respeito e agora dividimos nossas descobertas com vocês. É dele também a citação usada na abertura do livro de Nancy: “Nada é humano sem aspirar ao imaginário”.
Pois Romain Gary é, na verdade, Roman Kacew, um escritor russo (embora não se saiba se realmente nasceu em Moscou), filho de judeus e que cresceu na Lituânia. Nunca conheceu o pai, o sobrenome foi herdado do segundo casamento da mãe. Aos 11 anos, viu o padrasto deixar a família e, aos 14, foi morar na França com a mãe. Abandonou o “Kacew” e adotou o “Gary” quando escapou da França ocupada por tropas estrangeiras para se juntar ao exército inglês e lutar contra a Alemanha na 2ª Guerra.
Seu primeiro romance foi lançado em 1945 e ele acabou se tornando um dos escritores mais populares da França, tendo publicado inclusive alguns livros sob o pseudônimo de Émile Ajar, além de um como Fosco Sinibaldi e outro como Shatan Bogat. E é justamente a esse amontoado de pseudônimos que Gary deve a honra de ter sido o único escritor a receber duas vezes o prêmio Goncourt, concedido anualmente ao autor do melhor livro de língua francesa. Ele ganhou pela primeira vez por Les racines du ciel, e pela segunda com La vie devant soi, publicado sob pseudônimo de Émile Ajar. A Academia concedeu o segundo prêmio sem saber a verdadeira identidade do autor e boatos sobre o caso começaram a circular. O mais famoso atribuía a autoria de La vie… a um primo de Gary. A verdade só apareceu no póstumo Vida e morte de Émile Ajar.
Gary casou e separou duas vezes, primeiro com Lesley Blanch, editora da Vogue, e depois com a atriz americana Jean Seberg. O relacionamento com Jean quase rende uma novela: quando ela engravidou, circularam boatos de que estava tendo um caso um dos integrantes dos Panteras Negras e que o filho não seria de Gary. Jean tentou o suicídio e foi encontrada quase morta em uma praia. Quando a criança nasceu, ela e Gary já haviam concordado em se separar. Alguns meses antes, ele havia descoberto que ela estava tendo um caso, na verdade, com o galã hollywoodiano Clint Eastwood.
Depois do suicídio de Jean (na segunda tentativa ela conseguiu), Gary também matou-se com um tiro de espingarda em 1980, mas fez questão de deixar um bilhete dizendo que sua morte nada tinha a ver com o suicídio da ex-esposa e confirmou que ele era mesmo Émile Ajar. A nota terminava assim: “Me renovar, renascer, ser outra pessoa, foi sempre a grande tentação da minha existência”.