Arquivo mensais:julho 2012

Thomas Paine, o grande defensor do “Independence Day”

4 de julho é o grande feriado norte-americano. A data marca o dia em que a “Declaração da Independência dos Estados Unidos da América” foi ratificada no congresso, no ano de 1776, declarando a independência das Treze Colônias da América do Norte em relação ao Reino Unido. Ou seja: é o famoso Independence Day.

Um dos mais eloquentes defensores e signatários da declaração de Independência dos Estados Unidos foi Thomas Paine. Seus escritos tiveram um papel central na luta pela independência americana e na revolução democrática que varreu o mundo ocidental no final do século XVIII. Paine deu novos e modernos significados a palavras como “república”, “democracia” e “revolução”, enquanto estabeleceu uma visão da América como o abrigo da liberdade democrática. Um profundo crente na capacidade de influência política do povo, Paine foi o primeira grande panfleteiro a se dirigir para uma audiência maciça. Dois séculos depois, suas palavras ainda são notáveis pelo vigor, clareza e capacidade de inspirar.

Nos primeiros três meses da sua publicação, em 1776, o Senso comum, de sua autoria, tornou-se um fenômeno editorial com mais de 120 mil exemplares vendidos. Inicialmente concebida como uma série de artigos, esta obra é um dos mais famosos tratados políticos da Revolução Americana. Publicado de forma anônima, causou um estardalhaço junto ao público, pois conclamava a população das colônias americanas a se unirem contra a dominação britânica e assim dar início à Guerra da Independência dos Estados Unidos (1775-1783).

Já com Os direitos do homem, Paine se tornou um dos maiores intérpretes da Revolução Francesa. Neste texto, ele apresenta uma apaixonada defesa do Iluminismo e dos princípios de liberdade, igualdade e fraternidade que acreditava que varreriam o mundo em breve. As detalhadas propostas – expostas na obra – sobre como o governo poderia assistir os pobres inspiraram as gerações futuras.

Devido às suas posições radicalmente antimonárquicas, Paine foi condenado à prisão na Inglaterra, mas conseguiu fugir a tempo. Na França, recebeu a cidadania honorária e foi eleito membro da Convenção Nacional. Porém, sua posição contrária à execução de Luís XVI – argumentando que ele deveria ser mantido na prisão durante a guerra e depois exilado para os Estados Unidos – levou à sua expulsão da Convenção Nacional e posterior prisão, em 1793. Nessa época de grandes tensões, Paine passou a beber cada vez mais. Ainda preso, começou a escrever seu mais controverso trabalho, A idade da razão (1794-1796), no qual questiona a autoridade da Bíblia e profere uma defesa fervorosa do deísmo (afirmação da existência de Deus por meio da razão).

Libertado em 1794, publicou um ano depois Dissertação sobre os primeiros princípios do governo, panfleto no qual defende o sufrágio universal. A convite do presidente americano Thomas Jefferson, Paine retornou para os Estados Unidos em 1802. Porém, com uma série de inimigos detratando-o publicamente, foi se isolando aos poucos, até morrer em 8 de junho de 1809, aos 72 anos, em Nova York.

Juntos em um único volume lançado pela Coleção L&PM Pocket, Senso comum, Os direitos do homem e Dissertação sobre os primeiros princípios do governo revelam a força das palavras de Thomas Paine.

Florbela Espanca nos cinemas portugueses

Em março deste ano, estreou nos cinemas portugueses o filme “Florbela”, cujo nome já revela quem é seu personagem principal. Ela, a maior poeta portuguesa, Florbela Espanca. Com versos cheios de erotismo e intimidade, Florbela escandalizou a sociedade do início do século XX. E fez isso não só com sua poesia, mas também pela forma como viveu: com sucessivos casamentos e divórcios, sua maneira ousada de vestir e sua personalidade “forte”.

O filme é centrado numa Portugal atordoada pelo fim da I República, quando Florbela (vivida pela atriz Dalila Carmo) separa-se de forma violenta de António. Ela então apaixona-se por Mário Lage (Albano Jerónimo) e refugia-se num novo casamento para encontrar estabilidade e escrever, mas a vida de esposa na província não parece combinar com sua alma inquieta. Florbela não consegue escrever, nem amar. Ao receber uma carta do irmão Apeles, oficial da Aviação Naval e de licença em Lisboa, corre em busca de inspiração perto da elite literária que fervilha na capital. Na cumplicidade do irmão aviador, a escritora procura um sopro em cada esquina: amantes, revoltas populares, festas de foxtrot… O marido tenta resgatá-la para o que considera a “normalidade”, mas como dar norte a quem tem sede de infinito? Entre a realidade e o sonho, os poemas surgem quando o tempo pára. Nesse imaginário febril de Florbela, neva dentro de casa, esvoaçam folhas na sala, panteras ganham vida e apenas os seus poemas a mantém sã. Por isso, Florbela tem que escrever…

A Coleção L&PM Pocket publica a obra completa de Florbela Espanca em dois volumes.

O pequeno Kafka

Nascido em 3 de julho de 1883, Franz Kafka não foi um menino muito diferente dos outros. Filho da burguesia, sempre sob o cuidado de empregadas, ele é descrito como pacato, estudioso, com boas notas. Mais tarde, no entanto, ele revelaria que tinha verdadeiro pavor de ir à escola. Do garoto obediente, brotou um escritor excepcional, mas ao mesmo tempo atormentado. Noivo hesitante e sedutor impenitente, esportista talentoso, hipocondríaco e vegetariano, judeu descrente e entusiasta da cultura iídiche e do impulso sionista, fiel a sólidas amizades, apaixonado pela vida e assombrado pela morte, Kafka sempre foi um mistério para si e para os outros.

Em homenagem ao pequeno Kafka – e para lembrar a infância de muitos de nós -, aqui vai um presente para os fãs da literatura kafkaniana, um “Paper Doll” para você recortar e, quem sabe, brincar com ele.  É só clicar nas imagens para ampliá-las.

 

De Franz Kafka, a Coleção L&PM Pocket publica A metamorfose/O veredictoO processo, Cartas ao pai e Um artista da fome. Kafka também é um dos livros da Série Biografias L&PM.

Rousseau descansa no Panthéon

No dia 2 de julho de 1778, Jean-Jacques Rousseau acordou indisposto. E o que parecia ser apenas um mal estar, acabou o levando à morte às 11 horas da manhã daquele dia. Sepultado dois dias depois na Ile des Peupliers, no coração do parque de Ermenonville. Em 1794, suas cinzas foram transferidas para o Panthéon, onde estão até hoje. Um dos mais profundos pensadores da história moderna, Rousseau foi a figura central do iluminismo. Ao morrer, deixou o que é considerado um “grande testamento inacabado” de suas ideias, publicado postumamente em 1782: Os devaneios do caminhante solitário (Coleção L&PM Pocket).

Rousseau pintado por Allan Ramsay

 A imagem acima é uma das que estão no livro Rousseau, Série Encyclopaedia, livro em que Robert Wokler mostra como sua  filosofia, suas teorias sobre música e política, sua ficção, seus escritos sobre religião, educação e botânica foram todos inspirados por ideais revolucionários, sob uma premissa de irrestrita liberdade pessoal.

Filosofia para todos!

Uma breve história da filosofia é um “manual da existência humana”. Assim Sarah Bakewell, filósofa e escritora, autora do sucesso internacional Como Viver – uma biografia de Montaigne definiu este grande livro, e acrescentou: “poucas vezes a filosofia pareceu tão lúcida, tão importante, tão válida e tão fácil de nela se aventurar. É um livro maravilhoso para introduzir na filosofia aqueles que já se sentiram curiosos em relação a quase tudo”.

Esta é a grande sacada do livro de Nigel Warburton. Ele identifica a filosofia como a primeira e mais importante de todas as ciências, pois ela tenta ensinar a pensar. Sendo assim não pode ser algo só para “eleitos”, “mega-letrados”. Não. A filosofia, sendo o princípio de tudo, tem que ser compreendida por todos.

A angústia e a euforia de viver, a existência e o sentido da vida. A relação entre as pessoas e a relação das pessoas com o mundo. Felicidade e tristeza. Amor e ódio. Tudo é filosofia. E para compreender tudo isto é preciso pensar. Uma breve história da filosofia não faz este milagre. Mas seguramente mostra o caminho. E além de maravilhosamente esclarecedor, este livro acrescenta um ingrediente irresistível: o prazer de ler.

“Uma andorinha só não faz verão”. Provavelmente  você deve pensar que essa frase é de William Shakespeare ou de algum outro grande poeta. Até poderia ser. Mas na verdade ela é de  um livro de Aristótoles chamado Ética a Nicômaco, que recebeu esse título por ser dedicado ao seu filho, Nicômaco. Aristóteles queria dizer que, para provar que o verão começou, é preciso mais de uma andorinha ou mais de um dia quente. Do mesmo modo, pequenos prazeres não representam a verdadeira felicidade. Para ele, a felicidade não passava de alegria momentânea.” (trecho inicial do capítulo “A verdadeira felicidade” sobre Aristóteles)