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O primeiro cartaz oficial da nova adaptação de “Mogli – O Menino Lobo”

A Disney divulgou, durante a D23 Expo – evento em que o estúdio apresenta seus próximos lançamentos –, o primeiro e cartaz oficial da nova adaptação do estúdio para a história de “Mogli: O Menino Lobo”, baseado na obra de “O livro das selvas”, de Rudyard Kipling.

O filme será dirigido por Jon Fraveau, a partir do roteiro do novato Justin Marks. Será uma de live-action com animação CG e conta a clássica história do menino que cresce em uma floresta criado por lobos. A sinopse oficial destaca que Mogli passará por uma cativante jornada de auto-descoberta quando é forçado a abandonar o único lar que já conheceu.

O estreante Neel Sethi vive o protagonista, dublando Mogli. Entre as vozes dos animais da floresta, estão os atores Scarlett Johansson, Bill Murray, Christopher Walken, Idris Elba, Ben Kingsley, Lupita Nyong’o, Giancarlo Esposito e Emjay Anthony. “Mogli: O Menino Lobo” tem estreia marcada no Brasil para 16 de outubro de 2015, uma semana depois do lançamento nos EUA.

Mogli_cartaz_novo

A Coleção L&PM Pocket publica “O Livro da Selva“, de Kipling.

Uma nova Cinderela em carne e osso

A Gata Borralheira foi uma história recolhida, reescrita e eternizada pelos Irmãos Grimm. Na versão original, a heroína não se chama Cinderela, seu pai segue vivo até o fim, não há fada madrinha e as “irmãs” cortam parte dos pés para calçar o sapatinho.

Quando virou desenho animado da Disney em 1950, a história dos Irmãos Grimm ficou bem mais suave e encantada. A Gata Borralheira ganhou o nome de Cinderela, o pai tomou chá de sumiço já na primeira cena e uma bondosa fada madrinha foi acrescentada ao roteiro. Da versão original, ficaram as agruras da pobre heróina, a maldade da madrasta e suas filhas e, ufa!, o final feliz ao lado do príncipe.

Agora, a Disney divulgou o trailer de uma nova versão da história, dessa vez em carne e osso em com grande elenco. Richard Madden (o Robb Stark, de “Game of thrones”) é o príncipe; Lily James (a Lady Rose, de “Downton Abbey’) é a Gata Borralheira, Cate Blanchett é a madrasta má e Helena Bonham Carter é a fada madrinha. Todos dirigidos por Kenneth Branagh.

A nova “Cinderela” estreia no Brasil no dia 2 de abril.

Ficou curioso para conhecer o conto original dos Irmãos Grimm? A gata borralheira está em Contos de Grimm Volume 2, Coleção L&PM Pocket.

 

O espírito do mais famoso conto de Natal

Havia um tempo em todo escritor tinha em seu currículo um conto de Natal. O mais famoso deles, certamente, é aquele criado por Charles Dickens. A história de Scrooge – um idoso avarento e egoísta – nasceu originalmente como uma canção de cinco estrofes, cada uma delas ilustrando um acontecimento especial da noite de Natal que mudou a vida do personagem. A obra teve um papel fundamental na reabilitação das tradições natalinas numa época em que elas se encontravam em declínio. Um Conto de Natal de Dickens baseia-se em dois temas preferidos do escritor: a injustiça social e a pobreza. Ao longo de toda a história, ele descreve a combinação desses dois elementos, bem como suas causas e efeitos.

A L&PM publica "Um Conto de Natal" de Dickens na Série Clássicos da Literatura em Quadrinhos, além da história original na Coleção L&PM Pocket

Depois de Um conto de Natal, Dickens escreveu uma série de livros natalinos (Christmas Books), como The Chimes e Cricket on the Hearth, entre outros, baseados no espírito de Natal. Apesar de terem feito muito sucesso na época, estes títulos não resisitiram tão bem à passagem do tempo como Um Conto de Natal. Esta obra foi tema das primeiras leituras públicas de Dickens (que sofreu alguns ajustes para ser lida em voz alta). Um Conto de Natal foi adaptado muitas vezes para o teatro, o cinema e a televisão e inspirou Walt Disney a criar o Tio Patinhas (cujo nome de batismo original é Uncle Scrooge). A mais recente adaptação para o cinema é a que traz Jim Carrey no papel do averento criado por Dickens.

Tio Patinhas foi explicitamente inspirado no avarento Scrooge de "Um Conto de Natal" de Dickens

Jim Carrey é Scrooge na mais recente adaptação de "Um Conto de Natal" da Disney

A(s) possibilidade(s) de uma ilha – Parte I

Alexandre Boide conta a história dos Mangás*

A coisa tinha mudado mesmo de figura. E de maneira radical. Em 1945, em meio ao que sobrou da cidade de Osaka devastada pela guerra, Osamu Tezuka ia ao Cine Shouchiku assistir aos desenhos animados de Walt Disney, de quem era um grande fã, sonhando em algum dia poder fazer algo pelo menos parecido. Em 1994, os Estúdios Disney lançaram com grande alarde sua megaprodução O rei leão, que tinha “semelhanças” escandalosas com Kimba — O leão branco, de Tezuka, a começar pelo nome do protagonista. A questão do plágio era tão flagrante que o ator Matthew Broderick, escalado para dublar a voz de Simba, chegou a declarar que imaginava se tratar de um remake “do desenho do leão branco que eu via quando criança”.

À esquerda, os desenhos de "Kimba, o leão branco" (de 1965) e à direita, "O Rei Leão" (de 1994). A Disney copiou até os enquadramentos dos quadrinhos de Tezuka

Em menos de quarenta anos, o epicentro do entretenimento de qualidade em quadrinhos e animação havia se deslocado de Hollywood e das grandes editoras de HQs nova-iorquinas para o extremo Oriente, ainda que, na época, a maior parte das pessoas não tivesse se dado conta disso. Não muito tempo depois, os mangás cairiam como uma bomba sobre o mercado ocidental de cultura pop.

A explicação para isso se deve em parte a uma bomba real e mortífera: aquela que foi lançada sobre Hiroshima e Nagasaki em 1945. Com a derrota na 2ª Guerra Mundial, o Japão foi irremediavelmente invadido pelos produtos de consumo do triunfante capitalismo norte-americano, e a cultura popular e o entretenimento não poderiam ficar de fora. Os coloridos comic books, com suas cores vibrantes e seus heróis fantasiados, além das divertidas tiras de jornal conhecidas na época como funnies, foram uma revelação para a população local, acostumada a quadrinhos mais estáticos, baseados na estética das gravuras tradicionais japonesas. Porém, de acordo com os preceitos de sua cultura milenar e sua mentalidade abertamente insular, os japoneses não hesitariam em logo começar a fazer as coisas à sua própria maneira. Assim como a Toyota superou a Ford, os mangás engoliram o espaço dos comic books.

Quando começaram a ser criados no Japão, os quadrinhos foram libertados de uma série de paradigmas. Para começar, os gibis não precisavam se limitar a 32 duas páginas com as aventuras de super-heróis que atravessam as décadas enfrentando quase sempre os mesmos vilões. As revistas de quadrinhos japonesas têm o tamanho e a grossura de listas telefônicas, com diversas séries se desenrolando ao mesmo tempo, todas elas concebidas para ter início, meio e fim, mesmo que a história se estenda por centenas de volumes e milhares de páginas. Nada de heróis que morrem apenas para renascer alguns números a seguir, ou de personagens comemorando 70 anos de publicação ininterrupta após passar pela mão de dezenas de roteiristas e desenhistas diferentes. Um exemplo marcante dessa diferença de conceito foi dado em março de 1970, quando centenas de fãs de mangá se reuniram na sede da editora Kodansha para se despedir com um funeral simbólico de um boxeador da série Ashita no Joe (“Joe do Amanhã”), de Tetsuya Chiba, com direito a cerimônia conduzida por um sacerdote budista em um ringue de tamanho oficial — e todos os presentes sabiam que sua morte não era só um golpe de marketing.

(Continua amanhã)

*Alexandre Boide é tradutor e coordenador editorial dos Mangás que serão publicados no final de 2011 pela L&PM. “A(s) possibilidade(s) de uma ilha” foi escrito especialmente para este Blog e será publicado em três partes, hoje, sexta e sábado. Não deixe de acompanhar.