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Raridades de Edgar Allan Poe na Morgan Library

Está em cartaz na Morgan Library, em Nova York, a exposição Terror da Alma, que reúne livros, cartas e manuscritos de Edgar Allan Poe. Entre as preciosidades então algumas edições históricas de  O Corvo, exemplares raros de Tamerlane (o primeiro livro de poemas do escritor, que teve tiragem de apenas 50 cópias) e o manuscrito do conto A Tale of The Ragged Mountains.

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A documentação também revela relíquias trocadas com renomados admiradores, como Charles Baudelaire, Charles Dickens, Arthur Conan Doyle, T.S. Eliot, Vladimir Nabokov e Allen Ginsberg. De Oscar Wilde, por exemplo, pode-se ver o manuscrito de O Retrato de Dorian Gray e ler a carta mandada a Stéphane Mallarmé, na qual agradece pelo envio da segunda edição de O Corvo, traduzido pelo poeta francês. A cultuada edição de 1875, com litografias do pintor Édouard Manet, é um dos “hits” da exposição.

O toque pop fica por conta do cartaz do filme Histórias Extraordinárias, de 1968. São três episódios dirigidos por Federico Fellini, Louis Malle e Roger Vadim, e estrelados por Brigitte Bardot, Alain Delon, Jane Fonda e Terence Stamp.

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A a exposição “Terror da Alma” segue em cartaz na Morgan Library, em NY, até 26 de janeiro.

Vinho: um dos paraísos de Baudelaire

Profundos prazeres do vinho, quem não os conhece? Quem quer que tenha tido um remorso a aplacar, uma lembrança a evocar, uma dor a esquecer, um castelo na Espanha a construir, todos enfim já o invocaram, deus misterioso escondido nas fibras da videira. Como são grandes os espetáculos do vinho, iluminados pelo sol interior! Como é verdadeira e abrasadora esta segunda juventude que o homem dele retira! Mas como são, também, perigosas suas volúpias fulminantes e seus encantamentos enervantes. E, no entanto, digam, do fundo da alma e da consciência, juizes, legisladores, aristocratas, todos vocês a quem a felicidade torna doces, a quem a fortuna torna a virtude e a saúde fáceis, digam quem de vocês terá a coragem impiedosa de condenaar o homem que bebe o gênio? (Charles Baudelaire em Paraísos artificiais – O haxixe, o ópio e o vinho Coleção L&PM Pocket)

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Baudalaire nasceu em 9 de abril de 1821. Para saber mais sobre a vida desse que é reconhecido por muitos como o fundador da tradição moderna da poesia, leia Baudelaire, de Jean-Baptiste Baronian, Série Biografias L&PM.

O nascimento de Baudelaire

É um estranho casal que dá à luz Charles Baudelaire, em 9 de abril de 1821. (…) Um pai velho, então com 62 anos, e uma mãe ainda jovem, com 34 anos menos que seu marido. Um pai marcado pelos faustos indolentes de uma época passada e uma mãe que descobre, de um dia para o outro, o amor carnal e, ao mesmo tempo, os caprichos de um velho. Um pai um tanto diletante, preso entre os requintes dos salões mundanos do século XVIII e a gravidade dos gabinetes administrativos, e uma mãe tímida, crédula, temerosa, para quem a maternidade é como um dom do céu, uma espécie de milagre, e o parto, uma revanche contra as adversidades. Um pai idoso que tem amigos idosos e uma mãe na flor da idade que, por sua vez, não tem amigos, a não ser um dos quatro filhos de seu tutor. Esse incrível contraste é percebido pelo pequeno Charles muito cedo, muito rápido. Na sua casa, na Rue Hautefeuille, tudo é antiquado, e aqueles que ele vê ir e vir e com os quais seu pai conversa ou vai ao teatro são todos velhos. Velhos caquéticos. Velhotes. Vovozinhos. Quando ele vai brincar no Jardin du Luxembourg, a dois passos de casa, ele vê que seu pai encontra mais velhotes, seus antigos colegas do Senado, companhias senis e quase decrépitas. Esse não é apenas um mundo velho, mas também um mundo que exala um cheiro de velho – odores terríveis, nauseabundos, repugnantes, pútridos, “florações na natureza”, “lodo repelente”, que ele não consegue deixar de registrar, de armazenar no fundo do seu ser.”

O trecho acima é parte do primeiro capítulo de “Baudelaire“, livro de Jean-Baptiste Baronian (Série Biografias L&PM). Uma das personalidades mais contraditórias da história da literatura, Baudelaire inovou em sua poesia e em sua abordagem da arte e da música. Feroz defensor da liberdade de costumes, teve uma vida ao mesmo tempo luxuosa e miserável, dissoluta e magnífica, deplorável e deslumbrante. Considerado um pária genial, entrou para a história com textos como “Todas as belezas contêm, assim como todos os fenômenos possíveis, algo de eterno e algo de transitório, de absoluto e de particular. A beleza absoluta e eterna inexiste, ou melhor, é apenas uma abstração empobrecida na superfície geral das diferentes belezas. O elemento particular de cada beleza vem das paixões, e como temos nossas paixões particulares, temos nossa beleza particular.”

Baudelaire em 1855

De autoria de Baudelaire, a Coleção L&PM Pocket publica “Paraísos Artificiais – O haxixe, o ópio e o vinho“.