Por Paula Taitelbaum*
Nelson valsa velada de portas fechadas criando climas e crimes paixões pressões pensões pretões. Nelson cheio de personalidade e personagens de pactos impactos e aparências que enganam. Nelson Flu fluindo flanando flertando nos folhetins de Suzana Flag e pelos conselhos de Myrna. Nelson genial e genioso sobre os palcos sobre as pernas sobretudo Sobrenatural de Almeida. Nelson tragédia grega pelas calçadas do Rio com beijos tapas taras temperaturas extremas. Nelson vestido de noiva camisa aberta dente de ouro outro por dentro. Nelson das viúvas das virgens das virtudes arrombadas arretos aterros atalhos atritos e atletas preferidos. Nelson anjo pornográfico joia literária jeito de menino jinga das palavras jogando junto e tudo pro alto. Nelson de segredos e saudades sonhador e a partir de hoje centenário.
*Paula Taitelbaum é escritora, autora de Ménage à Trois e Porno Pop Pocket e amante de Nelson Rodrigues (no sentido literário, é claro). Este texto foi escrito no dia dos 100 anos do nascimento de Nelson, que veio ao mundo em 23 de agosto de 1912.