Em 28 de janeiro de janeiro de 1813, chegava às livrarias da Inglaterra aquele que se tornaria o romance mais famoso de Jane Austen: Orgulho e preconceito. Em 2003, a BBC de Londres realizou uma enquete que elegeu este livro como o segundo “Livro mais amado pelos leitores do Reino Unido”. Ivo Barroso, em sua introdução para a edição da Coleção L&PM Pocket, explica um pouco a razão de tanto amor:
Jane Austen conseguiu criar personagens vivos e inesquecíveis com sua arte de pintar em subtons e nas entrelinhas o mundo provincial onde transcorreu sua pobre e curta existência. Somente através de uma observação vívida poderia essa “boa tia” transcender os parcos limites do serão familiar para projetar seus personagens na galeria dos grandes vultos criados pela tinta negra. E a despojada forma de seu estilo os preserva ainda hoje, saborosos e latentes, em meio aos milhares de poderosos vultos que nestes 190 anos vieram enriquecer a literatura mundial. (…) Jane é espirituosa, é sarcástica, é gozadora. Os aspectos cômicos da pequena aristocracia inglesa são por ela expostos ao ridículo por meio das fraquezas vocabulares e das gafes. Em seus livros abundam as futricas e os mal-entendidos. Neles quase não há descrições; estão praticamente ausentes de paisagens, mesmo porque a autora muito pouco viajou. Toda a ação se passa no interior das residências, é induzida através dos diálogos ou das cartas. Mas que maneira espantosa de reproduzir tais diálogos ou de escrever tais cartas! Por eles, mesmo em tradução, Jane Austen nos permite avaliar o grau de educação ou a ignorância do personagem e situá-lo na escala social. (…) Aqui, em Orgulho e preconceito, a lenta caracterização da figura de Fitzwilliam Darcy, evoluindo de uma pessoa antipática e pretensiosa para, num timing perfeito, se mostar magnânimo e providencial na reabilitação de Lydia (irmã mais nova de Elizabeth Bennet, a principal personagem feminina); a guinada transcendente que nos leva a reconsiderar sua atitude reservada e distante dos primeiros momentos, capaz de provocar em nós, como leitores, uma certa aversão por esse nobre afetado, ao sabermos finalmente que ele foi, desde o início, um enamorado precavido e respeitoso, compensando, no fim, a heroína Elizabeth por todo o sofrimento e as dúvidas que teve a seu respeito – todas essas fabulações e artimanhas de Jane Austen, esses enredos e quiproquós que animam os seus relatos, e que foram, depois dela, utilizados milhares de vezes para movimentar as novelas e os folhetins – servem para evidenciar seu talento de escritora, seu espírito de observação, sua penetração psicológica, ou, reafirmamos, ainda que possa parecer paradoxal, sua “modernidade”. Embora tenha sido publicado em 1813 como seu segundo livro, Orgulho e preconceito é, na verdade, a primeira tentativa de Jane para ver um manuscrito seu impresso. Com o título inicial de First Impressions (Primeiras impressões), a novela, composta entre outubro de 1796 e agosto de 1797, não chegou a realizar aquele sonho, tendo sido recusada pelo editor Thomas Cadell. Duramente retrabalhados, os originais, sob a nova denominação de Pride and Prejudice, foram finalmente vendidos ao editor Thomas Egerton, que os publicou em três volumes encadernados, dezesseis anos depois. (Trecho da introdução de Ivo Barroso para a edição de Orgulho e preconceito, Coleção L&PM Pocket)
Para marcar o bicentenário da primeira publicação de “Orgulho e preconceito” a L&PM vai premiar a melhor imagem inspirada na história mais famosa de Jane Austen. Leia o regulamento e descubra como participar lá no tumblr “Orgulho e preconceito – 200 anos”, criado especialmente para a promoção: http://orgulhoepreconceito200anos.tumblr.com/