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As viagens de David Coimbra

“Este livro foi escrito durante dez anos e por dez países. De 2001, ano em que as Torres Gêmeas se desmancharam e o mundo mudou para sempre, até 2010, ano em que o Brasil elegeu, pela primeira vez em sua História, uma mulher presidente da República, contei o que vi e vivi em crônicas e nacos de reportagens que foram selecionadas (…). Foram textos paridos nos lugares mais diversos do planeta.” (David Coimbra no início da apresentação de seu novo livro “Um trem para a Suíça“)

Um trem para a Suíça” é, literalmente, uma viagem. Cronista consagrado, romancista, repórter, David Coimbra, através da radicalidade do texto, da entrega ao assunto, acaba por transcender a matéria jonalística para chegar à verdadeira literatura. Isto é, provoca aquilo que é mais raro na relação autor e leitor: o prazer de ler.

E é isto que nós, editora e autor, estamos entregando ao leitor com este livro cuja leitura, ao mesmo tempo em que traz toneladas de informações, é magnificamente prazerosa. Informação & emoção. Este é o binômio mágico que atrai e seduz o leitor. “Um trem para a Suíça” leva aos confins da Ásia, onde você vai se divertir com a narrativa sobre um bordel coreano onde estrangeiro não entra;  ao Japão, onde o autor foi testemunha de um terremoto; à Cidade Proibida na China; à África do Sul; à Tanzânia; à Venezuela do “kaiser” Chávez; à eficiência impecável alemã e seu mito de que todos falam inglês; à cidade suíça que Mark Twain chamou de a mais bonita do planeta; à Malásia e às perigosas montanhas colombianas onde, depois de mil peripécias, o repórter encontra e entrevista os guerrilheiros das FARC.

Antes das viagens, o livro abre com um conjunto de crônicas. Uma espécie de “entrada” aos relatos de viagem. São textos curtos carregados de humor, emoção e …talento. Enfim, ” Um trem para a Suíça” – como se dizia antigamente – “é diversão garantida, ou seu dinheiro de volta”.

David Coimbra e os guerrilheiros das FARC / Arquivo pessoal

O comandante guerrilheiro estava furioso. Fitou-me com os olhos em chispas, apertava o cano da metralhadora com a mão e repetia, aos gritos esganiçados:

– Espiones de la dea!

Aquilo me confundia ainda mais. Tentava raciocinar, consultava o meu arquivo mental das sutilezas da língua espanhola: o que seria “de la dea”?

(Início da crônica “Santo Olívio e a guerrilha”)

David Coimbra autografa Um trem para a Suíça no dia 07 de novembro às 18h30min na Feira do Livro de Porto Alegre.

Akropolis: uma experiência que você não pode deixar de ter

Por David Coimbra*

Há um levantamento que aponta a existência de 37 mil cidades em todo o planeta. Destas, só duas, não mais do que duas, podem ser consideradas protagonistas de transformações na História Humana.
Roma e Atenas.
As demais podem ser capitais do mundo, como Paris, Londres, Berlim, Nova York, Tóquio e Pequim. Podem ser pólos continentais, como Rio, São Paulo, Buenos Aires, Moscou e Nova Délhi. Podem ser cidades históricas, como Bagdá e Jerusalém. Mas só essas duas, Roma e Atenas, foram personagens da História.
Roma e Atenas não sediaram grandes acontecimentos. Não. Foi mais do que isso: elas atuaram como se fossem indivíduos, como se tivessem personalidade própria.
E, na verdade, elas têm.

É essa personalidade ateniense que goteja de cada linha de “Akropolis – A grande epopeia de Atenas”, precioso livro de autoria do italiano Valério Massimo Manfredi lançado pela L&PM.
Manfredi conta, sobretudo, a história e as histórias do período em que Atenas foi o centro da Humanidade, os séculos V e IV antes de Cristo. Por pouco mais de 200 páginas passeiam com naturalidade figuras da estatura de um Sócrates, de um Péricles, de um Alcibíades. Das guerras gloriosas contra o império persa até a capitulação final para o nêmesis de Atenas, a dura Esparta, toda essa grandiosa aventura é narrada como se Manfredi estivesse lá, como se ele tivesse visto o que aconteceu, conversado com os personagens, convivido com eles. E então é como se você também vivesse em Atenas, como se testemunhasse com seus olhos a fundação da filosofia e da democracia, como se presenciasse o mundo em transformação. Por isso, aí está uma experiência que você não pode deixar de ter.

* David Coimbra é escritor, jornalista e editor de esportes do Jornal Zero Hora.

Nada de dar meias pro seu pai!

Ainda não sabe o que dar de presente para o seu pai? Meias, cuecas, pantufa e pijama nem pensar! Gravata também não parece ser uma boa ideia. Garrafa de vinho você já deu no ano passado. Caneta seu pai já tem várias. Celular novo ele ganha de presente da operadora. IPad ainda está meio caro. Então, quem sabe… livros! E nem venha dizer que ele é do tipo que não lê. Até porque, aqui na L&PM, tem livros até para pais que preferem histórias em quadrinhos e receitas. Vale tudo. Só não vale esquecer dele.

CENAS DE UMA REVOLUÇÃO – Um livro perfeito para pais que gostam de cinema. Escrito pelo jornalista Mark Harris, Cenas de Uma Revolução conta a história de cinco filmes que concorreram ao Oscar 1967: Bonnie & Clyde, A primeira noite de um homem, O fantástico Doutor Dolittle, Adivinhe quem vem para o jantar e No calor da noite. A partir da história destas cinco produções, Harris traça um painel cultural do embate que estava acontecendo entre a velha e a nova Hollywood. Divertido e atual! (leia a crítica que o jornalista Goida escreveu sobre este livro)

AS VEIAS ABERTAS DA AMÉRICA LATINA – É muito provável que seu pai já conheça este livro de Eduardo Galeano. Mas talvez ele nunca tenha visto a nova edição publicada pela L&PM – em formato convecional e pocket – com nova capa e  introdução do autor, tradução de Sergio Faraco e índice analítico. As veias abertas da América Latina é repleto de humanismo e vendeu milhões de exemplares em todo mundo. Se o seu pai é de esquerda (ou simpatizante dela), não pense duas vezes: este é o presente para ele!

CAIXA ESPECIAL GASTRONOMIA – Pais que gostam de dar uma de cheff de cozinha (ou que pelo menos tentam cozinhar) com certeza vão curtir esta caixa que reúne dez livros da série Gastronomia L&PM. Tem de tudo: receitas de carnes, pescados, churrasco, molhos, pratos lights, patisseria, aves, arroz e muito mais. Sem contar que fica linda na cozinha.

PEANUTS COMPLETO 4 – Se o seu pai é do tipo descolado (ou adora o estilo vintage) ele vai achar o máximo este livro com capa dura e formato diferenciado. Peanuts completo: 1957- 1958 é o quarto volume desta série com as primeiras tiras que Charles Schulz desenhou com Charlie Brown, Linus, Lucy, Schroeder, Violet, Patty Pimentinha, Woodstock e, claro, o cão mais querido do planeta: Snoopy. Se achar que é pouco, você ainda pode optar pela caixa com dois volumes. Que puxa! Vai ser um presentão.

A ENTREVISTA DE MILLÔR FERNANDES – O que o seu pai andava fazendo lá pelos anos 80? Ok, ok, melhor nem perguntar… É que foi nesta época que Millôr Fernandes concedeu uma grande entrevista à Revista Oitenta. Entrevista que virou um livro com as grandes pérolas do pensamento de Millôr (“Agora, esse negócio de hippie dizer que vai destruir a família é besteira; a família é um nódulo eterno”). O longo, denso e divertido depoimento permanece atual e é um presente que dá o que falar (e o que pensar).

FELIZ POR NADA – Se o seu pai for um cara romântico, sensível, que gosta de pensar na vida, filosofar sobre o amor e valoriza a família e a amizade, provavelmente o mais recente livro de crônicas de Martha Medeiros será um ótimo presente pra ele. São mais de 80 crônicas que abordam assuntos atuais, de forma leve e muito próxima ao leitor. Feliz por nada tornou-se o livro mais vendido do Brasil na categoria “não ficção” e atualmente está no topo da lista da Revista Veja.

JÔ NA ESTRADA – Seu pai gosta de uma história picante? Se a resposta foi “sim”, aqui está o livro certo pra ele. Em Jô na Estrada, David Coimbra narra, em forma de folhetim, as aventuras da voluptosa Jô e seus “seios apontados para o céu, o bumbum impecável, as pernas longas, roliças, rijas”. E o melhor é que essa descrição vem acompanhada de muitos desenhos do ilustrador Gilmar Fraga – que tratou de fazer jus à personagem.

PERVERSAS FAMÍLIAS – Calma, não se assuste com o título. Seu pai com certeza é inteligente o suficiente para entender que você está dando a ele um ótimo livro e não uma mensagem subliminar. Perversas Famílias, de Luiz Antonio de Assis Brasil, é o primeiro livro da série “Um castelo no pampa” e narra a saga da família Borges da Fonseca e Menezes, que se confunde com a história do próprio Rio Grande do Sul. E vale dizer que seu pai nem precisa ser gaúcho para se emocionar com este romance. Um verdadeiro épico.

E claro que isso não é tudo. Outras sugestões são livros de Jack Kerouac, Woody Allen, Machado de Assis, Paris: biografia de uma cidade, além dos mais recentes títulos das séries Biografias e Encyclopaedia.

Crônicas das Crônicas

O Segundo Caderno do Jornal Zero Hora de hoje, 20 de julho, traz duas crônicas que falam de livros de crônicas: David Coimbra escreve sobre “Feliz por Nada” de Martha Medeiros e Fabrício Carpinejar sobre “A massagista japonesa” de Moacyr Scliar. A seguir, os textos na íntegra:

MARTHA MEDEIROS: SINCERA E RETA
Por David Coimbra*

Martha Medeiros escreve para as mulheres. Os leitores em geral dizem isso, e é compreensível que digam. Porque o texto da Martha Medeiros é um texto suave, direto, sincero, livre de intenções subjacentes, um texto que pode ser lido sem sobressaltos ao se trinchar uma fatia de pão com manteiga no café da manhã, ou entre um telefonema e outro na mesa do escritório. Não há perigo de você se indignar, ao ler um texto da Martha Medeiros. Você não vai atirar o jornal na lata de lixo, nem ligar para cancelar a assinatura. Também não vai ter de repisar uma frase para compreendê-la. Os sentimentos e ressentimentos da vida urbana, as vicissitudes comezinhas e pequenas glórias da existência moderna, isso tudo está cintilando nos textos da Martha Medeiros, mas cintilando sem agressividade e com objetividade. Como são as mulheres. Pegue o livro que a Martha Medeiros vai lançar sexta-feira na Saraiva do Shopping Moinhos, “Feliz por Nada“, da L&PM. O livro já anuncia suas intenções no título. Desde que foi “descoberta” por Zero Hora, há 18 anos, Martha Medeiros escreve sobre a felicidade corriqueira e suas possibilidades. Pegue agora, aleatoriamente, a abertura de algumas crônicas:

“Onde é que você gostaria de estar agora, nesse exato momento?”
“Tenho amigas de fé. Muitas.”
“Estou lendo ‘O quebra-cabeça da sexualidade’, do professor espanhol José Antônio Marina.”
“Eu estava quieta, só ouvindo. Éramos eu e mais duas amigas numa mesa de restaurante e uma delas se queixando, pela trigésima vez, do seu namoro caótico, dizendo que não sabia por que ainda estava com aquele sequelado etcetera, etcetera.”
“Quando eu era guria, adorava novela, mas aos poucos fui abandonando o vício e hoje assisto apenas uma ou outra, sem fissura.”
“Você gostaria de ter um amor que fosse estável, divertido e fácil.”
“Tem se falado muito na falta de limites das crianças de hoje.”

Basta correr os olhos pelas primeiras frases de um texto da Martha Medeiros para perceber que ela está se colocando inteira entre a capitular e o ponto final. Martha Medeiros não se esconde, abre-se para o leitor. Ela é sincera e reta, não há dissimulações entre vírgulas, não há o que ler nas entrelinhas. E é precisamente, justamente, exatamente essa precisa, justa e exata sinceridade que faz da Martha Medeiros um sucesso. As pessoas bebem dessa exposição de sentimentos comuns e se saciam com sua límpida simplicidade. O resultado disso é a bem-aventurança da carreira literária de Martha Medeiros num país de desventuras literárias. Martha Medeiros já teve obras adaptadas para o cinema, para a TV e para o teatro, e é admirada no Brasil inteiro. Apenas um dado, em números precisos, justos e exatos como o texto da Martha Medeiros: Doidas e Santas, outro livro lançado pela L&PM, está na quinta reimpressão de 20 mil exemplares cada. Ou seja: já vendeu 100 mil exemplares. Uma façanha. O que demonstra que os leitores estão errados. Martha Medeiros não escreve para as mulheres. Martha Medeiros escreve para as pessoas.

* Esta crônica foi publicada originalmente no Segundo Caderno do Jornal Zero Hora em 20 de julho de 2011. David Coimbra é escritor, jornalista e editor de esportes de ZH.

Martha Medeiros autografa sexta-feira em Porto Alegre a coletânea de crônicas “Feliz por Nada”

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MOACYR SCLIAR: CONTOS DISFARÇADOS DE CRÔNICAS
Por Fabrício Carpinejar*

Moacyr Scliar (1937 – 2011) foi um atleta de triatlo da literatura brasileira. Nadava, pedalava, corria. Escreveu mais de 80 livros em praticamente todos os gêneros. Só não publicou em poesia para não humilhar seus colegas. Romancista que renovou o imaginário judaico, autor de clássicos como O Centauro no Jardim, quatro vezes premiado com Jabuti, Scliar mantinha seu condicionamento literário pelas crônicas, publicadas quase que diariamente nos jornais Zero Hora e Folha de S. Paulo. Os relatos afetivos e coloquiais formavam uma espécie de diário de seu conhecimento enciclopédico, em que ele comentava sobre qualquer assunto e nome, desde medicina até sociologia, de Antonio Vieira a J. K. Rowling. O escritor gaúcho, falecido em fevereiro, não era um generalista, mas um sábio à moda antiga, com cultura geral sólida, pronto para qualquer discussão e cafezinho.

Não se intimidava diante da complexidade das questões. Ao contrário de intelectuais que se tornaram referência, tal Paulo Francis na década de 1980, jamais escorregou em perfil conservador, mantendo-se sempre curioso e ávido pelas mudanças tecnológicas e de comportamento e aberto a diferentes pontos de vista.

A coletânea de 1984 A Massagista Japonesa, relançada agora pela L&PM, por vias tortas acena para o lado contista de Scliar, possibilitando o reencontro com sua capacidade de mimetizar dilemas do cotidiano e propor um suspense de pensamento. São 35 textos de natureza híbrida entre a narrativa curta e o ensaio. Poderiam constar facilmente em seus livros de contos as tramas de “Muitos e Muitos Graus Abaixo de Zero”, “A Massagista Japonesa”, “O Ocaso da Delação” e “O Homem que Corria”. O núcleo contístico traduz o ponto alto da obra, pelas histórias visível e invisível, concisão da ação e exagero da caracterização, além do final imprevisível.

Scliar maneja a arte de criar lógica da incoerência. Ele nos convence do absurdo a ponto de parecer normal. Como a trama do advogado que se apaixona pela maratona a ponto de transformar o casamento, o escritório e os filhos em meras linhas de chegada de uma corrida interminável pelo melhor tempo. E não é uma metáfora, o sujeito pretende fazer tudo mesmo correndo por Porto Alegre. Uma das virtudes da trajetória do ficcionista, demonstrada com astúcia em “A Orelha de Van Gogh” e “O Carnaval dos Animais”, é justamente exumar metáforas: converter parábolas em situações literais, objetivar o figurado. Na contramão bíblica, transforma o vinho em água, leva a sério a chuva de rãs, traz à tona os efeitos colaterais dos milagres.

Magistral contador de causos, flaubertiano assumido, não deixa nenhum ponto sem nó, nunca desperdiça migalha jogada ao chão (é caminho de volta), não despreza informação abordada antes. Se uma personagem tricota um pulôver é que a roupa vai fazer a maior diferença no desfecho. Nada é avulso. Sua competência é desviar atenção a um contexto de maior movimentação, para que outra zona exploda secretamente e surpreenda o leitor. Exemplo é a antipatia que ajuda a alimentar pelo delator da escola. Afinal, não existe motivo para admirar o guri que dedura por prazer. Toda hora alerta o professor para colegas colando na prova, trocando bilhetes de amor, conversando no fundo. Nem o professor suporta tamanha alcaguetagem e pede que ele procure se concentrar no conteúdo. Ao cabo, o fofoqueiro é pego fumando no banheiro e sumariamente expulso da instituição. O alívio dá lugar a um mal-estar, já que se descobre que o próprio delator se denunciou por bilhete anônimo e tudo aquilo que o movia era uma absoluta carência.

Scliar é cruel sendo emotivo. Um engano supor que A Massagista Japonesa servirá para matar saudade do seu trabalho. De modo nenhum: apenas aumenta sua falta.

* Esta crônica foi publicada originalmente no Segundo Caderno do Jornal Zero Hora em 20 de julho de 2011. Fabrício Carpinejar é jornalista, escritor, poeta, cronista e colaborador do Jornal Zero Hora.

“Gre-Nal é Gre-Nal”, uma minissérie baseada nos textos de David Coimbra

Por Ivan Pinheiro Machado

Você que é brasileiro e curte futebol, obviamente já ouviu falar em Gre-Nal. É o chamado “clássico local”, que reúne – numa histórica rivalidade – os dois maiores times do Rio Grande do Sul, o Grêmio Futebol Portoalegrense e o Esporte Clube Internacional. Há alguns gaúchos que dizem que é a maior rivalidade do Brasil. Na minha opinião isto é apenas um bairrismo a mais. A rivalidade entre os dois times é do tamanho das rivalidades entre Bahia e Vitória, Figueirense e Avaí, Coritiba e Atlético Paranaense, São Paulo e Corinthians, Palmeiras e Corinthians, São Paulo e Palmeiras, Vasco e Flamengo, Flamengo e Fluminense, Goiás e Atlético, Atlético e Cruzeiro, Santa Cruz e Náutico, Remo e Paissandu, CSA e CRB e por aí vai. Portanto, os seguidores deste blog dos mais distantes quadrantes deste país entendem o que é um Gre- Nal.

David Coimbra é um jornalista gaúcho que é também um grande escritor brasileiro. Seus livros “Cris, a fera”, “Jogo de Damas”, “Pistoleiros também mandam flores”, “A cantada infalível / A mulher do centroavante”, “Canibais”, entre outros, são apreciados em todo o Brasil. Toda a sua obra é publicada pela L&PM Editores nos formatos convencional e em pocket. Seu texto é tido pela crítica especializada como um dos melhores do país. Ele escreve tanto romance histórico, como novelas de mistério, amor e sexo. Ironia, bom humor e contundência são as marcas do escritor. A sua atividade jornalísitica, rendeu vários livros de reportagem e, juntamente com Nico Noronha, Carlos André Moreira e Mário Marcos, escreveu a história do clássico gaúcho no livro “A história dos Grenais“.

Pois a RBS TV, que retransmite a TV Globo no Rio Grande do Sul, começará a exibir neste sábado, 09 de julho, depois do programa Jornal do Almoço, uma minissérie em quatro capítulos chamada “Gre-Nal é Gre-Nal” que, de forma muito bem-humorada, tratará desta rivalidade futebolística. O roteiro será baseado nos textos que David Coimbra escreveu sobre futebol em livros e no jornal Zero Hora.

Pra sentir o clima, veja um dos teasers que estão sendo exibidos:

Esporte & arte, cada um no seu lugar

David Coimbra – que honra esta casa como autor – fez uma brilhante reflexão sobre esporte & arte. A chamada “mídia ligeira” às vezes confunde  um e outro. David coloca as coisas nos seus devidos lugares. Veja abaixo sua coluna de hoje no Jornal Zero Hora de Porto Alegre, que tem o título de “Como seria bom ser americano”:

A verdade é que todos queríamos ser americanos. Calças jeans, tênis, camiseta, chicletes, rock and roll, cachorro-quente, carros velozes, shoppings centers, consumo, consumo, todos gostaríamos de ter nascido no Grande Irmão do Norte. Mesmo você, que jura abominar os ianques, você gosta de jazz, você vai a Nova York, mas apregoa que Nova York não são os Estados Unidos. Ao contrário, beibe: Nova York é o resumo dos Estados Unidos. Os americanos se tornaram a Nova Roma, sim, mas não pela força dos seus mariners ou do poder verdejante do seu dólar. Os americanos conquistaram a alma do mundo com o cinema. Jamais uma forma de arte angariou tamanho poder como o cinema produzido nos Estados Unidos. A literatura, que teve o seu auge no século 19, a literatura mudou o mundo. Mas nunca com a velocidade e a amplidão do cinema. O cinema americano mudou o comportamento até de quem não vai ao cinema. Até do esnobe francófilo ou germanófilo. Até do lúmpen. E agora, pela primeira vez, surge um filme brasileiro que emociona o país, se infiltra no consciente coletivo e provoca uma mudança palpável de comportamento. Tropa de Elite, em suas duas partes, mudou uma parte do Brasil. Antes de Tropa de Elite, a polícia era desprezada pelos brasileiros. Agora, a polícia integra as forças do “bem” que lutam contra o “mal”. A polícia passou a defender o cidadão; antes o amedrontava. Os policiais tornaram-se heróis; antes eram pobres-diabos. Tropa de Elite cumpriu o seu papel como obra de arte: fez com que os homens se emocionassem, com que refletissem e com que, enfim, mudassem. Uma obra de arte, por meios estéticos, é capaz disso. Nenhum esporte é capaz disso. Nenhum jogo é capaz disso, e aí me refiro ao futebol, que não é esporte, é jogo, como o turfe, como o basquete, como a canastra, como o par ou ímpar. Futebol, pois, não é arte: é jogo, quase, quase é esporte. Jogador não é artista: é jogador; às vezes, atleta. Logo, ao jogador não cabem certas prerrogativas de artista. Há um limite para a excentricidade do jogador – o limite do profissionalismo. Alguns jogadores não conhecem essa fronteira. Acham-se artistas. Não são. Nada mais distante da arte do que um relapso jogador de futebol. (David Coimbra)

De David Coimbra, a L&PM publica o recém lançado Jô na estrada e outros livros que você vê aqui.

Jô conversa com seu criador, David Coimbra

Em conversa imaginária, personagem do livro Jô na estrada tira suas dúvidas existenciais com o escritor David Coimbra, seu criador.   

Jô

Jô, desenhada por Gilmar Fraga

– Aí está um bom começo para nossa conversa! Você me considera a mais linda mulher da estrada?   

David – Há muitas mulheres lindas, mas o que te torna diferente não é ser linda, que é. É estar na estrada.   

– David, se um dia minha história virasse filme, que atriz iria me interpretar?   

David- Pode ser a Carolina Dieckmann? Acho-a parecida contigo. Algo entre santa e sacana.   

– O que farei quando minha beleza acabar? Os homens ainda vão me amar?   

David – Vai fazer o que todos fazemos em certa época da vida: aproveitar as boas lembranças.   

 – Gostaria de saber alguma coisa sobre suas origens, sobre sua adolescência. Você encontrou uma mulher como eu alguma vez na vida?   

David – Encontrei um pedaço de Jô em várias mulheres. Uma leitora me disse outro dia que toda mulher tem um pouco de Jô ou pode se tornar uma Jô algum dia.   

 – Você conhece meu marido?   

David – Conheço o tipo…   

 – Na hora de escrever minha história, que escritor lhe inspirou?   

David – Nenhum em especial. Mas todos que a gente lê contribuem para o estilo que a gente forma.   

 – Quais são suas intenções comigo? Quer que nosso relacionamento continue?   

David – Tenho as melhores intenções contigo. Que, no caso, podem ser consideradas as piores.   

 – Você tem sentimentos por mim?   

David – Mas é claro! Quem não tem sentimentos por ti?   

 – Qual a parte do meu corpo que você  mais gosta ?   

David – Uma vez perguntaram para a Caterine Deneuve que parte do corpo dela ela menos gostava. Ela respondeu: “Minha orelha direita”. Pois eu digo que gosto inclusive da tua orelha direita.   

 – Preciso entender minhas verdades. Ajude-me! Diga minhas verdades!   

David – Acho que tu tens que realizar as tuas verdades. Ação, Jô. Ação.   

 – Que recado você deixa para mulheres como eu, assim, um pouco fogosas… ?   

David – A mesma resposta acima: ação!

Um passeio pelos lançamentos da Feira do Livro de Porto Alegre

Esta semana foi corrida. Escritores da L&PM tiveram suas sessões de autógrafos e eventos relacionados na Feira do Livro de Porto Alegre 2010. Fomos até lá para registrar estes momentos para os leitores do nosso blog.

As fotos são de Carol Marquis e Clara Taitelbaum.

O lançamento de Jô na estrada em time-lapse

Este post é pra quem não conhece a Feira do Livro de Porto Alegre. O evento já faz parte da agenda cultural da cidade e movimenta do Centro histórico portoalegrense. O fotógrafo Ricardo Duarte,  do jornal Zero Hora, capturou momentos do entorno da Feira e um evento especial para a L&PM. No dia 03 de novembro, Duarte registrou a sessão de autógrafos de Jô na estrada com David Coimbra e Gilmar Fraga. Na edição das imagens, o fotógrafo optou por uma técnica muito usada no cinema, o efeito time-lapse. Vale a pena clicar no play.

David Coimbra, Fraga e uma mulher espetacular!

“Quem viu Jô, nunca mais esquece.

Os cabelos, o rosto, os seios apontando para o céu, as pernas longas, o bum-bum impecável, as pernas longas, roliças, rijas. Enfim, linda. E além de tudo isso, excelente dona de casa, esposa exemplar, mãe extremada.

Até que um dia…Bem, você vai ler este livro e vai saber tudo o que acontece quando esta mulher resolve jogar tudo pro alto e ganhar a estrada.

Sai da frente!”

Este é um trecho da orelha do livro “Jô na estrada” escrito por David Coimbra e desenhado por Fraga. Acho que nem o David imaginou uma mulher como Fraga teve o talento de desenhar. E este é o grande barato deste livro. O texto corre junto com os quadrinhos. Ou melhor, o texto é interrompido e a história segue em quadrinhos até retomar o texto e lá adiante prosseguir graficamente. Texto e HQ mancomunados. Dois talentos brasileiros de primeira grandeza. O ficcionista David Coimbra e o desenhista Gilmar Fraga.

Aguarde para outubro!

(IPM)