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Shakespeare na boca do povo

Shakespeare é pop. Muito pop. Não só porque suas histórias são conhecidas no mundo inteiro – e porque Romeu e Julieta virou nome de queijo com goiabada -, mas também pelo fato de que muitas das expressões que estão na boca do povo foram inventadas por ele. “Isso parece grego pra mim”, “Mais pra lá do que pra cá”, “Sem pregar o olho”, “Dias melhores virão”, “O próprio diabo encarnado” são expressões shakespearianas ditas por seus personagens. Sem contar aquelas que são o próprio nome de livros como “Medida por medida” e “Bem está o que bem acaba”. Não bastasse isso, ele criou 1.700 novas palavras que hoje fazem parte do vocabulário mundial. Alguns exemplos são Advertising (Publicidade), Bandit (Bandido), Champion (Campeão), Generous (Generoso), Obscene (Obsceno), Torture (Tortura) e Zany (Bobo). 

Veja aqui alguns exemplos de expressões criadas por Shakespeare e descubra em que livros elas estão:

Meu reino por um cavalo! (Ricardo III)

Nem tudo o que reluz é ouro. (O mercador de Veneza)

Há mais coisa entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã filosofia. (Hamlet)

O resto é silêncio… (Hamlet)

O que não tem remédio, remediado está. (Otelo)

Prudência! Quem mais corre, mais tropeça! (Trabalhos de amor perdidos)

Há algo de podre no reino da Dinamarca. (Hamlet)

A mulher é um prato para os deuses, quando não é o demônio que a prepara. (Antonio e Cleópatra)

Morrer…dormir… talvez sonhar. (Hamlet)

O bem que os homens fazem quase sempre é enterrado com seus ossos… (Julio César)

Colocar o carro na frente dos bois. (Ricardo III)

O ciúmes é um monstro de olhos verdes. (Otelo)

Você pode conhecer mais citações de Shakespeare no livro Shakespeare de A a Z. A Coleção L&PM Pocket publica 22 peças assinadas por ele e com traduções primorosas feitas por mestres como Millôr Fernandes e Beatriz Viégas-Faria: Medida por medida, Hamlet, O Rei Lear, A megera domada, Romeu e Julieta, Otelo, Macbeth, Ricardo III, Antonio e Cleópatra, Julio César, Como gostais / Conto de inverno, Tito Andrônico, Bem está o que bem acaba, O mercador de Veneza, Henrique V, A tempestade, Trabalhos de amor perdidos, Sonho de uma noite de verão, Noite de reis, Muito barulho por nada, A comédia dos erros e As alegres matronas de Windsor.

A mais dolorosa história de amor

Por Paula Taitelbaum

Mesmo que de brincadeira, o “fim do mundo” é assunto cada vez mais recorrente nos últimos dias, à medida que o 21 de dezembro de 2012, data que os Maias previram como fatídica para a Terra, está se aproximando feito cometa desgovernado. Mas alguém já parou para pensar que às vezes a humanidade não precisa estar correndo risco de uma suposta extinção para termos a certeza de que o mundo acabou? Vai dizer: sofrer de amor não é o próprio fim do mundo?

E você há de concordar que isso acontece principalmente naquela idade que fica entre a infância e a fase adulta… Época em que sofrer por amor é a certeza de que o mundo acabou e que não existe mais ninguém no universo. Só você e a falta daquela outra pessoa.

Tudo isso pra falar sobre Romeu e Julieta, o clássico dos clássicos de Shakespeare, a história de amor mais conhecida, encenada, filmada, pintada, dançada e cantada que a literatura já produziu. Uma história que além de ser assistida (e degustada na sobremesa) também merece ser lida. Afinal, nada é como o texto original.

Claro, ler Shakespeare em inglês seria o ideal, mas se você – assim como eu – não tem essa capacidade, sugiro a ótima tradução que Beatriz Viégas-Faria fez para a L&PM. “Tu, goela detestável, tu, barriga da morte, empanturrada com o mais precioso quitute da terra, assim eu forço tua mandíbula podre a se abrir e, para te deixar afrontada, venho te abarrotar com mais comida!” diz Romeu nas palavras escolhidas por Beatriz.  

Romeu e Julieta é a descoberta do primeiro amor. Um amor entre os herdeiros de famílias inimigas. Um amor proibido que por isso torna-se ainda mais intenso. Um amor que é a própria razão da existência. E pensar que os adolescentes já eram assim lá no tempo de Shakespeare…

Se o mundo não acabar na sexta-feira, sugiro que você leia (ou releia) esse grande livro. Mas prepare-se. Como diz o príncipe no final da peça, “Jamais houve história mais dolorosa que esta de Julieta e seu Romeu.”

* Toda semana, a Série “Relembrando um grande livro” traz um texto assinado em que grandes livros são (re)lembrados. Livros imperdíveis e inesquecíveis.

Macbeth em montagem masculina

A primeira vez que foi encenada, em 1611, a peça Macbeth, de Shakespeare, tinha só homens em seu elenco, incluindo aí o papel da perversa Lady Macbeth. Não que o grande dramaturgo fosse misógino. Ao contrário. Mas naquela época era assim: às mulheres não era permitido subir ao palco (lembram do filme “Shakespeare apaixonado”?). Pois eis que agora, 400 anos depois de sua montagem original, Macbeth ganhou versão brasileira exatamente como na Inglaterra do Século XV: com um elenco totalmente masculino.

A concepção e direção deste Macbeth que tem Marcello Antony no papel principal e Claudio Fontana como Lady Macbeth – é de Gabriel Vilella, experiente em textos shakespearianos. A adaptação do texto foi feita por Marcos Daud que reduziu os 20 personagens originais para oito e introduziu a figura de um narrador.

Na opinião de Villela, Macbeth é um espetáculo formal, sóbrio, contido, voltado para a experiência da voz e da palavra. Para compor o figurino da peça, a produção adquiriu mais de 30 malas antigas de couro e papelão em brechós e antiquários que depois foram recortadas e transformadas em indumentárias de guerra pelo artesão potiguar Shicó do Mamulengo e pelo próprio Gabriel Vilella. O diretor também trouxe tapeçarias antigas de diversos lugares do mundo para complementar o figurino.

Após terminar temporada na capital paulista, a peça segue agora em turnê nacional. Neste final de semana estará em Vinhedo, cidade próxima a Campinas. Em novembro, terá apresentações em Porto Alegre.

Marcello Antony e Claudio Fontana, o casal Macbeth

Serviço

Espetáculo: Macbeth
Local: Teatro Municipal Sylvia de Alencar Matheus. Rua Monteiro de Barros, 101, Vinhedo. (19) 3826-2821
Data: 15 e 16 de setembro
Horários: sábado, 21 horas; domingo, 19 horas
Entrada: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia)

Outra famosa montagem de Shakespeare feita por Gabriel Vilella foi um Romeu e Julieta adaptado para teatro de rua, considerado um marco da década de 90 e ganhador de diversos prêmios internacionais. Aliás, se você estiver em São Paulo nesta sexta-feira, 14 de setembro, poderá assistir justamente a esta montagem, que está sendo apresentada para comemorar os 30 anos do Galpão. Romeu e Julieta poderá ser vista no Parque da Independência (próximo ao SESC Ipiranga) às 19h. E como todo bom teatro de rua, é grátis.

A Coleção L&PM Pocket publica mais de 20 títulos de Shakespeare.

Qual estilo de casal é o seu?

Romeu e Julieta – Vocês são lindos, jovens, apaixonados e suas famílias são bem diferente uma da outra. Mais do que isso: os pais de vocês torcem pra times rivais no futebol. Se o seu namoro é assim, ele é estilo Romeu e Julieta. Mas não se preocupe, ele não vai terminar em tragédia. Isso a gente deixa pra história de Shakespeare.

Claire Danes e Leonardo Di Caprio no filme "Romeu + Julieta" (1996)

Peri e Ceci – Um é mais ligado na natureza do que outro, mas ambos adoram tomar banho de cachoeira e fazer trilha por alguma mata virgem (quando conseguem encontrar alguma). Se o seu namoro vai por essa linha, dá pra dizer que ele faz o tipo “Peri e Ceci”, o famoso casal de O Guarani, de José de Alencar.

Ceci e Peri

Jay Gatsby e Daisy – Vocês curtem jazz, têm vários amigos intelectuais e já estão naquela fase que podem se dar ao luxo de jantar em restaurantes caros. Mas deixam pairar certo mistério no ar quando o assunto é casamento. Se o seu namoro é mais pra esse tipo, dá pra dizer que ele tem tudo a ver com os personagens de O grande Gatsby.

Mia Farrow e Robert Redford em "O grande Gatsby" (1974)

Helga e Hagar – Vocês têm um estilo mais viking, curtem aquela coisa de castelos medievais e às vezes brigam demais. Mas se amam loucamente e acabam sempre fazendo os amigos rir. Se o seu namoro é desse jeito, ele está mais pra “Helga e Hagar”, os personagens em quadrinhos de Dik Browne.

Estes bem que podiam ser Helga e Hagar, né?

Tommy e Tuppence – Vocês adoram filme de espionagem, vivem tentando descobrir os segredos um do outro e, enquanto um tem os pés no chão, o outro é pura intuição. Pra completar, ainda trabalham juntos. Seu namoro vai por aí? Então ele é estilo “Tommy e Tuppence”, personagens de detetives criados por Agatha Christie.

Tommy e Tuppence

“Romeu e Julieta” em tempo real

Quando se fala em Romeu e Julieta, é difícil não cair no clichê de dizer que a peça resistiu ao tempo e se mantém atual até hoje. Só que agora, o que já era clichê virou literal: a adaptação feita pelo Royal Ballet, de Londres, para a peça mais famosa de Shakespeare será transmitida ao vivo direto das terras da Rainha para nove salas de cinema de São Paulo. Ou seja, se o tempo já era barreira ultrapassada, com uma ajudinha das tecnologias o espaço também virou etapa vencida e a aura de obra-prima que já rondava a história de Romeu e Julieta ganha força.

Cena da montagem de "Romeu e Julieta" do Royal Ballet, de Londres

O Royal Ballet já apresentou Romeu e Julieta mais de 400 vezes e cada encenação traz diferenças sutis. Ao longo do espetáculo, o par que dá título à peça é interpretado por vários casais de bailarinos diferentes e cada um ressalta um aspecto específico da destemida paixão entre os dois jovens de famílias inimigas. E quem já viu a adaptação do Royal Ballet garante que os cenários com detalhes renascentistas originais restaurados especialmente para a montagem são um espetáculo à parte.

A transmissão será legendada e acontecerá no dia 22 de março, às 16h15, simultaneamente nos cinemas dos shoppings Cidade Jardim, Market Place, Iguatemi, Eldorado, Higienópolis, Paulista, Mooca, Santa Cruz e Tamboré, em São Paulo. Os ingressos custam R$60.

Tinha um Shakespeare no meio do caminho…

Imagine chegar no metrô, a caminho do trabalho num dia de semana qualquer, e se deparar com dois sujeitos jogados no chão do vagão, gesticulando e recitando textos em até duas línguas diferentes… até que, de repente, alguém se destaca da plateia e explica o que está acontecendo: são atores, mais precisamente no meio do Ato V, Cena 3 de Romeu e Julieta, de William Shakespeare.

O verdadeiro teatro "underground": cena da peça "Rei Lear", de Shakespeare, encenada no metrô de Nova York

Cenas assim já não são mais novidade para quem usa o metrô em Nova York.  Fred Jones e Paul Marino são os atores de rua que ganham a vida se apresentando no metrô da Big Apple. Em entrevista ao jornal The New York Times, eles contam que, além do sustento, ganham aplausos e vivas da plateia adulta, sorrisos e olhares curiosos dos pequenos, e números de telefone de mulheres jovens e atraentes que desejam conhecê-los fora dali. Paul Marino é quem revela tais “lucros” e Fred Jones, nada modesto, confirma.

Segundo a dupla, o elemento surpresa é fundamental para o sucesso das apresentações: eles entram no metrô como pessoas normais, sem chamar muita atenção, pois todos os objetos de cena ficam guardados na mochila. Até que um deles coloca uma barba falsa, óculos de plástico e uma máscara, caracterizando rapidamente o personagem, e a esquete tem início. De repente, outro ator entra na cena e começa a recitar Hamlet em inglês e espanhol alternadamente, para o caso de haver algum imigrante ou turista recém chegado. Só depois que todo mundo já viu, gostou e aplaudiu é que eles se apresentam como atores e pedem uma contribuição aos passageiros.

Enquanto alguns reclamam da falta de dinheiro ou tempo para ir mais ao teatro, outros como Fred Jones e Paul Marino apresentam soluções: tiram Shakespeare do teatro e colocam no meio do caminho das pessoas. Que podem escolher entre se deixar “tropeçar” ou mudar de vagão. Na nossa opinião, a primeira opção será sempre mais atraente, é claro.

“Gnomeo e Julieta” reconta o clássico de Shakespeare em 3D

Já está nas salas de cinemas da França a animação Gnomeu e Julieta, baseada na clássica tragédia de Shakespeare. O filme, produzido pelo cantor Elton John, conta em 3D a história de dois anões de jardins de famílias rivais que se apaixonam e enfrentam todos os obstáculos para ficar juntos. O muro que divide os dois terrenos é apenas o começo!

Além de driblar a presença dos humanos, donos dos jardins onde eles vivem, Gnomeu Monteque e Julieta Capuleto têm que enfrentar a rivalidade de suas famílias. Os Monteque usam chapéu azul e os Capuleto, gorro vermelho. Não há como se misturar sem ser percebido e o segredo é não chamar a atenção. O resto da história você já conhece…

Na versão que estreia no Brasil no dia 4 de março, os atores Daniel de Oliveira e Vanessa Giácomo fazem as vozes dos personagens principais. Veja o trailer dublado:

A peça Romeu e Julieta, de William Shakespeare, faz parte da Coleção L&PM Pocket.

Shakespeare em 140 caracteres

A peça Romeu e Julieta foi encenada pela primeira vez em 1594, e nos últimos 416 anos foram muitas as versões para cinema, televisão e óperas. Mas agora, em 2010, o clássico está recebendo sua adaptação mais inusitada. Seis atores da Royal Shakespeare Company são os encarregados de “interpretar” os papéis principais no… twitter.

A experiência deve durar cinco semanas e os tweets são feitos em tempo real, ou seja, se determinada ação no texto original acontece às 8h, os atores atualizam suas contas às 8h. Para acompanhar a representação e saber mais sobre o projeto, é só acessar o site www.suchtweetsorrow.com
 

* Essa dica foi retirada da coluna ConexãoZH.

Beijos literários

Ah, o beijo… Como viver, amar e ser feliz sem ele?

É por isso que, hoje, no Dia do Beijo, separamos alguns trechos de pockets da L&PM que homenageiam esse que pode ser o mais puro ou o mais libidinoso dos atos.

Romeu e Julieta, de Shakespeare: “Beijarei teus lábios. Pode ser que ainda encontre neles um pouco de veneno que me faça morrer com este fortificante. (Beija-o)”.

Kama Sutra, Capítulo 3: “Os locais a serem beijados são os seguintes: a fronte, os olhos, as bochechas, a garganta, o colo, os seios, os lábios e o interior da boca. O povo de Lat também beija os seguintes locais: os quadris, os braços e o umbigo”.

 Drácula, de Bram Stoker: “Mas, logo após, voltou a abrir os olhos com toda aquela doce ternura de outrora. E desembaraçando aos poucos sua pobre, frágil e descorada mão, estendeu-a ao encontro da morena destra de Van Helsing. Este tomou-a entre seus robustos dedos, acariciou-a e beijou-a, na mais comovente das sublimações”.

Para sempre ou nunca mais, de Raymond Chandler: “Eu te odeio – ela disse, a boca contra a minha. – Não por isso, mas porque a perfeição nunca vem sem um intervalo e no nosso caso ela veio logo em seguida. E não quero nem vou voltar a vê-lo. Terá que ser para sempre ou nunca mais”.

Pulp, de Charles Bukowski: “Nós nos abraçamos e juntamos as bocas. A língua dela enfiara-se em minha boca, quente, mexendo-se como uma pequena serpente”.

Trecho de Elegia [de Marienbad] de Trilogia da Paixão, de Goethe: “Como por mim à porta ela aguardava / E felizardo aos poucos me fazia, / Após o último beijo me alcançava  / E ainda mais um dos lábios imprimia, / Assim, movente e clara, a efígie amada / No coração a fogo está gravada”.

Trecho de Versos Íntimos, de Eu e Outras Poesias, de Augusto dos Anjos: “Toma um fósforo. Acende teu cigarro! / O beijo, amigo, é a véspera do escarro, / A mão que afaga é a mesma que apedreja. / Se a alguém causa inda pena a tua chaga, / Apedreja essa mão vil que te afaga, / Escarra nessa boca que te beija!”.

O Dia do Beijo é comemorado em duas datas: 6 de julho (Kissing Day) e 13 de abril.