Você lembra do velho e bom Aristófanes (444-385 AC) aquele que, escreveu Lisístrata? Aqui no Brasil, a história foi publicada na Coleção L&PM POCKET com brilhante tradução de Millôr Fernandes. A peça trata do fim da guerra do Peloponeso, em 411 a.C. entre Esparta e Atenas. Cansadas de verem seus homens morrer nesta guerra, as mulheres de ambos os lados fizeram um acordo: enquanto não houvesse paz, não fariam sexo. Obviamente a guerra terminou rapidamente.
Pois este é um recurso pacifista que atravessa os séculos. Neste ano de 2011, a história de Lisístrata foi revisitada. Em Dado, uma aldeia com 102 famílias no Sul da ilha de Midiano, nas Filipinas, a greve do sexo lançada pelas mulheres, liderada pela costureira Hasna Kandatu, obrigou os homens a fazerem as pazes. Há mais de 30 anos, havia conflitos devido a disputas de propriedades e heranças. A paz foi selada tendo como testemunha uma delegação da ONU que divulgou nota atestando o fim das violências nas ruas.
Não bastasse isso, a greve de sexo inspirada em Lisístrata também levou a ativista liberiana Leymah Gbowee, a receber o Prêmio Nobel da Paz deste ano (junto com Ellen Johnson Sirleaf e Tawakkul Karman). Leymah também liderou um movimento pacífico de “no sex” que ajudou a terminar a segunda guerra civil do país africano, em 2003.
E o efeito Lisístrata parece não se limitar apenas a guerras e conflitos. Há poucas semanas, em Barbacoas, uma pequena cidade da Colômbia, um grupo de mulheres fez grave de sexo para que seus homens pressionassem o governo a iniciar as obras nas precárias estradas da região. Funcionou. Aliás, pelo jeito, sempre funciona…