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Umas “porradinhas” na Bienal

Por Paula Taitelbaum*

O cenário: Bienal do Livro do Rio de Janeiro, terça-feira, 6 de setembro de 2011, dezenove horas e poucos minutos, espaço “Café Literário”. Os personagens: poetas da “velha” e da “nova” geração, reunidos numa roda de leitura. Representando a primeira ala, os convidados eram Claufe Rodrigues e Nicolas Behr. Na segunda, estavam os jovens Mariano Marovatto, Alice Sant´Anna e Laura Erber, todos cariocas. Lá pelas tantas, entre uma leitura e outra, Nicolas (pronuncia-se Nicóla) falou com seu sotaque de Brasil central: “Só levando algumas porradinhas na vida é que a gente cresce. Elogio é bom, mas não faz crescer. Eu já levei várias porradinhas, a maior delas foi quando era muito jovem e fiz um plágio, uma releitura, de um poema do Drummond. Um dia, encontrei o grande poeta e recitei pra ele. Drummond olhou bem sério e disse: ‘Você me faça um favor, cuide da sua poesia e deixe a minha poesia em paz’”.

Pois porradinha é isso: dói na hora, mas é necessária. Daí que, hoje, de volta a Porto Alegre, me pego pensando que a Bienal bem que merecia umas leves porradinhas pra ver se, quem sabe, se dá conta de algumas coisas que podem melhorar. Não que eu seja adepta da violência, mas é aquela coisa, talvez um tapinha na orelha possa ser útil de vez em quando (e se for pra deixar o maior encontro literário do Brasil ainda melhor, acredito que valha a pena).

Minha primeira porradinha na Bienal é em relação à iluminação do Café Literário e ao som do espaço do Encontro com Autores. Não consigo entender como é que o pessoal da organização não percebeu o quanto é difícil ler qualquer coisa com a falta de iluminação que existe sobre o palco do Café Literário. Sábado, no sarau supracitado, os pobres poetas praticamente tiveram que gastar toda a sua vista na tentativa de conseguir ler seus poemas… Claufe Rodrigues comentou que só porque sabia seus poemas de cor é que conseguiu declamá-los. Já no auditório em que acontece o Encontro com Autores, o som é péssimo e os escritores estavam se queixando de que não havia retorno e que, por isso, eles não conseguiam se ouvir. Tentei gravar o papo de ontem com Eduardo Bueno para colocar nos nossos podcasts, mas por causa do som, ficarei devendo essa… 

Outra porradinha é em relação a um bando de gente que fica oferecendo “revistas cortesia”. Na verdade, é aquela velha armadilha em que você apresenta seu cartão de crédito pra ganhar uma revista de brinde e acaba sendo “convencido” a fazer uma assinatura que nem queria. São pessoas que, literalmente, atacam você nos corredores. Meio chato, melhor se eles não estivessem lá, não combinam com os belos estandes das livrarias.

A terceira diz respeito aos preços dos comes e bebes. Um motorista da própria Bienal, com o qual conversei, contou que por dois cafés e um sanduíche pagou 18 reais. Outra pessoa disse que por um cachorro quente e uma bebida tinha desembolsado mais de 20. Mais caro do que Londres… Melhor ir ao evento bem alimentado e levar uma garrafinha d´água de casa.

É isso. Nada demais, tudo simples de se resolver. E que, na minha singela opinião, vai deixar o prazer de se escalar uma montanha de livros ainda mais agradável. Ontem, feriado de sete de setembro, houve recorde de público e de vendas. Sinal de que as pessoas estão curtindo. Se você ainda não foi e anda pela cidade maravilhosa, tem até domingo para ir ao Riocentro (sim, eu sei, é longe, mas você vai encontrar publicações que não encontraria em outro lugar…).

E não esqueça de que sábado, dia 10, às 17h, Martha Medeiros vai estar conversando com Cissa Guimarães no  “Mulher e Ponto“. Preciso confessar que não sei como é o som e a iluminação deste espaço, mas torço para que não precise de nenhuma porradinha…

O estande da L&PM na Bienal do Livro do Rio: esse não merece nenhuma "porradinha"

*Paula Taitelbaum é escritora, autora de “Porno Pop Pocket” e “Menáge à Trois” e coordena o Núcleo de Comunicação da L&PM.