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Andy Warhol por 5 dólares

Um colecionador de arte que se preze não pode passar por uma feirinha ou um “garage sale” sem comprar nada, pois nunca se sabe quando uma peça aparentemente sem valor (ou que custe míseros 5 dólares) vai surpreender e virar algo precioso. Foi desta forma despretensiosa que o colecionador Andy Fields comprou um desenho de seu xará Andy Warhol por 5 dólares numa feirinha em Las Vegas. É claro que ele não sabia o que estava comprando. Muito menos o pobre do vendedor, que perdeu a chance de ficar milionário.

Se você está se perguntando “como alguém não reconhece um Andy Warhol???”, a explicação é simples: estima-se que o desenho tenha sido feito quando o artista tinha 9 ou 10 anos de idade. Ou seja, muito antes da estética da pop art virar sinônimo de Andy Warhol e/ou vice-e-versa.

Outro detalhe curioso desta história é que, na verdade, Andy Fields não comproua obra do pequeno Warhol, mas sim uma tela que continha o desenho escondido. “Eu estava colocando uma nova moldura em uma das pinturas, retirei a parte de trás e vi um desenho olhando para mim e reconheci os lábios vermelhos e brilhantes de um Andy Warhol”, disse Fields. O desenho supostamente feito por Warhol é um retrato do cantor Rudy Vallee, popular por volta de 1930.

Fields e seu Andy Warhol

Apesar de ter começado sua vida de artista propriamente dita somente aos 23 anos, desde a infância ele dava sinais dos rumos sua biografia iria tomar, como mostra este trecho do livro Andy Warhol da Série Biografias:

Andrew recortava, coloria e desenhava, muito concentrado, pouco ou nada atraído pelas sirenes da rua. Ele já “trabalhava”, como gostaria de convencer jornalistas anos mais tarde:

– Qual foi sua primeira obra de arte?

– Eu recortava silhuetas.

– Que idade você tinha?

– Sete anos.

– Tirava boas notas em desenho, na escola?

– Tirava. Os professores gostavam muito de mim. Na escola primária, eles nos faziam copiar imagens dos livros. Acho que a primeira foi de Robert Loius Stevenson.

– Foi seu primeiro retrato?

– Talvez.

– Você frequentava um ateliê de desenho?

– Não. Mas pra quem tivesse um pouquinho de talento na escola elementar, eles costumavam propor esse gênero de coisa: ‘Se conseguir desenhar isso’, e a gente tratava de copiar a imagem e enviar…

– À Famous Artist’s School?

– Bem, cim.

– E você enviou?

– Não, os professores faziam isso.

– Eles diziam que você tinha um talento natural?

– Algo assim. Um talento contra a natureza.

– Você se interessava pela arte nessa época?

– Eu estava sempre doente, por isso precisava frequentar as aulas de verão apra tentar me recuperar. Eu tinha uma classe de desenho.

(…)

Andy Warhol do outro lado do mundo

Uma das maiores exposições de Andy Warhol com cerca de 260 pinturas, desenhos, esculturas, filmes e vídeos acaba de chegar a Cingapura e vai percorrer outros quatro países asiáticos nos próximos dois anos. A mostra faz parte das homenagens e tributos pelo mundo que marcam os 25 anos da morte do rei do pop. Além das famosas latas de sopa Campbell e dos clássicos retratos de Marilyn Monroe, a exposição também apresenta obras menos conhecidas do período artístico inicial de Warhol, nos anos 1940 e 1950.

Estes primeiros trabalhos, segundo o curador da mostra Andy Warhol: 15 minutos eterno, têm a marca da “magia e da fantasia” e fogem um pouco do estamos acostumados a ver quando o tema é Andy Warhol. Uma das surpresas da exposição é a obra “Folding Screen”, da década de 1950, representando o que parecem ser anjos olhando um para o outro, com asas coloridas em tons brilhantes.

Pode confessar: você jamais diria que esta é uma obra de Andy Warhol, né? Quem tiver a oportunidade não pode deixar de visitar a exposição e se surpreender com as obras que formaram o alicerce da arte de um dos maiores gênios do século 20.

Depois de Cingapura, a previsão é passar por Hong Kong, Xangai, Pequim e Tóquio.

Lou Reed setentão

Lou Reed, que foi um dos fundadores do Velvet Underground, que influenciou Iggy Pop e David Bowie, que já foi casado com um transexual, que inspirou a cena pós-punk inglesa… quem diria, completa hoje 70 anos. Nascido no Brooklyn novaiorquino em 2 de março de 1942, ele cresceu lendo Edgar Allan Poe, Raymond Chandler e James Joyce e acabou tornando-se uma espécie de personagem do submundo do rock. Atualmente, anda bem mais comportado. Mas quem quer lembrar um pouco dos “áureos tempos” de Lou Reed pode procurá-lo nos livros Mate-me por favor (vol. 1 e 2) ou no recém relançado Diários de Andy Warhol (também em dois volumes). Nos anos 60 e 70, Andy e Lou constumavam ser vistos juntos. E muitas são as fotos que comprovam isso.

Lou e Andy fotografados por Stephen Shore em 1965

Andy e Lou em momento "soninho" - Foto de Nat Finkelstein

Andy Warhol e o "Velvet Underground"

Quem quer um Andy Warhol?

No dia 7 de março, a respeitada Christie’s vai realizar um leilão com uma seleção especial de obras de arte contemporânea do período pós-guerra, entre elas várias telas de Andy Warhol. Quem sempre sonhou em ter uma obra do criador do pop em casa, este é o momento! É possível acompanhar o leilão pelo site da Christie’s e participar com lances pela internet.

Entre as telas de Andy Warhol, estarão à venda um retrato de Jackie Kennedy, dois quadros da série “Campbell’s Soup”, o quadro “Be a somebody with a body” e outro intitulado “$”.

"Jackie", 1982

"Be a Somebody with a Body", 1985

"Campbell's Soup II", 1969

"Campbell's Soup Can", 1985

"$", 1982

Além das obras de Andy Warhol, é possível sair do leilão da Christie’s com obras de outros artistas: Sherman, Hirst, Ruscha, Richter, Chamberlain e Dubuffet que também participam do evento no dia 7 de março.

Andy Warhol versus Andy X

O cineasta Jim Sharman aproveitou a onda de homenagens que marcaram os 25 anos da morte de Andy Warhol para lançar seu novo filme Andy X, que tem um mote curioso: Andy Warhol está longe de ser esquecido, é verdade, mas pelo que, exatamente, ele ainda é lembrado?

O filme foi lançado ontem na internet e pode ser assistido online mediante o pagamento de $6,99. Ainda não conferimos o resultado, mas de acordo com a crítica publicada no jornal britânico The Guardian, o filme retrata um Andy Warhol aficcionado pela fama e pelas celebridades e, de certa forma, reduzido a um ícone “cool” moderno. “Sharman parece ter se inspirado mais em biografias sensacionalistas do que na própria arte de Andy Warhol, em seus escritos ou em depoimentos de quem o conheceu”, escreveu o crítico Jonathan Jones.

Judy Garland, Billy Name, Jean Michel Basquiat e até a mãe de Andy, Julia Warhola, também aparecem no filme, que tem ares de musical, como mostra o trailer:

Para conhecer em detalhes a vida e a obra do criador da pop art, vale conhecer os Diários de Andy Warhol, que acabaram de chegar à Coleção L&PM Pocket em 2 volumes.

Um quarto de século sem Andy Warhol

Quando Andy Warhol foi hospitalizado, em 20 de fevereiro de 1987, não havia grandes preocupações no ar. Apesar de magro e anêmico, o pop artista seria submetido a uma cirurgia relativamente simples, considerada rotineira. Realizado no dia seguinte, o procedimento de remoção da vesícula  (e de uma velha hérnia) durou pouco menos de três horas e foi considerado um sucesso. Andy foi para o quarto e, sob os cuidados de uma enfermeira particular, ele assistiu televisão, telefonou para casa, falou com os empregados e, por volta da meia-noite, adormeceu. Não acordaria mais. Às 6h31min, do dia 22 de fevereiro de 1987,  Andy Warhol foi declarado morto. Segundo o hospital, a causa foi um ataque cardíaco. Mas o porquê de seu coração ter entrado em colapso ainda é um mistério.

O primeiro a saber da morte foi Fred Hughes, o braço direito de Andy, que somente no dia seguinte avisou os dois irmãos do artista, Paul e John Warhola. Os irmãos, junto com Hughes, herdaram 250 mil dólares cada um, quantia irrisória diante da fortuna de Andy.  

O elemento central do testamento de Warhol dizia respeito, de fato, ao conjunto de seus bens materiais – que logo se perceberia imenso. Esse conjunto, segundo a vontade de Andy Warhol, se destinaria à criação de uma fundação, a Andy Warhol Foundation for the Visual Arts, com o fim de sustentar financeiramente jovens artistas. O posto de presidente coube a Fred Hughes. John Warhola, e não Paul, foi designado membro do conselho de administração, com um salário anual de 100 mil dólares. Essa desigualdade de tratamento foi evidentemente uma fonte de tensão entre os irmãos Warhola. Mas essas tensões foram secundárias em relação ao ponto principal de litígio referente à herança: os irmãos não herdaram nenhuma obra de Andy Warhol. Nem um esboço. Paul não conseguia acreditar que “seu próprio irmão” não quisera lhe deixar nenhuma tela, e deixara tão “pouco” dinheiro. Ele se lembrava de que Andy lhe dissera várias vezes para pegar o que ele quisesse, mas ele deixava para mais tarde: era “orgulhoso” demais. Ele percebia agora que teria “gostado bastante” de uma Marilyn. No entanto, talvez haja razão para se colocar em dúvida “a intimidade” dois irmãos Warhola. Em 17 de maio de 1984, Andy mencionava nos seus Diários que vira entrar na Factory, com a maior surpresa, seu irmão Paul, que ele não via há… vinte anos. (trecho de Andy Warhol, de Mériam Korichi, Série Biografias L&PM)

Seu enterro aconteceu em 26 de fevereiro, um velório de corpo vestido com um terno de caxemira preta, gravata de seda, peruca platinada e óculos escuros. Estava vestido de festa. Sua última festa.

Lu e seus 15 minutos de fama

A Luciana Rodrigues, nossa colega aqui na L&PM, fugiu do tórrido verão brasileiro e foi resfrescar-se na “velha e querida Inglaterra”. Como o clima aqui na editora era de lançamento dos Diários de Andy Warhol, justamente o pocket 1.000 da L&PM, ela foi visitar o célebre rei do pop em Londres. A foto é testemunha disto; Lú ainda tinha resquícios do bronze adquirido nas praias tropicais e o Andy não fez por menos, sendo fotografado na sua melhor pose de esnobe… Na verdade Andy Warhol está imortalizado em cera no famoso museu de Madame Tussauds (Marylebone Road, London, NW1 5LR). A semelhança é impressionante e a qualidade do trabalho faz deste museu uma visita obrigatória na capital inglesa. Visite o site do museu e encontre as réplicas perfeitas de homens e mulheres que conseguiram bem mais do que 15 minutos de fama… (IPM)

Saiu o pocket número 1.000: “Diários de Andy Warhol” já está nas livrarias

Escritos no auge de sua fama e sucesso, os Diários de Andy Warhol registraram dias, noites, grandes eventos e deliciosas trivialidades de uma das figuras mais enigmáticas e geniais da cultura do século XX. Polêmico e revelador, o livro foi publicado originalmente no Brasil em 1989, pela L&PM, com quase 800 páginas. Agora, mais de 20 anos depois, o livro volta às bancas e livrarias em 2 volumes e formato de bolso para comemorar os 1.000 títulos da Coleção L&PM Pocket. E já que o clima é de festa, a L&PM caprichou no presente e fez a Caixa Especial Diários de Andy Warhol com os 2 volumes (mas você pode comprá-los separadamente, se preferir).

25 anos depois da morte de Andy Warhol, os diários se tornaram história. O tempo aumentou radicalmente a importância do artista e de muitos personagens que habitam suas páginas. O relato do criador do Pop torna-se fonte de referência para entender as décadas do fim do século XX, a cultura da celebridade, a contra-cultura novaiorquina da época, a estética do Pop, o cinema underground e conhecer os registros praticamente diários desta grande aventura da última jornada verdadeiramente de vanguarda da arte moderna. Até as frivolidades que permeiam em abundância este livro adquirem agora um significado histórico. É Nova York pré-11 de setembro. A grande Meca da modernidade, cujos sonhos transgressores e vanguardistas derreteram junto com as torres gêmeas.

Sincero e impiedoso

Andy e o roqueiro Mick Jagger, inseparáveis

Jim Morrison, Calvin Klein, Patti Smith, Martin Scorsese, Tom Wolfe, Roy Lichtenstein, Mick Jagger, Lou Reed, Yoko Ono são alguns dos “alvos” de seus comentários sinceros e impiedosos. O grande cult da chamada “arte de rua”, Jean Michel Basquiat, morto em 1988, aos 28 anos, é mencionado inúmeras vezes, pois foi uma descoberta do criador do Pop. Ele diz em 4 de outubro de 1982:

O Basquiat é o garoto que usava o nome de ‘Samo’ quando sentava na calçada do Greenwich Village e pintava camisetas, e de vez em quando eu dava 10 dólares para ele e mandava ao Serendipity para tentar vendê-las. Era apenas um daqueles garotos que me enlouqueciam. É negro, mas algumas pessoas dizem que é porto-riquenho, aí sei lá (…).

Andy e Basquiat

Enfim, são centenas de pessoas (todas devidamente listadas num índice remissivo ao final do livro) do show business, das artes, da realeza europeia, do rock and roll, do punk rock, da literatura, moda, imprensa, teatro, cultura underground, jet set em geral, milionários, drogados famosos, políticos, enfim, gente que superou a sua previsão de que “um dia todos vão ter pelo menos 15 minutos de fama”.

O rei do pop não poupa ninguém

Sábado, 1º de março, 1980. Victor Bockris telefonou e disse que o jantar com Mick Jagger na casa de William Burroughs estava confirmado. Victor está escrevendo um livro sobre Burroughs. Decidi ficar no escritório e não ir para casa. O motorista não parou no 222 Bowery, estava indo muito depressa (táxi $3). Subimos, eu não ia lá desde 1963 ou 1962. Certa vez foi o vestiário de um ginásio. Não tem janelas. É todo branco e limpo e parece que tem esculturas por toda parte, com aqueles canos daquele jeito. Bill dorme num outro quarto. Não acho que seja um bom escritor, quer dizer, escreveu um único livro, Naked Lunch, mas agora é como se vivesse no passado.

Nem o sisudo William Burroughs escapou da língua afiada de Andy Warhol. No primeiro volume dos diários do rei do pop, o escritor beat é citado três vezes. Sobre o trecho acima, vale comentar que, em 1980, Burroughs ainda não tinha publicado um de seus livros mais reveladores, O gato por dentro (Série Pocket Plus), que traz reflexões e histórias sobre a ancestral relação entre homens e felinos. Nele, Burroughs relembra os gatos que passaram por sua vida, tudo o que fizeram por ele e por sua saúde mental, e parece concluir que, afora as particularidades físicas, pouca diferença há entre humanos e felinos.

O gato por dentro é um livro irresistível, capaz de sensibilizar até o mais exigente dos críticos – principalmente um crítico como Andy Warhol, que amava os bichanos e os retratou em várias de suas obras. Com certeza, se ele tivesse vivido tempo suficiente para ler O gato por dentro, publicado em meados de 1986, pouco antes de sua morte, sua opinião sobre o autor de Naked lunch seria diferente.

A grande coleção brasileira

Há 15 anos, em fevereiro de 1997, a L&PM Editores lançou os primeiros 12 títulos da coleção L&PM POCKET. Já tínhamos, na época, 23 anos de atividades, um belo acervo, mas sofríamos com a crise econômica do país, com juros altos e restrições ao crédito. Percebemos que nosso modelo de editora estava em declínio. Precisávamos nos reinventar. E foi aí que decidimos enfrentar a máxima até então em voga de que “livro de bolso não dá certo no Brasil”. Reunimos toda a nossa energia e a experiência de duas décadas para criar a coleção L&PM Pocket. Percorremos nesta década e meia uma longa estrada. Quebramos vários paradigmas e hoje estamos quase atingindo a maioridade. Afinal, chegamos ao volume número 1.000 (veja lombada ao lado).  Atualmente, temos aquela que é indiscutivelmente “a maior coleção de livros de bolso do Brasil”. Porque a L&PM Pocket é, acima de tudo, uma coleção que tem a cara do Brasil; uma multiplicidade de temas e uma distribuição que atinge os lugares mais longínquos deste imenso e maravilhoso país. São 1.000 títulos de alta qualidade e diversidade que, claro, não param por aqui.  E uma ação efetiva para democratizar o acesso a cultura, pois os livros da Coleção L&PM Pocket são também os mais baratos do país. (Ivan Pinheiro Machado)

Os números 1.000 e 1.001 da Coleção L&PM Pocket, respectivamente os volumes 1 e 2 de “Diários de Andy Warhol“, começam a chegar nas livrarias a partir da semana que vem.