Arquivo mensais:janeiro 2011

De onde vem a inspiração dos grandes artistas?

O quadrinista argentino Liniers, cujas tirinhas ilustram a página de humor do jornal La Nación, sugere algumas possibilidades:


Liniers mantém dois blogs, um especial para as tirinhas de seu personagem mais famoso, o Macanudo, e outro para publicar trabalhos diversos. Vale conferir!

Maratona de Shakespeare nas Olimpíadas

Ainda falta mais de um ano, mas como o tempo passa voando, não custa nada avisar com antecedência. Durante as Olimpíadas de 2012, em Londres, acontecerá uma outra espécie de competição (essa sem direito à medalha). O teatro Shakespeare’s Globe será palco (ou seria melhor dizer pista?) de uma maratona teatral que irá apresentar 38 peças de Shakespeare nos mais variados idiomas. “A megera domada” será encenada em urdu, “O Rei Lear” em língua aborígene, “Trabalhos de amor perdidos” em libras (a linguagem de sinais) e ainda haverá peças em maori, turco, grego, lituano e os mais distantes dialetos que se possa imaginar como o zimbaubuano shona. As apresentações começam em 23 de abril, dia do aniversário de Shakespeare, e entram Olimpíadas a dentro. Mas enquanto 2012 não chega, vá curtindo Shakespeare em português. A L&PM tem praticamente todos os títulos do maior de todos os bardos.

O vídeo abaixo mostra o local onde a maratona de peças vai acontecer, através de uma apresentação bastante didática do Shakespeare´s Globe:

iPads na sala de aula

Nanni Rios
Direto da Campus Party*, em São Paulo

Na tarde desta quinta, no palco principal da Campus Party Brasil, profissionais da educação se reuniram para compartilhar suas experiências pedagógicas com cultura digital – e também para exibir resultados pra lá de animadores. Mas muito ainda precisa ser feito. O que os relatos dos educadores têm em comum é a necessidade de trazer tecnologia, games e gadgets para dentro da sala de aula, mas não só. É importante trazer também a cultura digital e suas noções de compartilhamento, remix, interação e criação colaborativa.

Educadores debatem experiências na cultura digital

Iniciativas como o Flatworld Knowledge (uma editora de livros didáticos que permite a criação de obras digitais derivadas) só vão ter espaço no Brasil quando a cultura digital for plenamente compreendida. Tecnicamente, é só querer. O Flatworld Knowledge funciona assim: um autor elabora um livro didático, que entra para o catálogo da editora, mas qualquer outro autor tem a liberdade de propor alterações sobre a obra original, criando, assim, obras derivadas. Os direitos autorais são divididos entre os criadores de acordo com a política da empresa. Assim, todo mundo sai ganhando: o autor que “criou” a obra, os autores secundários que terão em mãos uma obra customizada e adequada às suas necessidades, e os alunos que ganham material didático em sintonia com a sua realidade.

A ideia é que os livros didáticos da Flatworld sejam consumidos em formato digital por meio de e-readers como o iPad, por exemplo. E é aí que surge a necessidade de trazer estes gadgets para as escolas. Aqui no Brasil, já se fala até na possibilidade de desenvolver tablets mais baratos, com o objetivo de popularizar o produto. Mas a ideia de ter livros didáticos em formato digital ainda parece um pouco distante. Um dos principais entraves é a falta de preparo dos professores para trabalhar com o novo material. A hierarquia tradicional da sala de aula também impede que os mestres vejam seus alunos como parceiros de trabalho, que podem construir juntos e de forma colaborativa uma nova forma de aprender unindo técnica e conhecimento. Mais de 400 universidades nos Estados Unidos utilizam e recriam os livros da Flatworld e muitas escolas de ensino infantil já usam o iPad na sala de aula, com o objetivo de atrair o interesse dos alunos pelos conteúdos.

E por falar em e-books, o lançamento dos primeiros livros digitais da L&PM está previsto para breve.

* Campus Party é o maior evento de tecnologia do mundo e a edição brasileira acontece anualmente na cidade de São Paulo. Durante 5 dias, cerca de 7 mil pessoas das mais diversas áreas do conhecimento se reúnem para compartilhar suas experiências, além de participar de oficinas e debates.

O pai da expressão “beat”

Qual a origem do termo “geração beat”? De todas as versões, a considerada definitiva e confirmada é aquela publicada no prefácio de um livro de Allen Ginsberg, The Beat Book: “A expressão ‘beat generation’ surgiu em uma conversa específica entre Jack Kerouac e John Clellon Holmes em 1948. Discutiam a natureza das gerações, lembrando o glamour da lost generation, e Kerouac disse: ‘Ah, isso não passa de uma geração beat’. Mas o que nem todo mundo sabe é que o autor de On the road captou o termo de Herbert Huncke. Kerouac ficou encantado com o modo como Huncke usava sem parar o termo “beat” – que nos circos itinerantes significa “cansado” e “abatido” – e empregou a expressão para batizar toda uma geração (Kerouac também chegou a dizer que o termo derivava de “beatific”).

Herbert Huncke em 1947 na fazenda de William Burroughs

 Mas quem foi Herbert Huncke? Foi um garoto de programa, um ladrãozinho, um viciado. Mas, acima de tudo, uma figura fascinante e carismática. Huncke deu o primeiro pico a William Burroughs, guiou Kerouac e Ginsberg pelo submundo da Times Square nos anos 1940, inspirou personagens de muitos dos livros beats, escreveu os seus próprios sem muito sucesso. Nascido em uma família de classe média, costumava dizer que começou a usar drogas aos doze anos, vender sexo com dezesseis e que roubou tudo o que lhe passou pelas mãos. “Eu sempre segui o caminho mais fácil”, disse em uma entrevista de 1992. “Simplesmente continuei a fazer o que queria. Não pesava nem avaliava as coisas. Comecei desse jeito e de fato nunca mudei.”

Apesar de junkie, Huncke tinha modos finos, era elegante e não mentia jamais. Passou onze anos na prisão e boa parte da vida vivendo no Chelsea Hotel em Manhattan, onde faleceu em 9 de agosto de 1996 aos 81 anos de idade.

Há exatos 50 anos, JFK tomava posse como presidente dos EUA

Há exatamente 50 anos atrás, em 20 de janeiro de 1961, o 35º presidente dos Estados Unidos da América tomava posse. John Fitzgerald Kennedy seria o mais popular (e o mais amado) governante norteamericano. Ao assumir o posto presidencial, diante do Capitólio, em Washington, ele emocionou o mundo com seu discurso de paz e liberdade. Morreria pouco mais de dois anos depois, em um assassinato de cenas chocantes que acendeu as mais diferentes polêmicas e hipóteses sobre “como”, “quem” e “por que”.

Mas será que o “bom moço” era mesmo tão bonzinho assim? Em O lado negro de Camelot – Sexo e corrupção na Era Kennedy (1998, L&PM), o premiado jornalista investigativo Seymour M. Hersh mostra um John F. Kennedy diferente daquele cultuado pela mídia. Em seu livro, Hersh revela que, liderados pelo patriarca Joe e movidos por um código moral próprio, os Kennedy eram capazes de tudo, acima de todos. Negócios com o crime organizado, eleições fraudulentas, complôs de assassinatos, um apetite voraz por belas atrizes…  Cada página traz uma revelação surpreendente. O lado negro de Camelot descortina o sexo, a espionagem e a corrupção por trás do poder. Mas  também mostra que John Kennedy era um homem fascinante e carismático. Mesmo que usasse esse fascínio e esse carisma em proveito próprio.  

O lado negro de Camelot ainda pode ser adquirido nas livrarias,  sob encomenda.

Para participar do universo criativo de Picasso

Hoje é aniversário do pintor impressionista Paul Cézanne, que é apontado por Pablo Picasso e Henri Matisse como o precursor do Cubismo. O movimento artístico teve como marco inicial o quadro Les demoiselles d’Avignon, feito por Picasso em 1907, um ano após a morte de Cézanne.

Talvez tenha sido este o maior legado deixado por Cézanne ao mundo das artes. E é por este motivo que resolvemos apresentar aqui a exposição virtual Picasso: Themes and Variations promovida pelo MoMA (Museu de Arte de Nova York), que coloca os quadros e as técnicas do mestre cubista ao alcance de todos, via internet.

No site interativo, desenvolvido especialmente para promover a “visitação” virtual, é possível observar as obras em detalhes, comparar as diversas técnicas utilizadas, conhecer as técnicas de impressão experimentadas por Picasso como a litografia, além de explorar assuntos e temas relacionados a tudo que envolve o universo do pintor espanhol.

Por meio de uma animação interativa, é possível até acompanhar o passo a passo da elaboração de uma tela de Picasso:

O quadro "Jacqueline with headband", do primeiro ao último estágio

Para conhecer mais sobre a vida e a obra destes dois gênios das artes visuais, leia na Série Biografias L&PM: Cézanne, por Bernard Fauconnier, e Picasso, por Gilles Plazy.

11. O brinco do Peninha

Por Ivan Pinheiro Machado*

Eduardo Bueno, dito Peninha, é um astro da cultura pop brasileira. Seu livro “A viagem do descobrimento” (Ed. Objetiva) foi um mega bestseller, assim como “Brasil: terra à vista” (L&PM) e muito outros. Peninha foi o inventor do vitorioso gênero “história para todos”. A partir do seu livro sobre o descobrimento do Brasil, os leitores brasileiros passaram a ler a história com outro sabor. E mais que isso. Literalmente, descobriram o Brasil. Tanto é verdade que a fórmula foi imediatamente incorporada ao mercado editorial brasileiro. Hoje, os livros sobre personagens, fatos e datas brasileiras frequentam com naturalidade as listas dos mais vendidos. Peninha, além de jornalista, escritor e historiador, é um grande especialista em Bob Dylan, Grêmio Futebol Portoalegrense e literatura beat, entre outros gêneros que agora não me ocorrem. Estou dizendo tudo isso porque Eduardo Bueno trabalhou aqui na L&PM entre 1984 e 1988. Delirante, engraçado e, digamos, exagerado, Peninha é, além de um intelectual respeitado, uma figura inesquecível. Tem quase 1,90 de altura e, para dizer o mínimo, se caracteriza pela irreverência. Quando ele chegou na editora era um jovem repórter esportivo desencantado com a imprensa e ostentava como grande realização intelectual a tradução de “On the Road” de Jack Kerouac, publicado na época pela editora Brasiliense e, desde 2002, por esta editora. Peninha deixou sua marca na L&PM. Nós já publicávamos Bukowski e, por inspiração dele, criamos duas coleções que até hoje são emblemáticas do nosso trabalho, uma de história, com fontes primárias, como Os Diários de Cristovão Colombo, Pigafetta, Cabeza de Vaca e a famosa coleção “Alma beat”. O resultado deste trabalho é que, até hoje, a L&PM transita nesta faixa de “transgressão”, sendo a editora de todos os Kerouac, Bukowski, Allen Ginsberg, Lawrence Ferlinghetti, Gary Snyder, Neal Cassidy e, modernamente, Hunter Thompson. Lá nos primórdios da editora – a era pré-Peninha ­–, já estabelecíamos esta vocação com a coleção “Rebeldes e malditos” que publicou (e também são publicados até hoje) Rimbaud, Baudelaire, Arthaud, Alfred Jarry, Van Gogh, Téophile Gautier, Appolinaire, De Quincey, entre outros. Em 1988, Peninha saiu da L&PM e foi para o mundo. Publicou dezenas de livros importantíssimos e está entre os principais escritores brasileiros. Mesmo sem um contato profissional mais intenso posso dizer que sou seu amigo e, até hoje, afirmo que os quatro anos em que ele trabalhou aqui tiveram, como dizia o rei Roberto Carlos, “muitas emoções”. Andamos várias vezes pelo mundo, representando a L&PM nas Feiras de Frankfurt, Paris, Londres, Buenos Aires. E foi numa dessas viagens que aconteceu uma das tantas e hilárias aventuras que vivemos juntos. Essa que agora conto aqui.

Foi na primeira vez que ele me acompanhou na sóbria Feira Internacional do Livro de Frankfurt. Lá, sempre se trabalhou de terno e gravata. Até hoje. Na quarta-feira de manhã cedo, eu estava pronto para enfrentar os quilométricos corredores da Buchmesse. Lembro que o primeiro encontro era estratégico, pois seria com um agente inglês, super-formal que tinha livros muito importantes e pela primeira vez recebia a L&PM em Frankfurt. Estávamos no Hotel Ramada e, perto das 9h, impecável num terno escuro e gravata, bati na porta do quarto do Peninha. Quando ele surgiu, o quadro era o seguinte: vestia uma camisa de cetim roxa, sem paletó e um brinco com um pingente. Fiquei em pânico, imaginando a cara do inglês que encontraríamos dali a meia hora… Falando mansamente, argumentei e pedi que ele colocasse uma camisa branca e um blazer. Dei uma explicação rápida sobre o formalismo da feira, etc. Ele me viu todo engravatado e, com relutância, cedeu. Vestiu uma camisa e o blazer. Sem gravata, é claro, mas mesmo assim, já era um grande lucro. Aí eu olhei pro brinco e disse: “Peninha, bacana o seu brinco, deixa eu dar uma olhada”. Ele docilmente me deu o brinco. Eu olhei, vi que era uma simples bijuteria, fui até o banheiro, joguei no vaso e puxei a descarga. Não preciso descrever a cara do Peninha… Sei que eu não faria isto atualmente, mas no fim das contas, a verdade é que temos negócios com o sisudo inglês até hoje… e, o que é mais importante, uma boa história pra contar.

Para ler o próximo post da série “Era uma vez uma editora” clique aqui.

“O retrato de Dorian Gray” estreia no Brasil em março

Estreia oficialmente no Brasil, em março, o filme O retrato de Dorian Gray baseado no livro de Oscar Wilde. Nesta versão do diretor Oliver Parker, quem vive o personagem principal é o ator Ben Barnes, que guarda certa semelhança física com o próprio Wilde. O filme traz ainda Colin Firth como Lord Henry Wotton, Ben Chaplin no papel do pintor Basil Hallward e Rachel Hurd-Wood como Sibyl Vane, uma das amantes de Dorian.

Dorian Gray é um jovem “moralmente corupto” que vive na Inglaterra do século 19. Seu grande amigo e cúmplice, Lord Henry Wotton, é um aristocrata cínico e hedonista, cuja visão de mundo contempla apenas a beleza e o prazer. O livro causou enorme polêmica devido às críticas contra a rigidez moral da sociedade da época e seu conteúdo homoerótico levou Oscar Wilde à prisão.

Abaixo, você confere o trailer de  primeira versão cinematográfica de O retrato de Dorian Gray, de 1945. E na L&PM Web TV pode assistir o trailer da nova versão que estreia em março.

O livro O retrato de Dorian Gray faz parte da Coleção L&PM Pocket, com tradução de José Eduardo Ribeiro Moretzsohn.

A última testemunha da Geração Beat

Carolyn Cassady, como o próprio sobrenome indica, foi a segunda esposa do ícone beat que influenciou personagens importantes da obra de Jack Kerouac e Allen Ginsberg. Pois no livro Off the road, Carolyn conta a sua versão da história. Nunca publicada no Brasil, a obra retrata um Neal Cassady trabalhador e comprometido com a família, bem diferente da conhecida figura que inspirou Jack Kerouac a criar o Dean Moriarty de On the road.

Só o que não muda são as famosas histórias sobre drogas e triângulos amorosos, que estão presentes também na versão de Carolyn. Além de LuAnne, a primeira esposa de quem ele nunca se separou completamente, Neal Cassady se envolveu também com Jack Kerouac e Allen Ginsberg.

Carolyn conviveu 20 anos com Neal Cassady e foi testemunha ocular da cultura beat, sendo hoje a última representante viva daquela geração. Mas ao mesmo tempo, ela faz questão de enterrar algumas passagens. Certa vez, quando estava grávida do primeiro filho, ela não recebeu bem a notícia de que Neal sairia em viagem com Kerouac e LuAnne, os três em clima de romance. “Foi muito traumático”, diz ela. “Eu não queria e não quero saber como eles se divertiam juntos. Eu ainda era tão convencional, e aquilo era uma deserção.” Neste vídeo, amigos de Neal contam como era o beatnik mais “agitado” da turma.

Até aí nenhuma surpresa, pois é este o Neal Cassady que conhecemos. O mais impressionante, no entanto, é que Carolyn sustenta a versão de que o “verdadeiro Neal” era um homem de família e trabalhador, que cuidou de três filhos e sempre tinha um emprego para sustentá-los. E mais: após a separação do casal, em 1963, Neal entrou num processo de auto-destruição, pelo qual Carolyn se sente culpada. “Na época, eu não compreendi que os dois pilares da sua vida eram o trabalho na estrada de ferro e a família. Quando ele percebeu que as coisas não eram mais assim, ele quis morrer”, diz.

Para conhecer melhor a vida e a obra de Neal Cassady, vale ler O primeiro terço, em que o beat mais genuíno de todos narra as desventuras de um garoto desamparado, criado entre vagabundos no árido Oeste americano, às voltas com reformatórios e pequenos furtos.

Só para os fortes: La Fura Dels Baus trará Tito Andrônico para o Brasil

Prepare todos os seus sentidos. Em 2011, o grupo performático catalão La Fura Dels Baus, trará ao Brasil o espetáculo “Degustación de Titus Andrónicus”. A peça, cujos ingressos já estão à venda, levará o espectador ao mundo de Tito Andrônico, um poderoso general da Roma Antiga criado por Shakespeare. Com seu estilo performático que mistura cenografias gigantescas, técnicas circenses, teatro digital, pirotecnia e música ao vivo, La Fura… transformou o texto shakespeariano em uma experiência sensorial. Os espetáculos em São Paulo já estão confirmados na temporada brasileira que vai de 11 de agosto a 25 de setembro e os ingressos estão à venda pelo telefone (11)3803-9964 com preço promocional de R$ 200 (mais próximo da data de estreia eles vão custar R$ 300).  

Cena de "Degustação de Tito Andrônico" do grupo catalão La Fura Dels Baus

Tito Andrônico (Coleção L&PM POCKET) é considerada a peça mais cruel e violenta de Shakespeare e, encenada pelo grupo catalão, ganhou contornos ainda mais chocantes. Como o próprio título da adaptação propõe, o público não apenas assiste, como degusta o espetáculo. Em meio à encenação, são servidos pratos elaborados pelos chefs do famoso restaurante espanhol Mugaritz. As iguarias, no entanto, representam “as entranhas dos filhos do imperador romano Tito”. É o La Fura Dels Baus misturando gastronomia e violência com muito impacto. Se você tem estômago forte, reserve já o seu lugar.