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Eduardo Galeano abrirá prêmio Casa das Américas 2012 em Cuba

O escritor e jornalista uruguaio Eduardo Galeano abrirá o Prêmio Literário Casa das Américas 2012, que será realizado no próximo dia 16 de janeiro, em Havana, informou neste domingo a imprensa local.

Galeano, que manteve um longo vínculo com a Casa das Américas, será uma espécie de convidado especial da 53º edição da premiação criada em 1959, anunciaram fontes da instituição cultural cubana.

O escritor uruguaio já recebeu três prêmios do festival literário de Havana, com: A Canção de Nós (1975) e Dias e Noites de Amor e de Guerra (1978). Na edição deste ano, o escritor recebeu o prêmio extraordinário de narrativa “José María Arguedas” com o título Espelhos – Uma História Quase Universal.

Na edição de 2012, o júri do Prêmio Casa avaliará as obras nas categorias: teatro, literatura para crianças e jovens, literatura brasileira e literatura caribenha em francês e crioulo.

A programação do festival, que será realizado durante dez dias, incluirá painéis de intelectuais, conferências e a apresentação das obras ganhadoras de 2011, entre elas A Bota Sobre o Touro Morto, do cubano Emerio Medina Peña (conto) e Seu Passo, do argentino Carlos Enrique Bischoff (literatura testemunhal).

Desde sua criação em 1959, após o triunfo da revolução liderada pelo agora ex-presidente cubano Fidel Castro, o Prêmio Casa é considerado um dos prêmios com maior história e prestígio da literatura.

*Texto publicado originalmente no site Folha.com em 25/12/2011. Em 2012, a L&PM vai publicar um novo livro de Eduardo Galeano, “Los hijos de los días”.

Catálogo L&PM e-books chega a 400 títulos

A boa notícia de final de ano é essa: estamos chegando aos 400 títulos em e-book e, no início de janeiro, o catálogo de livros digitais da L&PM já terá ultrapassado esta marca. São opções dos mais variados gêneros e autores para todos os gostos que incluem Jack KerouacBukowski, Balzac, Nietzsche, Moacyr Scliar, Millôr Fernandes, Jane Austen, Agatha Christie, Georges Simenon, Patricia Highsmith, Caio Fernando Abreu, Eduardo GaleanoMartha Medeiros, entre muitos outros. Há romances, contos, poesia, ensaios, quadrinhos. 

A distribuição dos e-books L&PM é feita pela DLD (Distribuidora de Livros Digitais), que é administrada por um grupo que reúne as editoras Record, Objetiva, Sextante, Rocco, Planeta e, claro, L&PM. A DLD possui acordo operacional como as livrarias Saraiva, Cultura, Curitiba e com os portais Positivo, Abril e Copia. Ou seja: basta clicar aqui, escolher entre estas centenas de opções, entrar no site das livrarias e… feliz download 2012!

59. Vinte anos de Eduardo Galeano

Por Ivan Pinheiro Machado*

Nosso primeiro encontro foi em 1976, na Feira do Livro de Frankfurt. Naquele ano, o tema era “Literatura latino-norteamericana” e eu, então um jovem de 24 anos, fui apresentado pelo meu amigo Fernando Gasparian, dono da editora Paz e Terra, a um promissor escritor uruguaio editado por ele. Seu nome: Eduardo Galeano.

Galeano, que na época tinha 36 anos, já era festejado com seu “Las venas abiertas de América Latina”. Eu, filho de comunista que era, já tinha lido o livro em espanhol, pois a obra era proibida no Brasil. Fiquei fascinado com sua figura e continuamos mantendo contato.

Nosso primeiro Galeano: "O livro dos abraços" que agora é publicado na Coleção L&PM POCKET

Quinze anos depois, recebi um telefonema de sua agente no Brasil. Queria uma nova editora brasileira para publicar O livro dos abraços, lançado em espanhol em 1989 e que ainda não tinha edição por aqui. Entrei em contato com Eric Nepomuceno, brilhante jornalista que já traduzia Galeano no Brasil, e que aceitou de imediato fazer mais esta tradução. E assim, em 1991, publicamos nosso primeiro Galeano.

Ou seja: fechamos 2011 comemorando 20 anos de convívio com Eduardo Galeano e 14 livros publicados incluindo As veias abertas da América Latina. Eduardo Galeano é uma grande figura humana. Ele consegue transmitir para sua vida pessoal a ternura e a poesia que são a matéria-prima do qual é feita a sua obra. Generoso, postou-se sempre ao lado dos fracos e dos oprimidos, tornando-se um símbolo de resistência às injustiças e às espoliações cometidas contra a América Latina. Não é preciso dizer que foi perseguido pelas ditaduras uruguaias e argentinas naqueles tempos tétricos de operação Condor nos anos 70 e 80. Solidário, esteve conosco nos piores momentos, quando a crise econômica de meados dos anos 90 quase abateu a L&PM. Alertado de que “sua editora estava mal”, Galeano respondeu: “Não faz mal, eu vou ficar até o fim”. Ele me contou isso somente 10 anos depois, quando tudo já estava resolvido e já tínhamos a maior e mais prestigiada coleção de livros de bolso do Brasil.

Há cerca de três semanas, recebi um email seu, singelo, onde ele contava do novo livro, Los hijos de los dias, que mostra como cada um dos dias do ano é capaz de fazer nascer uma nova história. Neste seu email, que trazia o livro em anexo, ele dizia: “si te parece publicable, manos a la obra.” Emocionado, li numa noite as 366 histórias (contando um ano bissexto) que compõem este livro belíssimo. No outro dia, liguei para o Eric Nepomuceno e… mãos à obra. O novo Galeano sai em meados de 2012.

O generoso Eduardo Galeano em foto dos anos 1980

*Toda terça-feira, o editor Ivan Pinheiro Machado resgata histórias que aconteceram em mais de três décadas de L&PM. Este é o quinquagésimo nono post da Série “Era uma vez… uma editora“.

Mais um filho de Galeano

Ele chegou há poucos dias, por email. E causou furor. Os originais de “Los hijos de los días”, o novo livro de Eduardo Galeano, já estão aqui. Emocionante, lindo e intenso, ele traz uma pequena história para cada dia do ano, sempre centrada em um fato real que aconteceu naquela data. Pode ser o nascimento de alguém, o pronunciamento de um presidente, a morte de um mártir. Ou o que mais Galeano possa ter descoberto de interessante naquele dia e em diferentes épocas. “Los hijos de los días” é mais uma forma que o escritor encontrou para resgatar a história e a transformar em poesia. Como só mesmo Eduardo Galeano sabe fazer.

Diciembre
5

La voluntad de belleza

El presidente de la Sociedad Española de Historia Natural dictaminó, en 1886, que las pinturas de la caverna de Altamira no tenían miles de años de edad:

– Son obra de algún mediano discípulo de la escuela moderna actual – afirmó, confirmando las sospechas de casi todos los expertos.

Veinte años después, los tales expertos tuvieron que reconocer que estaban equivocados. Y así se demostró que la voluntad de belleza, como el hambre, como el deseo, había acompañado desde siempre la aventura humana en el mundo.

Mucho antes de eso que llamamos Civilización,  habíamos convertido en flautas los huesos de las aves, habíamos perforado los caracoles para hacer collares y habíamos creado colores, mezclando tierra, sangre, polvo de piedras y jugos de plantas, para alindar nuestras cavernas y para que cada cuerpo fuera un cuadro caminante.

Cuando los conquistadores españoles llegaron a Veracruz, encontraron   que los indios huastecos andaban completamente desnudos, ellas y ellos, con los cuerpos pintados para gustar y gustarse:

– Estos son los peores – sentenció el conquistador Bernal Díaz del Castillo.

“Los hijos de los días” traz 366 pequenas histórias como esta que você leu acima, a do dia de hoje. O livro terá cerca de 400 páginas, sairá em formato convencional e será traduzido por Eric Nepomuceno. A previsão de lançamento é o primeiro semestre de 2012. (Paula Taitelbaum)

Isadora Duncan: liberdade, revolução e dança

“Adeus, amigos! Vou para a glória!” foram as últimas palavras que Isadora Duncan disse em 14 de setembro de 1927, pouco antes de embarcar no carro que a matou. Sua echarpe ficou presa em uma das rodas do conversível, estrangulando-a. E assim termina a biografia da mulher de espírito revolucionário e apaixonado que reinventou a arte da dança e lutou até o fim da vida por um mundo melhor.

Descendente de escoceses e irlandeses, Isadora nasceu em São Francisco, nos Estados Unidos, no dia 27 de maio de 1877. Ficou na “Bay Area” até 1896, quando saiu para ganhar o mundo. Passou por Chicago, Nova York, Inglaterra, França, Grécia, Alemanha e Rússia, onde se envolveu com a revolução e os ideais comunistas.

Em sua autobiografia, escrita coincidentemente no ano em que morreu, ela conta que sua mãe tricotava roupas para vender e fazer algum dinheiro extra para o sustento dos quatro filhos, que criava sozinha. Vendo o desespero da mãe que não conseguia sequer comprar comida, a pequena Isadora resolveu vestir um gorro vermelho e ajudar nas vendas de porta em porta como narra Isadora – Fragmentos Autobiográficos, um dos primeiros livros da Coleção L&PM POCKET:

“De casa em casa, apresentei minhas mercadorias. Algumas pessoas eram bondosas, outras grosseiras. De modo geral, tive sucesso, mas foi o primeiro despertar, em meu peito infantil, da consciência da mosntruosa injustiça do mundo. E aquele pequeno gorro vermelho que minha mãe tricotara era o gorro de uma criança bolchevique.”

Isadora recorda em sua autobiografia que a dança faz parte de sua vida desde muito cedo, só que não da forma clássica, como na vida das meninas que frequentaram aulas de balé, mas da forma mais natural, intuitiva e libertária:

“Na infância, não tive brinquedos ou brincadeiras de criança. Muitas vezes fugia sozinha para as florestas ou à praia junto do mar, e lá dançava. Sentia que meus sapatos e roupas apenas me estorvavam. Meus sapatos pesados eram como correntes; minhas roupas eram minha prisão. Por isso eu tirava tudo. E sem olhos me espiando, inteiramente só, eu dançava nua diante do mar. E parecia-me que o mar e todas as árvores dançavam comigo.”

Vários anos mais tarde, em 1915, Isadora repete o feito da infância no Metropolitan, em Nova York. Nua e descalça, vestida apenas com um xale vermelho, ela surpreende o público e encerra seu espetáculo dançando o hino nacional francês, numa tentativa intensa e desesperada de sensibilizar os americanos e chamar atenção para os efeitos da Primeira Guerra Mundial que devastava a Europa.

Mas seus ideais e sua arte nem sempre foram compreendidos – quiçá bem aceitos – pelo público. E não era pra menos! Muito antes do surgimento dos movimentos feministas, ela já se posicionava a favor da emancipação da mulher e criticava a instituição sagrada do matrimônio. E, em 1916, quando resolveu repetir o maravilhoso feito do Metropolitan num café em Buenos Aires, foi quase deportada em nome da moral, dos bons costumes e dos sagrados símbolos pátrios.

Diante desta história, Eduardo Galeano não poderia deixar de falar de Isadora Duncan em seu livro Mulheres. O texto que leva seu nome traduz a alma radical e libertária de uma das maiores dançarinas de todos os tempos, que se transformou em exemplo para aqueles que sonham com um mundo melhor e que, para realizar este sonho, não medem consequências:

Isadora

Descalça, despida e envolvida apenas pela bandeira argentina, Isadora Duncan dança o hino nacional.

Comete esta ousadia numa noite de 1916, num café de estudantes de Buenos Aires, e na manhã seguinte todo mundo sabe: o empresário rompe o contrato, as boas famílias devolvem suas entradas ao Teatro Colón e a imprensa exige a expulsão imediata desta pecadora norte-americana que veio à Argentina para macular os símbolos-pátrios.

Isadora não entende nada. Nenhum francês protestou quando ela dançou a Marselhesa com um xale vermelho como traje completo. Se é possível dançar uma emoção, se é possível dançar uma ideia, por que não se pode dançar um hino?

A liberdade ofende. Mulher de olhos brilhantes, Isadora é inimiga declarada da escola, do matrimônio, da dança clássica e de tudo aquilo que engaiole o vento. Ela dança porque dançando goza, e dança o que quer, quando quer e como quer, e as orquestras se calam frente à música que nasce de seu corpo.

Em 1996, a L&PM publicou Isadora – Fragmentos autobiográficos, com tradução de Lya Luft, mas infelizmente o livro está esgotado. A autobiografia completa de Isadora Duncan está no livro Minha vida.

Amares

Nos amávamos rodando pelo espaço e éramos uma bolinha de carne saborosa e suculenta, uma única bolinha quente que resplandescia e jorrava aromas e vapores enquanto dava voltas e voltas pelo sonho de Helena e pelo espaço infinito e rodando caía, suavemente caía, até parar no fundo de uma grande salada. E lá ficava, aquela bolinha que éramos ela e eu; e lá no fundo da salada víamos o céu. Surgíamos a duras penas através da folhagem cerrada das alfaces, dos ramos do aipo e do bosque de salsa, e conseguíamos ver algumas estrelas que andavam navegando no mais distante da noite.

Eduardo Galeano em O livro dos abraços

Sugestão: no Dia dos Namorados, ler em voz alta para quem você ama ao som de “Milonga de Amor” do grupo Bajo Fondo Tango Club:

13. Mais de mil pessoas na sessão de autógrafos de Eduardo Galeano

Por Ivan Pinheiro Machado*

Na Feira do Livro de 2008, Eduardo Galeano veio a Porto Alegre para lançar seu livro “Espelhos”, então recém editado na Espanha e em toda a América espanhola. Galeano é um homem gentil, calmo, um papo agradabilíssimo. Nos poucos dias em que ele esteve aqui em Porto Alegre na companhia de seu velho amigo, o carioca Zé Fernando Balbi, tivemos noitadas memoráveis. Junto com a equipe da L&PM, fechamos (no sentido de ser o último cliente) vários bares em conversas deliciosas e bem humoradas. Galeano gosta de Porto Alegre, seus bares e restaurantes. Evidentemente que, como bom uruguaio, não entra em churrascaria fora do seu país. Então, nosso roteiro gastronômico gaúcho foge do circuito “tradicionalista”. Entre almoços e jantares, ele fez o que devia; deu entrevistas e compareceu à leitura de seu livro e sessão de autógrafos que foi realizada no Teatro da Assembléia Legislativa. Na ocasião, ele foi entrevistado pelo jornalista Ruy Carlos Ostermann no palco do teatro, dentro da programação de “Encontros com o Professor”.

Aquilo que seria uma conservadora entrevista com um grande intelectual, acabou se transformando numa verdadeira comoção no centro da cidade.  Naquele dia ensolarado de outubro, Galeano teve o seu momento pop star. Uma multidão acumulava-se em frente ao prédio do teatro da Assembléia Legislativa. Foi permitida a entrada de cerca de 1.000 pessoas em um auditório onde cabiam 800. E mais de duas mil ficaram na rua. A solução que a administração da Assembléia encontrou, foi agilizar a transmissão ao vivo pela TV Assembléia, com a instalação de um telão em frente ao teatro que retransmitiu a palestra/entrevista para a multidão que ficou do lado de fora. Ele respondeu às perguntas do professor Ostermann e com sua voz pausada e musical leu as belas, líricas e ao mesmo tempo contundentes passagens de “Espelhos”. Foi muito aplaudido. No final, iniciou sua sessão de autógrafos. Quatro horas depois,estava muito cansado (ele dá autógrafos em pé e conversa com cada um dos leitores). Pediu-me para parar, pois não aguentava mais, queria ir embora para o hotel. A fila era imensa. Fiquei imaginando o que fazer com a multidão que se acotovelava em frente ao palco há horas, com o livro na mão, esperando a sua vez. Um editor tem que estar preparado para “administrar” uma saia justa deste porte… Tomei um ar, subi no palco e disse mais ou menos isso: “Pessoal, o Galeano está há mais de 4 horas aqui, em pé e está muito cansado. Pedimos desculpas, mas vocês que gostam dele, vão ter que compreender. Por favor, aqueles que quiserem o autógrafo, deixem o seu livro conosco, com o nome, ele autografará no hotel e os livros estarão, devidamente autografados, à disposição dos seus donos a partir das 15 horas de amanhã na barraca da Câmara Riograndense do Livro na Praça da Alfândega”. Obviamente fui vaiado. Muito vaiado. Depois de vaias e xingamentos, acabaram deixando mais de 300 livros que foram colocados em seis caixas e levados  ao hotel onde Galeano estava hospedado. Ele autografou todos os livros que foram entregues para os seus donos no dia seguinte. Um exemplo de ordem (e sorte), pois dos trezentos, não faltou nenhum e não houve nenhuma reclamação.

Eduardo Galeano é um dos grandes autores latino americanos e nós temos orgulho de editar toda a sua obra no Brasil. Em 2010, a L&PM publicou o seu grande clássico (era o único livro que não tínhamos em nosso catálogo), “As veias abertas da América Latina”, em edição convencional e em pocket, numa nova tradução do grande escritor Sergio Faraco. Também em 2010 republicamos em livro de bolso, numa caixa especial, a trilogia “Memória do Fogo” (“Nascimentos”, “As caras e as máscaras” e “O século do vento”).

Para assistir a entrevista de Eduardo Galeano com Ruy Carlos Ostermann, clique na imagem abaixo:

*Toda terça-feira, o editor Ivan Pinheiro Machado resgata histórias que aconteceram em mais de três décadas de L&PM. Este é o décimo terceiro post da Série “Era uma vez… uma editora“.

Top 10 L&PM, os destaques do ano

Todo ano que se preze termina com listas de “melhores”, “mais lembrados”, “mais influentes”,  “mais importantes”… A restrospectiva faz parte do encerramento em grande estilo. Para nós, aqui da L&PM, foi bem difícil pensar nos 10 livros que marcaram o ano. Porque foram vários e todos eles, especiais. Mas também não vamos negar que alguns se destacaram e chamaram mais atenção dos leitores e da mídia. E são eles, agora, que (re)apresentamos aqui como sendo o “Top Ten L&PM 2010”:

1. Freud traduzido direto do alemãoO ano começou com duas novas traduções das obras de Freud: O futuro de uma ilusão e O mal-estar na cultura, traduzidos direto do alemão por Renato Zwick. São dois livros, mas concluimos que eles são um único destaque.

2. Os informantes – lançado em março,  marcou a estreia do escritor Juan Grabriel Vásquez no Brasil. O romance retrata a conturbada relação entre pai e filho a partir de uma parte esquecida da história da Colômbia.

3. Peanuts Completo – Este ano foram mais dois volumes de Peanuts Completo, a primorosa edição de luxo, com capa dura, que traz tiras dos anos 50 de Charlie Brown e sua turma. Em 2011 tem mais!

4. Surdo Mundo – Comovente e irônico, o romance do inglês David Lodge foi inspirado na própria surdez do escritor e conquistou leitores e críticos de todo o Brasil.

5. Anjos da Desolação – O romance de Jack Kerouac nunca antes traduzido e publicado no Brasil foi lançado no mês de agosto. Diretamente transcrito dos diários de Kerouac, a edição é complementada pela apresentação de Seymour Krim, escritor e crítico literário que participou da geração beat.

6. Pedaços de um caderno manchados de vinho – O livro de Charles Bukowski que apresenta uma seleção de contos e ensaios que ainda não haviam sido reunidos ou publicados. Contém, inclusive, o primeiro e o último contos escritos por Buk.

7. Agatha Christie em Quadrinhos – No ano dos seus 120 anos, Agatha Christie teve destaque na L&PM e ganhou até um Hotsite. Mas foram os HQ que mais chamaram a atenção. O primeiro volume foi lançado em agosto: trouxe Assassinato no Expresso Oriente, seguido de Morte no Nilo. Em outubro, chegou Morte na Mesopotâmia, seguido do Caso dos Dez Negrinhos.

8. As veias abertas da América Latina – O clássico de Eduardo Galeano ganhou nova tradução de Sérgio Faraco e foi lançado, ao mesmo tempo, em formato convencional e pocket. Para completar, ganhou índice analítico.

9. Série Encyclopaedia – Aqui, o destaque foi para uma série. Em 2010, a Série Encyclopaedia L&PM entrou em uma nova fase, com títulos da britânica Oxford University Press e livros trazendo ilustrações, fotos e mapas.

10. WaldenLançado em novembro, o clássico de Thoreau ganhou apresentação de Eduardo Bueno e elogiada tradução de Denise Bottmann.

5. Frankfurt: onde o mundo dos livros se encontra

Por Ivan Pinheiro Machado*

A Feira Internacional de Frankfurt faz parte da vida dos editores de todo o mundo. Ela funciona no seu atual formato desde o final da Segunda Guerra e é a maior feira de negócios de direitos autorais do planeta. E tradição é o que não falta ao local: foi há poucos quilômetros de Frankfurt, no século XV, que Johannes Gutenberg inventou os tipos móveis, causando a grande revolução da imprensa. A partir do seu invento, os livros e os jornais poderiam ser impressos aos milhares. Mas voltemos à Feira. São mais de 30 hectares de pavilhões interligados por esteiras rolantes onde se reúnem cerca de 7 mil expositores de 200 países. Apesar destes números impressionantes, mais da metade da Feira de Frankfurt é ocupada por seis países: Grã Bretanha, Estados Unidos, Alemanha, França, Espanha e Itália. E destes seis, EUA, Grã Bretanha e Alemanha comparecem com quase 3 mil expositores. Na pré-história, ou seja, na era pré-fax e pré-internet, era lá que se aceleravam os negócios. Até meados da década de 80, seguindo o time dos correios, para adquirir os direitos autorais de um livro, se levava em média uns quatro, cinco meses. Hoje, numa eficiente troca de e-mails com um agente literário, é feita proposta, contraproposta e pode se fechar um negócio numa manhã. Naqueles tempos bem mais vagarosos, nós chegávamos em Frankfurt com a mala abarrotada de contratos e pendências. Era lá que tudo se resolvia. Minha primeira Feira foi em 1976. Naquela época havia sempre um “tema” que concentrava as atividades culturais (a partir de 1990, devido a confusões políticas e religiosas, foram extintos os “temas”, e o centro cultural do evento passou a girar em torno de um país homenageado). Naquele ano, foi “Literatura latino-americana”. Eu tinha 24 anos. Meu amigo Fernando Gasparian, dono da editora Paz e Terra, falecido no ano passado, me apresentou para um jovem e promissor escritor uruguaio, Eduardo Galeano, seu editado. Trinta e dois anos depois, Galeano é uma celebridade internacional e toda a sua obra é agora publicada pela L&PM. “Veias abertas da América Latina”, seu grande bestseller, foi relançado há pouco em versão convencional e pocket, com nova tradução de Sergio Faraco. Lembro muito bem daquela Feira e do grande debate sobre o “Literatura Latino-americana”. Na platéia do enorme auditório, havia mais de duas mil pessoas. Na mesa estavam Mario Vargas Llosa, Gabriel Garcia Marquez, José Donoso, Jorge Amado, Mario Benedetti, Julio Cortázar, Juan Rulfo, Augusto Roa Bastos, entre outros. Jorge Luis Borges declinara do convite porque havia muito comunista…

Vista de um dos pavilhões da Feira de Frankfurt – Foto: Ivan Pinheiro Machado

Hoje, Frankfurt é uma cidade totalmente diferente, com enormes arranha-céus. Tem muito pouco daquela cidade pós-guerra, sequelada pelos bombardeios aliados. Nestes tempos modernos, a balada pós-feira é no lobby do luxuoso hotel Frankfurter Hoff, onde transitam os agentes, editores, candidatos a autores e autores consagrados. É comum, entre uma taça de champanhe Veuve Clicquot  e outra – à bagatela de 20 euros cada taça – , tropeçarmos em algum prêmio Nobel, como a romeno-alemã Herta Muller, Nobel do ano passado que circulava alegremente em todos os lugares de Frankfurt. Depois do advento da internet, a Frankfurter Buchmesse perdeu sua potência, mas não perdeu seu charme e importância. Com a velocidade estonteante das comunicações, os negócios, quando chegamos à Frankfurt, no início do outono europeu, já estão andando ou realizados. Com sorte, descobrimos alguma novidade entre os milhares de livros expostos. Mas é inegável que o contato pessoal ainda é o que nos faz atravessar o oceano e enfrentar os aeroportos insuportáveis. Trocamos e-mails furiosamente durante o ano inteiro com centenas de agentes, editores internacionais e autores. É muito eficiente, mas tudo é muito impessoal. No fundo, nós ainda vamos a Frankfurt para olhar no olho dos agentes e abraçar os velhos amigos, o que (ainda) é impossível fazer pelo Skype…Para ler o próximo post da série “Era uma vez uma editora…” clique aqui.

 

Peça de teatro inspirada em textos de Eduardo Galeano

Eduardo Galeano vai estar mais perto dos baianos em dezembro. A Companhia baiana  Teatro da Queda apresenta, neste mês, Bacad, montagem inspirada no panorama cultural da América Latina. O trabalho,  é baseado em ampla pesquisa de textos do escritor uruguaio, autor de As veias abertas da América Latina, relançado em outubro pela L&PM. A peça está em cartaz até dia 19 de dezembro na cidade de Salvador, Bahia.

Bacad parte da idéia de reconhecimento cultural latino americano para buscar as raízes históricas dos brasileiros. O projeto da encenação terá, também, um ciclo de leituras  e a realização da oficina “A Poética da Invenção – do processo colaborativo de construção do espetáculo Bacad”, que acontece em dois encontros no mesmo período em que a peça fica em cartaz.

Foto: Divulgação

SERVIÇO

Bacad

3 a 19 de dezembro de 2010

Sextas, Sábados e Domingos

20 horas

Teatro Vila Velha – Sala Principal

Ingressos: R$ 10,00 e R$ 5,00 (meia entrada)

Oficina
Data: 11 e 18/12 (Sábados)
Horário: das 13h às 17h
Local: Teatro Vila Velha – Salvador
Inscrição Gratuita

Ciclo de Leitura
Data: 07/12 (terça-feira)
Horário: das 14h às 18h
Local: Colégio Estadual da Bahia (Colégio Central)
Inscrição Gratuita