Um retrato pintado pelo mestre modernista italiano Amadeo Modigliani em 1919 foi leiloado nesta quarta-feira (6 de fevereiro) em Londres por 26,9 milhões de libras na Christie”s. A quantia equivale a 42,1 milhões de dólares – ou quase R$ 80 milhões de reais. A venda superou as expectativas da famosa casa de leilões. Um porta-voz da Christie´s não indicou em um primeiro momento quem havia adquirido esta obra, que desde 2006 pertencia a um grande colecionador de Nova York, que a tinha obtido por 16,3 milhões de libras (cerca de 30 milhões de dólares ao câmbio da época).
O quadro em questão é “Jeanne Hebuterne (de chapéu)”, um retrato da grande musa de Modigliani, Jeanne Hébuterne que, grávida, suicidou-se logo após a morte do pintor. A obra foi feita em 1920, ano em que o pintor morreu, aos 35 anos.
No fim do ano [1919], sua saúde piora de maneira alarmante, a febre o consome, ele não para mais de tossir, às vezes cospe sangue. Devastando seu peito, a tuberculose escava seu impiedoso caminho. Apesar disso, ele não descansa e continua a trabalhar, encadeando quadros. Telas e desenhos de Jeanne, o retrato de Paulette Jourdain, a pequena criada dos Zborowski, mais um último retrato de Jeanne e depois seu único auto-retrato pintado, o único desde a infância, a carvão, de 1899. Ele se apresenta com a paleta de pincéis na mão direita, esgotado, o rosto muito magro, os traços abatidos e sem expressão, sem olhar, ou melhor, com o olhar virado para si mesmo, como que desprendido, como se pressentisse o fim. Seu último quadro será o retrato do músico grego Mario Varvogli. Segundo os historiadores da arte e os biógrafos, sem contar os desenhos, os esboços, Modigliani pintou aproximadamente 120 telas entre 1918 e 1919. (Trecho de Modigliani, de Chistian Parisot, Série Biografias L&PM)