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Emma Bovary X Gemma Bovery

Estreou esta semana um filme chamado “Gemma Bovery”. Um trocadilho? Uma brincadeira? Uma releitura? Ou uma homenagem àquela que é uma das mais famosas personagens femininas da literatura, Emma Bovary? Talvez seja de tudo um pouco…

O longa metragem é descrito como uma “comédia dramática” e por aqui ganhou o subtítulo de “A vida imita a arte”. Dirigido pela francesa Anne Fontaine, foi adaptado a partir da graphic novel da britânica Posy Simmonds. A história é centrada na personagem Gemma Bovery, uma bela inglesinha que, ao se mudar para a região francesa da Normandia com seu marido Charles, desperta um turbilhão de sentimentos em seu vizinho Martin, produtor de deliciosos pães e fã de literatura.

Martin logo percebe as coincidências entre a nova moradora local e seu livro favorito, o clássico romance de Gustave Flaubert “Madame Bovary”, começando, claro, pelo nome da moça e o de seu marido, sem contar que foi na região da Normandia que Flaubert escreveu seu famoso livro.

E por falar em coincidência (se é que essa é uma), o nome da atriz também é Gemma: Gemma Arterton.

Assista ao trailer:

A L&PM publica Madame Bovary na Coleção L&PM Pocket e já lançou dois dos três volumes de O idiota da família, a biografia de Gustave Flaubert, escrita por Jean-Paul Sartre.

Gustave Flaubert, o imor(t)al

Gustave Flaubert

Gustave Flaubert

Em janeiro de 1857, Gustave Flaubert foi acusado de ofensa à moral e à religião após a publicação de sua obra-prima Madame Bovary na França. A censura da época chegou a exigir o corte de uma das cenas do romance original como condição para a publicação, mas a medida não foi suficiente para acalmar os puristas. Mesmo com a cena suprimida, a Sexta Corte Correcional do Tribunal do Sena decidiu proibir a circulação da obra e punir o autor e o diretor da revista Revue de Paris, onde a história foi publicada pela primeira vez.

A represália tinha também a intenção de descobrir quem era Emma Bovary, mulher imoral e adúltera retratada por Flaubert no romance. A dúvida teve fim junto com o processo, quando em 7 de fevereiro de 1857, há exatos 154 anos, Flaubert declarou “Emma Bovary sou eu”, causando ainda mais escândalo e reafirmando a importância de uma das personagens mais debatidas da literatura.

Apesar da ousadia – e graças à brilhante atuação de seu advogado – Flaubert foi absolvido e sua obra continuou a circular, tornando-se um clássico da literatura mundial. Se um dia foi considerado imoral e passível de censura, o livro é hoje leitura obrigatória nas escolas, servindo de inspiração para releituras criativas como esta:

Madame Bovary faz parte da Coleção L&PM Pocket.