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Gertrude Stein, a amiga de Picasso

Gertrude Stein, por Pablo Picasso

Em 3 de fevereiro de 1874, nascia Gertrude Stein, uma das figuras mais importantes da história da arte moderna no mundo. Nascida em Pittsburgh, nos Estados Unidos, ela foi morar em Paris com seus irmãos Léo e Michael. A casa da família Stein na Rua de Fleurus nº27 vivia cheia de artistas e escritores, entre eles Pablo Picasso, Ernest Hemingway, o casal Zelda e F. Scott Fitzgerald, Henri Matisse, Paul Gauguin e outros grandes nomes que devem muito ao apoio financeiro e intelectual dos irmãos Stein.

As paredes da mansão eram “decoradas” com cerca de 600 quadros de alguns dos artistas que frequentavam a casa, entre eles um retrato de Gertrude Stein (reproduzido acima) feito por Picasso. Para retribuir a homenagem do amigo, ela fez o poema “If I told him”, que você pode ouvir na voz da própria autora no vídeo abaixo.

Para saber mais sobre a vida de Gertrude Stein e dos visitantes que frequentavam sua casa em Paris, vale ler A autobiografia de Alice B. Toklas da Coleção L&PM Pocket.

Muerto cayó Federico

Em 19 de agosto de 1936, em pleno verão andaluz, o poeta Federico Garcia Lorca, que afrontava as normas do regime com sua poesia, foi friamente assassinado pelo exército nacionalista. Sem julgamento ou misericórdia, deram-lhe um tiro de fuzil na nuca e se livraram de seu corpo num lugar qualquer da província de Granada.

A morte de Lorca foi um soco no estômago de poetas e artistas de todo o mundo, que reagiram à triste notícia usando o que tinham de melhor para expressar sua tristeza: a arte. No ano seguinte ao assassinado de Lorca, Picasso fez um de seus quadros mais famosos, a Guernica. Ao ser questionado por um oficial alemão se ele teria pintado o quadro, Picasso respondeu: “não, os senhores é que o fizeram”.

Profundamente abalado com a barbárie da Guerra Civil Espanhola e tocado pela morte do amigo, Pablo Neruda escreveu os poemas reunidos no livro Terceira residência, um verdadeiro libelo contra a guerra com versos sobre política e liberdade.

No Brasil, Lorca foi homenageado por Vinicius de Moraes, que compôs o belíssimo poema “A morte de madrugada”. A seguir, os versos de Vinicius na voz do ator português Mario Viégas e abaixo, a última estrofe do poema:

Atiraram-lhe na cara
Os vendilhões de sua pátria
Nos seus olhos andaluzes
Em sua boca de palavras.
Muerto cayó Federico
Sobre a terra de Granada
La tierra del inocente
No la tierra del culpable.
Nos olhos que tinha abertos
Numa infinita mirada
Em meio a flores de sangue
A expressão se conservava
Como a segredar-me: – A morte
É simples, de madrugada…

Parte da obra poética de Federico Garcia Lorca está no livro Antologia Poética – Garcia Lorca, da Coleção L&PM Pocket.

Picasso e a ciência

Desde a exposição que homenageou Picasso no MoMA em 1939, o quadro Jeune fille endormie, que retrata Marie Thérèse Walter, a jovem amante do pintor espanhol, nunca mais foi visto. Logo após a exposição, a obra foi vendida e o novo dono tratou de mantê-la longe do público e dos holofotes da mídia por mais de 60 anos. Até que uma causa nobre o fez mudar de ideia.

O quadro de cores vibrantes em que Marie Thérèse aparece dormindo sobre seus próprios braços cruzados será leiloado pela Christie’s no dia 21 de junho e o valor arrematado (algo em torno de 10 milhões de euros) será integralmente doado à Universidade de Sidney para ser investido em pesquisas científicas sobre diagnóstico e tratamento de obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares.

Jeune fille endormie, de Pablo Picasso

Marie Thérèse foi, sem dúvida, uma das grandes paixões da vida de Picasso. Eles se conheceram por acaso, na rua, como ela mesma contou, quarenta anos depois, em entrevista à revista Life. Esta passagem está descrita no livro Picasso, da Série Biografias:

Em 8 de janeiro de 1927, uma moça muito bonita sai das Galerias Lafayette. (…) Está sozinha, ou talvez acompanhada da irmã. Tem apenas dezessete anos [Picasso tinha 45], mas parece ter saído há muito da adolescência. Sua beleza vai entrar na história da arte. Pablo Picasso, no mesmo momento, passa pelo Boulevard Haussmann. O homem é seduzido, o pintor, fascinado.

(…) Picasso a teria abordado, pegando-a pelo braço, apresentando-se, dizendo-lhe a intenção de fazer dela um retrato e proclamando que eles realizariam “grandes coisas juntos”.

Para participar do universo criativo de Picasso

Hoje é aniversário do pintor impressionista Paul Cézanne, que é apontado por Pablo Picasso e Henri Matisse como o precursor do Cubismo. O movimento artístico teve como marco inicial o quadro Les demoiselles d’Avignon, feito por Picasso em 1907, um ano após a morte de Cézanne.

Talvez tenha sido este o maior legado deixado por Cézanne ao mundo das artes. E é por este motivo que resolvemos apresentar aqui a exposição virtual Picasso: Themes and Variations promovida pelo MoMA (Museu de Arte de Nova York), que coloca os quadros e as técnicas do mestre cubista ao alcance de todos, via internet.

No site interativo, desenvolvido especialmente para promover a “visitação” virtual, é possível observar as obras em detalhes, comparar as diversas técnicas utilizadas, conhecer as técnicas de impressão experimentadas por Picasso como a litografia, além de explorar assuntos e temas relacionados a tudo que envolve o universo do pintor espanhol.

Por meio de uma animação interativa, é possível até acompanhar o passo a passo da elaboração de uma tela de Picasso:

O quadro "Jacqueline with headband", do primeiro ao último estágio

Para conhecer mais sobre a vida e a obra destes dois gênios das artes visuais, leia na Série Biografias L&PM: Cézanne, por Bernard Fauconnier, e Picasso, por Gilles Plazy.

Encontradas obras desconhecidas de Picasso

O mundo da arte ficou atônito na última semana com a descoberta de 271 obras de Pablo Picasso. Sim, isso mesmo. Duzentas e setenta e uma obras desconhecidas de Picasso. São quadros até agora inéditos, do homem que revolucionou a pintura do Século Vinte. Estavam na posse de um electricista que trabalhou com ele na Côte d’Azur, e tentava certificar as obras. A coleção data do período mais criativo do artista, de 1900 a 1932. Entre as obras estão colagens cubistas, uma aquarela do período azul, alguns guaches, estudos de mãos em tela, cerca de trinta litografias, além de 200 desenhos. Claude Picasso, filho do grande pintor, disse que seu pai era conhecido por sua generosidade, mas sempre dedicava, datava e assinava seus presentes, pois sabia que alguns dos presenteados tentariam vender o material algum dia. A justiça francesa trabalha para desvendar o mistério.

Um dos estudos de mão em tela encontrados com Pierre Le Guennec, o eletricista que supostamente recebeu as obras de presente de Picasso

A L&PM publica Picasso, na Série Biografias.

Há 129 anos, nascia o imortal Picasso

Picasso achava-se imortal. E não era para menos. Morreu numa madrugada quente em seu castelo de Notre Dame de La Vie na Cote d’Azur, em 8 de abril de 1973, depois de trabalhar a noite inteira. Tinha 92 anos. Faria 93 exatamente em 25 de outubro, dia em que nasceu no longínquo ano de 1881 em Málaga na Espanha. Na verdade, ele tinha razão. Pablo Diego José Francisco de Paula Juan Nepomuceno María de los Remedios Cipriano de la Santísima Trinidad Ruiz y Picasso, dito Pablo Ruiz Picasso, é imortal. Numa época em que as pessoas acordam célebres e dormem anônimas tal é a ferocidade da máquina de moer da mídia, Picasso conseguiu a proeza de ser uma celebridade internacional absoluta durante 60 anos, enquanto viveu, e uma lenda depois de sua morte. Nenhum artista produziu tanto (cerca de 40 mil obras entre desenhos, litografias, esculturas, cerâmicas, telas, aquarelas e móbiles) e nenhum pintor teve uma influência tão imensa e decisiva sobre a história da arte. O cubismo, criado por ele em 1907, é o marco fundador da arte contemporânea e completa a revolução iniciada pelo impressionismo no final do século XIX. Anarquista, comunista, depois liberal, Picasso deixou atrás de si quilômetros de lendas. Combateu o franquismo, resistiu ao nazismo em Paris, pintou Guernica (que junto com a Monalisa e a Santa Ceia, ambas de Da Vinci são as obras de arte mais famosas da história) e atravessou o século se renovando, inventando, indo sempre além das convenções, surpreendendo, subvertendo. O século XX foi o século de Picasso. E o século XXI segue a reverenciá-lo. (IPM)

 

A L&PM publica “Picasso“, de Gilles Plazy, na Série Biografias.

Encontrei o Leonardo!

Por Paula Taitelbaum*

Enquanto leio o primoroso Roubaram a Mona Lisa! de R. A. Scotti (você não leu? Tá esperando o quê?) descubro, além de um livro muitíssimo bem escrito – sobre o verídico roubo do quadro mais famoso do mundo em 1911 – que alguns personagens das belas artes mundiais possuem um lado que eu desconhecia. Primeiro, deparei com um Picasso que envolvia-se com freqüência em furtos de obras de arte: “No final da audiência, Picasso, que havia comprado as peças roubadas, foi liberado depois de assumir o ato e ser alertado para que não saísse de Paris”. Depois, fiquei sabendo que Leonardo da Vinci arrasava os corações de Florença com um rosto que tinha uma beleza “fora do comum”. Para mim, a imagem que surgia ao ouvir falar do mestre da Vinci era a de um velho homem de nariz adunco, muitas rugas e vasta cabeleira – e não a figura do titã de cabelos louros e encaracolados que lhe caiam sobre os ombros despertando suspiros nas donzelas. Confesso que duvidei. E por isso fui ao Google procurar algo que pudesse atestar a beleza do pai da Mona Lisa. O que encontrei foi o vídeo produzido pelo TED – Ideas worth spreading. É uma micro palestra do artista Siegfried Woldhek sobre o verdadeiro rosto de Leonardo da Vinci. Muito bom!

Este texto foi originalmente publicado em março de 2010, mas como considero esse livro e esse vídeo imperdíveis, decidi postá-lo novamente.

Paula é jornalista, escritora e coordenadora do Núcleo de Comunicação L&PM

Picasso de Barcelona

Pablo Picasso nasceu em Málaga em 1881 e morreu em seu castelo em Mougins, na França, em 1973. Aprendeu a ler e a desenhar na Andaluzia. Mas foi em Barcelona, para onde a família se mudou em 1895, que ele tornou-se o Picasso que o mundo reverencia.
E a gênese da transformacao do jovem precoce em gênio está detalhada nas paredes do belíssimo prédio do seculo XIII, na estreita Calle Montcada, 15, no Bairro Gótico em Barcelona. Há obras de Picasso nos mais importantes museus e nas coleções particulares mais exclusivas do mundo. Mas em nenhum outro lugar é possível aos leigos e amadores entenderem de forma tão imediata por que ele se tornou o grande astro da arte do século XX. Porque aqui estão seus primeiros trabalhos.

A entrada do museu e algumas das obras expostas nele

Segundo ele mesmo, “aos 12 anos já desenhava como Rafael”. E aqui isso está provado, na virtuose e habilidade que ele mostra nos quadros dos seus 14, 15 e 16 anos. Há uma série impressionante de retratos de amigos, notivagos, bailarinas, cujo traço perfeito e clima melancólico daria origem ao seu início triunfal em Paris com  as séries azul e rosa. São 213 quadros a óleo e 681 desenhos. Da fase da maturidade estão expostos 54 quadros da série “Meninas”, de 1957 (em que parodiava Velásquez), doada ao Museu pelo mestre em vida. Estes quadros são emblemáticos da grande revolucao na carreira do pintor, quando ele escandalizou o mundo esfacelando a figura humana que tão magistralmente ele construíra nas telas da adolescência e que estão penduradas nas paredes do museu da Calle Montcada.