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John Lennon e sua viagem ao País das Maravilhas

Lewis Carroll já influenciou muita gente com seu texto nonsense e suas metáforas inteligentes. A música “I am the Walrus” (Eu sou a Morsa), por exemplo, foi criada pelos Beatles a partir do longo poema “A Morsa e o Carpinteiro” que aparece em “Alice no País do Espelho”, a segunda parte de “Alice no País das Maravilhas”.

Em uma entrevista que para a Revista Playboy em 1980, John Lennon foi indagado pelo repórter: “E quanto a você ser a Morsa?” ao que ele respondeu:

“A música surgiu a partir de ‘A Morsa e o Carpinteiro’ de ‘Alice no País das Maravilhas’. Para mim, é um belo poema. Jamais me ocorreu que Lewis Carroll estava falando sobre o sistema capitalista e social. Nunca fiquei me perguntando o que ele realmente quis dizer como as pessoas fazem com a obra dos Beatles. Mais tarde, olhando para o poema com atenção, percebi que a Morsa era o vilão da história e o Carpinteiro era o mocinho. Então eu pensei: Oh, merda, eu peguei o cara errado. Eu deveria ter dito: ‘Eu sou o carpinteiro’. Mas isso não teria dado o mesmo resultado, não é? [Cantando] ‘I am the Carpenter…’”

A letra de “I am the Walrus” ainda faz referência a um eggman, um homem ovo. Tudo a ver com o livro, pois quem declama o poema para Alice é Tweedledum.

(…)

A Morsa avançou, junto ao Carpinteiro:
Quilômetros e meio marcharam;
Juntaram um monte de pedras primeiro
E uma espécie de mesa depois prepararam –
Ao redor as Ostrinhas também se assentaram
Esperando uma história!

A Morsa exclamou: “A hora é chegada!
Temos mil coisas para conversar:
Sapatos, veleiros e cera encarnada
E lacre e repolhos e Reis proclamar! –
Porque esta noite fervente está o mar
E os porcos criaram asas!”

“Espere um momento!” – as Ostras gritaram –
“Depois iniciamos a conversação:
Estamos sem fôlego, nossos pés se cansaram,
Nós somos gordinhas – tenham compaixão!”
Falou o Carpinteiro: “Esperamos, pois não!?”
E as Ostras agradeceram!

“Precisamos agora de uma bisnaga de pão” –
Disse a Morsa, contente.
“Pimenta e vinagre na palma da mão
E um pouco de sal, que se espalha frequentemente –
E agora, se está pronta a assembleia presente,
Começamos a comer!”

As Ostras gritaram: “Vão nos devorar?
Não façam! Piedade!
Nós somos amigas! Não podem matar
Depois da conversa e passeio: é maldade! –
E a Morsa responde, com sinceridade:
“Gostaram  da vista, não foi?”

(…)

Trecho do poema “A Morsa e o Carpinteiro”, de Alice no País do Espelho (L&PM Pocket), tradução William Lagos.

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Ilustração original de John Tenniel que está no volume de “Alice no País do Espelho” da Coleção L&PM Pocket

 

Alice in Waterland

Elena Kalis é uma fotógrafa russa que vive nas Bahamas. É especialista em fotografia de moda embaixo d´água e criou um projeto baseado na mais famosa obra de Lewis Carroll para a qual deu o nome de “Alice in Waterland”. Elena fotografou sua filha Alexandra, quando ela estava com 12 anos, vestida de Alice e em cenas subaquáticas. As belas imagens viraram livro. Para ver mais, clique aqui e dê uma espiada no site da fotógrafa.

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Alice na TV

Estreia nesta quarta, dia 8 de janeiro, às 22h no canal Sony, o seriado Once upon a time in Wonderland com a personagem Alice, de Lewis Carroll, no papel principal. Na adaptação, Alice é uma adolescente tida pela própria família como louca: a trama começa com Alice (Sophie Lowe) internada em uma instituição psiquiátrica, onde ela renega, diante dos médicos, tudo o que vinha dizendo sobre o mundo mágico que visitou e acaba aceitando fazer uma cirurgia para apagar suas memórias. Mas o coelho branco (voz de John Lithgow) e o Valete de Copas (Michael Socha) vão tirar Alice de lá, porque seu amor, o gênio da lâmpada Cyrus (Peter Gadiot) está vivo – ao contrário do que se imaginava – à espera dela no País das Maravilhas.

Assista ao trailer legendado:

E se você AINDA não leu as aventuras de Alice no País das Maravilhas e Alice no País do Espelho, sempre é tempo: a L&PM publica ambos na Coleção L&PM Pocket.

E por falar em silêncio…

Abaixe o som, não grite, tire a mão da buzina, evite até mesmo ler em voz alta. Hoje, 7 de maio, é Dia do Silêncio no Brasil. Não conseguimos descobrir quando e como ele começou a ser comemorado, mas para marcar esta data separamos alguns trechos de livros que homenageiam a ausência de som:

Você já amou uma mulher silenciosa / Que não levanta a voz por raiva / Nem má educação / Que anda com seus pés de seda / Num mundo de algodão / Que não bate / fecha a porta / Como quem fecha o casaco de um filho / Ou abre um coração? (De Poemas, Millôr Fernandes)

O teu silêncio é uma nau com todas as velas pandas… / Brandas, as brisas brincam nas flâmulas, teu sorriso… / E o teu sorriso no teu silêncio é as escadas e as andas / Com que me finjo mais alto e ao pé de qualquer paraíso… (De Poesias, Fernando Pessoa)

Pior do que uma voz que cala é um silêncio que fala. (De Ménage à Trois, Paula Taitelbaum)

O resto é silêncio. (De Hamlet, Shakespeare)

E de repente o silêncio, / Com os passos da ilusão / perseguem a criança-sonho / Pelas terras da invenção, / Falando a seres bizarros… / Uma verdade, outra não. (De Alice no País das Maravilhas, Lewis Carroll

O manuscrito original de Alice

Como Lewis Carroll, só Lewis Carroll. A riqueza de seus personagens, de seus cenários e de seu texto – recheado de charadas, trocadilhos e referências de época – revela uma mente matematicamente criativa que o mundo jamais viu igual. Nascido em 27 de janeiro de 1832, Carroll criou a mais famosa e engenhosa história infantil de todos os tempos: Alice no País das Maravilhas. Para homenageá-lo no dia de seu aniversário, e presentear os fãs desta incrível história, apresentamos o manuscrito original que hoje encontra-se na British Library (Biblioteca Britânica). As páginas estão disponíveis no site da biblioteca e nós montamos um “flip” para que ele possa ser folheado como a menina Alice fez ao recebê-lo das mãos do escritor.

Este manuscrito, um dos melhores da British Library – tesouro querido, é a versão original de Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll, o pseudônimo de Charles Dodgson, um matemático de Oxford. Dodgson gostava de crianças e fez amizade com Lorina, Alice e Edith Liddell, jovens filhas do vice-reitor de sua faculdade, Christ Church.

Em um dia de verão de 1862, para entretê-las durante um passeio de barco, ele contou uma história de aventuras vivida por Alice em um mundo mágico ao entrar numa toca de coelho. A Alice de dez anos de idade ficou tão extasiada que pediu que ele anotasse a história para ela. Levou algum tempo, mas ele escreveu o conto – à mão, numa caligrafia minúscula – que foi completada com 37 ilustrações. Então, em novembro de 1864, Alice finalmente recebeu o livro de 90 páginas, dedicado a “uma criança querida, em memória de um dia de verão”.

Incitado por amigos a publicar a história, Dodgson reescreveu e aumentou o texto, removendo algumas das referências familiares privadas e acrescentando dois novos capítulos. A versão publicada foi ilustrada pelo artista John Tenniel.

Muitos anos depois, Alice foi forçada a vender seu precioso manuscrito em um leilão. Ele foi comprado por um colecionador americano, mas retornou à Inglaterra em 1948 quando um grupo de benfeitores americanos doou-o à British Library em reconhecimento ao papel do povo britânico na Segunda Guerra Mundial.

(Texto de apresentação do manuscrito que está no site da British Library)

Alice por Dalí

Já parou para imaginar como seria a Alice, de Lewis Carroll, se tivesse sido criada por Salvador Dalí? Do país das maravilhas ao país do espelho, Alice já vem de fábrica com uma aura de psicodelia e surrealismo. Bastaria acrescentar as cores e o traço inconfundível do pintor catalão para transformá-la em candidata forte ao posto de oitava maravilha do mundo!

Mas devaneios à parte, agora você já pode dar uma folguinha para sua imaginação, porque o próprio Salvador Dalí já fez isso por você. Em 1969, ele criou 12 ilustrações para uma edição especial de Alice no país das maravilhas. A coleção está em exposição permanente na William Bennett Gallery, em Nova York, sob o título de O Universo Surreal de Salvador Dalí e acaba de ganhar sua versão digital. São 13 desenhos em tinta guache: a capa e um para cada um dos 12 capítulos que compõem o livro.

Ilustração do primeiro capítulo do livro: "Descendo pela toca do Coelho"

Arte da capa da edição de 1969 que leva a assinatura de Dalí

As clássicas cartas de baralho aparecem na ilustração do capítulo "O campo de croqué da Rainha"

Gostou? Estes e os outros 10 desenhos estão aqui.

Quem estiver em Nova York pode conferir todos estes desenhos de pertinho! A William Bennett Gallery fica no número 65 da Greene Street.

O que os personagens lêem?

Quais os livros preferidos dos personagens clássicos da literatura? A partir desta pergunta, a agência de propaganda Ogilvy & Mather criou uma campanha para a rede de livrarias mexicana Gandhi. Nos anúncios, Alice, de Lewis Carroll, está lendo LSD, de Timothy Leary. A barata de A metamorfose, de Franz Kafka, está lendo Cem anos de solidão, de Gabriel Garcia Marquez. E a célebre Chapeuzinho Vermelho, dos Irmãos Grimm, folheia as páginas de O lobo da estepe, de Herman Hesse.

A partir desta “brincadeira”, nós também resolvemos dar algumas dicas da Coleção L&PM POCKET para estes personagens. Para Alice, indicamos Um parque de diversões na cabeça, de Lawrence Ferlinghetti, e Que loucura!, de Woddy Allen. Para Chapeuzinho Vermelho, sugerimos O lobo do mar ou O chamado da floresta, ambos de Jack London. Já para a barata de Kafka, a dica é Enquanto agonizo, de William Faulkner, e O cortiço, de Aluísio Azevedo.

Bem-vindos ao mundo de Alice!

O país das maravilhas já tem endereço! Na verdade, não é bem um país, mas um restaurante da rede japonesa Dimond Dining, em Ginza, no Japão, que se inspirou na história de Lewis Carroll para decorar seus vários ambientes. Já na entrada, garçonetes vestidas de Alice recebem os convidados numa sala com livros gigantescos:

O local tem até um labirinto igualzinho àquele onde Alice e o Coelho Branco se encontram pela primeira vez:

Também não podia faltar nesta história um ambiente inspirado no exército de cartas de baralho da Rainha de Copas:

A decoração foi concebida pelo estúdio Fantastic Design Works Co., de Tóquio. Tem mais fotos do ambiente aqui.

via Zupi