Arquivo mensais:janeiro 2013

O encontro entre Tchékhov e Tolstói

Havia três anos que Tchékhov vivia em Melikhovo, na província de Moscou, e continuava sempre arranjando uma desculpa para não visitar a não muito distante fazenda de Yasnaya Polyana. Até que tomou coragem e resolveu apresentar-se ao proprietário do local, ninguém menos do que o conde Tolstói.

Em agosto de 1895, Tchékhov finalmente bateu à porta do autor de Guerra e Paz. Mas chegou bem na hora em que o mestre, vestindo uma camisa branca de linho, dirigia-se ao riacho para tomar um bom banho. Tolstói convidou Tchékhov para acompanhá-lo. Chegando lá, o mais velho tirou a roupa e mergulhou na água, enquanto o mais novo permaneceu sentado à margem. Imerso até o pescoço, com a barca branca flutuando, Tolstói conversou com seu visitante.

Naquele dia, Tchékhov passou a noite em Yasnaya Polyana, depois de lerem em voz alta passagens da primeira versão de Ressurreição, livro que Tolstói iniciara naquele ano e que viria a ser seu último romance, publicado em 1899.

Depois do encontro, Tolstói disse que gostou de Tchékhov, mas que achou que faltava a ele um ponto de vista. Isso porque Tchékhov preferiu omitir suas opiniões, contrárias às do anfitrião, já que Tolstói, por exemplo, opunha-se à educação de nivel superior, à propriedade privada e até mesmo à prática da medicina.

Mais tarde, eles se encontrariam de novo e então discutiriam suas diferentes visões de mundo. E  apesar das rivalidades filosóficas, Tchékhov preocupava-se com a saúde de Tolstói e o chamava de “velho manhoso”. Costumava dizer também que “Enquanto houver um Tolstói na literatura será agradável e prazeroso ser escritor”.

No primeiro encontro, Tchékhov preferiu não se opor às ideias de Tolstoi

Os dois escritores russos posam para a posteridade

Tchékhov e Tolstói também estão juntos na Coleção L&PM Pocket e na “Caixa especial literatura russa“.

No iníco de 2013, será lançado “Infância. Adolescência. Juventude” de Tolstói.

O primeiro mistério de 2013

Tem mais Agatha Christie em 2013! O primeiro lançamento da série na Coleção L&PM Pocket este ano será A maldição do espelho, um mistério que só Miss Marple é capaz de resolver.

Durante uma festa na casa de uma atriz famosa, uma das convidadas morre após tomar um drinque envenenado. A atriz tem certeza de que a bebida havia sido preparada para ela – mas quem poderia querer matá-la? E por quê? Buscando responder estas perguntas, Miss Marple embrenha-se no passado dos envolvidos, fazendo de “A maldição do espelho” um dos mistérios mais psicologicamente intensos de Rainha do Crime.

Com a chegada de A maldição do espelho, prevista para o fim de janeiro, a série Agatha Christie terá 60 títulos! E as novidades de 2013 não param por aí: tem Simenon, Virginia Woolf, Tolstói e muito mais.

É Dia Nacional do Leitor

7 de janeiro é o Dia do Leitor em território nacional. Um dia dedicado a todos os que amam os livros. E que, claro, são a nossa razão de ser. Em homenagem todos os amantes das letras, publicamos aqui algumas fotos de escritores debruçados sobre um bom livro. Porque todo mundo sabe que ler é o primeiro passo para escrever.

F. S. Fitzgerald

Jack London ainda criança

Mark Twain

Agatha Christie

William Burroughs

J. D. Salinger

Patricia Highsmith

“Big Sur” estreia no Sundance Film Festival

Acaba de ser divulgado o trailer de “Big sur”, filme de Michael Polish baseado no livro homônimo de Jack Kerouac, que estreia este mês no Sundance Film Festival nos Estados Unidos. No elenco, Josh Lucas como Neal Cassady, Radha Mitchell como Carolyn Cassady e Jean-Marc Barr no papel de Jack Kerouac. Assista ao trailer:

Lançado em 1962, Big Sur é o livro mais honesto e pessoal de Jack Kerouac. Após o enorme sucesso de On the Road, em 1957, o escritor passou um período retirado em uma cabana do amigo e poeta beat Lawrence Ferlinghetti, na região de Big Sur, na costa da Califórnia, onde se dedicou à escrita. O romance mostra a deterioração física, mental e de ideais vivida por Jack Duluoz (alter ego de Kerouac).

“Big Sur” ainda não tem data para chegar ao Brasil. Enquanto isso, dá pra ler a obra de Jack Kerouac que deu origem ao filme, publicada pela L&PM em formato de bolso.

DVD do filme “Na Estrada” chega este mês

A Playarte, distribuidora de “Na Estrada” – filme baseado em On the road de Jack Kerouac – nos contou que a partir do dia 27 de janeiro já será possível encontrar o DVD e Blu-Ray nas locadoras de todo o Brasil.

Pra quem não assistiu no cinema, essa vai ser uma ótima oportunidade de conferir o filme que tem direção de Walter Salles e que traz Sam Riley no papel de Sal Paradise, Garrett Hedlund como Dean Moriarty e Kristen Stewart na pele de Marylou.

O poster do DVD que chega às locadoras ainda em janeiro

O nosso Galeano em terra estrangeira

Para quem mora no Rio Grande do Sul, o Uruguai é mais do que um país vizinho. É a continuação do nosso quintal. Onde a fronteira mais parece uma “porteira” sempre aberta para nos receber. O Uruguai tem campos que se derramam feito mar sob uma luz douradamente meridional. Tem ao mesmo tempo ondas que atraem surfistas e marolas que fazem a felicidade das crianças. Tem churros, empanadas, panchos, alfajores e choclos adocicados só pra citar o básico. E mais do que isso: o Uruguai tem Eduardo Galeano.

E foi em La Paloma, praia uruguaia que fica a cerca de 130 quilômetros do Chuy que, para meu espanto, encontrei Galeano. Não o próprio, já que não consigo imaginá-lo de calção e boné a caminhar sob o sol torrante do início de janeiro. Mas sim o “nosso” Eduardo Galeano: das palavras andantes, das veias abertas, do futebol ao sol e à sombra.

Ao entrar em uma pequena e simpática livraria do singelo centro de La Paloma, para meu feliz espanto, lá estavam vários livros da Coleção L&PM Pocket em destaque, na principal prateleira do estabelecimento, entre outros títulos de Galeano oferecidos nos mais variados idiomas.

Os Galeanos da Coleção L&PM Pocket em destaque na livraria de La Paloma

Parabéns à livraria, que incentiva os turistas de todo o mundo a conhecerem seu principal escritor. Uma livraria que não tem nome, mas que exibe um “Libros” bem grande para que não haja dúvida de que ali é um reduto dos que estão em busca de leitura.

Mesas de ofertas na rua chamam a atenção de quem passa

A simpática livraria fica aberta até a 1h da manhã

Esse é mais um motivo para eu preferir cada vez mais as praias uruguaias às catarinenses – lembrando que vivo entre esses dois litorais. A outra grande razão, claro, são as estradas. Cá entre nós, a duplicação da BR101 parece um romance mal escrito: impossível entender tanta embromação, sem contar que a gente tem a sensação de que nunca vai chegar ao fim desse enredo. (Paula Taitelbaum)

Clique aqui e conheça todos os livros de Eduardo Galeano publicados na L&PM.

“Bibliopraia” leva mais de mil livros para locação no litoral do Paraná

G1.com – 30/12/2012

Um projeto da Secretaria de Cultura do Estado do Paraná montou bibliotecas móveis no litoral do estado nesta temporada de verão. As chamadas Bibliopraias estão disponíveis em três pontos: na Praia Brava, em Caiobá, em Guaratuba e em Pontal do Paraná.

"Bibliopraias" estão na Praia Brava, em Caiobá, em Guaratuba e em Pontal do Paraná (Foto: Kraw Penas/SEEC)

A partir de 15 de janeiro, a biblioteca também poderá ser visitada na Praia Mansa de Caiobá e em Paranaguá.

De acordo com a secretaria, cada Bibliopraia possui 1.200 títulos de diferentes estilos literários e não existe burocracia para o empréstimo. Quem tiver interesse precisa deixar o nome e um número de telefone para contato. A devolução pode ser feita em qualquer uma das Bibliopraias ou na Biblioteca Pública do Paraná, em Curitiba, após o verão. O horário de atendimento é das 8h às 20h.

Confira os locais das Bibliopraias
– Caiobá – Praia Brava: Avenida Atlântica, 1800.
– Guaratuba – Avenida Atlântica, 1700.
– Pontal do Paraná/Ipanema: Avenida Atlântica, 7351.

A partir de 15 de janeiro:
– Caiobá – Praia Mansa: Avenida Agilio Leão de Macedo, 352.
– Paranaguá – Ilha dos Valadares (Praça Cyro Abalem).

A primeira história de robôs de Isaac Asimov

Isaac Asimov foi, sem dúvidas, o maior escritor de ficção científica de todos os tempos. Nascido em Petrovichi, uma pequena aldeia russa a 400km de Moscou, em 2 de janeiro de 1920, começou a escrever aos 19 anos. Sua primeira história de robôs se chamava “Strange Play-fellow” (“O estranho companheiro”) e foi negada na primeira tentativa de publicação pelo editor John W. Campbell da revista Astounding, que devolveu o manuscrito ao autor com a justificativa de que não estava à altura da qualidade mantida pela revista.

Para a nossa alegria, Asimov não desistiu. E felizmente não demorou muito para que seu talento fosse reconhecido: Frederick Pohl, responsável pela revista Super Science, gostou da história que recebeu daquele autor até então desconhecido, mudou o título para “Robbie” e publicou-a em 1940, dando início oficialmente à carreira de Isaac Asimov. “Robbie” faz parte do primeiro volume da coletânea Histórias de robôs da Coleção L&PM Pocket.

No prefácio que antecede o texto, um apanhado do que esta história significou para o gênero de ficção científica como o conhecemos hoje:

“Robbie”, a primeira história de robôs de Isaac Asimov, foi escrita quando ele tinha apenas 19 anos e iniciava sua carreira de escritor. Desde então, publicou três dúzias de contos e romances no gênero e, com mais coerência e pertinácia que qualquer outro autor de ficção científica, explorou o que representa para a humanidade o desenvolvimento de máquinas de alto grau de inteligência. Merece, com toda a justiça, o título que lhe foi conferido de pai dos robôs na ficção científica.

Millôr, Pope e o ano novo sem euforia…

“Ano após ano rouba-nos algo todo o dia,
E acaba por roubar-nos de nós mesmos.”

(Alexander Pope, 1688 – 1744)

No mesmo clima, Millôr Fernandes escreve sobre o ano novo em seu Millôr definitivo – a bíblia do caos:

“Ano novo, pois é. Coisa bem velha. Mesmo assim, o mundo está cheio de pessoas que não têm e querem filhos, de gente que tem filhos demais e quer vendê-los, de intermediários de troca e doação, de policiais que impedem tudo e prendem todos. Há gente de nariz grande procurando plásticos, mulheres de peito demais, peito de menos, pessoas que querem viver mais e mais, enquanto outras – cheias de saco cheio de viver – se atirando do oitavo andar em cima delas. Mas não há de ser nada. No fim o bandido morre. Aliás o mocinho também, toda a platéia, e até a bilheteira mirrada mas bonitinha que, por ser tão jovem, pensa que é eterna.” (Millôr Fernandes, 1922 – 2012)