Arquivo mensais:junho 2015

Jack Kerouac nos Simpsons

No episódio 20 da 26ª temporada de Os Simpsons, que foi ao ar no início de maio nos EUA, o pai de Hommer, Abe Simpson, conta uma história para Lisa e Bart: em 1950, quando ele estava na Força Aérea, pega uma carona com Jack Kerouac e Neal Cassady. E como você pode ver na sequência abaixo, ele parece ter sido responsável por On the road ter o estilo que tem… 😛 (Clique aqui para assistir o episódio completo – A sequência com Kerouac e Cassady começa aos 17 minutos).

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A L&PM publica On the road em diferentes formatos, incluindo O manuscrito original.

Divulgado o trailer do novo filme Macbeth

Uau! Michael Fassbender como Macbeth e Marion Cotillard como Lady Macbeth é para arrancar suspiros. A nova adaptação para o cinema de uma das mais famosas obras de Shakespeare foi apresentada no último Festival de Cinema de Cannes. Esta semana o trailer começou a circular pela internet e não poderíamos deixar de postá-lo aqui:

Adaptações de Macbeth para a grande tela já foram dirigidas por Orson Welles e também Roman Polanski. Agora é a vez de Justin Kurzel assinar a direção do roteiro escrito por Jacob Koskoff. A estreia no Reino Unido será em 2 de outubro. Ainda não sabemos quando chegará por aqui, mas aguardamos ansiosos. 😉

A L&PM publica Macbeth em pocket e no volume Shakespeare Série Ouro com tradução de Beatriz Viégas-Faria.

Se alguém lhe oferecer flores, isso é…

Os cretinos não mandam flores é um mix de manual de sobrevivência para relacionamentos com graphic novel, capaz de fazer qualquer mulher rir (nem que seja de nervosas).

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A capa do livro lançado recentemente pela L&PM

Além dos tipos mais encontrados de cretinos – entre eles o Peter Pan que nunca cresce, o Fugitivo que desaparece do nada e o Bumerangue, que volta quando você está começando a esquecê-lo -, a orelha do livro traz também o significado das flores que recebemos dos nossos pretendentes. Dá só uma olhada:

Flores e mais flores

Flores e mais flores

La Moderna, autora do livro, é o alter ego de Raquel Córcoles, nascida em Reus, na Espanha, em 1986. Criadora e criatura se fundem na história da menina do interior que vai para a capital e se depara com uma legião de cretinos que não querem relacionamentos sérios. Sucesso absoluto na internet, a autora tem uma forte presença nas redes sociais.

A natureza em livro

No Dia Mundial do Meio Ambiente, que tal um pouco da natureza semeada em letras? Leia abaixo, pequenos trechos de cinco livros que fazem parte da Coleção L&PM Pocket:

MANUAL DE ECOLOGIA – DO JARDIM AO PODER, de José Lutzenberger: No terreno desnudado ou na floresta degradada pelo fogo, as enxurradas destroem em minutos ou horas o que a Natureza levou milhares de anos para fazer. Uma polegada de solo fértil pode levar até quinhentos anos para formar-se.

O CHAMADO DA FLORESTA, de Jack London: O silêncio espectral do inverno dera lugar ao grande murmúrio primaveril da vida que despertava. Este murmúrio surgia de toda a terra, pleno da alegria de viver. Provinha dos seres que viviam e se moviam novamente…

O LIVRO DA SELVA, de Rudyard Kipling: Naquele outono deixou a ilha logo que pôde, com um objetivo em mente. Queria encontrar a Vaca-Marinha, se é que existia tal criatura, e depois queria encontrar uma ilha tranquila, com praias seguras, onde as focas pudessem ficar a salvo dos homens.

O LIVRO DAS PERGUNTAS, de Pablo Neruda: Se todos os rios são doces de onde tira sal o mar? Como sabem as estações que devem mudar de camisa? Por que tão lentas no inverno e tão palpitantes depois? E como sabem as raízes que devem subir para a luz?

WALDEN – A VIDA NOS BOSQUES, de Thoreau: Os homens se tornaram o instrumento de seus instrumentos. O homem independente que colhia os frutos quando estava com fome virou agricultor; aquele que se abrigava sob uma árvore agora tem uma casa para cuidar.

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O Marquês de Sade e seu castelo

Foi em 2 de junho de 1740, em Paris, que nasceu Donatien Alphonse François de Sade. A partir desse dia, com o passar dos anos, o Marquês de Sade, como ficaria conhecido, jamais se contentou em ser um mero nobre, muito menos um escritor como outro qualquer. Sem-vergonha, sem pudores e sem medo de ser feliz, ele colocou em prática todos os seus desejos. Como resultado, batizou um adjetivo: “sádico” e um substantivo: “sadismo”. E entrou para a história como um dos autores mais libertinos de todos os tempos. A simples menção de seu nome, ainda hoje, é capaz de despertar fantasias. Ou seja: o Marquês de Sade é pop.

Mas antes de se dedicar com força total à vida de “pura sacanagem”, Sade teve um currículo aparentemente comportado: estudou na Escola de Cavalaria Ligeira, foi subtenente do regimento de infantaria do rei, virou oficial e tornou-se capitão de cavalaria de Bourgogne. Mas preferiu largar tudo para cavalgar outros tipos de… bom, deixa pra lá.

Em 1774, depois de vários escândalos, alguns envolvendo prostitutas sodomizadas, ele acabou isolando-se no castelo da família, na pequena cidade de Lacoste, região da Provence francesa. Por estar no topo da colina, o chateau de Sade fazia com que ele ficasse observando a cidade (e talvez imaginando o que os pobres mortais estavam fazendo em suas alcovas). A imensa propriedade, com dezenas de quartos e cômodos, foi palco de inúmeras orgias – e quem sabe de algumas festas de aniversário. Abandonado, semi-destruído e cercado de mistérios, o castelo de Lacoste foi comprado, em 2001, pelo renomado estilista Pierre Cardin que então iniciou um projeto de restauração. A antiga casa de Sade permanece fechada ao público, mas algumas obras de arte ficam em exposição permanente ao ar livre. Só passear em volta dele, imaginando o que o Marquês aprontava por lá, já vale a visita. Então fica a dica para a sua próxima viagem.

Chegando em Lacoste já se vê o castelo do Marquês de Sade no alto da colina

As ruínas que já estão sendo restauradas, ainda escondem mistérios

A escultura surreal de Ettore Greco homenageia o Marquês de Sade

Mais uma escultura de Ettore Greco no castelo

Ao descer a colina, bom mesmo é aproveitar o Café de Sade, também de Pierre Cardin

Do Marquês de Sade, a L&PM publica Os crimes do amor e O marido complacente.

A Irlanda, país natal de Oscar Wilde, aprova casamento gay por referendo popular

Oscar Wilde foi uma das mais célebres vítimas da intolerância contra homossexuais e foi encarcerado na prisão por isso. Agora, a Irlanda natal de Wilde tornou-se o primeiro país na História a reconhecer o casamento gay por referendo popular. Foi uma vitória esmagadora do “sim”. Leia artigo escrito por Beatriz Viégas-Faria a convite do jornal Zero Hora. Beatriz é tradutora de O fantasma de Canterville da Coleção L&PM Pocket.

O lado Wilde da História

Por Beatriz Viégas-Faria

Oscar Wilde (1854 – 1900) foi autor de alguns títulos clássicos das literaturas de língua inglesa, entre eles um romance (O Retrato de Dorian Gray), contos, poesia e várias peças teatrais (escritas entre 1891 e 1895) que o tornaram popular em seu tempo e que vêm sendo estudadas, filmadas e traduzidas até hoje (entre elas, Salomé, O Leque de Lady Windermere, Uma Mulher sem Importância, Um Marido Ideal, The Importance of Being Earnest – o título desta em português varia conforme a tradução).

A Irlanda era parte do império britânico, e Oscar Wilde, nascido em Dublin, viveu na era vitoriana (o reinado da rainha Vitória durou de 1837 até sua morte, em 1901). Foi um tempo que pode ser caracterizado como de hipocrisia social. Conforme se pode ler na introdução ao compêndio Essays and Nonfiction of Oscar Wilde (Golgotha Press, 2011): “havia casas de prostituição, maridos tinham e mantinham amantes, as mulheres nem sempre eram fiéis aos seus maridos, casais moravam em casas separadas, e a homossexualidade era praticada, mas a grande maioria das pessoas preferia ignorar tais assuntos e varrê-los para debaixo do tapete. […] Os homossexuais eram marginalizados, mas, se optassem por não viver à margem da sociedade, eram forçados a viver uma mentira ou fazer o possível e o impossível para disfarçar sua orientação sexual”.

Contudo, os pais de Oscar Wilde não tinham nada de convencionais para a época. O pai, William, foi um oftalmologista de renome que não fazia questão de esconder seus casos antes e depois do casamento. A mãe, Jane F. Elgee, era uma intelectual poliglota que publicava poesia e, já como Lady Wilde, foi uma ativista da causa pela independência da Irlanda.

Sabe-se que Oscar Wilde flertou com mulheres e com homens. Diz-se que ele foi um homossexual que lutava contra sua orientação, mas há autores que sustentam que era bissexual. A cerimônia de casamento com Constance Mary Lloyd, filha de um importante advogado irlandês, em 1884, foi impregnada de teatralidade – aparentemente, Londres não esperava outra coisa de Wilde. Do casamento, nasceram dois filhos homens – Cyril e Vyvyan.

Depois do nascimento do segundo filho, Wilde passou a frequentar locais em Londres onde mantinha encontros sexuais com outros homens, pagos ou não. Parece ter sido Lorde Alfred “Bosie” Douglas quem apresentou Wilde à prostituição masculina. No começo dos anos 1890, Bosie, com vinte e poucos anos, tornara-se amante do famoso Wilde. Quando o pai do rapaz, um marquês, acusou Wilde de homossexualidade (um crime à época), o próprio escritor, ingenuamente, resolveu processá-lo.

O dramaturgo negou ser homossexual quando perguntado em juízo. E deu continuidade a seu affair com Bosie. O pai do rapaz contratou quem coletasse provas da homossexualidade de Wilde. O marquês ganhou a causa e tomou para si os bens do autor, que foi condenado a dois anos de trabalhos forçados em Reading Gaol. O juiz alertou-o contra “atos piores que estupro ou assassinato”. Seu amante foi considerado “vítima”.

Na prisão, Wilde a princípio não teve acesso a material de escrita. Quando teve, escreveu um texto que até hoje impressiona, e muito – como literatura, como a anatomia de uma paixão, como um dossiê sobre alegrias e arrependimentos quando o assunto são os relacionamentos amorosos. De Profundis é livro sempre reeditado, sempre traduzido: uma longa carta ao seu querido Bosie, a quem ele acusa de nunca ter ido visitá-lo na prisão; um testemunho vívido de como podem sofrer os encarcerados.

Em maio de 1897, o prisioneiro C.3.3 de Reading Gaol foi libertado depois de cumprir sua pena, mudou-se para a França. Depois da condenação, Wilde não viu mais os filhos nem a esposa. Constance trocou seu sobrenome e o das crianças para Holland. O escritor passou os três últimos anos de sua vida na miséria, vivendo da caridade de amigos. Morreu em Paris, doente e sem conseguir voltar à literatura.

Em maio de 2015, a Irlanda natal de Wilde tornou-se o primeiro país na História a reconhecer o casamento de duas pessoas do mesmo sexo por referendo popular. Em vitória esmagadora do “sim” ao casamento gay, um país predominantemente católico revisa seus valores e atesta ser parte atuante do mundo conectado pelas redes sociais. Até 1993, há meros 22 anos, a homossexualidade ainda era crime na Irlanda, como no tempo de Wilde. O poder da Igreja Católica Apostólica Romana na Irlanda foi feroz, em todos os sentidos (filmes como The Magdalene Sisters (2002) e Philomena (2013) discutem essa ferocidade). Só em 1972 a Constituição da Irlanda retirou (também por referendo popular e por ampla maioria) de seu texto uma cláusula que reconhecia a “posição especial” da Igreja Católica no governo e na governabilidade do país.

Numa Irlanda onde as escolas e os hospitais foram tradicionalmente administrados por ordens religiosas, os resultados do referendo fazem pensar: o país está se movendo no sentido de tirar o poder da Igreja sobre assuntos seculares, sim. Mas o que mais? Encontrei uma resposta plausível em um artigo do periódico The Atlantic. O texto, assinado por Mo Moulton, sugere que os conterrâneos de Wilde podem ter votado por uma rejeição da autoridade da Igreja sobre certos valores morais, mas não votaram contra ideais católicos. Abraçam a causa LGBT e, ao mesmo tempo, os vínculos afetivos da família – não mais a família tradicional. Assim, a Irlanda pode estar sinalizando ao mundo caminhos outros para o próprio catolicismo.

Oscar Wilde e bosie

Oscar Wilde e Bosie

 

Conheça os títulos de Oscar Wilde publicados pela L&PM Editores.