Era 1976 quando a L&PM Editores lançou o livro “Só dói quando eu respiro” de Caulos. Foi o primeiro livro de um intelectual brasileiro importante a abordar com um humor quase trágico a questão da ecologia – do desmatamento, da poluição, do crescimento urbanístico desenfreado. E isso em um tempo em que ninguém pensava em meio ambiente ou “sustentabilidade”. Só uns poucos, como José Lutzenberger e seus pares, que geralmente eram acusados de “malucos”, se preocupavam com a natureza.
Caulos é um grande artista brasileiro. Pintor, cartunista, deixou a sua marca na imprensa defendendo a causa da ecologia e – na época da ditadura – da democracia. Seus trabalhos eram publicados no legendário “O Pasquim” (onde além de publicar cartuns, fazia com Ivan Lessa a coluna “Gip gip nheco nheco”) e no Jornal do Brasil, quando este jornal era o mais influente no país. Caulos era o mais importante cartunista do JB.
Pois o principal dos seus trabalhos que saiu no JB e no Pasquim foi publicado em “Só dói quando eu respiro”, este livro admirável. A L&PM Editores está preparando uma nova edição para o começo de julho.
A realização da “Rio + 20” é a ocasião ideal para apreciar este trabalho magnífico. E entender o que é um “clássico”: um livro genial que resiste incólume na sua incrível qualidade gráfica e atualidade temática, 36 anos depois de ter sido publicado pela primeira vez. (Ivan Pinheiro Machado)