E se o mundo se transformasse em uma grande biblioteca? Este foi o objetivo inicial do projeto BookCrossing, que consiste em deixar um livro em um local público para que outra pessoa o encontre, leia e passe adiante. Os livros podem ser encontrados em pontos fixos de BookCrossing ou em lugares como bares, estações de metrô e praças. Em todos os livros há uma mensagem que explica o que deve ser feito. O site foi criado por um programador norte-americano, em 2001, e tem seguidores de várias partes do mundo. A iniciativa ganhou força e está presente em 130 países, tem mais de 6 milhões de livros registrados e cerca de 845 mil membros. Em São Paulo, o projeto já soma mais de 2 mil seguidores.
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Por onde começar a ler Balzac?
Ivan Pinheiro Machado
Falei muito sobre o autor de A Comédia Humana nos 12 posts anteriores. Procurei dar uma ideia do tamanho de Balzac, suas ideias, suas contradições, seu gigantesco talento e sua obra sem precedentes na história da literatura universal. Mas a Comédia é vasta – 89 histórias sendo que mais de 60 romances com, pelo menos, 200 páginas cada – e o leitor se pergunta: “por onde devo começar?” Vai aqui minha sugestão. Depois de dar a partida, será muito fácil engatar Balzac.
Comece nessa ordem: O pai Goriot, Ilusões Perdidas, Esplendores e misérias das cortesãs. Por quê? Bem, O pai Goriot é o primeiro romance onde Balzac concebe a ideia central da Comédia, ou seja, a de criar um enorme conjunto de romances que se passam no mesmo período e que, contando histórias diferentes, “pintam” um retrato preciso da mesma sociedade, através de personagens que vão e vem de uma história para outra (veja o post desta série O monumento chamado Comédia Humana). O pai Goriot é emblemático da “descoberta” de Balzac. Nele surgem personagens, principais e secundários, que atravessarão toda a Comédia, com destaque para Engène Rastinagnac e Vautrin, o malfeitor. Em Ilusões Perdidas, Lucien Rubempré é o protagonista. Sua saga de “alpinista social e intelectual” prossegue e se conclui em Esplendores e misérias das cortesãs, uma continuação de Ilusões…, com os mesmos personagens e o retorno de outros que estavam em Pai Goriot.
Na informalidade que o seu “realismo” lhe concedia, o próprio Balzac nos dá claramente a pista dessa ordem de leitura na parte final de seu Esplendores e misérias das cortesãs. Ele escreve: “Jacques Collin (nome verdadeiro de Vautrin) e sua horrível influência são a coluna vertebral que liga O pai Goriot a Ilusões perdidas e Ilusões perdidas a Esplendores e misérias das cortesãs”.
Costumo dizer que as 1.500 páginas que compõem estes três romances são o Guerra e Paz de Balzac. Embora seja uma fração minúscula da gigantesca Comédia Humana, ali estão os fundamentos, as intenções e a amostra perfeita da incrível capacidade de fabulação do mestre Honoré de Balzac.
Leia também:
– Paris: a cidade-personagem
– Balzac e a política: um autor de direita e uma obra de esquerda
– O homem que amava as mulheres
– O poder das mulheres na Comédia humana
– Balzac e as balzaquianas
– Ouro e prazer
– 20 de maio: aniversário de Balzac
– Sexo para todos os gostos
– Balzac: o homem de (maus) negócios
– O monumento chamado Comédia Humana
– Por que ler Balzac
– Balzac: a volta ao Brasil mais de 20 anos depois
Crianças e livros
O auditório da Livraria da Vila da Lorena, onde a L&PM reuniu os colaboradores das edições de O futuro de uma ilusão e O mal-estar na cultura, de Freud, fica ao lado da área infantil da biblioteca. No sábado, o espaço estava lotado pelos pequenos, como esses três atirados nos pufes do local, compenetrados em seus livros.
Além de fofa, a imagem é estimulante. Ainda que se pregue o fim dos livros, enquanto o hábito da leitura se renovar com as crianças – assim mesmo, no papel – nossas histórias favoritas continuarão sendo impressas.
Admirável mundo velho
Por Paula Taitelbaum
O garoto, filho de um amigo, estava na minha casa quando avistou aquela coisa desconhecida. “Tia, o que é isso?”. Olhei na direção do dedinho e lá estava minha Olivetti. Ela, que já havia sido tão útil, e que agora era objeto de decoração. Depois de ouvir pela primeira vez a palavra “máquina de escrever”, o menino quis saber como funcionava. Sob seu curioso e atento olhar, peguei a máquina, coloquei sobre a mesa, fiz o papel girar e ofereci para que experimentasse “digitar”. Tec, tec, tec… Os olhos do garoto se iluminaram e, num misto de revelação e êxtase, gritou: “Uaaaau! Já sai impresso!”.
Pois lembrei dessa história hoje, quando vi o link de um vídeo em espanhol que apresenta um revolucionário produto: “Book”. E que pode ser visto como um divertido tapinha de luva de pelica no ti-ti-ti em torno do e-book. Parte do texto do vídeo, eu reproduzo abaixo. Mas para os que preferem assistir à íntegra em espanhol, está aqui:
“Olá, apresentamos um novo dispositivo de conhecimento bio-óptico organizado. Seu nome comercial: Book. Book é uma revolucionária ruptura tecnológica: sem cabos, sem circuitos elétricos, sem bateria, sem necessidade de conexão, compacto. Importante: book pode ser utilizado em qualquer lugar. (…) Book nunca estraga. Book nunca precisa ser reiniciado. Simplesmente precisa ser aberto para que se comece a desfrutar de suas imensas verdades. Veja como funciona: Book é feito com folhas de papel numeradas sequencialmente. Cada uma delas pode armazenas mil bytes de informação. (…) A maioria dos Books inclui uma função de índice que mostra a localização exata de qualquer informação selecionada para sua imediata recuperação. O acessório opcional, o marcador de página, permite abrir o Book na exata página que foi selecionada anteriormente, inclusive se o Book estiver fechado. Os marcadores de página se ajustam aos padrões internacionais, de maneira que o mesmo marcador de página pode ser usado em Books de diferentes fabricantes. Além disso, diversos marcadores podem ser utilizados em um mesmo Book se o usuário desejar armazenar várias buscas ao mesmo tempo. Também é possível realizar notas pessoais junto às entradas dos Books mediante uma sensível ferramenta de programação: o lápis. (…) Book está sendo recebido como precursor de uma nova onda de entretenimento. Bem-vindo a uma nova era que transformará sua maneira de ver o mundo. Bem-vindo à experiência ‘Book’.”