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Uma nova Cinderela em carne e osso

A Gata Borralheira foi uma história recolhida, reescrita e eternizada pelos Irmãos Grimm. Na versão original, a heroína não se chama Cinderela, seu pai segue vivo até o fim, não há fada madrinha e as “irmãs” cortam parte dos pés para calçar o sapatinho.

Quando virou desenho animado da Disney em 1950, a história dos Irmãos Grimm ficou bem mais suave e encantada. A Gata Borralheira ganhou o nome de Cinderela, o pai tomou chá de sumiço já na primeira cena e uma bondosa fada madrinha foi acrescentada ao roteiro. Da versão original, ficaram as agruras da pobre heróina, a maldade da madrasta e suas filhas e, ufa!, o final feliz ao lado do príncipe.

Agora, a Disney divulgou o trailer de uma nova versão da história, dessa vez em carne e osso em com grande elenco. Richard Madden (o Robb Stark, de “Game of thrones”) é o príncipe; Lily James (a Lady Rose, de “Downton Abbey’) é a Gata Borralheira, Cate Blanchett é a madrasta má e Helena Bonham Carter é a fada madrinha. Todos dirigidos por Kenneth Branagh.

A nova “Cinderela” estreia no Brasil no dia 2 de abril.

Ficou curioso para conhecer o conto original dos Irmãos Grimm? A gata borralheira está em Contos de Grimm Volume 2, Coleção L&PM Pocket.

 

Cinderela proibida de entrar na prisão

Clive Stafford Smith, diretor da instituição Reprieve – que trabalha para promover justiça e salvar vidas no corredor da morte da prisão da Baía de Guantánamo – publicou um artigo no jornal britânico The Guardian, onde fala sobre a censura a livros nesta penitenciária. Entre as obras proibidas pelos militares censores estão contos de fadas como Cinderela, O Gato de Botas e João e o Pé de Feijão. “Talvez os militares temam que depois de ler João e o Pé de Feijão os presos escapem através do plantio de sementes mágicas” escreveu Smith. Na lista de livros proibidos ainda aparece Crime e Castigo de Dostoievski e O mercador de Veneza de Shakespeare.

Guantánamo é uma prisão militar de propriedade dos EUA e, segundo a Cruz Vermelha Internacional, os presos são vítimas de tortura, em desrespeito aos direitos humanos e à convenção de Genebra. É nessas horas que a gente pensa que poderiam existir fadas madrinhas de verdade.

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Era uma vez uma infância…

Paula Taitelbaum

As histórias que minha avó me contava para dormir eram repletas de medo e dor. Havia um caçador prestes a arrancar o coração de uma jovem inocente, meninas malvadas que cortavam os dedos e calcanhares só para que seus pés coubessem dentro de um sapato e, para completar, um pai que abandonava seus filhos na floresta para que morressem ao relento. Em Branca de Neve, Cinderela e João e Maria, as histórias preferidas da minha avó, a pitada de suspense era o que fazia com que elas tivessem mais graça – pelo menos pra mim. Mas no quesito horror infantil nada se compara a um livro que, há uns dois anos, encontrei nas livrarias e, sem nenhuma maldade, comprei. Falo de O triste fim do pequeno menino ostra e outras histórias, escrito e ilustrado por ninguém menos que Tim Burton, o diretor do mais popular filme do ano: Alice no País das Maravilhas. Pois no livro, Burton apresenta pequenos contos em versos que trazem personagens bizarros tentando se enquadrar na sociedade “normal”. Até aí tudo bem, mas na história do título, o menino ostra, rejeitado por todos, acaba sendo literalmente devorado pelo pai que andava meio desanimado para cumprir suas tarefas conjugais. Isso depois do progenitor procurar ajuda médica e escutar do doutor que “ostras são ótimas para o seu caso”. Escondi o livro da minha filha, coloquei lá em cima da prateleira. Por mais que as crianças de hoje já não sejam mais como as de antigamente, prefiro que ela siga com os Irmãos Grimm e suas “inocentes” histórias. Até porque a L&PM tem traduções ótimas para esses clássicos.