Arquivo mensais:setembro 2011

Leia Bukowski, cante Bukowski

Não basta ler Bukowski. Desafiamos os fãs do velho Buk a cantar uma música chamada… “Bukowski”. Em alemão! Basta dar play e acompanhar a letra de Kamil Szlachta que está no CD “Kosten und Wahrheit”. Fizemos uma tradução – mas não nos comprometemos com o resultado, ok?

BUKOWSKI, Kamil Szlachta

Ich bin Bukowski nach seinem letzten Roman,
bin der Säufer, der plötzlich nicht mehr trinken kann.
Ich bin Sysiphos, und sie nahmen mir den Stein.
Wie kann es sein, dass sie mir so sehr fehlt?

Ich bin der Sonnenstrahl, der nie hinterm Berg hervorkommt
und der Albino, der vergeblich versucht sich zu sonnen.
Bin das Kind, das sich schon zum x-ten mal verbrennt.
was jeder kennt, wird mich schon nicht umbringen.

Wer ich auch bin, es macht keinen Sinn,
hab schon jede Verkleidung probiert.
Und jedes mal krieg ich eine aufs Kinn,
wie der Clown der alle amüsiert.
Zieh meinen Hut und mach
Gute Miene
zum bösen Spiel,
diesem bösen Spiel.

Ich bin der, dem man nachsagt, eine Grube zu graben.
Bin Dr. Faustus und hör nicht auf Mephisto zu fragen,
ob ich Gretchen noch einmal in die Arme schließen kann,
ich bin wohl der Mann, der nicht lernen will.

Ich bin fort wenn ich da bin, und ich hab mich verlaufen.
Mit falscher Währung will ich Landkarten kaufen.
Mir ist schwindlig, ich glaub ich sollte besser mal liegen,
ne Wegbeschreibung zu kriegen, nützt jetzt doch auch nichts mehr.

Was ich auch tu, es lässt mir keine Ruh,
dass ich will und doch niemals kann.
Mit weisem Lächeln schau ich mir selber zu
Ich schmiede schon den nächsten Plan
Ich nehm meine Knarre
und verharre nur kurz
bevor ich dann abdrück und geh
bevor ich für immer geh

Und wenn einer glaubt, er müsse sich um mich sorgen,
weil ich jetzt so traurig bin,
dem sag ich, wart nur und finde mich morgen
wie ich auf der nächsten Bühne sing.
Ich bin und bleib euer Barde
und zeig Euch wie die Welt funktioniert.
Wie diese Welt funktioniert.

Eu sou Bukowski após seu último romance,
sou o bêbado que, de repente, não pode beber mais.
Eu sou Sísifo, e eles tiraram minha pedra do caminho.
Como pode ela sentir tanto a minha falta?

Eu sou o raio de sol que nunca sai de trás da montanha
e o albino, que tenta em vão se bronzear.
Sou a criança que se queima pela enésima vez.
e que todo mundo sabe, não vai se matar já.

Quem eu sou, não faz o menor sentido,
já tentei todos os disfarces.
E cada vez que recebo uma de direita no queixo,
é como o palhaço com que todos se divertem.
Puxam o meu chapéu e fazem
Uma cara boa
Para o jogo mau
este jogo mau.

Eu sou aquele que se diz apto para cavar um poço.
Sou Dr. Faustus e não param de me pedir por Mephisto,
se Gretchen eu posso abraçar de novo,
eu sou provavelmente o homem que não quer aprender.

Eu fui embora quando estava lá e eu perdi meu caminho.
Eu quero comprar os mapas errados com moedas falsas.
Estou tonto, acho que devem ser estes tempos melhores,
Nós precisamos achar uma boa direção agora, e nada mais.

O quer que eu faça, ele não me dá paz,
o que eu quero eu nunca posso.
Com um sorriso sábio, eu olho para mim mesmo
Já estou pronto para o próximo plano
Vou levar a minha arma
ficar aqui, apenas brevemente
em seguida, dar a impressão, antes de eu partir
Antes de eu partir para sempre.

E se alguém acha que tem que se preocupar comigo  
porque eu estou tão triste agora,
então eu digo, é só esperar para me encontrar amanhã
Quando eu estiver cantando a próxima fase.
e eu for consistente como um bardo
e mostrar como o mundo funciona.
Como o mundo realmente funciona.

De Bollywood a Hollywood: um estranho no ninho

O mundo cinematográfico já aguarda a nova montagem de O grande Gatsby, o clássico de F. Scott Fitzgerald que está sendo filmado em Sidney sob a batuta do diretor australiano Baz Luhrmann (o mesmo de “Moulin Rouge” e “Austrália”). O burburinho se deve não só à montagem de um dos melhores textos da literatura ocidental, mas também à presença de Leonardo DiCaprio no elenco. A ironia, no entanto, é que o ator mais bem pago de Hollywood vai contracenar com Amitabh Bachchan, astro do cinema indiano que vai interpretar o personagem Meyer Wolfsheim de graça. Isso mesmo, de graça!

E vamos combinar: num filme com orçamento – nada modesto! – de 126 milhões de dólares, verba para pagar os atores não deve ser o problema. Bachchan, que é um dos atores mais conhecidos de Bollywood, revelou em seu blog que a participação não remunerada em O grande Gatsby é um favor ao diretor, que é também seu amigo. Mas vale lembrar que o papel for free no filme de Baz Luhrmann será sua estreia em Hollywood e, sendo assim, a atitude vai um pouco além do altruísmo e vira uma espécie de investimento na carreira.

Como o próprio Amitabh pergunta ao fim do post em que explica o caso, “what would you think… makes sense?”

O ator indiano Amitabh Bachchan vai viver o personagem Meyer Wolfsheim na nova montagem de "O grande Gatsby"

Esta é a quarta vez que O grande Gatsby é adaptado para o cinema e tem estreia prevista para 2012. Talvez a versão mais conhecida do clássico de Fitzgerald na telona seja a de 1974 com Robert Redofrd como Jay Gatsby e Mia Farrow no papel de Daisy.

Uma nova edição de O grande Gatsby acaba de sair na Coleção L&PM POCKET.

Os 63 anos de Caio Fernando Abreu

Parece exagero, mas eu comecei a escrever ficção com 6 anos de idade, assim que aprendi a ler e escrever. As coisas foram indo devagar. Eu nasci no interior e minha avó, que era professora de português no colégio estadual, me estimulava muito. Minha mãe era professora de história, tinha muito livro em casa, e eu comecei a escrever de uma forma um pouco inconsistente, intuitiva mesmo. Logo comecei a inventar as minhas historinhas: minha primeira heroína foi Lili Terremoto, uma menina da pá virada. Não parei mais. Eu não sabia muito bem o que estava fazendo. Acho que não me passava pela cabeça que livros fossem escritos por escritores. Não sabia que queria ser escritor. Depois, eu comecei a ir por esse caminho, li muito Monteiro Lobato, li As mil e uma noites, e atacava a biblioteca do meu pai às escondidas: as coisas que ele me proibia de ler eram justamente as que eu lia. (Caio Fernando Abreu em seu diário, texto publicado no livro Para sempre teu, Caio F. de Paula Dipp, ed. Record) 

12 de setembro de 1949: o aniversário de um aninho de Caio Fernando que aqui aparece no colo do pai e ao lado da mãe

Caio Fernando Abreu nasceu no dia 12 de setembro de 1948 na cidade gaúcha de Santiago do Boqueirão. Menino de cidade pequena, cresceu ouvindo as músicas do rádio do avô, trilhas sonoras de partir o coração nas vozes de Carlos Gardel e Liberdad Lamarque. Sua infância teve os pés na terra batida, as mãos nas frutas do quintal, os olhos abertos como os das suas duas corujas de estimação. 

Pena que, como os pássaros de sua infância, ele tenha voado tão cedo pra longe de nós… Saudades de Caio…

De Caio Fernando Abreu, a L&PM publica Fragmentos, O ovo apunhalado, Triângulo das águas e Ovelhas negras.

Tempestade e ímpeto

Quando o dramaturgo alemão Friedrich Maximilian von Klinger batizou sua peça de “Sturm und Drang” (Tempestade e ímpeto) em 1776, sabia que tinha um bom título nas mãos. Mas talvez ele não soubesse, naquele primeiro momento, que estaria dando nome a um novo movimento literário.

“Sturm und Drang” foi como passou a ser chamado o movimento que defendia a literatura mítica, selvagem, espontânea, quase primitiva, onde a emoção estava totalmente acima da razão. Seus seguidores, os “Stürmer” eram totalmente contra a literatura e a sociedade do “Acien Regime”, o antigo regime. O protagonista era movido por vingança ou por um desejo exacerbado. A violência aparecia com frequência e a angústia estava sempre presente. A literatura “Sturm und Drang” tinha (tem) caráter anti aristocrático e seus valores eram dolorosos, agoniantes e carregados de medo. Nos amores, não havia esperança. Na vida, nenhuma saída. A irracionalidade era uma palavra de ordem.

Entre os jovens autores que se influenciaram por esta vertente, estava o jovem Friedrich von Schiller. Os bandoleiros, sua primeira peça, era um legítimo exemplo do “Sturm und Drang”. “Juntando seus conhecimentos a respeito do pietismo, da mitologia grega, da Bíblia e da medicina, Schiller deu à luz uma obra selvagem, drástica e – em certo sentido e em algumas passagens – paradoxal, mas cheia de dinamismo, vigor e ímpeto” escreve Marcelo Backes na introdução da edição de Os bandoleiros na Coleção L&PM POCKET.

Os bandoleiros provavelmente foi escrito em 1777, mas foi publicada em meados de 1781. Mais de dois séculos depois, ainda hoje é considerada uma das obras-primas do “Sturm und Drang”, devido ao impacto que seu texto causa. Na primeira cena, o personagem Franz diz ao Velho Moor: “Quantos milhares de seres que beberam na taça da volúpia não foram corrigidos através do sofrimento! E a dor física que acompanha todos os excessos não é, por acaso, um sinal de Deus apontando o dedo? Terá o homem o direito de anular seus efeitos através de uma ternura cruel? Deverá o pai precipitar ao abismo eterno o talento corretivo que lhe foi confiado? (…)”

Escrita às escondidas, quando Schiller tinha menos de 18 anos, a peça traz as marcas de uma alma jovem, subjugada, mas revoltada. Tudo na peça é ímpeto, tudo é arranque. Não há suavidade. Quando alguém se levanta, dá um salto. Quando alguém se afasta o faz correndo. A sucessão de golpes é interminável e intensa. Tão intensa que a peça acabou virando ópera com música de Verdi. Segundo Marcelo Backes, “Em I Masnadieri, o compositor italiano envolve em música a fúria do dramaturgo alemão e a mão do texto encontra a luva da ópera”.

Os bandoleiros está na Coleção L&PM POCKET com tradução do alemão, organização, comentários e notas feitas por Marcelo Backes.

Autor de hoje: Gustave Flaubert

Rouen, França, 1821 – † Croisset, França, 1880

Filho de um cirurgião francês, estudou no colégio Real, na França, onde conheceu a literatura através de poemas, reconstituições históricas e romances. Em 1840, frequentou a faculdade de Direito em Paris, mas abandonou os estudos para viajar à África do Sul e ao Oriente. Depois disso, recolheu-se a um sítio em Croisset, na França, onde viveu solitário por cerca de trinta anos. Um caso de adultério, seguido do suicídio da mulher, inspirou o romance Madame Bovary. Pouco compreendido à época, o livro veio a tornar-se um clássico. O prestígio de Flaubert como escritor deve-se, sobretudo, à criação de um estilo literário elegante, rigoroso e claro. Ao questionar a incompreensão burguesa, sua obra tenta superar a herança romântica, estabelecendo os paradigmas do romance ocidental.

OBRAS PRINCIPAIS: Madame Bovary, 1857; Salambô, 1862; A educação sentimental, 1869; Três contos, 1877; Bouvard e Pécuchet, 1881

GUSTAVE FLAUBERT por Maria Luiza Berwanger da Silva

Madame Bovary, c’est moi. Madame Bovary ou le roman sur le rien. A obra de Gustave Flaubert, vista como um todo, desloca-se entre estas duas margens, da profunda subjetividade à inapagável negatividade, margens nas quais a voz do sujeito só se faz ouvir para se diluir no indistinto e no inominável, como se o trânsito entre ângulos paradoxais diminuísse o espaço entre fronteiras, espaços e territorialidades. Assim, o projeto literário de Flaubert concede a todo leitor o prazer de compartilhar de singulares paisagens, aquelas que o impacto da leitura possibilita redesenhar.

Permitir ao leitor de hoje experimentar, ampliando-o, o “lazer interior” a que se refere Paul Valéry: eis, em síntese, a sublime sensação a que nos remete a obra de Gustave Flaubert na representação exemplar de Madame Bovary, A educação sentimental, A tentação de Santo Antônio e Três contos. Nessas obras, a composição romanesca e a constelação de temas, mitos e motivos tanto identificam o imaginário e a arte da França quanto estabelecem diálogos com literaturas de outras nacionalidades. Acrescente-se a essas aproximações as relações com campos diversos de conhecimento, como medicina, religião, história, sociologia e psicanálise, a título de amostragem, nos quais o prazer do texto emerge justamente da constante insinuação, ao leitor nacional e ao estrangeiro, sobre o real, enigmático e indecifrável em sua totalidade. Põe-se, pois, em Flaubert, a página e o mundo.

Imagem-síntese da obra flaubertiana, Três contos e, especialmente, a personagem Félicité, de Um coração simples, remete, elucidando-o, ao paradoxo nomeado entre a redução à subjetividade de “Madame Bovary, c’est moi” e a declarada negatividade de “Madame Bovary ou le roman sur le rien”. Articulado pelo projeto de reter o fluxo do tempo e do espaço, nesse conto, o ato de empalhar um papagaio “gigantesco” retém, sob o simbolismo dessa busca da continuidade, a busca da memória inapagável e em contínuo refazer-se, gosto que agrega ao título Um coração simples o próprio desejo de uma subjetividade que vê e que se vê.

Vasto é todo romance que configura a ilusão dessa constante travessia em busca do diferente e do múltiplo. Envolve-nos Flaubert, em seu processo criador, nessa decifração infatigável do novo, com tal intensidade que toda tentativa de compreender as faces do Outro (estrangeiro) retorna ao leitor, reconfigurando-lhe a própria subjetividade. Esta é a paisagem com que a revisitação de Flaubert brinda seu leitor desde sempre.

* Guia de Leitura – 100 autores que você precisa ler é um livro organizado por Léa Masina que faz parte da Coleção L&PM POCKET. A partir de hoje, todo domingo,você conhecerá um desses 100 autores. Pra melhor configurar a proposta de apresentar uma leitura nova de textos clássicos, Léa convidou intelectuais para escreverem uma lauda sobre cada um dos autores.

Dê asas a sua lasanha

Que tal uma lasanha de frango tão leve que nem massa ela tem entre seus ingredientes? Pois a receita de hoje é isso. A “Lasanha voadora” voou diretamente das páginas de Dieta Mediterrânea – Com sabor brasileiro para este blog. O livro inclui pratos cheios de sabor e saúde organizados pelo Dr. Fernando Lucchese e por Anonymus Gourmet.

LASANHA VOADORA (4 pessoas)

Ingredientes: 700g de peito de frango; 1 cebola; 1 tomate; 1 batata; folhas de espinafre; fatias de presunto; fatias de queijo; queijo ralado grosso.

Como preparar: Corte o peito de frango em filés, separando em duas metades como se fossem bifes. Bata-os com um batedor de bifes. Tempere-os com suco de limão, sal e pimenta. Num refratário untado, organize várias camadas, como se fosse uma lasanha convencional: primeiro, cubra o fundo do refratário com finas fatias de batata (crua e com casca); por cima, arrume uma camada de fatias de filé de frango; a seguir, uma camada de fatias finas de cebola; por cima dela, uma camada de presunto; a seguir, folhas de espinafre; depois uma camada de queijo fatiado e, por último, finas fatias de tomate. Leve ao forno por, aproximadamente, 40 minutos.

– Dica do Anonymus: As diversas camadas podem ser repetidas. Monte a sua lasanha voadora do seu jeito.

– Pílula do Doutor: O forno tem uma participação importante na cozinha mediterrânea. Nele são assadas as carnes, as pizzas e os pães. O frango é onipresente, utilizado na dieta de várias formas: assado, em molho, ou em risotos e massas.

Sábado tem sempre uma “Receita do dia” vinda diretamente dos livros da Série Gastronomia L&PM.

Diferentes estilos de ser feliz por nada

Aqui na redação deste blog, a expressão “feliz por nada” está tão presente no nosso dia-a-dia (é o nome do mais recente livro de Martha Medeiros) que acabamos fazendo uma brincadeira. Uma espécie de exercício de criatividade que agora compartilhamos com os leitores. É o seguinte: o que alguns dos nossos autores preferidos teriam a dizer sobre ser “feliz por nada”? Aquela sensação de estar alegre sem ter motivo e de ficar rindo à toa sem saber porquê… Pensando nisso – e inspirados nas palavras e nos estilos literários de Allen Ginsberg, Woody Allen, Charles Bukowski e Jack Kerouac – criamos algumas frases que juntamos com as fotos mais felizes que encontramos de cada um deles (parece que Jack Kerouac não gostava muito de mostrar os dentes…). Veja aqui o resultado:

Allen Ginsberg: “Feliz por nada, flutuando sobre os tetos das cidades contemplando jazz…”:

Woody Allen: “A genialidade está nos cromossomos. Você sabia que meu DNA brilha no escuro? É por isso que de vez em quando me sinto feliz por nada. E não me diga que isso é efeito do Prozac…”

Charles Bukowski: “Um dos caras me alcançou um cigarro. Dei uma tragada, exalei fumaça pelo nariz e bebi todo o copo num gole só. Não conseguia entender aquela sensação de estar feliz por nada. Ainda nem tinha bebido o suficiente pra isso…”

Jack Kerouac: “Cambaleamos para dentro do bar. Na junkebox, ressoava a voz rouca que repetia com seu sotaque latinamente triste: ‘Estou feliz por nada… Feliz por nada…'” (Kerouac é o da direita, aqui ao lado de Neal Cassady):

E por falar nisso, hoje Martha Medeiros autografa seu livroFeliz por nada“, às 19h, na Livraria Saraiva do Leblon. E amanhã, sábado, ela vai estar na Bienal do Livro do Rio de Janeiro, às 16h no Espaço Degustação Digital e às 17h no Mulher e ponto.

Os Smurfs no Financial Times

Você costuma ler o Financial Times? Não? Então você ainda não pode ser considerado um verdadeiro “líder empresarial de alcance mundial”. Isso porque o jornal britânico Financial Times (ou simplesmente FT), fundado em 1888 e impresso em papel cor salmão, é a publicação de maior reputação entre os empresários da União Europeia e, quiçá, do mundo.

E se ler o FT já dá prestígio, imagine então ser uma das personalidades presentes em suas páginas… Pois foi exatamente o que aconteceu com os nossos queridos Smurfs. Há alguns anos, ninguém diria que eles estariam ali, mas esta semana as criaturas azuis foram tema de uma reportagem do prestigioso jornal, com o título “Smurfs buoy Sony with their blue movie”. O enfoque da matéria está no surpreendente (e inesperado) sucesso que Os Smurfs demonstraram não apenas no cinema, mas também com seus produtos licenciados.

O cartaz do filme que levou "Os Smurfs" a figurar no Financial Times

Segundo o periódico britânico, o filme “Os Smurfs” já rendeu à Sony Pictures Entertainmenta mais de US$ 425 milhões em bilheterias ao redor do mundo. E isso que não estão contabilizados os resultados de mercados onde o filme estreou mais tarde como Escandinávia, Oriente Médio, Itália e Austrália.

O Financial Times informa ainda que, há quatro semanas consecutivas, “Os Smurfs” lidera o ranking dos filmes de maior bilheteria global. Michael Lynton, presidente e CEO do estúdio, afirmou ao FT que uma seqüência de “Os Smurfs” virá em 2013. “Os Smurfs mostra que nós podemos fazer grandes filmes para a família”, disse o executivo. “Nós fizemos filmes para a família no passado, mas nunca tivemos um [que tenha chegado] a este nível de performance, e não internacionalmente”.

A L&PM Editores também anda testemunhando o quanto Os Smurfs são populares graças ao sucesso dos álbuns e pockets com as histórias desses carismáticos personagens. E por falar nisso, você já curtiu “Smurfs em quadrinhos”, a nossa Funpage no Facebook? Vai lá…

A gangue das assinaturas de revistas ataca na Bienal

A Paula, editora deste blog, comentou num post anterior a respeito do inconveniente assédio que pessoas – em nome principalmente da editora Globo – fazem nos corredores da Bienal Internacional do Rio de Janeiro oferecendo assinaturas “de graça”.  Algum gênio do mal vendeu esta ideia às grandes editoras de revistas. Use o eufemismo de “revistas de graça” (óbvio que são revistas antigas, ou seja, encalhes), dê o numero do seu cartão de crédito e você receberá as novas. Só que você recebe revistas que não quer receber e, um ano depois de mamarem no seu cartão de crédito, você perde 5 dias no telefone para tantar impedir a renovação “automática” das assinaturas. Isto tem nome, é só procurar no código penal…

Muito cuidado com o que oferecem para você: por trás de um brinde, pode existir uma "facada" no bolso

É incompreensível que a a Bienal Internacional do Rio de Janeiro, os aeroportos (leia-se Infraero) permitam este quase assalto ao bolso do consumidor incauto. Porque quem cai nesta é quem realmente acha que está “ganhando” revistas. As pessoas de boa fé. Um jovem familiar meu caiu nesta. Coitado! Recebia revistas que jamais abriu, tomaram quase quinhentos reais do pobre rapaz e, depois, para cancelar tudo isto, foi uma verdadeira gincana.

Como diria o Boris Casoy: Ei Bienal! Ei  Infraero! Isto é UMA VERGONHA!” (Ivan Pinheiro Machado)

Umas “porradinhas” na Bienal

Por Paula Taitelbaum*

O cenário: Bienal do Livro do Rio de Janeiro, terça-feira, 6 de setembro de 2011, dezenove horas e poucos minutos, espaço “Café Literário”. Os personagens: poetas da “velha” e da “nova” geração, reunidos numa roda de leitura. Representando a primeira ala, os convidados eram Claufe Rodrigues e Nicolas Behr. Na segunda, estavam os jovens Mariano Marovatto, Alice Sant´Anna e Laura Erber, todos cariocas. Lá pelas tantas, entre uma leitura e outra, Nicolas (pronuncia-se Nicóla) falou com seu sotaque de Brasil central: “Só levando algumas porradinhas na vida é que a gente cresce. Elogio é bom, mas não faz crescer. Eu já levei várias porradinhas, a maior delas foi quando era muito jovem e fiz um plágio, uma releitura, de um poema do Drummond. Um dia, encontrei o grande poeta e recitei pra ele. Drummond olhou bem sério e disse: ‘Você me faça um favor, cuide da sua poesia e deixe a minha poesia em paz’”.

Pois porradinha é isso: dói na hora, mas é necessária. Daí que, hoje, de volta a Porto Alegre, me pego pensando que a Bienal bem que merecia umas leves porradinhas pra ver se, quem sabe, se dá conta de algumas coisas que podem melhorar. Não que eu seja adepta da violência, mas é aquela coisa, talvez um tapinha na orelha possa ser útil de vez em quando (e se for pra deixar o maior encontro literário do Brasil ainda melhor, acredito que valha a pena).

Minha primeira porradinha na Bienal é em relação à iluminação do Café Literário e ao som do espaço do Encontro com Autores. Não consigo entender como é que o pessoal da organização não percebeu o quanto é difícil ler qualquer coisa com a falta de iluminação que existe sobre o palco do Café Literário. Sábado, no sarau supracitado, os pobres poetas praticamente tiveram que gastar toda a sua vista na tentativa de conseguir ler seus poemas… Claufe Rodrigues comentou que só porque sabia seus poemas de cor é que conseguiu declamá-los. Já no auditório em que acontece o Encontro com Autores, o som é péssimo e os escritores estavam se queixando de que não havia retorno e que, por isso, eles não conseguiam se ouvir. Tentei gravar o papo de ontem com Eduardo Bueno para colocar nos nossos podcasts, mas por causa do som, ficarei devendo essa… 

Outra porradinha é em relação a um bando de gente que fica oferecendo “revistas cortesia”. Na verdade, é aquela velha armadilha em que você apresenta seu cartão de crédito pra ganhar uma revista de brinde e acaba sendo “convencido” a fazer uma assinatura que nem queria. São pessoas que, literalmente, atacam você nos corredores. Meio chato, melhor se eles não estivessem lá, não combinam com os belos estandes das livrarias.

A terceira diz respeito aos preços dos comes e bebes. Um motorista da própria Bienal, com o qual conversei, contou que por dois cafés e um sanduíche pagou 18 reais. Outra pessoa disse que por um cachorro quente e uma bebida tinha desembolsado mais de 20. Mais caro do que Londres… Melhor ir ao evento bem alimentado e levar uma garrafinha d´água de casa.

É isso. Nada demais, tudo simples de se resolver. E que, na minha singela opinião, vai deixar o prazer de se escalar uma montanha de livros ainda mais agradável. Ontem, feriado de sete de setembro, houve recorde de público e de vendas. Sinal de que as pessoas estão curtindo. Se você ainda não foi e anda pela cidade maravilhosa, tem até domingo para ir ao Riocentro (sim, eu sei, é longe, mas você vai encontrar publicações que não encontraria em outro lugar…).

E não esqueça de que sábado, dia 10, às 17h, Martha Medeiros vai estar conversando com Cissa Guimarães no  “Mulher e Ponto“. Preciso confessar que não sei como é o som e a iluminação deste espaço, mas torço para que não precise de nenhuma porradinha…

O estande da L&PM na Bienal do Livro do Rio: esse não merece nenhuma "porradinha"

*Paula Taitelbaum é escritora, autora de “Porno Pop Pocket” e “Menáge à Trois” e coordena o Núcleo de Comunicação da L&PM.