Arquivo mensais:novembro 2011

Olinda ou Ouro Preto: escolha seu destino literário

Começam nesta sexta-feira, dia 11 de novembro, dois festivais literários – e felizes daqueles que puderem aproveitar suas programações. Em Olinda, Pernambuco, tem início a sétima edição da Fliporto (Festa Literária Internacional de Pernambuco) que, este ano, homenageia a literatura do Oriente e o sociólogo Gilberto Freyre. A programação da Fliporto inclui uma conferência de abertura, hoje, às 19h com o indiano Deepak Chopra e segue até terça com nomes como antilhano Derek Walcott (Prêmio Nobel de Literatura de 92), o angolano Gonçalo M. Tavares, o paquistanês Tariq Ali e o libanês Joumana Haddad. A Fliporto, que encerra na terça, dia 15 de novembro, espera receber 80 mil visitantes.

Olinda é palco da Fliporto

Já o Fórum das Letras, em Ouro Preto, também acontece de hoje à terça, das 9h e 21h (e também está em sua sétima edição!). Em parceria com a Revista Bravo!, a programação mineira destaca a participação da companhia americana Living Theatre que, em 1971, passou por Ouro Preto e acabou sendo notícia mundial quando 21 integrantes do grupo acabaram presos pelo Dops. Quarenta anos depois, o Living Theatre volta ao Brasil (mas sem a sua fundadora, Judith Malina, que cancelou sua presença na última hora). Mas mesmo sem Judith os integrantes prometem realizar uma apresentação “histórica” neste final de semana.

Em Ouro Preto acontece o Fórum das Letras

Um obsceno e apaixonante safado em Dublin

Há cinquenta e sete anos atrás, no verão de 1954, J.P. Donleavy escreveu a carta que iria determinar o rumo da sua vida. O destinatário era Maurice Girodias, dono da editora Olympia Press, em Paris. “Caro senhor, eu tenho o manuscrito de um romance em inglês chamado Sebastian Dangerfield“. O livro, que seria renomeado como The Ginger Man, já havia sido rejeitado por mais de 30 editoras, em parte devido à sua narrativa considerada desconcertante, de conteúdo erótico e irreverente. “A obscenidade é uma parte muito importante desta novela”, alertou o autor em sua carta. Mas ele teve o cuidado de acrescentar que “partes já haviam sido publicadas no Manchester Guardian“.

Em meados de 1954, as publicações da Olympia Press incluiam autores que íam de Samuel Beckett a Jean Genet, passando por obras clássicas da literatura erótica como Fanny Hill e romances de Apollinaire e Bataille, todos em inglês. Na época, Girodias foi considerado um editor de livros de qualidade literária duvidosa (apesar de ter publicado, na Olympia, Lolita de Vladimir Nabokov), mas que não chegavam a ser vistos como pornografia barata. No entanto, este era o gênero que estava prestes a se tornar a especialidade de Girodias.

A Olympia Press comprou o romance de Donleavy por 250 libras, recebido pelo escritor em dinheiro e entregue por um intermediário em uma livraria do Soho. Só que, sem avisá-lo, Girodias incluiu The Ginger Man em uma coleção de livros literalmente pornográficos (tipo baixo nível) cujos títulos vinham anunciados na contracapa de The Ginger Man. “Quando eu descobri que meu romance tinha sido publicado nesta série pornográfica, eu percebi que ele nunca teria qualquer reputação, que meu livro nunca existiria de verdade, que ele seria apenas um pedaço de pornografia. Que eu jamais receberia nenhuma crítica. Foi um total pesadelo.” disse Donleavy ao jornal britânico The Guardian quando The Ginger Man completou 50 anos.

A capa da primeira edição de "The Ginger Man", da Olympia Press

Ao receber seus primeiros exemplares, Donleavy bateu com o punho cerrado na capa do livro e jurou que iria resgatar e vingar seu trabalho. Ele imediatamente tirou o livro da Olimpya Press foi processado por quebra de contrato. Vieram então vinte anos de litígio que terminou com Donleavy não apenas vencendo o processo como virando dono da Olympia Press.

Donleavy, que nasceu em Nova York no ano de 1926, mudou-se para a Irlanda depois da II Guerra Mundial e até hoje mora em uma fazenda em Levington Park, há 50 milhas de Dublin, onde continua escrevendo sempre à mão. The Ginger Man chegou a ser censurado – e banido nos EUA e na Irlanda – por ser considerado obsceno, mas hoje está na lista das 100 melhores novelas da Modern Library. O personagem principal de Donleavy, o fascinante canalha Sebastian Dangerfield, foi inspirado em um amigo americano do escritor: Gainor Stephen Crist. Crist teria morrido a caminho da América do Sul em 1964 e, aparentemente, uma cruz marca seu túmulo em Santa Cruz de Tenerife, nas Ilhas Canárias. Mas para Donleavy seu desaparecimento ainda é um “grande mistério”.

Em 2005, Donleavy encontrou-se pela primeira vez com Johnny Depp para conversar sobre uma possível adaptação do livro e, a partir de então, Depp visitou o escritor algumas. Mesmo assim, não há nenhuma notícia confirmada de que o filme realmente sairá, apesar da vontade de ambos. O ator, aliás, disse que The Ginger Man é um grande livro pelo qual é apaixonado.

J. P. Donleavy num bom papo com Johnny Depp

Para finalizar, fica aqui a boa notícia: The Ginger Man acaba de sair na Coleção L&PM Pocket com o nome de Um safado em Dublin e semana que vem começa a chegar nos pontos de venda. Para saber mais sobre ele, leia um texto escrito pelo editor Ivan Pinheiro Machado (que como Johnny Depp é apaixonado por The Ginger Man).

Jane “vintage” Austen

Quando se fala nos romances de Jane Austen, uma coisa é certa: não existe um só leitor de Persuasão, Orgulho e Preconceito e A abadia de Northanger que não tenha gostado das capas das edições da L&PM. E não é pra menos! Elas foram desenhadas pela artista alemã Birgit Amadori, famosa por suas criações em estilo vintage que decoram desde capas de livro até paredes de hotéis pelo mundo.

Conheça a série completa de ilustrações que ela criou para a coleção Jane Austen da editora britânica Random House, entre elas as que viraram as capas dos cinco livros de Jane Austen publicados na Coleção L&PM Pocket:

Ilustração da capa de “Razão e sentimento”

Ilustração da capa do livro “Emma”, próximo título de Jane Austen a ser publicado, ainda em 2014

A capa de “Mansfield Park” foi feita a partir desta ilustração

Ilustração da capa de “A abadia de Northanger”

Os traços delicados combinam com a história de “Persuasão”

A capa de “Orgulho e preconceito” é inconfundível

E a L&PM gostou tanto do trabalho de Birgit Amadori que encomendou uma ilustração inédita para a capa de O morro dos ventos uivantes e Ao farolde Virginia Woolf. Chegou a notar a semelhança?

Para ver outros trabalhos de Birgit Amadori, visite o álbum de fotos da página da artista no Facebook.

O fax que recebemos de Allen Ginsberg

No dia 27 de janeiro de 1984, um facsimile (o antes popular “fax”, uma espécie de e-mail do tempo das cavernas) adentrou a L&PM trazendo algumas páginas escritas em uma caligrafia apressada. Endereçado para o tradutor Claudio Willer, o fax trazia comentários e apontamentos sobre a tradução de “Howl” (Uivo). Adivinha quem assinava aquelas páginas? Ele mesmo: o próprio Allen Ginsberg.

Guardado em uma caixa de lembranças, o fax foi resgatado de uma gaveta, já meio apagado. Escaneado, trabalhado no photoshop para ganhar mais contraste, ele agora está aqui, para você ler. Basta clicar em cima para ampliar e… fazer força para tentar entender, já que a letra de Ginsberg não é exatamente uma letra de professora primária.

No prefácio de Uivo em formato convencional, Claudio Willer diz que “foi decisiva a correspondência que mantive, na época, com o próprio Ginsberg, mais a nota autobiográfica (Autobiographic Precis) enviada por ele.  A seleção dos poemas e o plano editorial lhe foram apresentados. Ele os aprovou, comentou, deu sugestões e esclareceu dúvidas de interpretação do texto. Depois de publicado Uivo, Kaddish e outros poemas, passou a enviar-me as novas edições de sua obra, com bilhetes para o dear translator friend. Deu notícias até pouco antes do final, da sua morte na madrugada de 5 de abril de 1997.”

A primeira página, endereçada a Claudio Willer

Ginsberg fez comentários sobre a tradução

O poeta beat não tinha propriamente uma letra “fácil”

Repare no P.S. no canto da página

A vida segundo Peanuts

“Ao longo de toda a história, sempre foi uma prerrogativa do humorista observar a vida de perto, refletir sobre ela e devolver tudo na forma de observações que apelam para o nosso senso de humor. Isso provavelmente valia tanto para os homens das cavernas como vale hoje em dia na era da informática. Não consigo imaginar como uma sociedade conseguiria prosperar sem esses sujeitos talentosos refletindo sobre a condição humana – a esperança, a alegria, o medo – e nos ajudando a ver graça em tudo. Porém, os humoristas fazem mais do que provocar o riso. Eles também nos forçam a parar e pensar.”*

* Texto de Bill Cosby, comediante, cantor e produtor norte-americano que abre o prefácio de “A vida segundo Peanuts” que já chegou na L&PM e breve estará nas livrarias.

A maior de todas as exposições de Da Vinci

Depois de cinco anos de tentativas e negociações, a National Gallery de Londres finalmente conseguiu reunir num só lugar o maior número de obras de arte de Leonardo Da Vinci que o mundo já viu. A exposição “Leonardo da Vinci: Pintor na Corte de Milão“, que se concentra na produção artística do período entre 1482 e 1499, quando ele trabalhava como artista assalariado para o Duque Ludovico Sforza, abre para a visitação do público nesta quarta, dia 9 de novembro.

São 60 peças, desde quadros famosos, como as duas versões da Virgem dos Rochedos, que serão vistas pela primeira vez lado a lado graças a um empréstimo do Louvre, até uma coleção de 50 desenhos relacionados às pinturas totalmente desconhecida até então.

As duas versões de "A virgem dos rochedos" estarão lado a lado pela primeira vez

“Os quadros estavam espalhados por mais de 20 cidades em 10 diferentes países, desde a Rússia aos Estados Unidos, passando pelo Vaticano”, disse o curador da exposição Luke Syson em entrevista à BBC. Das 15 pinturas que sobreviveram aos séculos, nove fazem parte da mostra. Imagine a emoção de ver tudo isso ao vivo num só lugar!

"Retrato de um músico", a única pintura de Da Vinci que retrata um homem

"Dama com Arminho" é o retrato da amante do duque Ludovico Sforza

A "Belle Ferronnière" é o mais elogiado da série de três retratos

Sentiu falta de alguma obra? Pelo jeito, depois do histórico roubo da Mona Lisa em 1911, nada nem ninguém é capaz de tirá-la do Louvre. A mais famosa pintura de Leonardo Da Vinci ficou de fora, mas isso não tira o brilho da exposição que vai até o dia 5 de fevereiro de 2012. Os bilhetes estão sendo vendidos com hora marcada e os organizadores recomendam que a compra seja feita com antecedência devido à alta procura. É preciso correr para não perder esse momento único da história da pintura no mundo!

Quem quiser conhecer mais a fundo a vida e a obra de um dos maiores gênios da pintura, vale a pena ler o volume Leonardo Da Vinci da Série Biografias.

53. Três gerações de amizade e parceria

Por Ivan Pinheiro Machado*

Carlos Augusto Lacerda, meu amigo, dublê de surfista e brilhante editor, foi a terceira geração na proa da editora Nova Fronteira, esta que foi uma das maiores e mais importantes do mercado brasileiro. Pois coube a ele, em 2008, a dura missão de vender o respeitado e admirado negócio familiar para o grupo Ediouro.

Hoje, Carlos Augusto segue com o mesmo entusiasmo à frente da Editora Lexikon, especializada em livros de referência e dicionários em geral, com a autoridade do know how adquirido como editor do célebre Aurélio. Foi na editora Nova Fronteira que o mais famoso dicionário brasileiro adquiriu o respeito e a celebridade que goza até hoje.

Carlos Lacerda

A história da L&PM, em mais de 30 anos, se entrelaça ocasional e sistematicamente com a história dos editores Lacerda. Em 1974, Lima e eu chegávamos ao Rio de Janeiro com pouco mais de 20 anos para procurar um distribuidor para nossa recém fundada editora, que possuía apenas três livros em seu catálogo. Tínhamos uma carta de recomendação do jornalista e intelectual Mario de Almeida Lima (pai de Paulo Lima, o “L” da L&PM) ao seu amigo Carlos Lacerda, ex-governador do Rio de Janeiro, protagonista da cena política brasileira durante mais de três décadas. Nós queríamos que a Nova Fronteira distribuísse nossos livros no Rio. Lembro bem quando o Lima e eu chegamos no casarão de Botafogo, sede da editora, para a esperada entrevista com Carlos Lacerda. Defenestrado pela ditadura militar de quem se tornara inimigo, longe da linha de frente da política, Lacerda dedicava-se à sua editora e à pintura. Estávamos no jardim do casarão, quando vimos um homem grande atravessando o pátio e carregando, com uma certa dificuldade, uma grande tela de pintura. Ele parou e ficou nos olhando. Estávamos imobilizados diante daquela figura histórica. Afinal, era raro o dia em que não aparecia, estampado nos jornais, a sua foto de dedo em riste ou sua caricatura desenhada por algum dos grandes cartunistas do país.

Carlos Lacerda não agiu como o exuberante orador que conhecíamos pela imprensa. Muito pelo contrário. Mansamente, perguntou o que queríamos. O Lima identificou-se e ele abriu um sorriso ao ouvir o nome do seu amigo Mario de Almeida Lima. E a partir de então, naquele distante 1974, a Nova Fronteira passou a distribuiu nossos livros. Alguns anos depois, estabelecemos um contrato de exclusividade com um distribuidor e encerramos nossas relações comerciais.

Uma década mais tarde, tornei-me amigo de Sérgio, filho de Carlos Lacerda, que assumia com seu irmão Sebastião, o comando da empresa familiar. Foram muitas lembranças divertidas e agradáveis em conversas, jantares e churrascos pelo Rio Grande, Rio, Lisboa, Paris e principalmente Frankfurt, onde convivíamos todos os anos. Sérgio morreu aos 52 anos deixando-nos carentes de sua amizade e de sua liderança. Coube a ele comandar o grande salto da Nova Fronteira na década de 80. Ele trouxe para sua editora os principais autores brasileiros, recém saídos da então agonizante editora José Olympio. O seu ótimo catálogo foi então reforçado por Cecília Meirelles, Clarice Lispector, Jorge de Lima, Josué Montello, Guimarães Rosa, Manuel Bandeira, João Cabral de Mello Neto entre outros.

É aí que entra o nosso amigo Carlos Augusto Lacerda, terceira geração de editores, filho de Sérgio. Com ele firmamos as parcerias entre Nova Fronteira e L&PM POCKET, publicando Agatha Christie e Georges Simenon na nossa coleção de bolso. No final da década de 2010, ao sair da NF, Carlos Augusto fundou a Lexikon e nós retomamos – como velhos amigos – a nossa parceria. Deste vez com o prestigiado dicionário Caldas Aulete (“Aulete de bolso”) e outros livros de referência como “Dicionário de dificuldades da língua portuguesa” de Domingos Paschoal Cegalla, e “Gramática do português contemporâneo” de Celso Cunha.

Aulete de bolso, o dicionário que é uma parceria com a Lexikon, editora de Carlos Augusto Lacerda

Nós aqui na L&PM, que tivemos o privilégio de conviver com estas três gerações de editores, nos sentimos gratificados, pois fomos testemunhas da formação de uma das grandes editoras brasileiras. Uma família que soube conduzi-la por quatro décadas e deixou mais do que um grande acervo editorial, um exemplo de correção profissional, talento editorial e generosidade no trato e na relação com seus amigos.

* Toda terça-feira, o editor Ivan Pinheiro Machado resgata histórias que aconteceram em mais de três décadas de L&PM. Este é o quinquagésimo terceiro post da Série “Era uma vez… uma editora“.

Enciclopédia dos Quadrinhos

por Jorge Furtado*

Ótima notícia: acaba de ser lançada pela L&PM a nova “Enciclopédia dos quadrinhos”, do Goida e do André Kleinert, muito ampliada e atualizada. São mais de 500 páginas com o que há de melhor na história dos quadrinhos no Brasil e no mundo. O livro tem muitas e boas ilustrações, bibliografia e referências, incluindo sites, e ainda uma pequena história da história em quadrinhos, do Goida. É um daqueles livros fundamentais, que para de pé na estante e ao qual sempre voltamos. Presente de Natal perfeito para pais e filhos espertos.

Os quadrinhos vão muito bem, obrigado. São tantos os bons lançamentos que fica difícil escrever sobre eles, há que se encontrar tempo para lê-los. Enquanto as indústrias da notícia, da música e do audiovisual travam uma luta inglória contra a internet, os livros – especialmente os livros bonitos e com boas ilustrações – aumentam sua vendas: nada como o papel para ler ou apreciar bons desenhos. (…)

Reproduzo aqui parte de um texto que escrevi (no século passado) sobre quadrinhos:

Aviso que não sou nem de longe um conhecedor do assunto. Sei o nome de bem pouca gente e detesto a maioria dos novos gibis que estão nas bancas, quase todos envolvendo heroínas modelo barbie (peitudas de cintura fina) enfiadas em roupas colantes de borracha, saltando de nada para lugar nenhum enquanto disparam armas ridículas e dizem coisas que eu nem cheguei a ler mas aposto que são bobagem. Me interesso pelos quadrinhos pelo mesmo motivo que me interesso por cinema, literatura, artes plásticas ou qualquer forma de expressão dos nossos medos e desejos: o prazer de entrar em contato com o que os seres humanos tem de melhor e me sentir menos estranho numa terra estranha.

Quadrinhos só são tratados como arte de segunda categoria por quem: a) não teve a sorte ou a curiosidade intelectual de conhecê-los; b) ao conhecê-los, não teve a sensibilidade ou paciência para distingui-los; c) é ignorante mesmo. Para quem não gosta e se enquadra nas categorias a ou b, sugiro a leitura de “Desvendando os Quadrinhos“, de Scott McCloud, um estudo ainda mais abrangente que o clássico “Quadrinhos e Arte Sequencial“, do Will Eisner. É um curso completo, melhor que a maioria dos livros sobre cinema que eu conheço.  McCloud analisa com perfeição o nascimento simultâneo da representação pictórica e da palavra escrita no teto das cavernas. Imagem e palavra nasceram juntas, representando um homem, um boi ou uma arma de caça. Lentamente o ícone se afasta da imagem que o gerou e o homenzinho vira a letra T ou A, e o boizinho vira Mu e logo ninguém lembra mais porque e surgem as escolas de alfabetização. Pobre do Ivo, vê a uva mas não sabe como se escreve.

Cinema e quadrinhos são formas de expressão muito semelhantes, pelo uso simultâneo de imagens e palavras. (Na manipulação de ritmos e no fazer sentir o passar do tempo, cinema se parece mais com música. E na construção dramática, com o teatro.) Detesto usar a palavra arte, mais gasta que corrimão de asilo, para definir qualquer coisa, mas partindo da definição de Gombrich de que “não há arte, só há artistas”, acho que há cada vez mais arte nos quadrinhos e menos no cinema. O cinema é cada vez mais (sempre foi) uma forma de expressão coletiva. O cinema é cada vez mais (nem sempre foi) um negócio. O artista raramente convive bem com as dezenas de filtros que a indústria coloca entre intenção e gesto. Seria impossível para Robert Crumb sobreviver a uma série de reuniões com agentes, produtores e patrocinadores para fazer seu primeiro filme. Bem mais fácil para ele foi abrir um caderno e riscar com um lápis. Que depois tenha virado capa de disco da Janis Joplin ou frequentasse milhares de pára-lamas dos caminhões americanos foi conseqüência do seu talento, óbvio até para o pior dos fariseus.

Texto integral publicado no “Não” em 12.06.1999:
http://www.nao-til.com.br/nao-63/imagens.htm

*Jorge Furtado é diretor de cinema, roteirista e escritor. Pela L&PM publicou Meu tio matou um cara. O texto acima foi escrito originalmente para o blog da Casa de Cinema de Porto Alegre e postado em 07 de novembro de 2011.

Fila de embarque para “Um trem para a Suíça”

Já falamos (e mostramos fotos) da sessão de autógrafos de Claudia Tajes e de Martha Medeiros. Agora é a vez de David Coimbra. O escritor e editor de esportes do Jornal Zero Hora também autografou, durante horas na Feira do Livro de Porto Alegre. Além de seus fiéis leitores, David também recebeu a patrona da Feira do Livro, Jane Tutikian, que ontem, 07 de novembro, o cumprimentou pelo lançamento de “Um trem para a Suíça“. 

David Coimbra recebe o abraço de Jane Tutikian, a patrona da Feira do Livro de Porto Alegre deste ano

Muita gente embarcou nas páginas de "Um trem para a Suíça"

As mais lindas ilustrações de livros infantis

O The New York Times Book Review, promovido pelo jornal norteamericano The New York Times, anunciou a lista das “10 Melhores Ilustrações de Livros Infantis de 2011”. Eles são, em ordem alfabética: “Along a Long Road”, escrito e ilustrado por Frank Viva; “A Ball for Daisy”, escrito e ilustrado por Chris Raschka; “Brother Sun, Sister Moon: Saint Francis of Assisi’s Canticle of the Creatures”, escrito por Katherine Paterson e illustrado por Pamela Dalton; “Grandpa Green”, escrito e ilustrado por Lane Smith; “Ice”, escrito e ilustrado por Arthur; “I Want My Hat Back”, escrito e ilustrado por Jon Klassen; “Me … Jane”, escrito e ilustrado por Patrick McDonnell; “Migrant”, escrito por Maxine Trottier e ilustrado por Isabelle Arsenault; “A Nation’s Hope: The Story of Boxing Legend Joe Louis”, escrito por Matt de la Peña e ilustrado por Kadir Nelson; e “A New Year’s Reunion”, escrito por Yu Li-Qiong e ilustrado por Zhu Cheng-Liang. No ano que vem, o “The New York Times Best Illustrated awards” vai celebrar seu aniversário de 60 anos.

Uma das ilustrações de "Along a long road"

O desenho de "Ice"

"Grandpa Green" também teve suas ilustrações escolhidas