31 de outubro é Dia de Halloween. Uma data que foi ganhando força fora dos EUA e hoje inspira festas à fantasia no Brasil e leva nossas crianças a baterem nas portas vizinhas em busca de “Doces ou travessuras”. Em 2003, com o objetivo de resgatar figuras do folclore brasileiro em contraposição ao Dia das Bruxas gringo, um projeto de lei federal criou o “Dia do Saci”. A única questão é que, como mostra A.S. Franchini em seu livro “As 100 melhores lendas do folclore brasileiro”, o Saci também é repleto de elementos importados. Moral da história: talvez seja melhor não entrar em disputa. Dia das Bruxas ou Dia do Saci, hoje é dia de se divertir.
O Saci é um moleque de uma perna só – muito raramente apresentado com duas – e aparece geralmente nu, portando apenas uma carapuça vermelha na cabeça. (A carapuça mágica é um elemento importado de seus protótipos europeus – os anões e duendes também possuem gorros encantados, capazes de operar prodígios –, embora alguns nacionalistas inveterados queiram ver na carapuça uma mera adaptação da cabeleira vermelha do curupira, sem atentar para o fato de que também o nosso moleque dos pés invertidos está repleto de traços alienígenas.) Além de tornar o Saci invisível, a carapuça, uma vez arrancada de sua cabeça, tem o dom de premiar o ladrão com pedidos mágicos. O Saci é personagem traquinas por excelência: além de extraviar viajantes e de promover toda sorte de bagunças no lar, gosta muito também de montar em cavalos e promover disparadas noturnas, fazendo uma maçaroca nas crinas dos bichos. Fuma feito um condenado e perde as estribeiras com todo viajante que se recusa a reabastecer o seu cachimbo. Anda invariavelmente no interior de um redemoinho e pode ser apanhado se o caçador de sacis atirar, bem no meio, uma peneira invertida, trançada em forma de cruz, ou um terço ou um rosário de capim. Alguns também o apresentam com as mãos furadas, outro detalhe importado, retirado do seu protótipo português, o Fradinho da Mão Furada, primo irmão da Pisadeira e de outras entidades maléficas do pesadelo. (Texto retirado do livro “As 100 melhores lendas do folclore brasileiro“)
Tanto o maravilhoso livro “Paris: biografia de uma cidade” de Colin Jones (L&PM, 2004), como “Paris: uma história”, da Série Encyclopaedia (Coleção L&PM Pocket) de Yvan Combeau, apontam as origens da cidade de Paris para mais de três séculos A.C. quando a tribo celta Parisii estabeleceu-se nas margens do Sena, próximo ao que hoje conhecemos com Ilê de la Cité. Onde, aliás, está a Polícia Judiciária, local de trabalho do nosso querido Comissário Maigret. Passou a ser Lutécia, quando o imperador romano Julio César derrotou o gaulês Vercintorix. O nome Paris foi consagrado no século III, sob o Império Romano. Em 451, sofreu o assédio dos bárbaros, chefiados por Átila, que desorganizou a geopolítica da Europa. Recuperou-se, seguiu sendo uma cidade romana, até que, em 481, Clóvis I assumiu o poder, depois de derrotar o último exército romano. De lá para cá, Paris criou uma mitologia apoiada numa longa e fascinante história. E entre centenas de odisseias, foi palco da Revolução Francesa de 1789. A revolução que mudou o mundo. A partir dela, o ocidente começou a sair das sombras do autoritarismo, do feudalismo e sob as divisas generosas de “liberdade, igualdade e fraternidade” contaminou os continentes com seu humanismo radical. Max Gallo, consagrado escritor e historiador francês escreveu o belo “Revolução Francesa” dividido em dois volumes (“O povo e o rei” e “ Às armas cidadãos!”). Lançado na França em 2006, este livro obteve enorme êxito de público, atingindo o topo das listas dos best-sellers, pois pela primeira vez a história da “Revolução” foi contada com agilidade de uma reportagem e a emoção de um romance. Em setembro, a L&PM lançou a versão pocket deste extraordinário trabalho de Max Gallo.
Sempre teremos Paris – 2
A mitologia que envolve a cidade vem sendo cuidadosamente aquecida através dos séculos. Nem Henrique IV, protestante, ao assumir o trono de Paris, em 1593, resistiu aos encantos da cidade. Constrangido por motivos políticos em converter-se ao catolicismo, disse a célebre frase: “Paris vaut bien une messe” (Paris vale uma missa). Modernamente, a cidade foi beneficiada por duas leis fundamentais para sua imortalidade. A primeira fez 50 anos, a Lei Malraux de1962 que regula a conservação definitiva dos prédios antigos históricos ou não, fixando vantagens fiscais para a sua restauração. A segunda lei, de 1968, também de André Malraux, no tempo em que foi ministro de De Gaule, prioriza o pagamento do imposto de transmissão de herança – no caso de espólios de grandes artistas ou colecionadores – em obras de arte cedidas em uso fruto ao governo e aos “Museus Franceses”. Graças a esta lei é que existe o Museu Picasso, com centenas de obras do mestre e milhares de doações de telas dos maiores pintores da história para os grandes museus da França. Nesta mesma linha, de cultuar e preservar o seu passado, é uma tradição da cidade registrar com placas nas ruas o endereço de grandes homens ou de grandes feitos, assim como homenagear os seus heróis que “caíram em defesa da França” durante a segunda Grande Guerra. Veja abaixo alguns exemplos, como o prédio em que Picasso pintou Guernica, uma das obras de arte mais célebres de todos os tempos e que por coincidência serviu também de cenário para uma das obras mais famosas de Balzac, publicadas na Coleção 64 Páginas”: “A obra-prima ignorada”.
Sempre teremos Paris – 3
Uma cidade como Paris, com uma história conhecida há bem mais de 2 mil anos, tem muitas e muitas tradições, lendas e superstições que vão nascendo e se realimentando através do tempo. Há uma (que já registramos neste blog) que é muito recente, não tem 10 anos. A tela de arame que serve de murada na Pont des Arts (uma das pontes sobre o rio Sena, só para pedestres) está abarrotada de cadeados como você pode ver na foto abaixo. A outra foto é da década de 90, que mostra como era a ponte antes. Sabe-se lá de onde veio, mas esta é uma das (poucas) fórmulas do amor eterno; você compra um cadeado, escreve o seu nome e o do seu amor (de preferência dentro de um coração), fecha este cadeado na tela da Pont des Arts em Paris, joga a chave no Sena e… pronto. Este amor será para sempre.
A Pont des Arts hoje, repleta de cadeados
A Pont des Arts no início dos anos 90. À esquerda, Ivan Pinheiro Machado. No centro, Laís Pinheiro Machado. À direita, Eduardo Bueno
Sempre teremos Paris – 4
Talvez o dia 25 de agosto de 1944 seja a segunda maior data da França. Foi neste dia que as brigadas irregulares, as forças da Resistência Francesa, a guarnição França Livre mais as Forças Francesas do Interior, apoiadas pela 4ª. Divisão de Infantaria do Exército dos Estados Unidos, entraram definitivamente em Paris para expulsar as forças nazistas que ainda lá se mantinham. Há muitas histórias que cercam este dia mágico. Uma das mais saborosas está contada no livro de Dan Frank “Minuit – Les aventuriers de l’art moderne (1940-1944)” e revela bem o clima daquele dia. Algumas tropas de combatentes não alinhados tinham se antecipado aos exércitos regulares que invadiram Paris. O escritor Ernest Hemingway e o também escritor André Malraux eram veteranos da Guerra Civil Espanhola, onde tinham lutado nas brigadas internacionais ao lado dos republicanos contra o ditador fascista, o generalíssimo Francisco Franco. Ambos estiveram presentes na tomada de Paris. Esta é a história que encerra o livro:
“Malraux e seus “maquis” encontram Hemingway e seu grupo de “resistentes” armados no dia da libertação. Eles estão bebendo no bar do Hotel Ritz depois de expulsarem os últimos alemães, requisitarem suítes e colocar os “guerrilheiros” para descansar. Neste mesmo momento, o General De Gaule, as forças da França Livre mais os americanos recém cruzavam as fronteiras da cidade. Ambos estão bêbados. Malraux vê Hemingway e exclama:
– Ernest!
Eles não se vêem desde a Guerra da Espanha. – De onde você vem? – De longe. Strasburgo… E você? – Eu estava em Rambouillet – responde Hemingway. – Você está só? – Não, eu tenho uma pequena tropa. E mostra três “maquis” que dormem nos sofás do bar.
Malraux sorri e pergunta: – Quantos homens você comandou nesta guerra?
Hemingway pensa, faz um pequeno cálculo e diz: – Às vezes dez, às vezes duzentos. E você? – Eu? O coronel pensa e diz – dois mil homens. – Pena que não nos encontramos antes, replica Hemingway, se levantando.
Ele boceja, se espreguiça e se volta para o chefe da legendária brigada Alsacia-Lorena: – Se você estivesse conosco teríamos tomado esta cidadezinha há muito tempo… – Que cidadezinha? Pergunta Malraux. – Paris!
Nem parece, mas a Mônica vai fazer 50 anos em 2013! E para comemorar, Mauricio de Sousa já avisou que está preparando várias novidades para o ano que vem. Por enquanto, é tudo surpresa. Só sabemos que os selos comemorativos do aniversário da baixinha-dentuça mais querida do Brasil estão lindos!
Um dos primeiros livros no qual trabalhei quando comecei aqui na L&PM foi Os cães ladram: pessoas públicas e lugares privados, de Truman Capote. Já tinha lido – e ficado muito impressionada – com A sangue frio, edição que comprei num supermercado em Montevidéu, em alguma das muitas férias de verão que passei por lá. Confesso que já tinha ouvido falar muito de Truman Capote, especialmente desse clássico da não ficção e de Bonequinha de luxo, mas nunca tinha lido seus outros textos.
Os cães ladram traz justamente uma seleção de textos curtos escritos entre as décadas de 40 e 70. A riqueza da obra reside no fato de possibilitar múltiplas leituras: há um tanto de material biográfico, alguns exercícios de estilo, tudo regado com muito humor, sarcasmo e tendo como alicerce a força do relato jornalístico. E foi aí que o livro me conquistou. Para Capote, o jornalismo, assim como a câmera, não pode ser totalmente puro, “pois afinal a arte não é água destilada: impressões pessoais, preconceitos e a seletividade subjetiva comprometem a pureza da verdade cristalina”.
O jornalismo, na sua leitura, existia para ser subvertido. No prefácio, ao falar sobre a construção do perfil de Marlon Brando, um dos grandes textos do livro, nos conta: “Minha alegação era que a reportagem poderia ser uma forma de arte tão elaborada e excitante quanto qualquer outra modalidade da prosa – ensaio, conto, novela – uma teoria que poucos defendiam em 1956, ano em que o texto foi impresso, em oposição a hoje, quando sua aceitação tornou-se até algo exagerada.” É ainda no prefácio que ficamos sabendo de onde veio a inspiração para o título inusitado do livro, entre outras revelações.
Mas vamos a Os cães. A obra pode ser dividida em três partes. Na primeira, Capote faz uma viagem memorialística à infância, passando pelo primeiro estágio na New Yorker, relembrando o primeiro livro (Summer Crossing) e resgatando algumas viagens e lugares pitorescos, estes últimos reunidos sob o título de “Cor local”. Na segunda parte, aparece “As musas são ouvidas”, um dos textos que ele mais apreciou escrever. O volume termina com “Observações”, que reúne célebres perfis de, entre outros, Louis Armstrong, Humphrey Bogart e Marilyn Monroe, além de um corrosivo autorretrato: “Você é cruel?”, pergunta Truman Capote para ele mesmo. “Ocasionalmente. Nas conversas. Vamos dizer o seguinte: eu preferiria ser meu amigo do que meu inimigo.”
Para conhecer um pouco mais sobre o autor, recomendo os dois filmes que foram feitos sobre o processo de criação de A sangue frio, ambos com interpretações soberbas: Capote, de 2005, protagonizado por Philip Seymour Hoffman (que, inclusive, ganhou o Oscar por sua interpretação), e Confidencial (Infamous), de 2006, protagonizado por Toby Jones. Um dos poucos casos no qual é difícil escolher o melhor. Ambos trazem, com um olhar singular, esse Capote que está explícito nas entrelinhas de Os cães ladram.
* Toda semana, a Série “Relembrando um grande livro” traz um texto assinado em que grandes livros são (re)lembrados. Livros imperdíveis e inesquecíveis.
Desde o dia 19 de outubro está acontecendo em São Paulo a 36ª Mostra Internacional de Cinema. E até 2 de novembro dá para aproveitar a grande programação que ao todo vai exibir cerca de 350 títulos de mais de 60 países em 28 espaços entre salas de cinema, museus e instituições culturais espalhados pela capital paulista.
E tem até sessão ao ar livre! No último dia da mostra, 2 de novembro, sexta-feira, às 20h, será realizada a exibição de Nosferatu, de F.W. Murnau, no Parque do Ibirapuera, acompanhado da Orquestra Petrobras Sinfônica e Coral, com regência do Maestro alemão Pierre Oser, que compôs a partitura do filme, em comemoração aos 100 anos de morte de Bram Stoker, autor de Drácula.
Quando minha filha Clara ainda era um toquinho de gente, com menos de 3 anos, ganhou dos avós o livro “M de Monet”. Foi amor à primeira imagem. Ela sentava no colo do avô e ficava literalmente impressionada com a ponte, com o lago, com as pequenas flores das Ninfeias. Daí pra frente, todos os livros para criança com Monet que meus pais encontravam, no Brasil ou em viagens no exterior, traziam para ela. Perdi as contas de quantas vezes a pequena Clara assistiu ao DVD “Lineia no jardim de Monet”.
Mês passado, estivemos em São Paulo e, como não poderia deixar de ser fomos na exposição “Impressionismo: Paris e a Modernidade”. São 85 obras vindas direto do Museu d’Orsay, de Paris. Bem montada, bem organizada, bem iluminada, a mostra é imperdível.
Mas o melhor de tudo foi presenciar o deslumbramento da minha filha, agora com 11 anos, diante da verdadeira ponte pintada por Monet. A real, a pincelada por ele, pelo mestre. “Uau” foi o que ela conseguiu dizer. E ficou ali, diante de “O lago da Ninfeias – Harmonia verde” por uns bons minutos, emocionada, fundindo seu olhar com o conjunto de manchas esverdeadas.
"O lago das Ninfeias - Harmonia Verde", de Claude Monet, está no Rio de Janeiro
Agora, depois de sair de São Paulo, a exposição chegou ao CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) do Rio de Janeiro, na minha opinião um espaço até melhor do que o paulista, pois é mais amplo, mais horizontal. Logo nos primeiros dias, as filas já foram enormes e, assim como em SP, no final de semana de estreia da mostra aconteceu a chamada virada impressionista, com a exposição gratuita aberta ininterruptamente das 9h de sábado (27) às 21h de domingo (28). Além de Monet, Cézanne, Manet, Gauguin, Renoir e Van Gogh são alguns dos pintores que sobem pelas paredes.
“Impressionismo: Paris e a Modernidade” fica no Rio até 13 de janeiro. Vale muito a pena conferir. Você vai ter a impressão de que para ir do Brasil até Paris basta atravessar uma ponte. (Paula Taitelbaum)
Li o novo livro da Martha Medeiros, Um lugar na janela – relatos de viagem, e depois fui conversar com ela. Então, a Martha, modesta como é, disse, com intenção de se menoscabar, que o texto do livro às vezes parece-lhe ter sido escrito por uma menina de 13 anos de idade. Dei um tapa na testa. Mas é isso mesmo! O livro é tão genuíno, tão puro, que dá a impressão de ser obra de uma menina. E é justamente por isso que “Um lugar na janela” é encantador. Esta é, precisamente, a palavra: encantador. Trata-se de um livro sem dissimulações, como todas as pessoas deveriam ser. Martha não esconde o seu deslumbramento com os lugares que visita e, assim, deslumbra o leitor. Mais do que isso: faz com que o leitor se sinta jovem, talvez com 13 anos. Uma bela idade para se ter.
* Esta dica de leitura de David Coimbra foi publicada originalmente em sua coluna dominical “O Código David”, do Jornal Zero Hora, em 28 de outubro de 2012.
Martha Medeiros autografa Um lugar na janelana Feira do Livro de Porto Alegre no dia 10 de novembro às 16h. Em 29 de novembro, a autora estará lançando seu novo livro no Rio de Janeiro e no dia 01 de dezembro em São Paulo.
Os e-books da L&PM estão à venda na iBookStore, a loja de livros da Apple. Na seção “Livros que viraram filme”, por exemplo, é possível comprar On the road, que foi adaptado pra telona por Walter Salles, e O grande Gatsby, cuja adaptação chega aos cinemas em dezembro, e vários livros de Sherlock Holmes, o detetives que ganhou inúmeras versões na tela grande.
Você pode acessar a iBookStore no computador pelo iTunes e no iPad ou iPhone no aplicativo iBooks. Já são mais de 100 títulos disponíveis, ao alcance de um clique.
A Revista Glamour, da Editora Globo, publicou esta semana em seu site uma entrevista exclusiva com Mara Altman, autora de Esse tal de orgasmo que a L&PM lançará no início de novembro. Confira aqui essa entrevista que fala sobre uma jovem mulher em busca do prazer.
Escritora faz jornada em busca do orgasmo e ensina como chegar lá!
Depois de várias experiências exóticas, Mara Altman escreveu um livro contando o caminho do orgasmo. Conversamos com ela antes! Veja essas boas dicas
Lembre-se que seus dedos são seu harém e sua vagina é a rainha (Foto: Getty Images)
A norte-americana Mara Altman perdeu a virgindade aos 17 anos. Dois namoros e muitas transas depois, aos 26, descobriu que simplesmente nunca tinha atingido o orgasmo. O que ela fez? Foi atrás da solução. Consultou psiquiatras, sexólogos, gurus, visitou clubes de sadomasoquismo, congressos de sexualidade e até um acampamento de masturbação coletiva! Ainda bem que existem mulheres como ela que descobrem esses segredinhos pra gente. Prestes a lançar o livro Esse tal de orgasmo, no Brasil dia 7 de novembro, conversamos com ela – afinal, sabemos que não é só ela que passa por isso – e já adiantamos aqui algumas dicas bem boas.
Como você percebeu que nunca tinha chegado ao orgasmo?
Eu me dei conta que nunca tinha sentido essa erupção incrível que minhas amigas descreviam. Sexo não era divertido para mim e senti que tinha que ser mais prazeroso. OK, consegui chegar lá, mas também acho que o sexo pode ser maravilhoso sem ele, o ponto é que precisava dessa jornada de experiências e especialistas para me sentir confortável com meu próprio corpo e começar a sentir mais prazer.
O que você descobriu de curioso além da sensação plena de prazer?
Descobri que existem diferentes tipos de orgasmo. Eles podem ser como pequenos choques ou como uma grande onda de prazer, mas que eles não precisam vir de um jeito avassalador sempre para ser surpreendente. Tem mulheres que precisam achar um jeito que a estimule para sentir esse prazer, conheci uma, por exemplo, que só chegava lá se durante o sexo estivesse segurando em alguma barra.
De tudo o que você ouviu, o que foi mais difícil de colocar em prática?
Eu acho que a coisa mais difícil foi ter compaixão por mim e onde eu estava na minha sexualidade. Acho que é da natureza das pessoas serem críticas com elas mesmas, mas essa atitude é uma antítese para se obter o prazer. Então, o mais difícil foi me deixar levar.
Adiante alguns dos conselhos que ouviu dos profissionais e estão em seu livro? Quem me deu o conselho mais útil foi a Zola, uma professora de tantra. Ela disse: “Seja a amante de seu próprio prazer”. É uma maneira sexy de dizer, brinque com você mesma e faça muito isso. Brinque com seu corpo todos os dias. Acenda velas, tome um banho, compre um novo brinquedinho, lembre-se que seus dedos são seu harém e sua vagina a rainha. Quando você se conhece não fica esperando que alguém tenha uma chave mágica e te desperte sensações. Você será capaz de dizer ao seu parceiro o que mais gosta.
Serviço Esse tal de orgasmo L&PM Editores
352 páginas
R$ 39
A L&PM foi fundada em 1974. O Lima e eu tínhamos pouco mais de 20 anos. Uns guris, como se diz cá nos pampas. De lá até o final dos anos 1990, tínhamos enfrentado uma ditadura truculenta, cinco moedas diferentes (Cruzeiro, Cruzeiro Novo, Cruzado, Cruzado Novo, Real…) e uma inflação que chegou a 80% no mês de transição do governo Sarney para o governo Collor em 1990. Em 1995 veio o Plano Real. Se por um lado foi o fim da inflação alucinante, por outro lado, nos empurrou para uma forte recessão e juros altíssimos. Por estas e por outras, a L&PM sentiu o golpe e teve que encolher para se adaptar a uma situação econômica complicada, já que não tínhamos sócios multinacionais… Foi aí que fizemos o projeto “livro de bolso”. Na época, era voz corrente que “livro de bolso não funcionava no Brasil”. E de fato, todas as tentativas até então tinham fracassado. Não dava pra entender – em todos os lugares do mundo o “pocket” significava quase metade do faturamento das editoras… Foi aí que decidimos concentrar nossas energias para enfrentar este “dogma” do mercado e criar uma grande coleção de livros de bolso. Uma coleção que fosse a cara da L&PM que já tinha, na época, mais de 2 mil títulos publicados. Isso foi há 15 anos. Como diria o presidente “empichado” Fernando Collor, “tínhamos só um tiro para dar”. No caso dele era contra a inflação, e ele errou. No nosso, era dar certo e prosseguir a L&PM ou dar errado e mudar de ramo… Pois bem. Graças a uma equipe fantástica, a L&PM emergiu de grandes dificuldades para implantar no Brasil uma nova cultura editorial, democratizar o acesso ao livro e criar a maior coleção de livros de bolso do Brasil, hoje com mais de 1.200 títulos. E quem ganhou foi o leitor, porque imediatamente outras editoras foram obrigadas a fazer livros mais econômicos. Inclusive editoras que se caracterizam por cobrar altos preços pelos seus livros, como a Cia. das Letras, foi obrigada a se curvar e, para não perder mercado, muitos anos depois, precisou imitar os passos da L&PM Pocket criando uma coleção de bolso…
Uma coleção viabilizada pelo leitor
Foi um longo caminho até aqui. Nós temos a consciência de que o único responsável pelo êxito do projeto é o Leitor. Com “L” maiúsculo mesmo. Ele entendeu – muito antes da grande imprensa que sempre gostou de cortejar as grandes editoras – que era possível comprar livros de grande qualidade por muito menos da metade do preço de um livro convencional. E livros feitos no mesmo papel, no mesmo acabamento. Grandes livros de autores nacionais e, no caso de livros de autores estrangeiros, traduzidos pelos melhores profissionais disponíveis no mercado. Nosso projeto editorial inclui uma escolha eclética que atinge todo o público; dos mangás japoneses aos clássicos, passando por literatura moderna brasileira e internacional, teatro, gastronomia, comportamento, biografias, reportagem, história, psicologia (a coleção começou a publicar a obra completa de Freud, pela primeira vez traduzida direto do alemão) quadrinhos em geral, comportamento, filosofia, humor etc. A grande inovação – que o leitor entendeu imediatamente, repito – foi que a coleção L&PM Pocket não tem aquele aspecto “caça-níquel”, em que o livro é jogado no formato bolso depois de ter “dado o que tinha que dar” em várias versões e formatos. Livros extremamente importantes são lançados diretamente na nossa coleção, como a obra de Freud, Jack Kerouac, Bukowski, Jane Austen, Agatha Christie, Simenon, Shakespeare, Kafka, Woody Allen e muitos outros grandes autores. Há uma qualificada equipe que atua na concepção editorial, logística e vendas, pensando 24 horas por dia exclusivamente na Coleção L&PM Pocket. Profissionais de alto nível que conseguem colocar os pockets da L&PM nos locais mais distantes deste imenso país. Das fronteiras dos pampas às praias do nordeste, da Avenida Paulista ao Mercado Ver-o-Peso em Belém do Pará; enfim, no mais profundo interior de Minas Gerais, em Rio Branco no Acre, Salvador, Aracaju, Canoa Quebrada no Ceará, Teresina, São Luiz, Manaus, Curitiba, Goiânia, do Oiapoque ao Chuí você sempre vai encontrar um display da coleção L&PM Pocket. E nós só temos um agradecimento a fazer: é a você , leitor, que dá sentido e viabiliza o nosso trabalho. (Ivan Pinheiro Machado)
Clique sobre a imagem e assista a um vídeo que conta a história da Coleção L&PM Pocket