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A intimidade de Billie Holiday

Esta é a musa do jazz Billie Holiday fritando um bife ao lado de seu cão Mister na cozinha do apartamento onde morou no Harlem, em Nova York, em 1949. O “flagra” é do fotógrafo americano Herman Leonard.

A intimidade de uma das maiores vozes do jazz de todos os tempos está no livro Billie Holiday da Série Biografias.

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via Pinterest

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O nascimento de Michelangelo

“Michelangelo Buonarroti, conhecido como Michelangelo, nasce no dia 6 de março de 1475 em um cenário de lenda: um castelo em ruínas do Casentino (Toscana), encarapitado sobre uma crista rochosa recoberta de mato ralo, onde o burgo de Chiusi parece fazer parte da pedra. Abaixo, em uma garganta escura corre um fio de água, o Tibre, que segue seu curso em direção a Roma. Exatamente ao pé do castelo, o Arno, indissociável de Florença, tem sua nascente.” (Trecho inicial de Michelangelo, Série Biografias L&PM)

Escultor, pintor, arquiteto, poeta, engenheiro, Michelangelo foi descoberto aos quinze anos por Lorenzo de Medici. Passou a vida entre Florença e Roma. Trabalhou para sete papas, com os quais criou uma obra titânica, como rendeção de seu “pecado de imperfeição”. Autor de David e da Pietà, genial criador dos afrescos da Capela Sistina, Il Dinvino, como era chamado, encarna o múltiplo homem universal da Renascença italiana.

Michelangelo é um dos títulos da Série Biografias L&PM

Michelangelo é um dos títulos da Série Biografias L&PM

O escritor Stefan Zweig é o próximo nome da Série Biografias L&PM

Stefan Zweig quando jovem

No início de 2013, a Série Biografias L&PM – a maior série de biografias do Brasil – vai lançar mais um título que conta, de forma primorosa, a vida de uma grande personalidade. E o próximo volume é sobre o aniversariante de hoje: o escritor austríaco Stefan Zweig. Leia abaixo, com exclusividade, trechos dessa biografia:

Stefan Zweig nasceu em Viena, no dia 28 de novembro de 1881. Tanto o impulso econômico como o crescimento demográfico da cidade eram extraordinários. A partir de 1857, uma das mais brilhantes manifestações do programa de reabilitação da cidade foi a demolição das antigas fortificações para dar lugar à construção da Ringstrasse (“rua do Círculo”) que, conforme seu nome indica, tinha a forma de um grande quarteirão circular.

(…)

Após o nascimento, sua avó materna, a sra. Brettauer, passara a morar com a família e, embora a mencione muito pouco, o menino era muito apegado a ela. As crises de raiva de Stefan eram notórias, e seus anos de menino devem ter sido semelhantes aos que descreveu na novela “Segredo ardente” (Brennendes Geheimnis). O personagem principal, Edgar, estava com cerca de 12 anos, “e parecia desconhecer a moderação. Ele falava de qualquer pessoa, ou de qualquer objeto, ou com entusiasmo, ou com um ódio tão violento que o rosto ficava todo contorcido, o que lhe dava um aspecto quase maldoso e assustador”.

(…)

Zweig abre o livro com o soneto “Ô Enfance, étroite prison” (“Ó Infância, estreita prisão”), no qual relembra seus choros, seus desejos, e sua louca impaciência. Ele dedicou essa obra a Ellen Key (1849-1926), uma famosa pedagoga suíça, com quem manteve uma longa correspondência. Como Friderike, sua primeira mulher, contará mais tarde, Stefan era uma criança que se revoltava com frequência, o que o marcou com uma sede insaciável de liberdade. Adulto, ele sempre teve dificuldade para usar colarinhos duros, símbolos de um controle desagradável dos pais. As tensões familiares foram reais, e deixaram nas suas reações em relação à sua mãe um certo distanciamento irônico que Zweig terá dificuldade de superar.

Quando ainda era uma criança, Zweig cresceu rodeado de governantas, mas da sua memória emergem apenas algumas impressões um pouco embaçadas, não muito felizes. Ele fala muito pouco do irmão mais velho com quem, aparentemente, não tinha interesses em comum. Alguns passeios no Prater o fizeram conhecer sua primeira decepção amorosa. Um dia, ele terá a honra de ser notado pela princesa imperial Estefânia, que parou na frente daquele menino tão bem educado, e tão bem vestido, e conversou com ele durante alguns instantes.

"Brasil, um país do futuro" na Coleção L&PM Pocket e com prefácio de Alberto Dimes

Ao visitar o Rio de Janeiro, Stefan Zweig ficou encantado com o que encontrou por aqui e escreveu o livro Brasil, um país do futuro. De enorme repercussão na época em que foi lançado, graças a este livro o Brasil ganhou internacionamente, nas décadas de 50 e 60, o “slogan” de “país do futuro”. Apaixonado, emotivo e de extrema sensibilidade, Zweig passou seus últimos anos em Petrópolis, na serra carioca. Deprimido pela guerra, pelo avanço do nazismo e da intolerância contra os judeus, principalmente na Áustria, sua terra natal, suicidou-se juntamente com sua mulher em 1941.

De Zweig, além de Brasil, um país do futuro, a Coleção L&PM Pocket publica 24 horas na vida de uma mulher e Medo e outras histórias.

A Índia de Gandhi por Eduardo Galeano

Em 15 de agosto de 1947 a independência [da Índia] foi proclamada. Enquanto o país, tomado de um delírio de alegria, a festejava aos gritos de Mahatma Gandhi Ki jai, “vitória ao Mahatma Gandhi”, este se ausentava. “Agora que temos a independência, parece que estamos desiludidos. Eu pelo menos estou”.

(Trecho da biografia de Mahatma Gandhi na Coleção L&PM Pocket)

Quem relembra este episódio é Eduardo Galeano em seu novo livro Os filhos dos dias:

(clique na imagem para ampliar e ler melhor)

As bodas de Marilyn Monroe e Arthur Miller

No dia 29 de junho, cerca de sessenta jornalistas são, pois, “convidados” a ir à casa de [Arthur] Miller em Connecticut. Enquanto o casal almoça em segredo não longe do local, na verdade são mais de quatrocentos que desembarcam na propriedade familiar. No começo da tarde, ao seguir de perto a atriz e o escritor, uma correspondente de Paris Match foi morta por um automóvel. Seu sangue espirrou no suéter amarelo de Marilyn que, alguns minutos depois, com grande esforço de sedativos teve de enfrentar a imprensa. Nessa mesma noite, Miller e ela são casados por um juiz.

A imprensa faz de tudo por uma boa foto ou uma informação exclusiva, ainda que banal, sobre um dos casais mais famosos da época. Cada passo de Marilyn Monroe e Arthur Miller naquele 29 de junho de 1956 foi registrado pelas câmeras, flashes e canetas a postos. Afinal, aquele era o dia em que a maior diva do cinema iria se casar com um dos dramaturgos de maior renome da época.

Mas nem tudo são flores nesta história. Dias antes, Marilyn ficou sabendo pelo rádio (!) que seria pedida em casamento e isso a deixou furiosa! Aconteceu assim: Arthur Miller pleiteava um passaporte para a Inglaterra a fim de acompanhar a atriz nas gravações de “O príncipe encantado”, mas a Comissão de Atividades Antiamericanas descobriu que ele participara, anos antes, de reuniões comunistas. Ao ser questionado: “Por que o senhor quer um passaporte?” ele responde “Para ir a Inglaterra com a mulher com quem eu vou me casar”. A informação passa imediatamente às manchetes e se espalha num piscar de olhos.

Consternada, furiosa mesmo, Marilyn sabe pelo rádio que vai se tornar mrs. Arthur Miller sem que ele tenha formalmente feito o pedido. Como se seu consentimento fosse evidente. Foi pega de surpresa. (…) Às pressas, pede socorro aos assessores habituais e convoca os jornalistas à tarde para uma pequena coletiva na porta de casa. Dessa vez remodelada e preparada para o jogo, uma Marilyn toda sorrisos, cheia de segurança e jovialidade, confirma para uma plateia de repórteres a eminência de seu casamento com Arthur Miller. (…) O anúncio oficial da união da bomba sexual e do intelectual engajado alimenta a crônica internacional.

Para saber mais sobre a vida de um dos maiores mitos da história do cinema, leia Marilyn Monroe da Série Biografias L&PM.

A vertigem de Michelangelo

Michelangelo e o aprendiz encarregado do gesso galgam a escada de plataformas que conduz à “ponte”, vinte metros acima. O menino coloca o emboço, depois estende o carvão sobre o teto. Com o punção, depois com o carvão, Michelangelo traça os contornos como onze anos antes, quando trabalhava com seu mestre Ghirlandaio nos afrescos de Santa Maria Novella. Enquanto espera que as cores sejam moídas embaixo, ele olha fixamente o labirinto, a seus pés, e suas pernas vacilam… Como confessará por diversas vezes em suas Cartas, Michelangelo sente uma vertigem. Contudo, o labirinto da Sistina o fascina. É um dos locais sagrados da cristandade, os peregrinos devem percorrê-lo de joelhos para a própria edificação e penitência… Sim, mas como alcançar o quadrado sagrado que segue os seis círculos consecutivos (como os seis dias da Criação) do trajeto a descobrir, sem saltar nele? Para alcançar a espiritualidade é preciso saltar de um espaço para outro, reflete Michelangelo, como fez Platão, do sensível ao inteligível. Mas quem pode dar conta desse salto? Ele se sente sugado para o vazio e se mantém erguido com dificuldade… Reunindo toda a sua energia, o “Divino” está de pé, agarrando sem delicadeza o pincel que lhe estende o ajudante. Começa a pintar com a cabeça inclinada, a pintura escorrendo sobre seu rosto, sobre a barba apontada para o teto a menos de trinta centímetros da abóboda, o gesso entrando pelos olhos. Ele só descerá do andaime à noite, extenuado, e despertará sobressaltado para vestir às pressas suas camisas de lã na luz fraca de uma vela e voltar para a “ponte” glacial de madrugada.

(Trecho de Michelangelo, Série Biografias L&PM)

Clique aqui e assista vídeo sobre a Série Biografias na L&PM WebTV

 

 

A pequena e frágil Marilyn

A mulher conhecida como Marilyn Monroe mentia muito sobre o seu próprio passado, sua infância, suas iniciações na vida, seus casamentos. Sua trajetória é uma floresta negra no meio da qual ela consentiu, às vezes, em deixar cair algumas pedrinhas. Era essencial que ela se protegesse. Era essencial também que ela se reconstruísse. Que ela se inventasse e forjasse sua lenda na qual se confundiriam a demência atávica de sua ascendência familiar e a inacreditável força de resistência de uma menininha abandonada, mal-amada, vítima da ferocidade dos adultos. Ela teria de se apoiar no contraste entre o patinho feio Norma Jeane e o cisne suntuoso Marilyn Monroe. Quanto mais notável fosse este último, mais poderoso e universal seria o mito. Assim, conta ela, era uma vez uma menininha pobre nascida às nove e meia da manhã do dia 1º de junho de 1926 na enfermaria do Hospital Geral de Los Angeles. (De Marilyn Monroe, de Anne Plantagenet, Série Biografias L&PM. Leia aqui mais um trecho.)

Esta é provavelmente a primeira foto que se conhece de Marilyn Monroe. Atrás, a atriz escreveu "Me, when I was very small" / "Eu, quando era muito pequena" (clique para ampliar)

Billie Holiday e Orson Welles juntos

Orson Welles vai lá todas as noites. Ele já é célebre. Seu filme Citizen Kane (Cidadão Kane), que parodia a vida do magnata da imprensa Randolph Hearst, provocou uma tremenda polêmica. Welles tem 25 anos, é brilhante, sedutor e adora jazz. Ele formulou um projeto de fazer um documentário sobre a história do Jazz, It´s All True, que nunca chegaria a ser produzido. Fascinado pelo mundo das drogas clandestinas, pede a Billie que o leve à Central Avenue, nas zonas de pior reputação do bairro negro de Los Angeles. Billie sente-se fascinada por sua personalidade, sua inteligência e sua eloquência. Eles são vistos juntos com frequência até o momento em que Billie começa a receber telefonemas anônimos em seu hotel. Ela é acusada de estar destruindo a carreira de Orson Welles, é ameaçada de jamais trabalhar em Hollywood caso continue a conviver com ele. Uma negra não pode se mostrar publicamente ao lado de um branco sem desencadear os golpes de toda espécie de censura. Já entre as mulheres, há muito menos problemas. Se Billie quiser, pode dar uma escapada até o México com uma das amiguinhas de Orson Welles!  

(Trecho de Billie Holiday, Série Biografias L&PM)

Uma biografia de Cristo

Por Juremir Machado da Silva*

Não tem história mais extraordinária que a de Jesus Cristo. Ela está na Bíblia. Mas está também nos livros que buscam resgatar o chamado Jesus histórico. Na Semana Santa, li “Jesus” (L&PM), de Christiane Rancé. Fascinante. Tudo é mistério, enigma, deslumbramento. A começar pela data de nascimento do filho de Deus, que teria acontecido de quatro a seis anos antes daquele que marca o começo consagrado da nossa era. Em tom respeitoso, aparecem todas as dúvidas tradicionais e abordadas por especialistas ao longo dos séculos: Jesus teve irmãos biológicos? Os reis magos renderam homenagem ao menino Deus uma semana, um mês ou cerca dois anos depois do seu nascimento? Como foi a infância de Jesus? José e Maria moravam em Nazaré ou em Belém? Segundo Mateus, eles residiam em Belém e foram para Nazaré depois da fuga ao Egito. Conforme Lucas, eles viviam em Nazaré e só teriam ido a Belém por causa de um recenseamento, o qual, historicamente, só teria acontecido mais tarde.

Um aspecto que sempre desperta curiosidade diz respeito às características físicas de Jesus. Como Ele era? A famosa “Carta de Lêntulo”, considerada falsa, apresenta-o com olhos verdes, cabelos com a “cor de uma avelã amadurecida precocemente” e, a partir das orelhas, “cachos crespos”, um “homem de estatura média e bonito de se ver, com uma expressão digna de veneração”. Outra versão, tentando explicar o fato de Jesus ter permanecido solteiro, o que era incomum entre judeus na época, afirma que ele era muito feio. Rancé explica que essa ideia vinha de uma profecia de Isaías (53, 2-3): “Ele cresceu diante dele como renovo, como raiz em terra árida. Não tinha beleza nem esplendor que pudesse atrair o nosso olhar, nem formosura capaz de nos deleitar. Era desprezado e abandonado pelos homens”. Pode-se dizer, pouco importa, mas Cristo também foi homem de um tempo e todos temos curiosidade sobre essa sua condição humana.

Quem era Maria? Permaneceu virgem para sempre? Três teorias opõem-se: Helvídio afirma que José e Maria tiveram filhos depois de Jesus. Epifânio assegura que os irmãos de Jesus eram fruto do primeiro casamento de José. São Jerônimo sustenta que os “irmãos de Jesus” eram, na verdade, seus primos, filhos de um irmão de José. A mensagem de Jesus transcende esses detalhes biográficos e terrenos. Mesmo assim, os estudiosos embrenham-se no passado em busca de respostas. Uma pergunta recorrente é esta: por que Jesus demorou tanto a começar a pregar? Queria antes experimentar profundamente a condição de homem? Precisou trabalhar para ajudar a sustentar a família depois da morte do pai? João Batista, aquele que o batizou nas águas do Jordão, chegou a reconhecê-lo inequivocamente como Messias? Eles eram mesmo primos?

Como saber? Há perguntas que a gente nem sempre imagina: Jesus sabia escrever? Há, porém, uma certeza: ninguém levou seu verbo mais longe do que Ele. Ler uma biografia daquele que está acima de qualquer biografia é sempre estonteante. Como escrever a história daquele que encarna e transcende a própria História? Um desafio.

* Juremir Machado da Silva é escritor, jornalista, tradutor e professor universitário. Esta crônica foi publicada originalmente em sua coluna diária do Jornal Correio do Povo no dia 15 de abril de 2012.