Arquivo mensais:novembro 2012

“Desembarcando o Alzheimer” entre os mais vendidos na Livraria da Folha

Desembarcando o Alzheimer é um livro que não pode faltar na cabeceira daqueles que convivem ou cuidam de pessoas que sofrem com esta doença. Em quinto lugar entre os mais vendidos da Livraria da Folha na categoria Saúde, este guia foi escrito a quatro mãos pelos Doutores Ana Hartmann e Fernando Lucchese. O livro traz tudo que é preciso saber sobre a doença, sobre o paciente e sobre como familiares e cuidadores podem melhorar a vida dos doentes. No final, ainda oferece respostas às perguntas frequentes. Veja abaixo algumas dessas dúvidas que Desembarcando o Alzheimer ajuda a esclarecer:

Cozinhar com panelas de alumínio causa Alzheimer?
Na realidade, nos anos 60 e 70 surgiu a hipóteses de que alumínio poderia causar Alzheimer, estivesse ele em panelas, bebidas, antiácidos ou antiperspirantes. Estudos posteriores demonstraram não haver ligação entre o alumínio e o Alzheimer.

Há tratamentos disponíveis para estancar a progressão da Doença de Alzheimer?
Até o momento, não há tratamento para cura, retardamento ou parada da Doença de Alzheimer. O que se tem são medicamentos que temporariamente retardam o aparecimento dos sintomas por cerca de 6 a 12 meses, em média, mas somente para alguns pacientes.

Quanto tempo dura a doença?
As séries históricas têm demonstrado que a doença tem duração de dois a 20 anos. Trata-se, no entanto, de uma doença fatal, pois é incurável. As variações individuais se devem à idade por ocasião do diagnóstico, à presença ou ausência de outras enfermidades concomitantes, à severidade da própria doença, que é variável de paciente para paciente, e aos cuidados que o paciente recebe.

Escritos do chinês Nobel da Paz chegam ao Brasil

O Estado de S. Paulo – 17/11/2012 – Por Maria Fernanda Rodrigues

Prêmio Nobel da Paz de 2010, intelectual e prisioneiro do governo chinês desde 2009 por “incitação à desmoralização do poder do Estado”, Liu Xiaobo terá seus escritos publicados pela primeira vez no País pela L&PM. Não Tenho Inimigos, Desconheço o Ódio chega às livrarias em dezembro reunindo poemas e textos selecionados por sua mulher para a editora alemã S. Fischer – inclusive o discurso proferido em seu julgamento e lido pela atriz Liv Ullmann em Oslo, na entrega do Nobel. A tradução ficou a cargo de Petê Rissatti. O lançamento é oportuno, já que esta semana a China trocou seus comandantes. Na época da premiação, o país chegou a comentar que a decisão por seu nome era propaganda do Ocidente para desestabilizar o partido comunista. Este ano, outro chinês, Mo Yan, ganhou o Nobel, o de literatura, e desta vez houve festa oficial. Em recente entrevista, Mo disse ter esperanças de que o conterrâneo seja solto – ele cumpre pena de 11 anos. Os brasileiros terão de esperar um pouco mais para conhecer a obra de Mo Yan. A Cosac Naify já garantiu os direitos de Change e prevê a publicação para algum momento de 2013. Por ora, seis tradutores estão sendo testados.

Em entrevista à Folha, Ferlinghetti fala de “Amor nos tempos de fúria”

A capa do Caderno Ilustrada da Folha de S. Paulo de sábado, 17 de novembro, é estampada com uma grande foto de Lawrence Ferlinghetti, escritor que fundou a livraria e editora City Lights de São Francisco (EUA), célebre por lançar os expoentes da geração beat. Em uma bela matéria, o jornalista Cassiano Elek Machado conta porque Ferlinghetti continua sendo, aos 93 anos, um dos grandes nomes da contracultura. Na entrevista exclusiva, Ferlinghetti fala da sua vida e obra, com especial destaque para o livro Amor nos tempos de fúria, romance inédito no Brasil que a L&PM lança em dezembro. 

QUANTO MAIS RADICAL MELHOR

“Precisamos lutar pelo futuro”, diz o poeta da contracultura Lawrence Ferlinghetti

Por Cassiano Elek Machado
De São Paulo

Lawrence Ferlinghetti era capitão de fragata na Segunda Guerra Mundial. Recorda-se bem do vento gelado que sacudia seu barco quando, com um quepe duas vezes maior do que sua cabeça, cruzou o Canal da Mancha em 6 de junho de 1944, o Dia D.

Ferlinghetti chegou de trem a Nagasaki, seis semanas depois do estouro do grande cogumelo atômico. Encontrou lá um interminável campo de palha que parecia ter sido queimado por maçaricos gigantes.

Ferlinghetti esteve preso na cadeia municipal de São Francisco em 1957, quando sua recém-fundada editora, City Lights Books, publicou o “subversivo” volume de poesia “Uivo”, de Allen Ginsberg, dando ignição para a Geração Beat. Ele esteve com Fidel Castro em Havana, em 1959; em Paris em 1968; em Woodstock em 1969; com os sandinistas na Nicarágua e com os zapatistas no México.

Lawrence Ferlinghetti está ao telefone em sua casa, em San Francisco (EUA), e não quer falar do passado. “Precisamos lutar pelo futuro. Ou respiramos e agimos agora ou acabaremos com tudo.”

Aos 93 anos, o poeta norte-americano acaba de publicar um volume de poesia com este mote, o livro “Time of Useful Consciousness” (New Directions), lançado há 20 dias nos Estados Unidos.

Sua vasta e contundente obra, que lhe rendeu prateleiras de prêmios, também ganha espaço no Brasil. A editora L&PM, que já havia lançado a principal obra poética de Ferlinghetti, “Um Parque de Diversões da Cabeça” (“A Coney Island of the Mind”, 1958), publica na próxima quinzena um dos raros livros de prosa do autor.

O breve romance “Amor nos Tempos de Fúria”, de 1988, narra uma inflamável história de amor entre uma artista e um banqueiro, ambientado na Paris de 1968.

Em entrevista à Folha, Ferlinghetti falou sobre esta obra, comentou seu novo trabalho poético e conclamou os leitores a lutarem por questões sociais: “Não fique aí sentado, seu estúpido!”.

Folha – O seu livro “Amor nos Tempos de Fúria” é dedicado a Fernando Pessoa. Você o fez para homenagear sua mãe, que era de origem portuguesa?
Lawrence Ferlinghetti – A família de minha mãe era mesmo portuguesa, eram sefarditas de uma cidade chamada Monsanto, em Portugal. Mas não cheguei a ter contato com este passado. O livro não homenageia a minha mãe, mas sim a Pessoa. Eu me inspirei no texto dele “O Banqueiro Anarquista”. Peguei deste texto toda a ideia central para meu livro.

O sr. se identifica com as ideias do “banqueiro”, que tem o sobrenome Mendes, assim como sua família?
É curioso, mas o termo anarquismo é usado hoje na imprensa americana como sinônimo de terrorismo. É uma completa ignorância à respeito da tradição anarquista.
Nos anos 50 todos éramos anarquistas. Mas nos anos 50 a população mundial era a metade da atual. Quando havia menos gente era possível ser um deles. Mas quando a população dobra algum nível de planificação da economia mundial se faz necessário.
Hoje eu me descreveria como socialista humanitário.

O sr. já disse que normalmente as pessoas costumam ficar mais conservadoras quando envelhecem e que com o sr. foi o oposto. Por que o sr. acredita que esteja ficando cada vez mais radical?
A pressão do tempo é que dita isso. Tempos radicais pedem respostas radicais. O mundo está num péssimo estado. Lembro que tive uma conversa com Günther Grass em 1975. Ele disse que acreditava que, no final do século 21, as nações tal como as conhecemos não existiriam mais e o mundo estaria coberto de hordas étnicas lutando por comida e abrigo. É uma visão terrível do futuro, mas não é impossível diante do que vivemos. Precisamos lutar.

O sr. se considera um ativista?
Quando alguém escreve para valer é, em essência, um ativista. É importante agir. Não dá para ficar sentado em casa. Não fique sentado aí, seu estúpido, o mundo está em chamas (risos).

“Time of Useful Consciousness”, título de seu novo livro, é um termo aeronáutico que trata do tempo que alguém tem num avião entre o momento em que fica sem oxigênio e a morte. É uma metáfora para a situação do ser humano?
É exatamente isso. Chegamos a um ponto de inflexão em termos de ecologia. Os maiores estudiosos do clima estão discutindo atualmente se a raça humana vai sobreviver a este século. Ou respiramos e agimos agora ou acabaremos com tudo muito em breve.

O sr. é conhecido por sua poesia, não pela prosa, e em ambas usa linguagens experimentais. Por que no romance que está saindo aqui o sr. usou um estilo mais convencional?
Quando escrevi “Her” [1960], meu romance anterior, estava interessado em trabalhar o fluxo de consciência. Estava influenciado por obras inovadoras como “Nadja”, de André Breton. “Amor nos Tempos de Fúria” foi escrito num momento diferente. Eu tinha voltado a morar em Paris, eram os anos 1980 e o Centro Georges Pompidou tinha digitalizado todos os jornais de 1968. Li tudo e achei que deveria ambientar um romance neste momento.

O sr. disse que releu o livro para esta entrevista. Gostou do que leu?
Sim, embora eu prefira o estilo de “Her”. O deste é mesmo mais convencional. É quase uma reportagem desta época, com a graça de usar como protagonista o personagem de Fernando Pessoa.

Há um mês o sr. deu uma de “Banqueiro Anarquista” e recusou um prêmio de € 50 mil por razões ideológicas, não?
Recusei o prêmio do PEN Club da Hungria depois de descobrir que parte do dinheiro vinha do governo daquele país, que hoje é um dos mais autoritários da Europa e cujo primeiro-ministro andou homenageando um nazista. Foi difícil negar o prêmio, porque € 50 mil é mais do que eu ganhei com poesia durante toda a minha vida, mas não tive escolha.

Mas “A Coney Island of the Mind” é considerado o livro mais vendido de um poeta vivo americano. Já vendeu um milhão de cópias…
Deve ser, mas em nenhum ano ganhei mais do que US$ 10 mil de royalties.

O sr. ainda vai à livraria que fundou, a City Lights?
Costumo dar um pulo lá de vez em quando, mas me aposentei do trabalho mais ativo. Você sabe, tenho 93 anos. Coloquei um pessoal mais jovem para tocar o negócio. Prefiro me dedicar à pintura e à poesia. No livro novo junto as duas, já que na capa há uma pintura minha.

A capa mostra um relógio com dois ponteiros quase sobrepostos…
É o tempo que está acabando. É um livro um pouco sombrio, mas, no final do poema, depois de escrever sobre os terríveis prognósticos para o planeta, eu escrevo “Chega, chega”. Eu tento encontrar alguma esperança no futuro. Nas últimas páginas há esta grande virada. Não queria terminar com um tom de desespero. Por isso é que, no final do livro, eu cito Walt Whitman, o eterno otimista.

O sr. costuma ser chamado de “o último beat”, mas já li declarações suas dizendo que não gosta do epíteto.
Eu me associei aos beats mais por ter sido editor deles. Mas minha poética é diferente. Minha poesia foi influenciada por franceses como Apollinaire, Jacques Prévert e outros voltados para a cultura europeia. Os beats não iam por esta linha. Havia outra diferença. Sou heterossexual. Metade dos beats era gay.

Quais as principais diferenças em termos poéticos?
A poesia de Allen Ginsberg era baseada na ideia do “primeiro pensamento, melhor pensamento”, um conceito que ele pegou do budismo. Jack Kerouac acreditava nisso. Você escreve a primeira coisa que aparece na sua cabeça, sem censura. É um modo profundo e verdadeiro de conceber poesia. O que você escreve primeiro é muito frequentemente melhor do que o que consegue depois de burilar o texto. Mas isso é mais verdadeiro se você é Ginsberg, um gênio com a mente original. Mas se você ensina isso para centenas de estudantes de poesia, como Kerouac fez numa escola em Colorado, não vai funcionar. As pessoas têm mentes comuns e produzirão alqueires de poesia chata. Ele pregava que as pessoas deveriam escrever sobre a primeira coisa que vissem logo que acordassem. Isso pode ser lindo no olhar de Ginsberg, mas não funciona para todos. Imagine: “Acordei. Vi minha escova de dentes. Ela caiu no chão. Abaixei para pegá-la”, fim do poema (risos).

 Na mesma matéria, Cassiano Elek Machado conta sobre os novos livros da Série Beats que serão lançados pela L&PM. Clique aqui para ler. 

Teste: “Por que você não se casou… ainda”

Por que você não se casou… ainda é, como o próprio subtítulo indica “A conversa séria que você precisa para conseguir o relacionamento que merece”. O bom é que a autora, a roteirista de TV norteamericana Tracy McMillan, consegue colocar o máximo de bom humor nesse assunto que é a busca pela outra metade da sua laranja. Usando a própria vida como exemplo, Tracy acaba soando como a melhor amiga em uma conversa do tipo “caia na real”.

Você está em dúvida se precisa ler ou não este livro? Então dê uma olhada no teste que Tracy McMillan propõe logo nas primeiras páginas. É bem divertido:

Teste
Ou 38 motivos pelos quais você pode precisar deste livro

Responda com o máximo de sinceridade possível. Se não tiver certeza, deixe para lá e pule para a próxima pergunta.

Marque verdadeiro (v) ou falso (f)

1. Às vezes me pergunto o que tem de mais estar em um relacionamento amoroso.

2. A coisa de que mais gosto é estar certa.

3. Quero muito ser amada pelo que sou.

4. Fico tanto tempo no trabalho que tenho pensado em pintar meu escritório.

5. Pessoas legais me tiram do sério.

6. Tenho mais de dois afilhados (some 1 ponto extra para cada afilhado adicional).

7. Não me importo com aparência, a menos que o cara seja pobre ou burro.

8. Tenho especialização em uma área que não resulta em emprego algum.

9. Nunca traí ninguém na vida – exceto aquela única vez.

10. No que diz respeito à maternidade, minha idade está entre QSF e PQP.

11. Os homens se apaixonam quando transam.

12. Já bisbilhotei o celular ou o computador de um homem.

13. Já encaminhei a mim mesma e-mails ou torpedos do celular ou do computador de um homem (some 3 pontos).

14. Já apareci de surpresa no local de trabalho de um homem.

15. Às vezes me pergunto como a Grande Muralha da China foi construída sem minha contribuição.

16. Já me disseram que sou carente. Achei uma bobagem.

17. Já terminei um relacionamento por torpedo ou correio de voz.

18. Já olhei para a foto de um homem na internet e realmente senti que nos casaríamos (se você se casou mesmo com ele, some 10 pontos).

19. Tenho certeza de que sou médium.

20. Somando tudo, fiz terapia por mais de cinco anos.

21. Sou assinante da revista Caras. (Contigo, some 5 pontos. Ana Maria, some 8 pontos.)

22. Tenho um comportamento ou hábito com o qual juro parar assim que meu marido aparecer.

23. Esquecer é algo supervalorizado. Eu gosto de insistir nas coisas.

24. Gosto de namorar caras com emprego, rosto ou família melhores do que os meus.

25. Às vezes me acho gorda/feia/burra – mas não tenho autoestima baixa.

26. Minha estante está cheia de livros de autoajuda.

27. Eu li Crepúsculo (se leu até o fim, some 3 pontos; se comprou

ingresso antecipado para o filme, some 7 pontos; se acampou na fila à porta do cinema, some 23 pontos).

28. Tentei fazer a coreografia de “Single Ladies” pelo menos uma vez.

29. Descubro o signo de um cara na primeira semana.

30. Sei o que é zabasearch.com.

31. Já mandei e-mail e torpedo fofo ou bicho de pelúcia dentro de uma caneca para um cara – mesmo quando, tecnicamente, não estávamos namorando.

32. Meu pai era mentiroso, trapaceiro, apostador, criminoso e/ou mesquinho.

33. Minha mãe era alcoólatra, deprimida, furiosa, linda e/ ou extremamente bem-vestida.

34. Meus irmãos eram mais bonitos, inteligentes, atléticos do que eu e/ou do tipo que gosta de demonstrar superioridade.

35. O cão da família gostava de transar com as pernas das pessoas ou tinha outros problemas psicológicos.

36. Já escolhi o nome dos meus filhos (se for Bella ou Edward, some 12 pontos).

37. Estou solteira e não consigo entender o porquê.

38. Casamento é ridículo. E os homens são uns cretinos.

Calcule o resultado. Um ponto para cada “verdadeiro”, mais os pontos extra indicados. Não trapaceie.

1-9 PONTOS: VOCÊ PRECISA UM POUCO DESTE LIVRO

Mas certamente já vai saber tudo o que há nele. Então leia bem rapidinho, depois faça um favor à sua melhor amiga, irmã, falsa amiga ou colega de trabalho que está solteira e compre um exemplar para ela. Diga que considera tudo uma grande bobagem, mas que achou tão idiota que precisou dar a ela. Sugira que, quando ela terminar de ler, vocês se reúnam para rir das bobagens do livro. Torça para que ela acabe aprendendo algo mesmo assim.

10-19 PONTOS: VOCÊ PRECISA DESTE LIVRO

No mundo da medicina, pode-se dizer que uma pessoa está bem ou que está-bem-mas-precisa-se-cuidar. Você se encaixa no segundo caso. Não significa que nunca terá um relacionamento amoroso feliz se não descobrir o que está acontecendo com você, apenas que isso acontecerá muito mais rápido se descobrir. E, como um fungo, quanto mais se espera, pior fica. É necessário saber exatamente com que tipo(s) de fungo(s) se está lidando. Quando terminar de ler este livro, você saberá.

20-29 PONTOS: VOCÊ PRECISA MUITO DESTE LIVRO

Sua vida amorosa é como a véspera de ano-novo de um ano cheio de comilança, bebedeira e cigarros. Você está exausta. Não há como negar que você até se divertiu, mas agora está aliviada porque o ano acabou e finalmente poderá fazer algumas resoluções e se ocupar descumprindo-as. Para você, este livro é como 1o de janeiro – uma chance para recomeçar e fazer certo dessa vez. E, se estiver preocupada em sair da linha, saiba que não é necessário. Porque aprenderá neste livro que você é a linha.

30+ PONTOS: VOCÊ PRECISA MUITO, MUITO, MUITO DESTE LIVRO

Você já sabe que algo em sua vida amorosa não está dando certo. O que não sabe é que nada em sua vida amorosa está dando certo. Mas não se desespere. Resolver isso será muito mais fácil e agradável do que o que você está fazendo agora, que é tentar continuar em negação. Isso não é nada fácil.

A mãe das jornalistas, por Eduardo Galeano

Os filhos dos dias, mais recente livro de Eduardo Galeano, conta que, na manhã de 14 de novembro de 1889, há exatos 123 anos atrás, uma jovem de 20 anos começou a viagem que faria com que se tornasse a primeira grande repórter que o mundo teve notícia.

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Feira do Livro de Porto Alegre foi muito além dos tons de cinza

A Câmara Riograndense divulgou ontem o balanço da 58ª Feira do Livro de Porto Alegre. Durante seus 17 dias, o evento recebeu 1,3 milhão de pessoas e foram vendidos 411.056 livros. Já a lista dos títulos que mais venderam ficou a cargo do Jornal Zero Hora – já que a Câmara abandonou a prática de mostrar os preferidos do público.

Uma semana antes do final da Feira, Zero Hora percorreu as 106 bancas da Área Geral para elaborar o ranking. Os livreiros foram solicitados a informar os três livros nacionais e três internacionais mais procurados. Com a divulgação de que os mais vendidos da literatura nacional eram David Coimbra com Uma história do mundo e Martha Medeiros com Um lugar na janela, estes títulos da L&PM Editores passaram a ter uma procura ainda maior e fizeram com que a Feira do Livro ganhasse outras cores além dos “50 tons de cinza”.

É bom lembrar que, em meio a tantas opções de livros, a lista de mais vendidos funciona como uma indicação ao leitor que, muitas vezes, sente-se perdido no mar de títulos que vê pela frente.

Martha Medeiros autografou por quase quatro horas na Feira do Livro de Porto Alegre

A fila de David Coimbra também durou muitas horas e seu livro já está na terceira edição

Um romance marcante

Por Paula Taitelbaum*

Antes de trabalhar na L&PM, eu já tinha uma ligação forte com essa casa. Primeiro, porque como escritora venho publicando por aqui desde 1999. Segundo, porque há alguns anos sou colaboradora de jornais e revistas – o que fazia de mim uma potencial habitante do mailing da editora. Digo isso para contar que eu costumava receber muitos dos lançamentos da L&PM. Foi assim que, um certo dia lá por novembro de 2007, cheguei em casa e encontrei mais um  embrulho em papel pardo. Ao abrir o pacote, dei de cara com um nome que nunca tinha ouvido falar na vida: Nancy Huston. Além do nome da autora, o livro recém chegado trazia a foto de uma menina em preto e branco e possuía um título bastante poético: Marcas de Nascença.

Confesso que quase nunca eu folheava o livro na hora em que ele chegava – muito porque eu sempre estava atrasada para ir ou fazer alguma coisa –, mas Marcas de Nascença foi como um imã e, ali mesmo, de pé na sala, abri na primeira página. Instanteneamente, fui sugada pela história, pelas frases que não chegavam ao fim do parágrafo e pelos espaçamentos diferentes que soavam como um poema, além do fluxo de pensamento muitas vezes sem vírgula, ponto:

Estou acordado.
É como ligar o interruptor e encher o quarto de luz.
Assim que escapo do sono, estou ligado alerta     eletrificado,     com a cabeça e o corpo funcionando perfeitamente. Tenho seis anos e sou um gênio. Esse é o primeiro pensamento do dia.
O meu cérebro preenche o mundo e o mundo preenche o meu cérebro,
eu controlo e possuo cada parcela dele.
Domingo de Ramos                 muito cedo
A bisa de visita aqui em casa
A mamãe e o papai ainda estão dormindo um domingo
ensolarado             sol           sol         sol        Rei sol
Sol           Solly       Solomon
Sou uma onda de luz                instantânea             invisível       e    todo-poderosa que se espalha pelos cantos mais sombrios do universo se a menor dificuldade

Aquelas palavras – e todas as que vieram a seguir – pareciam ser tudo o que eu queria ter escrito na vida. Não larguei mais o livro. Dividido em quatro capítulos, ele conta as histórias de quatro membros da mesma família judia que possuem uma idêntica marca de nascença em diferentes lugares do corpo. Histórias sempre narradas do ponto de vista de uma criança de seis anos e com um estilo diferentes para cada capítulo. Dessa forma, vai se desenrolando um novelo familiar que conta em primeira pessoa a vida do bisneto, pai, avó e bisavó. Tudo começa com Solomon, passando para seu pai Randall, indo para sua avó Sadie e terminando em sua bisavó Kristina. Num período que vai de 2004 até 1945.

Digo, com certeza, que Marcas de Nascença foi um dos melhores livros que já li na vida. E este ano, ele foi relançado na Coleção L&PM Pocket. Ou seja: provavelmente é fácil encontrá-lo por aí. Vá atrás!

* Toda semana, a Série “Relembrando um grande livro” traz um texto assinado em que grandes livros são (re)lembrados. Livros imperdíveis e inesquecíveis.

Começou a Bienal do Livro do Ceará

Começou na semana passada e vai até domingo, dia 18, a Bienal Internacional do Livro do Ceará, com intensa programação cultural gratuita. Tem teatro, cinema, música, oficinas, programação infantil, recreação, além das tradicionais sessões de autógrafos com lançamentos de livros.

A programação completa está no site do evento. Agende-se e aproveite!

Serviço:
Data: 8 a 18 de novembro de 2012
Local: Centro de Eventos do Ceará – Fortaleza (CE)
Horário de Visitação: das 9 horas às 22 horas
Entrada gratuita

Quando o anjo modernista voou

(…) em novembro de 1914, Orris Soares e Heitor Lima encontraram-se com Olavo Bilac e o informaram do prematuro falecimento de Augusto. “E quem é esse Augusto?”, perguntou Bilac. Um grande poeta, responderam-lhe, e Heitor Lima recitou o soneto Versos a um coveiro. Bilac sorriu superiormente e comentou: “Fez bem em morrer, não se perde grande coisa”. Bilac não viveu o bastante para perceber que se enganara. Os anos da guerra modificavam o gosto dos leitores e a literatura excedia o frívolo tropo de “sorriso da sociedade”. Da terceira edição de Eu, em 1928, venderam-se 5.500 exemplares em dois meses, os primeiros 3.000 em apenas quinze dias. Era o começo da longa e acidentada via de reconhecimento público, que faria de Augusto o que ele é hoje, um dos mais admirados poetas brasileiros e, por certo, o mais original. (Trecho da introdução de Eu e outras poesias, de Augusto dos Anjos – Coleção L&PM Pocket).

O paraibano Augusto dos Anjos morreu precocemente de pneumonia aos 30 anos em 12 de novembro de 1914. Poeta que costumava compor “de cabeça”, enquanto gesticulava e pronunciava os versos de forma excêntrica para só depois transcrever suas palavras para o papel, Augusto publicou apenas um livro em vida: Eu. Após sua morte, o amigo Orris Soares organizou uma edição chamada Eu e Outras Poesias que incluiu poemas até então inéditos para o público, entre eles Versos a um coveiro. Este belíssimo soneto que, naquela época, era moderno demais para parnasianos como Olavo Bilac. 

VERSOS A UM COVEIRO

Numerar sepulturas e carneiros,
Reduzir carnes podres a algarismos,
– Tal é, sem complicados silogismos,
A aritmética hedionda dos coveiros!

Um, dois, três, quatro, cinco… Esoterismos
Da Morte! E eu vejo, em fúlgidos letreiros,
Na progressão dos números inteiros
A gênese de todos os abismos!

Oh! Pitágoras da última aritmética,
Continua a contar na paz ascética
Dos tábidos carneiros sepulcrais

Tíbias, cérebros, crânios, rádios e úmeros,
Porque, infinita como os próprios números,
A tua conta não acaba mais!

Haicais de Jack Kerouac por Claudio Willer

Um presente da L&PM para os fãs de literatura beat: quatro Haicais inéditos de Jack Kerouac em tradução de Claudio Willer (autor de Geração Beat). O livro com estes pequenos poemas, escritos pelo autor de On the Road, chega no início de 2013.

A árvore parece
um cão
Latindo ao Céu

Nenhum telegrama hoje
– Nada a não ser
Mais folhas caídas

Os moinhos de vento de
Oklahoma olham
em todas as direções

Agachada na
nevasca, a antiga
Miséria do gato