Quem já conhece a fórmula de sucesso Johnny Depp + Hunter Thompson pode começar a contar os dias, pois Rum: diário de um jornalista bêbado já tem data para estrear no Brasil: 20 de abril. Desta vez, o ator vive o repórter alcoólatra Paul Kemp, que tem várias semelhanças com o próprio Hunter Thompson, como é de praxe nos protagonistas de seus romances. Além de jornalista e bêbado, Paul Kemp se mete em várias enrascadas por causa de mulheres. Quem leu, sabe do que estamos falando!
Mas se você ainda não leu, dá tempo de conhecer a história até o dia 20 (pode começar lendo um trecho aqui). Por ora, dá uma olhada no trailer:
No dia 15 de março de 44 a.C., Júlio César foi morto no senado romano, apunhalado por cerca de 60 senadores, entre eles seu protegido Marco Júnio Bruto. Jurista, escritor, político, general, descendente da deusa Vênus, amante de Cleópatra, Caio Júlio César foi um líder brilhante. Cultivou, ao mesmo tempo, o cinismo e a clemência, a crueldade e a cortesia, a hipocrisia e a civilidade, a esperteza e a sinceridade, a modéstia e o orgulho. A versão mais popular para suas últimas palavras é “Até tu, Brutus?”, mas que, na verdade, foi uma frase criada por Shakespeare para sua peça Júlio César. Atualmente, sabe-se a derradeira frase de César foi pronunciada em grego: “Até tu, meu menino?”, como bem mostra o trecho de Júlio César, livro da série Biografias L&PM:
Nesse instante, Túlio pega a toga de César com as duas mãos e descobre-lhe os ombros, o que para os conjurados é o sinal de ataque. Casca, que se encontra atrás de César, saca o punhal e desfere-lhe o primeiro golpe junto ao ombro, mas o ferimento é superficial. A mão de Casca certamente tremeu. César pega imediatamente o punho da rama que acaba de golpeá-lo e exclama em latim: “Pérfido Casca, que fazes?”, e Casca grita em grego: “Meu irmão, socorro!”. Os senadores, que em sua maioria não fazem parte do complô, são tomados de horror ante esse espetáculo, levantam-se tão trêmulos e pasmos que não pensam sequer em fugir, nem em acudir para defender César dos agressores, nem mesmo em protestar. Impotentes e imóveis, assistem à sequência e vêem César cercado de conjurados armados de punhais e facas que o golpeiam nos olhos e no rosto. César defende-se, diz Plutarco, “como um animal feroz encurralado por caçadores e tenta afastar essas mãos armadas”. Todos, é fato, querem desferir um golpe para provar que participaram desse assassinato de modo pessoal e eficaz. Nesse momento, todos consideram César uma vítima maléfica que deve ser sacrificada para que viva a República. São tão numerosos e acham-se tão amontoados que acabam, como tubarões, despedaçando a presa, por se ferir mutuamente, logo cobrindo-se de sangue. Bruto, que se aproxima de César, tem a mão ferida, mas pode ainda desferir contra seu protetor, contra seu pai adotivo, o golpe de misericórdia, apunhalando-o na virilha. Ao vê-lo, César exclama, não em latim, como sempre se pensou, mas em grego, segundo numerosos testemunhos: “Até tu, meu menino?” (e não meu filho, como é admitido), testemunhando sua trágica incredulidade. É então que, diante da última traição, César abandona a luta, cobre o rosto com uma aba da toga e entrega-se às lâminas dos assassinos que acabam por transpassa seu corpo sem vida.
Depois de fazer sucesso com personagens que marcaram época na história dos quadrinhos brasileiros como Rê Bordosa, Walter Ego e Wood & Stock, o cartunista Angeli resolveu mudar. Afinal, ele também estava mudando. Abandonou todas as suas crias e começou a trabalhar num novo personagem, o “Angeli em crise”. Para tentar se entender, ele começou a se desenhar. E pelo jeito, deu certo, porque desta reviravolta surgiu a exposição Ocupação Angeli, que fica em cartaz no Itaú Cultural, em São Paulo, de 16 de março a 29 de abril.
“Tudo o que eu andava fazendo tinha virado uma fórmula. Senti que estava começando a colocar o pé na cova. Resolvi mudar. Abandonei personagens e fiquei sem nada. Entrei numa crise real, não só na brincadeira do personagem Angeli em Crise”, disse ele em entrevista à Folha de S. Paulo.
A mostra Ocupação Angeli tem 800 obras (sendo 80, originais) e 20 fotos do chargista –seu acervo particular conta 30 mil obras, entre tiras, quadrinhos, charges, ilustrações, capas de discos, filmes e vídeos – em um espaço de 120 m² que recria, em uma versão idealizada, seu estúdio de criação, onde nasceram tantos personagens, entre eles o alter-ego “Angeli em Crise”.
De 29 de março a 1º de abril, haverá também uma mostra audiovisual paralela com 13 produções, entre curtas, documentários e longas de animação ligadas de alguma forma à obra de Angeli. Se você vai estar em São Paulo nestes dias, não perca! A entrada é franca.
Por Jerry Cimino, fundador e curador do “The Beat Museum” de San Francisco*
Após a morte de seu pai, o aspirante a escritor Sal Paradise está olhando para a página em branco em sua máquina de escrever, perguntando-se que caminho sua vida vai tomar. Um milésimo de segundo mais tarde, um automóvel verde dá um cavalo de pau, Dean Moriarty aparece em cena e Sal encontra sua musa. A vida de Sal nunca mais será a mesma enquanto Dean nos leva a lugares que nem sabíamos que existiam.
O trailer do filme de Walter Salles, adaptação cinematográfica do romance seminal de Jack Kerouac, On the Road, acaba de ser lançado. Ele anuncia uma experiência extremamente gratificante em um filme que os fãs literários estão esperando ansiosamente por mais de 30 anos.
Sal Paradise, claro, é Jack Kerouac e Dean Moriarty é Neal Cassady, herói icônico de Kerouac da noite americana.
Controvérsias têm sido travadas há décadas entre os fãs da geração beat, sobre se a filmagem deveria ou não ter sido tentada. Eu sou capaz de entender ambos os lados do argumento. On the Roadé um romance muito pessoal para muita gente. No The Beat Museum, localizado em San Francisco, vemos pessoas de todos os cantos do mundo, que chegam caminhando e atravessam nossas portas diariamente, e cujas jornadas tiveram seu pontapé inicial quando eles leram o livro de Kerouac. On the Road ocupa um lugar muito especial nos corações de muitas dessas pessoas e eles não querem que sua visão do livro de Kerouac (e as suas próprias viagens pessoais) seja alterada.
O outro lado desse argumento, claro, é que On the Road deveria virar filme. Jack Kerouac enviou uma carta a Marlon Brando em 1959 implorando para ele fazer o filme. Kerouac entendia que um romance não é um filme e ele mesmo disse a Brando que estava disposto a escrever o roteiro, fazendo as mudanças necessárias para a história do livro virar filme.
Em 2012, este argumento ainda não enfraqueceu. Mas com o lançamento do trailer da adaptação de Walter Salles para On the Road, eu acredito que os cineastas têm mostrado, magnificamente, que conhecem suas obrigações para com os verdadeiros fãs e suas próprias vocações artísticas.
O trailer, capturado em 1,45 minutos, é toda a energia, condução, excitação e incerteza do próprio livro. A sexualidade pulsa em Garrett Hedlund como Neal Cassady e em Kristen Stewart como sua noiva de 16 anos de idade, Lu Anne Henderson. Dos salões de dança de Nova York para os quartos de hotel de Denver aos prostíbulos do México, as palavras de Kerouac ganham vida na tela.
Com o lançamento deste trailer, parece que as produtoras, a francesa MK2, a brasileira Videofilmes e a americana Zoetrope, de Francis Ford Coppola, se uniram para oferecer uma interpretação de tirar o fôlego de alguns fãs das histórias de Kerouac que todos conhecemos tão bem.
E para os fãs que ficaram prendendo a respiração por todos estes anos, esperançosos de que o filme fosse satisfazer suas expectativas, cliquem em “play” e vejam se vocês não conseguem respirar um pouco mais facilmente.
* Jerry Cimino escreveu este texto no blog do jornal Huffpost San Francisco, em 09 de março de 2012. Clique aqui e veja o texto original em inglês.
Rebramam os ventos… Da negra tormenta
Nos montes de nuvens galopa o corcel…
Relincha – troveja… galgando no espaço
Mil raios desperta co´as patas revel.
É noite de horrores… nas grunas celestes,
Nas naves etéreas o vento gemeu…
E os astros fugiram, qual bando de garças
Das águas revoltas do lago do céu.
(…)
(Trecho do poema “Pedro Ivo”, do livro “Espumas flutuantes”, de Castro Alves)
Bret Easton Ellis, que escreveu o best seller O psicopata americano quando tinha apenas 21 anos de idade, tem usado o Twitter para conversar com seus fãs, propor ideias e colher sugestões para novos romances. No último sábado, 10 de março, ele tuitou sobre a ideia de escrever uma continuação para seu romance mais famoso a partir de uma atualização de seu personagem principal, Patrick Bateman. Ao fim da longa consultoria com seus 260 mil seguidores, ele tinha escrito 14 páginas que mapeiam os prós e os contras da possibilidade de escrever a continuação daquela história.
Ele chegou a “desenhar” como seria a versão atual de seu Bateman em vários drops de 140 caracteres, o que provocou frenesi entre os fãs. Para fazer jus ao novo contexto, o Bateman contemporâneo compartilharia seu cotidiano nas redes sociais por meio de seu iPad, como faz a maioria dos seres urbanos, em geral obcecados por aparências e pela espetacularização da vida. Notem que a essência do personagem se mantém, mas as ferramentas são atualizadas.
Ao final ele agradeceu a participação de todos e prometeu que iria conversar com seu agente sobre as novas ideias, mas antes teria que sentir ao longo do fim de semana se este novo Patrick Bateman realmente poderia existir.
Nós aqui da L&PM, como todos os fãs de Easton Ellis, vamos continuar acompanhando pelo Twitter as cenas dos próximos capítulos 😉
Talvez poucos saibam disso, mas Jack Kerouac já se aventurou pelos caminhos do teatro e escreveu, em 1957, uma peça em três atos chamada Geração Beat (Coleção L&PM Pocket), a única de sua curta carreira de dramaturgo. Eis que 55 anos depois, a peça será encenada pela primeira vez na cidade natal de Kerouac, Lowell, no estado de Massachusetts, durante o festival “Jack Kerouac Literary”. Serão oito performances que estão sendo preparadas pelo grupo Merrimack Repertory Theatre em parceria com a University of Massachusetts Lowell.
Se a peça não foi encenada antes, não foi por falta de empenho do próprio Kerouac. Na época, ele enviou cópias do texto para diversos produtores e atores (entre eles Marlon Brando), mas diante das sucessivas negativas, acabou desistindo e o texto ficou engavetado por muito tempo até ser redescoberto em 2005.
Geração Beat mostra um dia na vida do personagem Jack Duluoz, uma espécie de alter ego de Kerouac. Como é de praxe, as histórias são baseadas nas vivências do escritor e os outros personagens fazem referência a Allen Ginsberg, William Burroughs, Neal Cassady, Gregory Corso e outros malditos. A estreia está prevista para outubro.
O Maxim’s era um restaurante que causava furor no Rio de Janeiro. Plantado no alto da torre do Rio Sul em Botafogo, aliava à lenda parisiense uma vista paradisíaca. Era difícil conseguir reserva no Maxim’s. Como seu homônimo francês, era o preferido dos ricos e famosos. Jean Giraud, dito Moebius estava sentado diante de mim e do adido cultural francês. Eu estava um pouco nervoso. O consulado da França no Rio havia transmitido um convite a mim, pois Moebius gostaria de almoçar com seu editor brasileiro. Estava no Rio como convidado e estrela da Bienal de Quadrinhos que realizava-se na Fundição Progresso na Lapa. Nos encontramos pontualmente às 13h. Era primavera de 1991 e a L&PM Editores havia publicado em sua saudosa coleção de álbuns de quadrinhos dois clássicos seus, “Major fatal” (1988) e “O Homem é bom?” (1984).
Os títulos de Moebius publicados pela L&PM Editores
Moebius estava além do seu tempo. Seus personagens intrigantes erravam por paisagens estranhas, planetas, cidades futuristas e desertos improváveis. Publicamos na década de 80 do século passado as histórias que nos fascinaram nos nossos vinte anos. Vários episódios de “A Garagem Hermética de Jerry Cornelius” estavam impressos em “Major fatal”. Delirantemente fantásticas, suas histórias fizeram com que eu imaginasse que iria encontrar um personagem inquieto, falador, messiânico. Quando fui apresentado a ele pelo adido, o que vi foi um homem discreto, com um ar clássico de intelectual francês. Estava curioso para saber o que editávamos (naquele tempo não tinha internet, Google, estas coisas que acabaram com os mistérios). Lembro que me achou muito jovem para ser um editor e ficou impressionado por editarmos “Valentina” de Guido Crepax e “Corto Maltese” de Hugo Pratt. Estava fascinado com a beleza do Rio de Janeiro, cuja baía da Guanabara se descortinava aos nossos pés sob um sol feérico. A vista que os janelões do Maxim’s nos proporcionavam era verdadeiramente deslumbrante. Enfim, rapidamente fiquei à vontade diante daquele homem modesto, simpático e introvertido. Guardo daquele agradável encontro de almoço a imagem dos seus óculos redondos e do seu pedido de “uma água mineral com gás” como bebida. Nem parecia o super star dos quadrinhos; o genial inspirador de Ridley Scott em “Alien” e “Blade Runner”, o colaborador da lendária revista “Metal Hurlant”, aquele que era considerado um dos maiores e mais premiados desenhistas do mundo.
No sábado, 10 de janeiro, ele morreu aos 73 anos. Ao saber da notícia abri meu velho exemplar da “Garagem Hermética”. Fiquei imaginando o silencioso Moebius flutuando nos seus mundos pós-galáticos e fui invadido por uma sincera melancolia ao perceber o vazio real que fica quando um grande criador se vai.
A lista dos mais vendidos publicada no Caderno Ilustrada da Folha de S. Paulo traz “Assassinatos na Rua Morgue“, de Edgar Allan Poe, como o livro eletrônico mais vendido do Brasil.
Dentre todas as paixões que agitaram Jack Kerouac, uma jamais o deixou: a paixão genealógica. Por certo, o sonho com as origens é bem comum, ainda que dos mais perturbadores. É um salto no desconhecido, um enunciado do país das sombras, uma estadia fictícia entre os que, há muito tempo, nos inscreveram numa história por acontecer, a nossa, da qual constituímos, para nós mesmos, o ponto final muito provisório. A sequência mais próxima dessa saga é o roteiro primitivo de nossa concepção, no qual um desejo de viver se encarnou, aleatório, acidental. Todos sabem que poderiam não ter nascido. O não-nascido, esse duplo indizível, habitou Jack Kerouac. (…) Jack Kerouac nasce em 12 de março de 1922 em Lowell, pequena cidade de Massachusetts a 45 quilômetros ao norte de Boston, onde as indústrias têxteis e de calçados estão bem implantadas. (…) Em 12 de março, o inverno continental não terminou. O Merrimack arasta ainda alguns blocos de gelo e o céu é baixo, úmido e ventoso. (Trecho de Kerouac, série Biografias L&PM)
2012 será uma marca na história de Kerouac. Ele estaria completando 90 anos hoje, o filme baseado em seu mais famoso livro será lançado em breve e, provavelmente, uma nova geração de amantes de On the road se aproxima. Para completar, seu “Scroll” (o manuscrito original de On the road) ganhará novas exposições pelo mundo ao longo deste ano. Aliás, ouvimos falar que é possível que ela chegue de carona no Brasil… Por enquanto são só rumores soprando no vento (como diria Bob Dylan). Mas cruzem os dedos.
Jack Kerouac e seu manuscrito original, escrito em um rolo de telex de 36 metros que foi colocado direto na sua máquina de escrever