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Os escritores e suas modalidades olímpicas

As Olimpíadas seguem a mil pelo Japão. Enquanto isso, entramos no clima e apresentamos algumas modalidades nas quais alguns autores do nosso catálogo eram campeões.

Modalidade levantamento de copo. Jack Kerouac foi atleta de verdade e fazia parte do time de futebol americano da sua universidade. Mas  por problemas no joelho acabou tendo que largar a vida esportiva. Costumava ser bom em levantamento de copo e corrida na estrada sem obstáculos.

Modalidade levantamento de copo

Modalidade lançamento de livro à distância. Agatha Christie chegou a surfar no Havaí, mas acabou percebendo que se dava melhor com os papéis do que com as pranchas. Tornou-se uma das maiores lançadoras e vendedoras de livro do planeta e foi traduzida para 45 línguas.

Modalidade lançamento de livro à distância

Modalidade revezamento de personalidade. Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Bernando Soares. Ninguém praticava revezamento de heterônimos com tanta habilidade como Fernando Pessoa. Ele não era um escritor, era uma equipe completa.

Modalidade revezamento de personalidade

Modalidade agarramento de mulheres. Charles Bukowski era um excelente levantador de copos e empinador de garrafas – provavelmente melhor do que Kerouac – mas dizem que ele também era um exímio atleta sexual e campeão de agarramento de mulheres.

Modalidade salto sobre mulheres

O tema geral da cerimônia de abertura será a história do povo brasileiro.

Visite a rua de Bukowski de onde você estiver!

Em 2008, foi determinado que a primeira casa de Charles Bukowski, localizada na Avenida De Longpre, tornaria-se um monumento municipal de Los Angeles, Califórnia. A decisão, assim, impediria qualquer construção no terreno onde ele produziu seu primeiro livro Cartas na rua. O local onde Hank viveu por 9 anos continua intocável, e resiste aos novos e luxuosos prédios construídos em seu entorno.

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Que tal conhecer a humilde casa e a rua do Velho Safado? Clique aqui!

 

O encantador assombro da tranquilidade

Três novas coletâneas resgatam escritos inéditos de Charles Bukowski

Por Marcos Losnak – Folha de Londrina – 8 de maio de 2019

Existem dois grandes grupos de pessoas quando o assunto é animal de estimação. De um lado estão aqueles que amam os cachorros. De outro lado estão aqueles que amam os gatos.

O escritor Charles Bukowski (1920 – 1994) se enquadra no segundo grupo. Tinha uma coleção de gatos em casa: Manx, Ting, Butch, Bhau, Ding, Beeker, Bugger, Feather, Prana, Craney e Beauty.

O escritor norte-americano achava que os gatos possuíam um tipo de conhecimento que poderia servir como exemplo para os homens, como a independência de suas vontades, como a capacidade de lutar, como a garra de sobreviver. Provocativamente, definia os gatos como “belíssimos diabos”.

A editora L&PM está lançando três novos livros de Bukowski organizados por Abel Debritto, biógrafo do escritor: “Sobre Gatos”, “Escrever Para Não Enlouquecer” e “Tempestade Para os Vivos e Para os Mortos”.

Sobre gatos

Sobre gatos

Sobre Gatos” reúne textos e poemas sobre a experiência cotidiana de Bukowski com os felinos. Parte dos escritos é inédita, recolhidos em manuscritos deixados pelo escritor. Outra parte foi originalmente publicada em revistas literárias alternativas de pequenas tiragens. O livro estava previsto para ser lançado em setembro de 2018, mas acabou chegando às livrarias somente agora.

As abordagens trafegam entre observações cotidianas, situações inusitadas, relatos humorados, percepções elaboradas e constatações pueris.

Um exemplo: “Ter um monte de gatos em volta é bom. Quando você não se sente bem, é só olhar para os gatos, você logo se sente melhor, porque eles sabem que tudo é simplesmente do jeito que é. Não há nenhum motivo para grandes exaltações. Eles simplesmente sabem. São salvadores. Quanto mais gatos têm, mais tempo você vive. Se tiver cem gatos, vai viver dez vezes mais tempo do que se tiver dez. Um dia vão descobrir isso, e as pessoas vão ter mil gatos e viver para sempre.”

Outro exemplo: “Não existem espíritos ou deuses num gato, não procure por eles. Um gato é a imagem da maquinaria eterna, igual ao mar. Nós não domesticamos o mar porque ele é bonitinho, mas domesticamos o gato. Por quê? Só porque ele nos deixa. E um gato não sabe nunca o que é ter medo, ele só se mete na mola do mar e da rocha, e mesmo em uma luta mortal ele não pensa em nada exceto na majestade da escuridão.”

Escrever para não enlouquecer

Escrever para não enlouquecer

Escrever Para Não Enlouquecer” reúne cartas redigidas e ilustradas por Bukowski entre 1945 e 1993. Grande parte das cartas está endereçada a editores de revistas literárias que o escritor enviava seus textos para possível publicação.

O destaque está nos desenhos e nas tentativas de persuasão utilizada para convencer os editores a publicarem seus escritos. Exemplo: “Agora estou trabalhando numa fábrica de ferramentas – e bebendo. Mas continuei matutando. Onde estão aqueles contos que mandei para ela em março de 1946? Ela está zangada? Isso é a vingança dela? Será que ela queimou as minhas coisas? Ela transformou as páginas em barquinhos de papel para a banheira? Ou será que Henry Miller dorme com elas embaixo de seu colchão? Não posso esperar mais. Se não receber resposta, terei minha resposta.”

Tempestade Para os Vivos e Para os Mortos”, que chega às livrarias no final de maio, reúne poemas inéditos

Em breve, chegará Tempestade para os vivos e para os mortos

Em breve, chegará Tempestade para os vivos e para os mortos

recolhidos na gaveta de Charles Bukowski. Uma parte representa textos que ele não pretendia publicar, escritos apenas como prática de escrita. Outra parte representa textos que pretendia publicar em seu último livro que não chegou a existir. Entre os poemas está o intitulado “#1”, considerado o último poema escrito pelo autor semanas antes de falecer, vítima de leucemia, em 1994.

Em seus últimos anos de vida, Bukowski chegou a ter em casa 13 gatos entre população fixa e flutuante. Os felinos de rua eram sempre bem vindos para devorar uma lata de sardinha na varanda para revelar aquilo que ele chamava de “encantador assombro da tranquilidade”.

John Fante, uma das paixões de Bukowski

Um dia, quando o velho Bukowski ainda era o jovem Bukowski, ele encontrou uma velha edição de Pergunte ao pó, de John Fante, na Biblioteca Pública de Los Angeles. Segundo suas próprias palavras, foi “ouro no lixo”. Bukowski apaixonou-se pelo personagem de Fante, Arturo Bandini, um aspirante a escritor sem recursos que mora em motéis baratos, passa fome e se embebeda sempre que pode. Foi a inspiração que faltava para Bukowski seguir o caminho de uma literatura visceral, de humor ácido e carregada de passagens autobiográficas. No artigo “Eu conheço o mestre”, que está em Pedaços de um caderno manchado de vinho, Bukowski conta com detalhes como descobriu “John Bante” – assim mesmo, com “B”, numa escrachada brincadeira ou talvez para mostrar que o seu Johh Fante era diferente, era só dele:

Nessa tarde eu matava o meu dia com o costumeiro baixar de livros das prateleiras, o abrir de páginas, ler uma ou duas de cada volume, devolvê-los aos seus lugares. Bem, peguei mais um. Sporting Times? Yeah?, de um tal John Bante. Abri numa das páginas, esperando o de sempre, mas as palavras, sim, as palavras pularam sobre mim, assim mesmo. Saíram do papel e me perfuraram. As palavras eram simples, concisas, e falavam de alguma coisa que estava acontecendo agora! Até mesmo a fonte parecia diferente. As palavras era legíveis. Havia alguns espaços e então mais palavras. As palavras eram quase como uma voz na sala. Peguei o livro e fui me sentar a uma mesa. Cada página era poderosa. Não podia acreditar naquilo. Era como se as páginas fossem pular do livro e começar a caminhar por ali, voar ao meu redor. Possuíam uma força notável, um realismo total. Por que esse homem nunca tinha sido mencionado antes? Eu também estava lendo crítica literária, Winters, todos aqueles vigaristas, os queridinhos da Kenyon Review e da Sewanee Review, e nunca haviam mencionado este homem. O mesmo ocorreu nos meus dois anos de coma profundo no LA City College, nem uma menção sequer.

Ergui os olhos da minha mesa. Bem, não era minha, pertencia à cidade, aos contribuintes, e eu não podia me enquadrar nessa categoria. Mas eu tinha o livro de John Bante diante de mim e eu olhava para as pessoas nas outras mesas, para as pessoas que caminhavam por ali ou que estavam apenas sentadas, muitos vagabundos como eu e nenhum deles sabia sobre John Bante… ou teriam começado a brilhar, a se sentir melhor, não teriam se importado em ser o que eram ou que deveriam ser.

John Fante era filho de imigrantes italianos pobres e toda a sua literatura estava ligada às suas origens. Mas assim como o seu personagem, Bandini, Fante não teve o devido reconhecimento em vida e trabalhou durante 40 anos como roteirista em Hollywood. Sua trajetória só começaria a mudar a partir dos anos 1980, quando a Black Sparrow Press, editora dos livros de Bukowski, tirou Pergunte ao pó do limbo. Foi a vez do discípulo salvar o mestre. Fante morreria em 8 de maio 1983, já cego devido ao diabetes. Dele, a Coleção L&PM Pocket publica 1933 foi um ano ruim e Sonhos de Bunker Hill.

fante

Novos poemas de Bukowski

o melhor da raça

não há nada para
discutir
não há nada para
lembrar
não há nada para
esquecer

é triste
e
não é
triste

parece que a
coisa
mais sensata
que uma pessoa pode
fazer
é
sentar
com bebida na
mão
enquanto as paredes
acenam
seus sorrisos
de adeus

a gente sobrevive
a
tudo
com certa
dose de
eficiência e
bravura
e aí
se manda

alguns aceitam
a possibilidade de que
Deus
os ajude
a
superar

outros
encaram
de frente

e à saúde destes

eu bebo
esta noite.

Novo livro de poemas de Bukowski que acaba de chegar

Novo livro de poemas de Bukowski que acaba de chegar

Clique aqui para saber mais sobre “Você fica tão sozinho às vezes que até faz sentido“.

Os escritores e seus pais

Louis, pai de Allen Ginsberg:

Allen aponta para Louis em 1969

Allen aponta para Louis em 1969

Frederick, pai de Agatha Christie:

A jovem Agatha joga um jogo de tabuleiro com seu pai no jardim de casa

Agatha joga um jogo de tabuleiro com seu pai no jardim da casa

Heinrich, pai de Charles Bukowski:

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O jovem Charles posa ao lado da mãe e do pai

Carl, pai de Charles Schulz (com o neto no colo):

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Três gerações: Charles Schulz, criador de Peanuts, com seu filho e seu pai

Leo, pai de Jack Kerouac:

O pequeno Jack Kerouac com seu pai Léo e sua mãe Gabrielle

O pequeno Jack Kerouac com seu pai Léo e sua mãe Gabrielle

Charles, pai de Arthur Conan Doyle:

O garotinho é Arthur Conan Doyle, o criador de Sherlock Holmes, aos seis anos de idade

O garotinho é Arthur Conan Doyle, o criador de Sherlock Holmes, aos seis anos de idade

 

Papai Bukowski

Charles Bukowski teve uma única filha (que a gente saiba, pelo menos), Marina Louise. No livro Sobre o amor, que reúne poemas amorosos, está presente também o amor paterno. Para provar que dentro do peito do velho safado também batia um coração.

sobre_o_amor

Para os 18 meses de Marina Louise

sol sol
é minha pequena
menina
sol
no tapete –
sol sol
saindo pela
porta
colhendo uma
flor
esperando que eu
me levante
para brincar.

um velho
emerge
de sua
cadeira,
castigado de batalha,
e ela olha
e só

amor, no que eu
me transformo
por meio de sua
majestade
de seu infinito
e mágico
sol.

Na L&PM WebTV há um vídeo legendado com Marina falando sobre seu pai:

Bukowski no Dia Mundial do Gato

Charles Bukowski amava gatos. Tanto que escreveu textos, cartas e poemas em que citava os felinos. Muitos destes escritos foram reunidos em um volume chamado originalmente Os Cats que, breve, a L&PM lançará com o título de Sobre Gatos. E como 17 de fevereiro é o Dia Mundial do Gato, aproveitamos para compartilhar aqui trechos, fotos, um desenho e a capa do livro.

luz quente
 
sozinho
esta noite
nesta casa,
sozinho com
6 gatos
que me contam
sem
esforço
tudo que
para saber.
~*~
 
Os árabes admiram o gato, menosprezam mulheres e cães porque estes demonstram afeição e afeição é, segundo pensam alguns, um sinal de fraqueza. Bem, talvez seja. Eu não demonstro muito. Minhas esposas e namoradas reclamam porque mantenho minha alma isolada – e entrego meu corpo, talvez, puritanamente; mas voltemos ao maldito gato. Um gato é seu próprio SER. É por isso que, quando ele pega o pobre passarinho, não o solta de jeito algum. Isso é representativo das poderosas forças da VIDA que não soltam de jeito algum. O gato é o belíssimo diabo. 
[…]
Não existem espíritos ou deuses num gato, não procure por eles, Shed. Um gato é a imagem da maquinaria eterna, igual ao mar. Nós não domesticamos o mar porque ele é bonitinho mas domesticamos um gato – por quê? – SÓ PORQUE ELE NOS DEIXA. E um gato não sabe nunca o que é ter medo – finalmente – ele só se mete na mola do mar e da rocha, e mesmo em uma luta mortal ele não pensa em nada exceto na majestade da escuridão.
Bukowski-Gato-Carlton-Way-1976

Bukowski adorava gatos

Bukowski-desenho-gato-1966

Desenho de um gato ao sol

Bukowski-com-Manx-SP

Bukowski e o gato Manx

A capa de "Sobre gatos" que chegará em breve

A capa de “Sobre gatos” que chegará em breve

O Dia Mundial do Rock em ritmo literário

Em homenagem ao Dia Mundial do Rock, cruzamos letras com músicas e criamos as trilhas sonoras perfeitas (ou nem tanto) para certos clássicos da literatura. Tem para todos os gostos. Aumente o som e dance baby, dance…

Para Memória póstumas de Brás Cubas: “The dead man walking”, de David Bowie, em versão acústica:

Para On the Road, “Highway 61 Revisited”, de Bob Dylan, na versão de Johnny Winter:

Para O amor é um cão dos diabos, ou qualquer outro livro de Charles Bukowski, “Sympathy for the Devil”, The Rolling Stones:

Para Peter Pan, “Fly Away From Here”, do Aerosmith:

Para Crime e Castigo, “Help!”, dos Beatles:

Para Romeu e Julieta,” Smells like teen spirit”, do Nirvana:

Para Alice no País das Maravilhas,  “What a Wonderful World” na versão de Joey Ramone:

Entre livros e beijos

Como beijar é bom demais, o Dia do Beijo é comemorado em duas datas: 13 de abril e 6 de julho.

E, como já dissemos aqui mesmo nesse blog, vale tudo: “beijoca”, “bitoca”, “selinho”, “beijo de esquimó” e “ósculo santo”. Só não vale deixar de beijar. Para você se inspirar, aqui vão alguns autores da casa em momentos beijoqueiros.

Woody Allen beija Romy Schneider:

Andy Warhol beija Salvador Dalí:

Allen Ginsberg beija alguém que não sabemos quem:

Charles Bukowski beija sua companheira de todas as horas:

Quer se inspirar ainda mais? Leia alguns trechos de livros que citam este que pode ser o mais puro ou o mais libidinoso dos atos. E Feliz Dia do Beijo!