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Versos para esquentar

Aproveitando que a Paula ainda não voltou para o Brasil e, portanto, não vai nos dizer que seus poemas não devem ser publicados por aqui pelo risco de censura dos mais puritanos (ou por uma vergonhazinha de que pareça auto-promoção), vamos a dica de hoje para o dia dos namorados.

Ok que a data é romântica e o que mais se vê pelas ruas são rosas vermelhas, corações e bichos de pelúcia. Mas que tal usar os versos da nossa poeta ‘inspiradora’ para aquecer a noite do dia 12 (e todas as outras também)?

O PornoPopPocket reúne poemas, como sugere o nome, eróticos. Mas não se preocupem, ainda somos um blog de família: selecionamos os versos mais sutis. O resto é por conta da imaginação.

Eu gosto quando você
coloca as mãos atrás
da minha cabeça
e me puxa com pressa
pra dentro da sua boca
eu gosto como louca
de ter seus lábios grudados
de um jeito sôfrego
que sangra
e me tira o fôlego
eu gosto de te sorver
aos goles e fingir
que nossas línguas
são siamesas
gosto de beijos
com gosto de insensatez
e incerteza.

___

Você já foi um estranho
tateando na escuridão
das minhas entranhas
você enfrentou o breu
e hoje conhece os caminhos
muito melhor do que eu

Um jantar cheio de vida na China

Conta a lenda que há muito tempo havia uma espécie de panteão chinês, governado por um deus conhecido como Imperador de Jade e que possuía uma filha chamada Chih’nü (garota tecelã).  Diariamente, com a ajuda de um robe mágico, Chih’nü descia à terra para banhar-se. E foi em um desses dias que a garota tecelã encontrou um vaqueiro solitário que se apaixonou por ela. Para impedir que a filha do imperador voltasse ao reino dos céus, o vaqueiro roubou seu robe mágico e a levou para sua casa. Ao saber do acontecido, o imperador ficou furioso, mas nada pode fazer, já que nesse meio tempo sua filha também se apaixonara pelo vaqueiro casando-se com ele. Mas Chih’nü sentia muita saudade do pai e, um dia, depois de encontrar seu robe mágico em uma caixa, foi visitá-lo no céu. Só que ao tentar voltar para o marido, a moça descobriu que o pai havia criado um rio que passava pelos céus (a Via Láctea) e que a impedia de retornar para a Terra. Como o imperador não era tão mau assim, decidiu que uma vez por ano, no sétimo dia do sétimo mês do calendário lunar chinês, ele permitiria que os dois amantes se encontrassem sobre um rio.
E é assim que ainda hoje, em todo sétimo dia do sétimo mês do calendário lunar há um feriado na China conhecido como Qi Xi, que é uma espécie de Dia dos Namorados para eles. Confesso que não sei muito bem como eles comemoram essa data, já que não vi nenhum restaurante à luz de velas na China. Aliás, preciso confessar, os restaurantes daqui não são nada românticos. E nem muito limpinhos. Com exceção de Hong Kong, que acabo de conhecer e que nem parece a China de tão cosmopolita (e que pertencia aos ingleses, portanto é diferente mesmo), Shanghai e Wenzhou (outra cidade que também visitei na ex terra de Mao) não são exatamente lugares feitos para namorar.
Os mais “chiques” tem salas individuais e de diferentes tamanhos onde você não vê os outros clientes e os garçons ficam ali à sua disposição. A mesa é sempre redonda e grande, com o centro giratório, onde uma média de trinta e quarenta pratos vão sendo servidos. Um tipo de buffet particular. Só que na China, o que gira não é apenas a mesa, mas também o seu estômago. Em um dos almoços, dessa vez em um restaurante mais simples, um chinês nos convidou para comer uma espécie de sopão, que fervia dentro de um buraco no meio da mesa, enquanto os ingredientes – que chegam crus à mesa – iam sendo jogados lá dentro. Na verdade, cru é modo de dizer, porque alguns deles chegam vivos mesmo. Eu estava lá quando, de repente, vi alguma coisa se mexendo no prato ao meu lado. Eram dezenas de bichos que mais pareciam uma mistura de camarão com lacraia e que tentavam desesperadamente fugir dali. Nosso anfitrião chinês não teve dúvida:  foi logo jogando os bichos na fervura. E enquanto eles esperneavam, lutando pela vida, eu me mantinha em estado de choque.

Mas o mais chocante de toda a viagem foi passear dentro do Carrefour de Shanghai, um gigantesco supermercado de quatro andares ondeé vendido tudo o que você pode e até o que não pode imaginar. Sapos e tartarugas vivas ficam espremidos dentro de caixas de vidros para serem escolhidos e, posteriormente, deglutidos pela clientela chinesa. Quando vi um jovem casal rondando os aquários, fiquei imaginando dois apaixonados escolhendo a sua rã saltitante para um jantar à luz de lanternas vermelhas, antecipando o Qi Xi. Até porque, você há de concordar, amar também é engolir sapos.

Para conhecer fábulas chinesas como a do Qi Xi leia a edição bilíngue de 50 fábulas da China fabulosa, de Sérgio Caparelli e Márcia Schmaltz.

Leia os posts anteriores:
Será que alguém lê livros na China?
A escrita chinesa e a arte de desenhar ideias
Enquanto isso, na China milenar, a Expo continua a mil
A Expo é um parque de diversões na cabeça
A Expo Shanghai, os chineses e o Brasil
Xangai é um barato

A solução para os amores difíceis em Shakespeare

Algumas das melhores e mais dramáticas histórias de amor foram escritas por Shakespeare, todos sabem. De Romeu e Julieta até A comédia dos erros, são muitas as paixões conturbadas e os obstáculos a serem enfrentados pelos pombinhos em busca de um final feliz.

E como mostra A megera domada, o maior amor também exige determinação, e a prova está no rústico Petrúquio. Determinado a se casar com a rebelde Catarina, ele elabora as maiores artimanhas para conseguir levá-la ao altar, ainda que todos tentem dissuadi-lo da ideia.

A confiança de Petrúquio, em uma frase dita a seu futuro sogro, é a prova de que ele conhece sua amada e está determinado a tê-la:

“O que acontece é isto, caro pai: o senhor e todos que falam de Catarina não a compreenderam. Ela é violenta apenas por política, pois seu temperamento nada tem de insolente. Ao contrário, é manso como o de uma pomba. Não é afogueada, mas fresca como a aurora”.

Se você está apaixonado por uma Catarina, ainda dá tempo de ter uma aulinha com Petrúquio até o dia 12. Comece lendo um trecho de A Megera Domada aqui. Também dá pra conhecer a história pela adaptação da obra, feita por Leon Garfield.

10 dicas para você não ter apenas “quase” amores

1 – Aumentar a lista de nomes que você jamais namoraria. Se ele se chamar Vanderlei ou Dejair, nem pensar. Mas e Bejair? Melhor incluir na lista outros nomes difíceis. Também é bom considerar o risco de um convite para o cinema. Escolher o filme é uma decisão sábia para não acabar em uma sessão de filmes “adultos”.

2 – Se você acaba de entrar na faculdade, o risco de encontrar um militante/estudante profissional é grande. Ele terá boa lábia, é um político, afinal de contas. Melhor só investir se você tiver vocação política.

3 – Desistiu do revolucionário? Encontrou o amor da sua vida em um pintor? Ele pode ser bacana, te amar e tudo mais. Então, melhor manter distância dos amigos dele. Infidelidade, mesmo que você tente se convencer que tem origem genética, não é legal.

4 – Para evitar a culpa da infidelidade, melhor não assumir o papel de “a outra”, especialmente se o cara fizer parte de uma família típica de comercial de margarina. Ainda que o caso extra-conjugal dele possa funcionar por algum tempo para você. Mas só por algum tempo.

5 – Pessoas bem-sucedidas são legais. Mas se a sogra perguntar o nome de sua família, é hora de bater em retirada.

6 e 7 – Muita atenção quando se deparar com um garçom ou um Papai Noel.

8 – Colegas de trabalho podem ser uma encrenca – ou não.

9 – O que pode ser mais desestimulante do que um cara lindo e charmoso te examinando e não te abraçando? Deixe os médicos de fora da sua lista

10 – Um astro do circo pode ser bem legal. Mas ele sempre vai embora.

As dicas são extraídas da vida de Maria Ana, personagem de Dez (quase) amores, de Claudia Tajes, e servem para ajudar você fugir de prováveis relacionamentos que nunca darão certo. Agora, se você encontrar um homem ‘perfeito’ que não esteja nessa lista, por favor, nos avise. Entraremos na fila também.

As lições de amor da turma do Charlie Brown

Hoje a dica não é para os casais. Mas sim para você, amiga, que está desesperada para não passar o dia 12 sozinha. A gente sabe, você já fez promessa para todos os santos, já assediou todos os contatos do msn, Facebook, Orkut. Toda a sua timeline no Twitter sabe que você está solteira. E o único cara que ainda não te deu o fora é o Schroeder – ops, aquele menino quieto, quase autista, que era seu colega na terceira série?

Pois é… vale quase tudo para não ficar sozinha. Agora, se fizer como a Lucy, não tem jeito, até sua última esperança se esvairá. Tenha modos e umas aulas com a turma do Charlie Brown (clique nos quadrinhos para aumentar a imagem).

Ajuda de deuses e filósofos para o dia dos namorados

Para quem está sem inspiração para preparar um belo dia dos namorados, a gente dá uma forcinha. Até o dia 12 (mas não necessariamente todos os dias, porque mordomia tem limites) a gente dá dicas para você surpreender o seu/sua amado.

E começamos do princípio: com os gregos. Uma das mais belas metáforas do amor está em O banquete, de Platão. Quando os filósofos se reúnem em uma janta e o debate sobre Eros é imposto, Aristófanes apresenta a origem dos seres humanos:

Para começar, a humanidade compreendia três sexos, não apenas dois, o masculino e o feminino, como agora. O andrógino era então, quanto à forma e quanto à designação, um gênero comum, composto do macho e da fêmea. (…) Terríveis na força e no vigor, extraordinários na arrogância, desafiaram os deuses. Escalar o céu, tentativa que Homero atribui a Efialtes e Oto, era projeto deles, hostis aos celestes. Zeus e os outros deuses, ao deliberarem sobre as medidas a serem tomadas, esbarraram num impasse. Se os extinguissem e fulminados os fizessem desaparecer como os gigantes, sumiriam as homenagens e os templos erigidos pelos homens. De outra parte, inconcebível seria tolerar a insolência. Ao cabo de cansativa deliberação, sentenciou Zeus: “Julgo ter encontrado um recurso para preservar os homens e, enfraquecendo-os, deter a insolência. Seccionarei agora cada um em dois para torná-los mais fracos e mais prestativos a nós, visto que serão mais numerosos. Andarão eretos, sustentados por duas pernas”.

(…)

Eros, que atrai um ao outro, está implantado nos homens desde então para restaurar a antiga natureza, faz de dois um só e alivia as dores da natureza humana. Cada um de nós é, portanto, a metade complementar de outro (um símbolo). Somos como uma das partes de um linguado cortado ao meio, dois formando um. Cada qual anda à procura de seu próprio complemento.

Claro que lá tem muito mais coisas – para todas as orientações sexuais, inclusive –, então, vai se preparando para chamar seu amor de a metade que Zeus separou.