24 de outubro de 1969, sexta-feira. Em Lowell, Massachusetts, acontecia o funeral de Jack Kerouac. O site “The Allen Ginsberg Project” divulgou, exatamente no dia em que completou 46 anos da data, algumas fotos de Allen Ginsberg e Gregory Corso feitas por Jeff Albertson na despedida do amigo beat. O texto do site traz mais detalhes.
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O dia em que Jack Kerouac saiu da estrada
Jack Kerouac bebeu até morrer. Em 21 de outubro de 1969, o autor de On the road se foi, solitário e decadente, aos 47 anos e com apenas 91 dólares em sua conta bancária. Morava com a mãe, Gabrielle, e já não se parecia nem um pouco com o Jack dos velhos tempos de estrada.
“No verão de 1969, o dinheiro faltou. (Em setembro, ele fará um testamento definitivo, todos os seus bens revertem a Gabrielle [sua mãe] e, na morte dela, o beneficiário é seu sobrinho Paul Blake. Stella [sua esposa, na época] não é mencionada, nem Jan [sua filha com Joan Haverty]. Durante os anos seguintes, a luta pela sucessão será acerbada, pois o Fundo Kerouac ultrapassará dez milhões de dólares!) Ele exuma um velho manuscrito de 1951, Pic, relato da viagem de um jovem negro do Sul, Pictorial Review Jackson, a caminho do Norte, ajudado pelo irmão em sua intenção de chegar a Nova York. Escrito imitando o fraseado negro do Sul, é um breve e belo texto, metáfora de Jack e de Neal que Kerouac faz aparecerem numa cena final e que – não se sabe exatamente por que ele obedeceu – Gabrielle lhe pede para retirar. (…) No dia 18 de outubro, Cliff Robertson, o último dos próximos a visitá-lo, ficou emocionado com a intensidade do longo adeus e do olhar, muito delicado e parecendo estar sempre à beira das lágrimas mesmo quando Jack ria, capaz de tocar os corações sensíveis. No dia 19 de manhã, ele teve um encontro com o pai a respeito de um texto do qual espera fazer um livro, The Spotlight Print, um título vindo da infância, do nome da gráfica de Leo. E depois, de repente: a morte, sob forma de uma hemorragia digestiva cataclísmica não derrotada por 26 transfusões. Ele desapareceria aos 47 anos.” (Trecho de Kerouac, de Yves Buin, Série Biografias L&PM).
Clique sobre a imagem e assista a um vídeo da L&PM WebTV em que a italiana Fernanda Pivano entrevista – ou tenta entrevistar – Jack Kerouac.
Jack Kerouac nos Simpsons
No episódio 20 da 26ª temporada de Os Simpsons, que foi ao ar no início de maio nos EUA, o pai de Hommer, Abe Simpson, conta uma história para Lisa e Bart: em 1950, quando ele estava na Força Aérea, pega uma carona com Jack Kerouac e Neal Cassady. E como você pode ver na sequência abaixo, ele parece ter sido responsável por On the road ter o estilo que tem… 😛 (Clique aqui para assistir o episódio completo – A sequência com Kerouac e Cassady começa aos 17 minutos).
A L&PM publica On the road em diferentes formatos, incluindo O manuscrito original.
Os anos mais importantes da vida de Kerouac
1922 – Jack Kerouac nasce em 12 de março.
1926 – Morte do seu irmão Gerard.
1934 – Encontra a sra. Dinneen, professora de literatura, e a srta. Mansfield, bibliotecária, que o encorajam a escrever. É apaixonado pela leitura de histórias em quadrinho policiais e fantásticas.
1939 – Seu talento como jogador de futebol americano lhe permite obter uma bolsa na universidade Columbia.
1940 – Entra na universidade. Machuca a perna e não pode mais jogar. Lê o romancista Thomas Wolfe e essa leitura será determinante para sua escolha de se tornar escritor.
1941 – Aprofunda seu envolvimento com Jazz. Abandona a universidade.
1942 – Engaja-se na marinha mercante. Escreve o esboço de O mar é meu irmão (The sea is my brother).
1943 – Sai da marinha.
1944 – É apresentado a Lucien Carr e, por intermédio dele, em maio, encontra Allen Ginsberg. Em junho, conhece William Burroughs.
1946 – Morte de seu pai, Leo Kerouac, que lhe pede para cuidar da mãe Gabrielle aconteça o que acontecer. Em dezembro, Neal Cassady chega a Nova York.
1947 – Trabalha em um volumoso romance inspirado em Thomas Wolfe: Cidade pequena, cidade grande. Em julho faz sua primeira viagem de carona de Nova York a Denver.
1948 – Termina Cidade pequena, cidade grande. Atravessa os EUA de leste a oeste. Viaja pelo sul com Neal Cassady. Começa On the road.
1949 – Novas viagens com Neal Cassady pelos EUA.
1950 – Viagem ao México. Prossegue On the Road. Casa-se com Joan Haverty.
1951 – Em abril, termina On the Road.
1952 – Estadia em São Francisco, na casa dos Cassady. Ligação com Carolyn Cassady. Em fevereiro, fruto do relacionamento com Joan, nasce sua filha Janet Michelle. Escreve Visões de Cody. Na casa de Burroughs, começa O livro dos sonhos.
1953 – Escreve Os subterrâneos. Descobre o budismo.
1955 – Na cidade do México, conhece Esperanza Villanueva que dará origem ao livro Tristessa.
1956 – Entre junho e setembro trabalha como guarda florestal em Desolation Peak e começa a escrever Anjos da desolação.
1957 – Publica On the road.
1958 – Publica Os vagabundos iluminados.
1960 – Entrega-se cada vez mais ao álcool.
1961 – Última viagem ao México. Termina Anjos da Desolação e Big Sur. No outono, encontra-se pela primeira vez com a filha Janet, então com nove anos e meio.
1962 – Publica Visões de Gerard e Big Sur. Afasta-se ainda mais dos amigos dos anos 1940.
1964 – Último encontro com Neal Cassady. Sua irmã Nin morre de parada cardíaca.
1966 -Publica Satori em Paris. Casa-se com Stella Sampas.
1968 – Morte de Neal Cassady no México.
1969 – Solidão e decadência. Morre no dia 21 de outubro em consequência de uma hemorragia.
Famosa canção de Bob Dylan foi influenciada pelos beats
Há 50 anos, em janeiro de 1965 (mais precisamente no dia 14), Bob Dylan gravou uma das músicas mais marcantes de sua carreira: “Subterranean Homesick Blues”.
A importância da canção se deve principalmente a um vídeo – considerado o precursor do videoclipe – em que Dylan acompanha a letra da música com palavras escritas em folhas de papel. Ele foi gravado para ser o trailer do documentário “Don’t Look Back”.
Os cartazes foram escritos, entre outras pessoas, por Dylan e por Allen Ginsberg. O poeta beat aparece ao longo do vídeo, no canto esquerdo da tela, segurando um bastão e conversando.
Dylan disse que teve a influência dos escritores beats na composição da música, especialmente Jack Kerouac. Possivelmente, o título da canção é baseado em Os Subterrâneos, de Jack Kerouac.
Todo mundo quer tirar uma casquinha da carta perdida de Neal Cassady a Jack Kerouac
O assunto está rendendo. A carta escrita em 17 de dezembro de 1950 por Neal Cassady e enviada para o amigo Jack Kerouac ficou perdida por mais de 40 anos e acaba de desencadear um conflito entre herdeiros. A carta está com Jean Spinosa que a encontrou entre os pertences de seu falecido pai. Jean havia agendado o leilão para o dia 17 de dezembro deste ano.
Mas eis que os herdeiros de Jack Kerouac conseguiram bloquear o leilão com a alegação de que essa carta não pertence a Spinosa. “A carta pertence ao espólio de Kerouac” disse John Sampas, irmão da terceira mulher de Kerouac, Stella, e executor literário do espólio de Kerouac. O pai de Jean encontrou a carta entre os papéis de uma editora que estava sendo fechada e da qual ele era vizinho.
Pra completar, os herdeiros de Neal Cassady reivindicam os direitos autorais da carta. “Nós nunca chamamos de ‘carta’. É um ‘manuscrito’ passível de publicação”, disse Jami Cassady, filho do meio de Neal e Carolyn Cassady.
Um monte de dinheiro pode estar em jogo, já que essa carta teria inspirado o estilo de escrita do manuscrito original de On the Road que, em 2001, foi vendido por U$ 2,4 milhões.
Que tal ajudar o Beat Museum a comprar a carta perdida de Neal Cassady?
A carta que Neal Cassady enviou para Jack Kerouac e que teria inspirado o estilo de escrita de On the Road ficou perdida durante décadas. Encontrada, ela está prestes a ir à leilão. São 18 páginas e 16 mil palavras em um fluxo de pensamento de Neal Cassady. Conhecida como “Carta de Joan Anderson” – porque fala de uma mulher com este nome com a qual Neal passou um final de semana – suas páginas foram mostradas pela primeira vez aos jornalistas na segunda-feira, 1º de dezembro. O leilão acontecerá no dia 17 de dezembro, exatos 64 anos depois de ter sido escrita por Cassady. O lance inicial será de 300 mil dólares e estima-se que chegue a 500 mil.
O Beat Museum, de São Francisco, está tentando arrecadar dinheiro para arrematar a preciosidade. A ideia é que assim ela que possa ser exibida e posteriormente publicada, declarou o fundador do museu Jerry Cimino. Para isso, o museu lançou uma campanha online para arrecadar meio milhão de dólares. “Nós literalmente chamamos essa carta de o Santo Graal da Geração Beat”, declarou Cimino.
A questão é que faltam menos de duas semanas para o leilão e até agora a campanha de arrecadação – que aceita doações a partir de 1 dólar – não chegou nem a 1% do valor final. Se você estiver a fim de participar, clique aqui e vá lá conferir as contrapartidas.
A casa de leilões não pode apresentar o texto integral da carta porque ele possui direitos autorais que pertencem à família Cassady. O porta-voz dos Cassady não foi encontrado para comentar o assunto.
Na carta, Neal Cassady descreve uma série de aventuras vividas em um final de semana, incluindo a escalada do lado de fora de uma janela quando a mãe de Joan inesperadamente voltou para casa. Ele também fez um desenho da janela na carta que foi vista pelos jornalistas.
Encontrada a carta perdida que inspirou o estilo de “On the Road”
Foi a partir de uma carta que recebeu de seu amigo Neal Cassady, em 1957, que Jack Kerouac mudou seu estilo de escrita e produziu On the road em uma espécie de fluxo de consciência. Conhecida como “Carta de Joan Anderson”, nela Cassady descreveu, em 18 páginas, a mulher com que ele passara um final de semana nos anos 1950.
Considerada perdida pelo próprio Kerouac, que havia contado em uma entrevista ao The Paris Review, em 1968, que a ela havia sido emprestada a Allen Ginsberg que, por sua vez, teria deixado com um amigo que morava em uma casa flutuante no norte da Califórnia. Kerouac disse na entrevista que esse amigo havia caído no mar com a carta e que lamentava muito que isso tivesse acontecido, já que era uma das coisas mais impressionantes que ele já havia lido. O que Kerouac não sabia era que a “Carta de Joan Anderson” tinha sido enviada por Ginsberg a uma editora independente chamada Golden Goose, mas que jamais abriu o envelope e nunca a devolveu. A sorte foi que, quando a editora fechou, um operador de áudio que ocupava o mesmo escritório, guardou alguns papéis, entre eles, a valiosa carta de Cassady.
Foi a filha desse operador que resgatou a preciosidade: “Meu pai não sabia quem era Allen Ginsberg e nem quem era Neal Cassady, nem fazia parte da cena beat, mas ele amava poesia e por isso guardou essa carta” disse em Los Angeles a atriz Jean Spinosa que encontrou a carta ao limpar a casa do pai, após a morte dele há dois anos. “Ele não entendia como alguém poderia querer jogar as palavras de outra pessoa no lixo” por isso a guardou.
Especialistas em cultura beat dizem que essa carta possui um valor inestimável, pois se não fosse ela, Kerouac provavelmente não teria tido o “estalo” de escrever o manuscrito original de On the road.
A carta será leiloada no dia 17 de dezembro.
“Os rebeldes” em destaque no jornal Estadão
Os rebeldes, livro de Claudio Willer sobre a geração beat, ganhou meia página do Caderno 2 do Estadão deste sábado, 8 de novembro. Leia a matéria completa:
Folha de S. Paulo mergulha em “O mar é meu irmão”, o livro perdido de Kerouac
O Caderno Ilustrada da Folha de S. Paulo de sábado, 1º de novembro, traz uma resenha sobre O mar é meu irmão & outros escritos, de Jack Kerouac, que acaba de ser lançado pela L&PM Editores. A obra – que demorou mais de 60 anos para ser publicada – foi o primeiro livro escrito por Kerouac. Clique sobre a imagem para ler a matéria: