Arquivo mensais:outubro 2011

O pequeno grande Rimbaud

Era 20 de outubro de 1854 quando Vitalie Rimbaud pariu seu segundo filho, o qual batizaria de Jean-Nicolas Arthur Rimbaud. O menino, que ficaria conhecido simplesmente como Arthur Rimbaud, nasceu de forma pouco poética, na cidade de Charleville, nas Ardenas francesas, mais precisamente na Rue Napoleón, número 12. Filho de uma mãe católica fervorosa e de um pai ausente, soldado do exército francês, Arthur já demostraria em sua infância que era diferente dos outros:

Ao longo das páginas de seus cadernos, ele também esboça toda uma série de desenhos à tinta aos quais acrescenta comentários cômicos e legendas melodramáticas. Por exemplo, um garoto puxando um carrinho com uma garotinha dentro, duas meninas ajoelhadas em um genuflexório, como se assistissem a algum ofício religioso, um barquinho no qual se encontram dois rapazotes com os braços erguidos gritando “Socorro! Vamos afundar!”… Ou ainda uma cena que batiza de Le Siège [O cerco] e que representa um homem, uma mulher e dois meninos lançando projéteis sobre pessoas na rua, enquanto um homem de cartola ergue os braços e brada: “Vamos ter de reclamar disso”. (Trecho do recém lançado Rimbaud, de Jean-Baptiste Baronian, Série Biografias L&PM)

Silvio Lancellotti lança uma versão brasileira de “Ulisses”

Você lembra o que estava fazendo em 13 de outubro de 1977? Você nem era nascido? Pois então saiba que este foi o dia da final do Campeonato Paulista daquele ano, vencido pelo Corinthians (após 23 anos sem títulos) e também o dia em que o general Sylvio Frota foi destituído do cargo de ministro do Exército, marcando a abertura do governo Geisel. 

Agora, 34 anos depois, esta data serviu de inspiração para o novo livro de Silvio Lancellotti (que, claro, é torcedor do Corinthians). “Em Nome do Pai dos Burros”, da editora Global, é um romance influenciado por “Ulisses”, de James Joyce, já que se passa inteiro em apenas um dia e mistura diferentes gêneros narrativos: traz, por exemplo,  um discurso de Lênin, uma receita de camarão (Lancellotti tem vários livros de receita na Série Gastronomia L&PM) e um capítulo escrito em forma de ópera.

Além de seus livros de receita, Lancellotti publicou pela L&PM Editores Honra ou Vendetta e Tony Castellamare jamais perdoaDesejamos muito sucesso com o novo livro, Silvio!

Silvio Lancelloti acaba de lançar, pela editora Global, o livro "Em Nome do Pai dos Burros"

A greve dos sexos ou Lisístrata revisitada

Você lembra do velho e bom Aristófanes (444-385 AC) aquele que, escreveu Lisístrata? Aqui no Brasil, a história foi publicada na Coleção L&PM POCKET com brilhante tradução de Millôr Fernandes. A peça trata do fim da guerra do Peloponeso, em 411 a.C. entre Esparta e Atenas. Cansadas de verem seus homens morrer nesta guerra, as mulheres de ambos os lados fizeram um acordo: enquanto não houvesse paz, não fariam sexo. Obviamente a guerra terminou rapidamente.

Pois este é um recurso pacifista que atravessa os séculos. Neste ano de 2011, a história de Lisístrata foi revisitada. Em Dado, uma aldeia com 102 famílias no Sul da ilha de Midiano, nas Filipinas, a greve do sexo lançada pelas mulheres, liderada pela costureira Hasna Kandatu, obrigou os homens a fazerem as pazes. Há mais de 30 anos, havia conflitos devido a disputas de propriedades e heranças. A paz foi selada tendo como testemunha uma delegação da ONU que divulgou nota atestando o fim das violências nas ruas.

Não bastasse isso, a greve de sexo inspirada em Lisístrata também levou a ativista liberiana  Leymah Gbowee, a receber o Prêmio Nobel da Paz deste ano (junto com Ellen Johnson Sirleaf e Tawakkul Karman). Leymah também liderou um movimento pacífico de “no sex” que ajudou a terminar a segunda guerra civil do país africano, em 2003.

E o efeito Lisístrata parece não se limitar apenas a guerras e conflitos. Há poucas semanas, em Barbacoas, uma pequena cidade da Colômbia, um grupo de mulheres fez grave de sexo para que seus homens pressionassem o governo a iniciar as obras nas precárias estradas da região. Funcionou. Aliás, pelo jeito, sempre funciona…

Valentina em exposição na Rio Comicon 2011

Valentina é uma fotógrafa linda e curvilínea, liberada e apaixonada, que habita algum lugar entre a realidade e a fantasia. Valentina é surreal, sensual e virou culto mundial. Nascida da mente e das mãos do desenhista italiano Guido Crepax, ela foi editada pela primeira vez no Brasil dentro da Coleção L&PM Quadrinhos.

Valentina voltou a ser assunto esta semana, graças à exposição As filhas do italiano Guido Crepax, mostra que acontece entre os dias 20 e 23 de outubro, na programação da Rio Comicon 2011 no Rio de Janeiro. Organizada pela arquiteta e estilista Caterine Crepax, filha do mestre, a exposição traz vinte e dois originais inéditos de Crepax e exibe vestidos feitos de papel, criados por Caterina a partir de modelos que a liberada Valentina usava nos quadrinhos de seu pai. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo Caterina disse que Crepax consultava a revista Elle e se baseou em modelos de Paco Rabane e Christian Dior parta vestir Valentina. “Ele nunca desenhou um vestido que não fosse real. Era como se fosse um cronista de sua época”. Mesmo assim, era quando tirava a roupa que Valentina ganhava força. Suas histórias eram carregadas de erotismo e Crepax chegou a fazer uma versão com ela da história sadomasoquista “A história de O”, também publicada pela L&PM.

Caterina, que é casada com um paulistano e fala perfeitamente o português, também foi destaque nas páginas da Revista Marie Claire, onde falou mais sobre Valentina: “Em 1965, quando foi criada, era uma mulher independente. Trabalhava como fotógrafa de moda, tinha seu próprio estúdio e vivia com o namorado. Eles tiveram um filho sem ser casados. De vez em quando, tinham aventuras paralelas mas, no final, sempre voltavam a ficar juntos, ligados num grande amor. Valentina é uma mulher culta e emancipada que gosta de ter sonhos eróticos de tempos em tempos. Naqueles anos as mulheres italianas instruídas e de um nível econômico médio ou alto geralmente eram donas de casa e cuidavam de seus filhos.”

Guido Crepax, ao contrário de Caterina, nunca veio ao Brasil. Mas em janeiro de 1983, Crepax mandou uma carta para Porto Alegre, endereçada ao editor Ivan Pinheiro Machado sobre a publicação do volume 1 de Valentina na L&PM Editores. O papel continua por aqui, assinado por ele em caneta azul. Uma preciosidade que também merecia estar em exposição, você não acha?

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Caterina Crepax vai conversar com o público na Rio Comicon 2011 no domingo, 23 de outubro, às 17h.

50. Quando a L&PM foi parar no “Olho da Rua”

Em outubro, como já anunciado, a Série “Era uma vez… uma editora” ficou um pouco diferente. Este mês, como o editor Ivan Pinheiro Machado* estava na Feira de Frankfurt, ficou decidido que os posts seriam dedicados a livros que deixaram saudades. Hoje, no entanto, no lugar de um título, resolvemos falar de uma coleção inteira. A ideia de contar a história da Coleção “Olho da Rua” surgiu de uma conversa com o escritor Eduardo Bueno (que alguns chamam de Peninha) que, nos anos 80, criou esta série de livros marginais, como ele mesmo definiu.

A Coleção “Olho da Rua” começou quando Eduardo convidou Antonio Bivar para (re)publicar o seu livro Verdes Vales do Fim do Mundo, que já estava há tempo fora de catálogo. Bivar era co-tradutor, junto com Bueno, da primeira versão da tradução de On the Road. O plano era, a partir deste livro, dar início a uma versão brasileira da Coleção “Rebeldes e Malditos”, criada por Ivan Pinheiro Machado e que, em 1984, já publicava, entre outros, Cartas a Théo de Van Gogh, De Profundis, de Oscar Wilde, Paraísos Artificiais, de Charles de Baudelaire e A correspondência de Arthur Rimbaud.

A edição de "Verdes Vales do Fim do Mundo" de 1984, depois relançada na Coleção L&PM POCKET

“A seguir, convidei Jorge Mautner, Roberto Piva, Pepe Escobar, Reinaldo Moraes e outros malucos para se juntarem ao bando. Precisávamos de um nome para a coleção, que soasse rebelde e maldito o suficiente. Da conversa com o Bivar surgiu o nome “Olho da Rua”, já que vários deles tinham a vivência plena das calçadas e das sarjetas, nunca foram de circular muito pelas avenidas principais e já haviam sido orgulhosamente postos no olho da rua várias vezes. Além de tudo, o “olhar” deles era o olhar típico dos escritores que não produziam seus livros “de pantufas no gabinete, com a lareira acesa e um gato ronronando”. Aí, eu e Ivan achamos o nome não apenas adequado como ótimo. E a coleção saiu. Ela era quase uma “resposta” à Cantadas Literárias, lançada pouco antes pela editora Brasiliense. Resposta não é bem o caso: era complementar a ela e seguia a tendência de editar “marginais”, que a L&PM já fazia tanto na “Rebeldes e Malditos” como na Coleção “Alma Beat”. Era o inicio dos anos 80, o país vivia grande efervescência, todo mundo ansiava pela abertura e pela volta das “liberdades democráticas” e então a “Olho da Rua” veio para resgatar textos já publicados e/ou censurados e também livros inéditos (como “Speedball” de Pepe Escobar e “Abacaxi”, de Reinaldo Moraes).” Conta Eduardo Bueno.

A “Olho da Rua” acabou não ficando só nos brasileiros. Foi nela que, pela primeira vez, Sam Shepard foi publicado no Brasil com o livro Louco para Amar. E também Gasolina e Lady Vestal, de Gregory Corso, De repente, acidentes de Carl Solomon, 7 Dias na Nicarágua Libre, de Lawrence Ferlinghetti, A queda da América, de Allen Ginsberg, Luna Caliente de Mempo Giardinelli e Isadora – fragmentos autobiográficos, de Isadora Duncan.

Alguns dos livros que inicialmente sairam na “Olho da Rua” acabaram sendo relançados na Coleção L&PM POCKET. Como Verdes Vales do Fim do Mundo, por exemplo.

* Toda terça-feira, o editor Ivan Pinheiro Machado resgata histórias que aconteceram em mais de três décadas de L&PM. Este é o quinquagésimo post da Série “Era uma vez… uma editora“.

Van Gogh assassinado?

Como morreu Van Gogh? A resposta está na ponta da língua de quem conhece pelo menos um pouco da biografia do grande pintor: deu-se um tiro cuja bala foi parar na virilha e que acabou virando uma hemorragia fatal. O doutor Gachet chegou a ser chamado, mas não conseguiu remover e bala. Van Gogh deixou este mundo dois dias depois do incidente, em 29 de julho de 1890.

Van Gogh pode não ter morrido como conta a história

Eis que, 121 anos depois, uma nova versão do fato contesta o suicídio e joga luz sobre uma possibilidade de assassinato. Steven Naifeh e Gregory White Smith, que estudam a vida do pintor holandês há mais de 10 anos, vasculharam cartas inéditas, charfurdaram documentos desconhecidos e chegaram a uma nova hipótese: há indícios de que Van Gogh teria sido vítima de um homicídio culposo.

Naifeh e Smith são biógrafos de Van Gogh e também de Jackson Pollock

Segundo a investigação empreedida pela dupla de pesquisadores, há estudos realizados na década de 30 que afirmam que Van Gogh teria saído para beber na companhia de dois adolescentes. Um dos jovens brincava de cowboy e portava uma arma que – acreditava ele – estava com defeito. O tiro disparado pelo jovem teria sido acidental, mas a consequência foi fatal. A bala perfurou o abdomem do pintor e se alojou na virilha, como na história que conhecemos. Outro indício que reforça a nova versão é de que a bala teria entrado num ângulo oblíquo e não reto, como costuma acontecer em suicídios.

Questionado sobre os novos fatos, o curador do Museu Van Gogh, Leo Jansen, disse que esta nova versão é “dramática” e “intrigante”, mas como “muitas questões permanecem sem resposta”, seria “prematuro descartar o suicídio”.

Vamos aguardar novidades. Enquanto isso, vale conhecer a história completa do grande pintor em Van Gogh na Série Biografias, Cartas a Théo e Biografia de Vincent Van Gogh por sua cunhada, todos da Coleção L&PM POCKET.

A coleção Stein: o maior acontecimento cultural do ano em Paris

Por Ivan Pinheiro Machado*

“Matisse, Cézanne, Picasso: l’aventure des Stein” – Grand Palais, Paris 8º. De sextas às segundas das 9h às 22h; de terças às quintas das 10h às 22h. Entrada: 12 euros. De 5 de outubro à 15 de janeiro

“Uma rosa é uma rosa é uma rosa é uma rosa…” (“a rose is a rose is a rose is a rose”), poema escrito em 1914, tornou célebre a escritora Gertrude Stein (1874-1946). Esta genuína vocação para a vanguarda ela provaria uma década antes. Seu endereço parisiense, na rua Fleuris, 27, onde morava com seu irmão Leo e sua companheira da vida inteira, Alice B. Toklas, mais o grande apartamento  de seu irmão Michael e sua mulher Sarah, também em Paris, na rue Madame, 8, abrigaram nos primeiros 20 anos do século XX a maior coleção privada de arte moderna jamais reunida.

Em torno dos anos 1900 os franceses detestavam a arte moderna. O máximo que toleravam em matéria de modernismo eram os impressionistas, e apenas alguns, justamente os mais conservadores. Cubismos estranhos e sombrios de Picasso e cores feéricas e selvagens de Matisse eram motivos de risos e escândalo. Já os americanos e os russos entenderam que ali tinha alguma coisa. E foi graças a eles que Picasso, Matisse, Juan Gris, Cézanne, Marie Laurencin, Renoir, entre muitos outros conseguiram muitos pratos de comida.

Retrato de Gertrude Stein

Em 1903, Leo Stein comprou seu primeiro Cézanne. Um ano depois, Gertrude começaria a comprar Picassos (compraria 180 no total), enquanto seu outro irmão Michael e sua mulher Sarah comprariam praticamente toda a produção da época de Matisse (em torno de 200). Ao todo, entre desenhos, pinturas e esculturas, teriam sido cerca de 600 obras de arte acumuladas pela família Stein em 15 anos de compras. A coleção só não foi mais além, porque em poucos anos os quadros custariam 1000 vezes mais do que os Stein pagaram, inviabilizando a continuação da coleção. Foi então que eles começaram a vendê-la lentamente.

Sarah e Michel Stein retratados por Matisse

Os recursos que mantinham os irmãos Stein numa vida tão confortável em Paris vinham da venda da Omnibus Railway and Cable Company de San Francisco, empresa da família, e de muitos imóveis alugados na Califórnia. Um dos quadros emblemáticos da arte moderna e – junto com “Demoiselles d’Avignon” – precursor do Cubismo é, não por acaso, “Retrato de Gertrude Stein”, uma homenagem de Pablo Picasso que acabou colocando-a como uma das protagonistas (mesmo sem ser pintora) da grande revolução da arte moderna.

Nos anos 20, na euforia pós-guerra, depois de vender boa parte de sua coleção, Gertrude Stein voltaria a cena, treinando seus dotes de visionária. Desta vez, na literatura. Ainda em Paris, descobriria dois jovens escritores americanos: Ernest Hemingway e Francis Scott Fitzgerald.

Pois toda esta história está exposta agora em Paris nas paredes das Galeries nationales du Grand Palais, um fantástico palácio situado entre a avenida Champs Elisées e o Sena. A megaexposição foi inaugurada em 5 de outubro e deverá prosseguir até 15 de janeiro de 2012. É uma viagem fascinante que reúne o melhor da coleção Stein em cerca de 350 obras.

Uma exposição realizada nos melhores moldes das grandes exibições francesas: tudo muito bem explicado, perfeitamente iluminado, muito bem exposto e com a utilização de todos os recursos áudio-visuais disponíveis. Um trabalho impressionante da equipe do Grand Palais. Principalmente se levarmos em conta que a coleção deixou de existir dentro da família Stein nos anos 50 do século passado e que – pior ainda – desde os anos 20 foi sendo paulatinamente vendida. Foram anos de trabalho tentando localizar quadro por quadro nos lugares mais remotos do planeta. Mas o resultado é extraordinário e faz  de Matisse, Cézanne, Picasso: l’aventure dês Stein o maior acontecimento cultural do ano em Paris. E isso não é pouca coisa.

As imensas filas acabaram sendo turbinadas por uma incrível coincidência. Não bastasse a grande importância do conjunto exposto nas paredes do Grand Palais, a exibição passou a ter um poderoso reforço de marketing: o megasucesso cinematográfico de 2011, “Meia noite em Paris”, de Woody Allen, tem como centro de suas ações Gertrude Stein, sua casa e sua turma.

*Ivan Pinheiro Machado é editor e visitou a exposição em Paris quando estava a caminho da Feira do Livro de Frankfurt, na Alemanha. A L&PM publica A autobiografia de Alice B. Toklas na Coleção L&PM Pocket.

A mansão que inspirou “O grande Gatsby”

Uma casa de 25 quartos construída em 1902 em Long Island, nos Estados Unidos, teria servido de inspiração para F. Scott Fitzgerald escrever O grande Gatsby, considerado um dos maiores romances da literatura mundial. A suntuosa propriedade de 50 mil m² abrigou grandes festas nos anos 20 e 30 com a presença de personalidades famosas como o duque de Windsor, Dorothy Parker, Groucho Marx, o presidente Winston Churchil e mesmo os Fitzgeralds, que viviam em uma mansão ali perto.

A mansão que teria inspirado Fitzgerald a escrever "O grande Gatsby"

A mansão de Long Island antes da demolição

Avaliada em 30 milhões de dólares, a mansão estava à venda até o início deste ano. Mas devido ao mau estado de conservação (imagine quanto custaria uma reforma!) e ao alto custo de manutenção, que beirava os 4.500 dólares por dia (!),  não houve proposta de compra. Com o tempo, o terreno passou a valer mais do que a casa e a propriedade foi negociada com uma construtora que decidiu derrubar a mansão e construir outras cinco casas de luxo, que estarão à venda em breve pela bagatela de 10 milhões de dólares cada.

Demolição realizada em abril deste ano

Demolição realizada em abril deste ano

O custo diário de manutenção beirava os 4.500 dólares!

Se tiver um tempinho e quiser saber mais sobre o caso, vale assistir à matéria a seguir sobre o assunto:

O grande Gatsby um perfeito retrato dos loucos anos 20, nos quais o choque da “nova” modernidade se refletia numa juventude impactada pela guerra e pela revolução industrial. O romance relata a história do enigmático Jay Gatsby, proprietário de uma luxuosa mansão na zona mais rica das praias de Long Island, onde ele promove suntuosas festas, frequentadas por escritores, produtores de cinema, stars, esportistas, gângsteres e garotas bonitas em busca de ascensão social. O romance faz parte da Coleção L&PM Pocket, com tradução de  William Lagos.

Autor de hoje: Rudyard Kipling

Bombaim, Índia, 1865 –Londres, Inglaterra, 1936

Levado pelos pais para a Inglaterra aos seis anos de idade, retornou à Índia ainda jovem, trabalhando como jornalista. Publicou vários livros de poemas e contos baseados na vida da Índia colonial, o que lhe trouxe grande popularidade. Dedicou-se também a escrever histórias de aventuras, com ação centrada em personagens infantis. Uma dos mais populares é O livro da selva. Considerado um dos grandes mestres da contística moderna, suas obras, geralmente ambientadas na Índia, procuram exaltar o valor e a missão educadora dos ingleses no Oriente. A postura ultranacionalista do escritor acabou provocando tamanha rejeição por parte da crítica que nem mesmo o Prêmio Nobel de Literatura, recebido em 1907, conseguiu evitar. Só muito mais tarde, Kipling foi amplamente reconhecido como um verdadeiro mestre da narrativa.

OBRAS PRINCIPAIS: O livro da selva, 1894; O segundo livro da selva, 1895; Kim, 1901

RUDYARD KIPLING por Adriana Dorfman

O livro da selva é composto de sete contos ambientados em florestas, planícies e mares, protagonizados por animais e crianças como Mogli, criado pelos lobos e educado pelos professores da selva. A obra é usualmente classificada como literatura infantil, o que possivelmente se deva à escolha dos protagonistas, mas oferece muito também aos adultos. A temática central dessas histórias é a convivência entre grupos de homens e animais, ora na oposição entre presas e caçadores, ora em situações de cooperação entre os habitantes da selva. Batalhas e diálogos ágeis acrescentam dinamismo às vívidas descrições dos personagens.

Os contos compartilham uma tensão entre as classificações (e outras cristalizações como a tradição, as regras, etc.) e as mudanças possíveis entre as classes: o menino que se torna selvagem ganha em sabedoria e força, mas fica permanentemente sem lugar; a foca branca (atenção à cor) empreende uma busca solitária por um lugar melhor para a colônia e só tem sua contribuição reconhecida depois de vencer, um a um, os membros de seu grupo; o pequeno cuidador de elefantes, por sua coragem, deixa o povo das planícies e é aceito entre os montanheses.

O livro da selva é fruto da experiência de colonização britânica na Índia, que durou até 1947. Tendo sido escrito há mais de um século, ilustra um momento da cultura em que a classificação em tipos nacionais ou raciais organizava o mundo, servindo também para justificar a dominação daquelas terras pelo Homem Branco (a expressão é de Kipling), conforme mostra o diálogo entre um chefe político da Ásia Central e um oficial britânico, diante das evoluções executadas por animais em uma parada militar:

– Como é que conseguiram fazer aquela maravilhosa manobra? (…)
– Eles obedecem, como fazem os homens. A mula, o cavalo, o elefante ou o boi obedecem a seu condutor e o condutor a seu sargento e o sargento a seu tenente, e o tenente ao capitão, e o capitão ao major e o major ao coronel, e o coronel ao seu brigadeiro, que comanda três regimentos, e o brigadeiro ao seu general, que obedece ao vice-rei, que é servo da Imperatriz. É assim que as coisas são feitas.
– Quem dera as coisas fossem assim no Afeganistão – disse o chefe –, pois lá obedecemos somente às nossas vontades.
– É por essa razão – disse o oficial, enrolando o bigode – que o seu emir, a quem vocês não obedecem, tem que vir aqui receber ordens do nosso vice-rei.

Vale notar que tais classificações estanques são produzidas por um escritor entre dois mundos, o que hoje é considerado suficiente para inspirar hibridismos. Os conflitos latentes entre as ordens estabelecidas – seja pelo domínio colonial, pelas castas indianas ou pelas leis da selva – vivem entre as páginas de Kipling, o que testemunha sua força criativa.

* Guia de Leitura – 100 autores que você precisa ler é um livro organizado por Léa Masina que faz parte da Coleção L&PM POCKET. Todo domingo,você conhecerá um desses 100 autores. Pra melhor configurar a proposta de apresentar uma leitura nova de textos clássicos, Léa convidou intelectuais para escreverem uma lauda sobre cada um dos autores. Veja os outros autores já publicados neste blog.

Uma receita para encarar o verão de frente

A chegada do calor trás consigo uma preocupação: o verão está a dois passos, a praia e a pouca roupa também. Um dos um dos alertas mais urgentes, entretanto, que diz que é preciso mudar de hábitos e passar a viver uma vida mais leve é o início do horário de verão. Ele prenuncia a temporada que está por vir. A mudança acontece neste domingo às 0h, portanto, é tempo de ir em busca das baixas calorias. Mas pode esquecer aquela ideia de que dieta se faz à base de grelhados e saladinha. A dica deliciosa é de Helena Tonetto, no livro 100 receitas de massas light.

ESPAGUETE DE RÚCULA SELVAGEM E CHILLI

A pimenta chilli é excelente fonte de betacaroteno e vitamina C. Estudos recentes comprovam que esse tipo de pimenta acelera o metabilismo.

Ingredientes:

500g de espaguete grano duro (1 pacote)
1 colher (chá) de azeite de oliva extravirgem  (100ml)
1 dente de alho picado (3g)
Pimenta chilli picada a gosto
1 lata de atum (200g)
1 molho de rúcula (100g)
Raspas de limão
Suco de 1/2 limão
1g de sal light
Pimenta moída na hora a gosto
50g de queijo parmesão ralado (1 pacotinho)

Modo de preparo:

1. Cozinhe o macarrão até ficar al dente.
2. Prepare o molho: aqueça o azeite numa panela, acrescente o alho, a pimenta chilli e o atum. Junte também as raspas de limão. Retire do fogo e acrescente o suco de limão  e parte da rúcula.
3. Escorra o espaguete e misture-o com o molho. Prove e corrija com o sal light, se precisar.
4. Despeje-o num prato, arrume por cimao punhado restante de rúcula fresca, salpique o queijo parmesão ralado e a pimenta.


Sábado tem sempre uma “Receita do dia” vinda diretamente dos livros da Série Gastronomia L&PM.