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Lady Gaga é banida da China após encontro com o Dalai Lama

Não dá pra agradar todo mundo. Isso Lady Gaga sabe bem. Seu encontro com Sua Santidade, o Dalai Lama, por exemplo, deixou budistas do mundo inteiro contentes, mas irritou profundamente os chineses mais radicais. A cantora e o líder espiritual trocaram palavras e gestos de gentileza durante uma conferência em Indiana, nos Estados Unidos, na segunda-feira, 28 de junho. Ao publicar em seu Instagram uma foto do Dalai Lama segurando sua mão, Lady Gaga recebeu uma avalanche de comentários hostis vindas da terra de Mao. “Para os chineses é como se estivesse apertando a mão de Bin Laden”, escreveu um usuário da rede social. A absurda comparação com o terrorista islâmico se deve ao fato de que o Partido Comunista Chinês considera o Dalai Lama um inimigo de estado por ser um “separatista”.

Lady Gaga Dalai Lama Instagram

A foto do Dalai Lama com Lady Gaga atraiu a ira do Partido Comunista Chinês

Desde segunda-feira, o partido tem promovido ações para impedir que os cidadãos ouçam músicas de Lady Gaga, exigindo que os sites de distribuição deletem suas canções e estimulando notícias que critiquem a cantora. Lady Gaga é uma das artistas ocidentais mais populares na China e, segundo o jornal britânico The Guardian, seu nome agora foi adicionado à lista de estrangeiros que não são bem-vindos ao “Reino Médio”. Na conferência em que se deu este encontro, o Dalai Lama centrou seu discurso na esperança de um futuro melhor, com compaixão humana, amor e benevolência. Tudo o que parece estar faltando para alguns chineses.

O livro Sete anos no Tibet, publicado na Coleção L&PM Pocket, conta como a China invadiu o Tibet em 1950, expulsando milhares de cidadão e também o grande líder budista. A L&PM também publica os pensamentos do Dalai Lama, Caminho da sabedoria, caminho da paz, em dois formatos. 

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17. “Quando Brad Pitt fez o meu papel…”

*Por Ivan Pinheiro Machado

Heinrich Harrer estava muito à vontade naquele belo salão no Frankfurter Hoff, melhor hotel de Frankfurt e um dos mais aristocráticos da Alemanha. Na Feira Internacional do Livro de Frankfurt de 1999, ele curtia o incrível êxito internacional do seu livro “Sete anos no Tibet”, publicado com sucesso há mais de 45 anos e que acabara de ser subitamente re-catapultado à categoria de best-seller graças à  badalação em torno do recém-lançado filme de Jean-Jacques Annaud. Seu agente, Paul Marsh, falecido em 2009, organizara um coquetel convidando os editores dos quase 80 países que publicavam o livro (foi traduzido em 53 idiomas e, em 1954, quando lançado nos Estados Unidos foi best-seller com mais de 3 milhões de livros vendidos). Eu estava lá como editor brasileiro de Harrer. Ele tinha recém completado seus 86 anos e conversava individualmente com todos os editores presentes no coquetel. Quando chegou a minha vez, ele foi especialmente simpático ao saber que eu era brasileiro. Fez várias perguntas a respeito da realidade do país e me contou rapidamente a incrível aventura que ele viveu na Amazônia. Mr. Harrer decididamente não gostava de uma vida pacata. Depois de fugir de uma prisão na Índia, de atravessar o Himalaia a pé e passar sete anos no Tibet, decidiu explorar a  misteriosa Amazônia. Foi no ano de 1957 e, acompanhado de seu amigo, o príncipe Leopoldo III da Bélgica, subiu de barco o rio Amazonas até próximo de sua nascente no Peru. A aventura durou sete meses e ele pegou uma malária que, segundo disse “me acompanha até hoje”. Mais que a aventura amazonense de Mr. Harrer,  marcou-me uma frase sua a respeito do filme: “O Brad Pitt fez muito bem o meu papel. Não reclamo. A única restrição é que ele está muito sério e eu era mais expansivo…” Que tal?

Cena do filme “Sete anos no Tibet”

Pra quem já esqueceu, Harrer/Brad Pitt era alemão e chegou ao Tibet fugido de um campo de prisioneiros inglês na Índia em 1945. Lá, ele conheceu o jovem 14º Dalai Lama de quem foi durante sete anos uma espécie de tutor, ensinando línguas, geografia e relações com o Ocidente. O livro e o filme contam a estadia tibetana de Harrer encarnado por Brad Pitt. Dalai Lama está vivo (e bem vivo) defendendo a causa da independência tibetana. Heinrich Harrer foi também um grande defensor da causa e morreu em 2006 aos 93 anos na Áustria.

Harrer e o Dalai Lama

Na década de 1940, Heinrich Harrer foi um dos grandes esportistas alemães, atleta olímpico em esportes de inverno e alpinista famoso, tendo escalado grandes montanhas no Alasca, nos Andes, na África, Nova Guiné, Europa e Ásia. Seu nome, como esportista, chegou a ser explorado na propaganda do regime de Adolph Hitler. Mais tarde, ele reconheceu que cometera um grande erro, permitindo que associassem o seu nome ao nazismo e, logo após a guerra, Harrer reconheceu o mal que Hitler causou ao mundo.

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Dalai Lama e o Twitter

De acordo com o ranking divulgado pela Revista Forbes, o 14º Dalai Lama possui um dos perfis mais influentes do mundo no Twitter.  Sua Santidade aparece em 5º lugar atrás de Kanye West, Joe Jonas (Jonas Brothers), Paulo Coelho e Justin Bieber.

O primeiro do ranking é o ídolo teen de apenas 16 anos. O que torna o perfil de Justin Bieber mais influente do que todos os demais, segundo a Forbes, é o impacto das opiniões e recomendações que ele compartilha com seus fãs por meio da rede de microblogs.

Já o mestre budista descobriu o Twitter no início deste ano e usa regularmente o serviço para se comunicar com seguidores de todo o mundo, em especial com aqueles que vivem em regiões onde a comunicação é difícil por outros meios. Na China, por exemplo, onde a censura do estado dificulta a comunicação pelos meios convencionais, Dalai Lama viu no Twitter a saída perfeita para burlar o bloqueio e manter contato com os budistas que ainda vivem lá. Questões políticas e culturais envolvendo a região do Tibete são as que mais preocupam Sua Santidade, como é conhecido Dalai Lama.

Pelo Twitter, os ensinamentos que circulam em livros como o Caminho da sabedoria, caminho da paz, Coleção L&PM POCKET, continuam chegando até mesmo onde os livros não tem como ir.

Dalai Lama responde perguntas via twitter

Pois não é que enquanto falávamos sobre o Dalai Lama na semana passada ele se preparava para dialogar com seus seguidores (literalmente) via twitter? Sua Santidade respondeu em 140 caracteres algumas das mais de mil perguntas que recebeu pela página de Wang Lixiong, um crítico chinês do regime comunista. Em uma das respostas ele disse que “em um futuro não muito distante, haverá mudanças e os problemas se resolverão (no Tibet)”.
Aos inocentes que resolverem acessar o twitter de Lixiong para ver todas a entrevista na íntegra, avisamos que o máximo que encontrarão é isso:


Ou seja, a não ser que você entenda chinês, é mais fácil acessar direto a versão em inglês aqui.

Entenda o conflito no Tibet

Ivan Pinheiro Machado

Em 1959, depois do fracasso da rebelião armada contra o governo chinês, o 14º Dalai Lama, acompanhado de milhares de fiéis, refugiou-se na cidade de Dharamsala, na Índia, instalando um governo no exílio.
Nove anos antes, com o desequilíbrio de forças ocasionado pela descolonização britânica, o Tibet havia sido ocupado pelo exército chinês, rompendo com uma tradição de 400 anos de estado religioso. Os ingleses apoiavam o Dalai Lama, o chefe de estado tibetano, e os chineses apoiavam Panchem Lama, de outra facção budista e postulante ao governo do Tibet. O tempo entre a invasão inicial e a fuga do 14º Dalai Lama foi marcado por um processo sistemático de perseguições e de aculturação monitorado pelos chineses que tentaram – e tentam até hoje – erradicar o budismo que é a identidade do Tibet e do povo tibetano.
Em seu livro Caminho da sabedoria, caminho da paz, publicado na coleção L&PM POCKET, o Dalai Lama denuncia o incrível número de um milhão de mortos (um sexto da população) desde 1959 como consequência da invasão chinesa: 175 mil morreram na prisão, 156 mil em execuções em massa, 413 mil de fome (isso durante as “Reformas agrícolas”), 92 mil foram torturados até a morte e 10 mil cometeram o suicídio. No rastro deste genocídio – segundo conta o Dalai Lama em seu livro – 6.100 mosteiros foram destruídos.
A China alega que o Tibet faz parte de seu território desde meados do século XIII e deve ficar sob o comando de Pequim. Muitos tibetanos afirmam que a região do Himalaia ficou independente durante vários séculos e que o domínio chinês nem sempre foi uma constante.
Em 1989, a causa da independência do Tibet ganhou força no Ocidente após o massacre de manifestantes pelo exército chinês na praça da Paz Celestial e a entrega do Nobel da Paz ao Dalai Lama, líder espiritual dos budistas.
Desde o final dos anos 1990, a China tenta legitimar sua presença no Tibet por meio do crescimento econômico – a partir de 1999, a economia local cresceu 12% ao ano. O governo chinês também tenta dominar o país através da presença de chineses da etnia majoritária han e do controle da sucessão religiosa.
A China diz que os tibetanos no exílio, liderados pelo Dalai Lama, só estão interessados em separar o Tibet da terra-mãe. O Dalai Lama diz querer nada mais que a autonomia da região.

Sete anos no Tibet

O registro deste conflito está em Sete anos no Tibet (L&PM POCKET), livro escrito pelo alpinista austríaco e campeão olímpico Heinrich Harrer (1912-2006) que relata sua experiência na região. Em 1943, após decidir escalar um dos picos mais altos do Himalaia, Harrer e seu companheiro Peter Aufschnaiter, engajados no exército alemão, foram presos pelos ingleses. Depois de fugir do campo de prisioneiros na Índia, atravessaram as montanhas do Himalaia enfrentando a rejeição das autoridades tibetanas, as baixas temperaturas e todos os perigos imagináveis. Ao fim de dois anos de uma árdua travessia, chegaram às portas de Lhasa, a Cidade Proibida, famintos, maltrapilhos e quase mortos de frio. Diante do estado lamentável em que se encontravam, foram recolhidos e acolhidos pelos tibetanos. Devido aos seus conhecimentos de ciências em geral, Heinrich Harrer, depois de conquistar a confiança dos monges e nobres tibetanos, foi contratado para ser o preceptor e professor do Dalai Lama – a encarnação do Buda na Terra. Nesta convivência de sete anos, Harrer viveu uma profunda amizade com o jovem Dalai Lama que o despertou para um mundo completamente diferente daquele que conhecia. Ele permaneceu no Tibet até 1950, quando os chineses invadiram o país expulsando milhares de cidadãos e o líder Dalai Lama.

Em 1997, o livro de Harrer foi adaptada para o cinema com grande sucesso, em filme dirigido por Jean-Jacques Annaud e com Brad Pitt no papel de Harrer.