Antes de publicar O grande Gatsby, seu romance mais famoso e uma das obras de língua inglesa mais aclamadas do mundo, F. Scott Fitzgerald escreveu Os belos e malditos, uma espécie de história de amor autobiográfica. No livro, Anthony Patch, um herdeiro milionário formado pela Universidade de Harvard, e Gloria, sua mulher, formam um glamuroso e irresponsável casal que vive em Manhattan e assiste, impotente, a seu espetacular e trágico declínio. Muito mais do que um romance que retrata as loucuras e extravagâncias da chamada Era do Jazz por alguém que a viveu intensamente, esta é a história do próprio casal Fitzgerald.
Os toques autobiográficos estão presentes em boa parte da obra de F. Scott Fitzgerald, tanto que chegou um momento em que ficção e realidade passaram a se confundir, como se ele previsse em seus livros as desventuras que aconteceriam na vida do casal. Em 1930, quando Zelda sofreu um colapso nervoso total após sucessivas crises, Francis confessou: “às vezes, não sei se Zelda e eu somos de verdade ou personagens de um dos meus romances”.
Mais tarde, em 1934, lutando contra uma montanha de dívidas, escreveu Tender is the night, antes de proclamar sua própria “falência emocional” em uma série de ensaios confessionais publicados na revista Esquire e reunidos junto com outros escritos no livro Crack-up da Coleção L&PM Pocket.