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Nem tão sozinho assim no Pólo Norte

A cumplicidade entre o aventureiro brasileiro Thomaz Brandolin e o seu cão Bruno foi, talvez, um dos principais ingredientes que transformaram uma perigosa missão solitária pelo Ártico numa história de sucesso. O diário de bordo desta aventura, Sozinho no Pólo Norte, foi reeditado na Coleção L&PM Pocket.

Bruno é um cão esquimó, com físico adaptado para o frio extremo do Ártico. Ele tem uma segunda camada de pelos junto ao corpo com uma consistência parecida com a de pernas de ganso, que o mantém aquecido em pleno inverno polar. Nas foto da capa do livro, em que Thomaz parece nem conseguir se mexer em meio a tantas roupas, Bruno aparece completamente descoberto, altivo e sereno ao lado de seu dono.

Um capítulo inteiro do livro é dedicado a contar como eles se conheceram e como se deu a sintonia instantânea, assim que Thomaz recebeu Bruno das mãos do esquimó Simon, que “aluga” cães para expedições no Ártico.

Simon agachou-se, soltou a corda de nylon que prendia o cão aos demais e a entregou em minhas mãos. Comecei a andar um pouco com ele e logo fiquei impressionado como era forte, embora fosse bem menor que um pastor alemão. Suas pernas dianteiras tinham quase a grossura do meu antebraço.

– Ele é muito experiente e já participou de quatro expedições anteriormente, fique tranquilo.

– O interessante é que ele tem a mesma cor dos ursos polares – observei.

O livro inteiro, aliás, é dedicado ao fiel companheiro de viagem:

Este livro é dedicado a um amigo fiel, companheiro e cúmplice silencioso nas venturas e desventuras por que passei na jornada pelo Ártico. É bem verdade que ele jamais lerá as linhas que escrevi, mas sem ele eu talvez nem estivesse aqui para escrevê-las: o cão Bruno.

Aventureiro experiente

Thomaz já tinha participado de outras duas missões em grupo, mas sempre que voltava, sentia que faltava algo. No capítulo intitulado “Surge um projeto” ele confessa:

Eu queria conversar com os esquimós, aprender a fazer um iglu, me deixar iluminar pelo sol da meia-noite, enfrentar o frio impiedoso, deixar minhas pegadas na calota de gelo e ver de perto os ursos polares. E para conhecer o Ártico como ele realmente é, minha ideia era explorá-lo da maneira mais simples e pura possível: sozinho e a pé, e contando somente com o que pudesse puxar num trenó.

Embora a intenção fosse embarcar sozinho com o objetivo de garantir sua total liberdade para explorar o que quisesse, a experiência não podia ser tão solitária assim. Afinal, Thomaz estaria exposto a inúmeros perigos. O próprio Simon lhe disse que não entendia “como alguém podia se arriscar num lugar tão perigoso se não fosse para caçar ou pescar para sobreviver”.

Felizmente, o pessimismo de Simon não foi suficiente para fazer Thomaz desistir. E pela importância que o cão Bruno teve na história, a aventura não foi tão solitária assim… 🙂