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Shakespeare no cinemas: uma nova versão para “Muito barulho por nada”

“Muito barulho por nada”, de Shakespeare, é uma peça centrada em dois personagens: Beatriz e Benedicto. Inteligentes, bem articulados, espirituosos, eles são alérgicos ao casamento e rápidos em construir respostas espertas para todo o tipo de afirmação ou pergunta.  E é justamente isso que faz com que essa seja uma das mais engraçadas obras de Shakespeare.

Pois eis que na sexta-feira, 23 de agosto, estreou nos cinemas brasileiros uma moderna releitura de “Muito barulho por nada” adaptada e dirigida por Joss Whedon, o mesmo de “Os Vingadores” (The Avengers – 2012). Mas antes que o leitor torça o nariz por achar que um fã do universo Marvel não pode adentrar o mundo de Shakespeare, é bom avisar: Whedon tem o hábito de reunir os amigos em sua casa para leituras descompromissadas das obras de Shakespeare. Aliás, a ideia de fazer o filme surgiu em um desses encontros.

Na nova releitura de “Muito Barulho por Nada” (Much Ado About Nothing – 2012), o cineasta optou por ambientar a história de Beatriz, Benedicto e seus amigos nos tempos atuais, mas mantendo o texto clássico de Shakespeare. O filme é todo em preto e branco e foi rodado em apenas 12 dias na casa de Whedon. Já a edição começou nos intervalos de almoço e finais de semana durante a filmagem de “Os Vingadores”.

Assista ao trailer:

A L&PM publica “Muito barulho por nada” com tradução de Beatriz Viégas-Faria e também em Shakespeare – Obras escolhidas“, volume da Série Ouro que traz 12 peças shakespearianas.

Caravaggio está entre nós

Acaba de chegar um novo Shakespeare na Coleção L&PM Pocket. Medida por Medida, que vem com tradução de Beatriz Viégas-Faria e apresentação de Ivo Barroso, traz na capa a imagem de um jovem cabisbaixo, contando suas moedas enquanto os outros homens à sua volta miram uma figura que, neste caso da capa, encontra-se escondida. A belíssima imagem, carregada de luz, sombra e significados é obra do grande artista italiano Michelangelo Caravaggio. A boa notícia – além da chegada de mais este título na série Shakespeare L&PM – é que, para os que ainda não sabem ou esqueceram, Caravaggio está no Brasil, mais precisamente na capital mineira. Belo Horizonte é a primeira cidade latino-americana a receber a exposição “Caravaggio e Seus Seguidores”. A maior mostra de Caravaggio na América Latina que começou em 22 de maio vai até 15 de julho e depois segue para São Paulo. São 20 pinturas não apenas de Caravaggio, mas também obras de grandes artistas seguidores do mestre como Orazio Gentileschi, Mattia Preti, Jusepe de Ribera e Giovanni Baglione. E outra boa notícia: a entrada é gratuita.

Serviço

O que: “Caravaggio e Seus Seguidores”
Quando: até 15 de julho – terça a sexta, das 10h às 21h, e aos sábados e domingos, das 14h às 21h
Onde: Casa Fiat de Cultura – Rua Jornalista Djalma Andrade, 1.250
Quanto: Grátis

Três reis magos e o soberano do teatro

6 de janeiro é conhecido como Dia de Reis, celebrado pelos cristãos como a data da chegada de “alguns magos do Oriente” ao local do nascimento do menino Jesus. Reza a lenda que os reis Baltasar, Gaspar e Belchior chegaram em plena madrugada (Noite de Reis) trazendo mirra, incenso e ouro de presente ao recém-nascido. A data também marca o fim dos festejos natalinos: é hora de desmontar o pinheirinho, guardar os enfeites e dar férias para o Papai Noel. Na Inglaterra, o dia 6 de janeiro é tão importante que virou até feriado e inspirou William Shakespeare a escrever a comédia Noite de Reis, cujo título original é Twelfth Night, uma alusão à décima segunda noite depois do Natal.

Divertimento era a palavra de ordem na Inglaterra de Shakespeare. Talvez por isso suas comédias faziam tanto sucesso. Em Noite de Reis, um grupo arma uma cilada para tirar uma onda com a cara de Malvólio, já que ele não sabe se divertir e muito menos aceitar a diversão dos outros. No prefácio do livro, a tradutora Beatriz Viéga-Farias alerta que a brincadeira armada para “obrigar” Malvólio a se divertir pode nos causar certo estranhamento: “aos nossos olhos, acostumados ao ‘politicamente correto’ deste século XXI, pode parecer cruel demais – mas esta é uma peça escrita na primeira década do século XVII, quando então amarrar um urso vivo a um poste e soltar cachorros ferozes contra ele era um entretenimento popular”.

E como não podia faltar numa peça de Shakespeare, há também amores não correspondidos, afetos impossíveis e identidades falseadas. Mais ou menos assim: Olívia está de luto pela morte do irmão, mas seu mundo volta a ter cor quando ela conhece Cesário – que na verdade é Viola disfarçada de homem. Sem saber do disfarce, Olívia se apaixona, mas Cesário, sendo Viola, se interessa por Orsino, que, por sua vez, usa Cesário para se aproximar de Olívia. E pra completar a quadrilha, surge Sebastião, o irmão gêmeo de Viola, aquela que se traveste de Cesário e por aí vai… Só lendo a peça pra saber como isso termina!

Além de Noite de Reis, a L&PM publica outras 20 peças de William Shakespeare na Coleção L&PM Pocket.

“A Tempestade” começa hoje em São Paulo

A tempestade foi a última peça escrita por William Shakespeare. Uma história de vingança, amor e conspirações que estreia em nova montagem hoje, no Teatro Raul Cortez, em São Paulo. Tudo começa quando um navio, açoitado por uma grande tempestade, é levado em direção à uma ilha onde vivem o mágico Próspero e sua filha Miranda. Ele, ex-Duque de Milão, foi exilado em meio ao mar depois de perder o trono para seu traiçoeiro irmão, Antônio, que não por acaso é um dos passageiros do navio que naufraga. Sedento por vingança, Próspero preparou a tormenta que atacou a embarcação em que viajavam todos os seus inimigos. Na ilha, o grupo fica à mercê dos poderes de Próspero, do encanto de Miranda e das artimanhas do espírito Ariel. Mas junto com seus desafetos (que deverão ser levados à loucura), Próspero também coloca na ilha um belo príncipe, noivo potencial para Miranda. Se o amor acontece entre os dois jovens, se a vingança de Próspero é bem sucedida, se além de dor haverá reconciliação, só mesmo assistindo a peça para saber. Ou, melhor ainda: lendo o livro que, na L&PM, tem tradução de Beatriz Viégas-Faria.

A direção da peça é de Marcelo Lazzaratto e tem Carlos Palma no papel de Próspero, Thaila Ayala como Miranda, Sergio Abreu como Príncipe Ferdinand e Paulo Goulart Filho como Ariel. A temporada vai de 26 de maio a 26 de junho no Teatro Raul Cortez (Rua Dr. Plínio Barreto, 285 – Tel. 11 3254-1631). Quintas e sextas às 21h30min, Sábados às 21h e Domingos às 20h.

A primeira vez de Otelo

“Pudesse a terra ser fecundada por lágrimas femininas, de cada gota por ela derramada nasceria um crocodilo.” Assim disse Otelo, o mouro personagem de Shakespeare que deixou-se consumir pelo ciúmes que sentia da amada Desdêmoda. A peça teria sido apresentada pela primeira vez no dia 1º de novembro de 1604 no Whitehall Palace em Londres. De lá para cá, foi publicado em livro (a primeira edição em 1622, depois da morte de seu criador) e continuou sendo encenada e aplaudida pelos palcos do mundo. Em 1995, o ator afro-americano Laurence Fishburne foi escolhido para viver Otelo no filme de Oliver Parker. Por incrível que pareça, antes disso, nenhum negro havia recebido o papel no cinema. Veja o trailer do filme na L&PM Web TV.

O russo Constantino Stanislavski encarnou Otelo em 1896. Seu rosto recebeu uma pintura mais escura para viver o mouro de William Shakespeare

Paul Robeson como Otelo e Peggy Ashcroft como Desdemoda, encenando a peça em Londres, 1930. Ele foi o primeiro ator negro a ganhar o papel no teatro.

Em 1965, Laurence Olivier viveu Otelo nas telas de cinema, ao lado de Maggie Smith

Cartaz de Otelo, filme com Laurence Fishburne, o primeiro negro a viver o personagem no Cinema

A L&PM publica Otelo na coleção L&PM POCKET, com tradução de Beatriz Viégas-Faria.