No início de outubro de 1955, um convite simples, datilografado à máquina, chamava para um encontro que aconteceria no dia 13 daquele mês, na Six Gallery, galeria de arte que antes havia abrigado uma oficina mecânica. O convite trazia uma promessa bastante tentadora: “Seis poemas na Six Gallery. Notável coleção de anjos, todos reunidos ao mesmo tempo, no mesmo lugar. Vinho, música, garotas dançando, poesia séria, satori grátis. Pequena coleta para vinho e folhetos. Evento charmoso. Kenneth Rexroth, M.C. (mestre de cerimônias).
Quando o dia chegou, lá estavam a nata da cultura alternativa novayorquina reunida para uma noite memorável. Kerouac não quis declamar, alegando timidez. Ferlinghetti, que já havia decidido publicar Uivo por sua editora, a City Lights, estava na plateia. A sessão começou com Philip Lamantia apresentando poemas de John Hoffman, prosseguiu com Michael McClure e seu poema de protesto contra o morticínio de baleias e, animada pelo vinho distribuído por Kerouac e por seus gritos, atingiu o clímax com a leitura, por um jovem e embriagado Allen Ginsberg, da primeira parte de Uivo.
A partir da leitura do pulsante poema de Ginsberg, em 13 de outubro de 1955, o movimento beat ganharia voz, força e fãs. Não havia dúvida de que os presentes se encontravam diante de uma manifestação notável: “…quando Allen leu Howl (Uivo), foi como se o céu caísse sobre nossas cabeças. Um efeito inimaginável. Pois, seguramente, ele dizia tudo o que aquele público desejaria ouvir, e dizia isso na linguagem deles, rompendo radicalmente com o estilo estabelecido.” disse o mestre de cerimônias Kenneth Rexroth.
O impacto provocado pela leitura transformou Allen Ginsberg em celebridade local. Para sentir o clima, veja o vídeo legendado em que James Franco interpreta Ginsberg no filme Howl. Os trechos do poema são da tradução que Claudio Willer fez para a edição de Uivo da L&PM:
Pois é, a culpa por eu ter lançado um livro é do Ginsberg e do Carl Solomon. Depois de ler UIVO e DE REPENTE ACIDENTES, comecei a versejar os primeiros acidentes. Agora é patológico, mas antes era beatnik…
A L&PM também tem parte nisso…
Sempre que tem uma postagem sobre os beats, eu faço um comentário… Os ADMINS do blog devem dizer, quando vêm um comentário meu: – O “cara aquele” de novo! auahuahauah
Mas fazer o quê, os beats são os meus favoritos…
Abraços!
Também sou beat-addict. Vi o filme Howl, muito legal, pena que não lançaram aqui (quem sabe ainda lançam).
o que vcs tem do Ginsberg publicado?
Têm algo do Corso, Snyder e outros Beats?
Oi, Luciana!
Deve chegar no ano que vem o livro “The letters” com as cartas trocadas entre Jack Kerouac e Allen Ginsberg. Uma preciosidade! 🙂
Um abraço da equipe da L&PM!