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Charles Aznavour Entre Aspas e para sempre entre nós

O incansável Charles Aznavour descansou. Morreu nesta segunda-feira, 1 de outubro, aos 94 anos, em sua casa na serra das Alpilles, no sul da França. Mas mesmo com a idade avançada, o cantor continuava fazendo shows.

Nascido Chahnour Vaghinag Aznavourian, ele se tornou um dos maiores nomes da música francesa, “autor de mil canções”.

No livro “Entre Aspas – 2“, o jornalista Fernando Eichenberg conversou com Aznavour –  filho de modestos artistas de origem armênia e que foi secretário, amigo e confidente de Edith Piaf –  sobre as vezes que esteve no Brasil e, aos 90 anos (idade que tinha ao conceder a entrevista) também sobre sua relação com a morte: “A morte é mais jovem do que eu, não penso nela. Ela tem 17 anos a menos do que eu. É ela que deve ter medo de mim , não eu dela.”

Charles Aznavour foto

Leia aqui a entrevista completa (clique nas imagens para ampliá-las):

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Jô conversa com seu criador, David Coimbra

Em conversa imaginária, personagem do livro Jô na estrada tira suas dúvidas existenciais com o escritor David Coimbra, seu criador.   

Jô

Jô, desenhada por Gilmar Fraga

– Aí está um bom começo para nossa conversa! Você me considera a mais linda mulher da estrada?   

David – Há muitas mulheres lindas, mas o que te torna diferente não é ser linda, que é. É estar na estrada.   

– David, se um dia minha história virasse filme, que atriz iria me interpretar?   

David- Pode ser a Carolina Dieckmann? Acho-a parecida contigo. Algo entre santa e sacana.   

– O que farei quando minha beleza acabar? Os homens ainda vão me amar?   

David – Vai fazer o que todos fazemos em certa época da vida: aproveitar as boas lembranças.   

 – Gostaria de saber alguma coisa sobre suas origens, sobre sua adolescência. Você encontrou uma mulher como eu alguma vez na vida?   

David – Encontrei um pedaço de Jô em várias mulheres. Uma leitora me disse outro dia que toda mulher tem um pouco de Jô ou pode se tornar uma Jô algum dia.   

 – Você conhece meu marido?   

David – Conheço o tipo…   

 – Na hora de escrever minha história, que escritor lhe inspirou?   

David – Nenhum em especial. Mas todos que a gente lê contribuem para o estilo que a gente forma.   

 – Quais são suas intenções comigo? Quer que nosso relacionamento continue?   

David – Tenho as melhores intenções contigo. Que, no caso, podem ser consideradas as piores.   

 – Você tem sentimentos por mim?   

David – Mas é claro! Quem não tem sentimentos por ti?   

 – Qual a parte do meu corpo que você  mais gosta ?   

David – Uma vez perguntaram para a Caterine Deneuve que parte do corpo dela ela menos gostava. Ela respondeu: “Minha orelha direita”. Pois eu digo que gosto inclusive da tua orelha direita.   

 – Preciso entender minhas verdades. Ajude-me! Diga minhas verdades!   

David – Acho que tu tens que realizar as tuas verdades. Ação, Jô. Ação.   

 – Que recado você deixa para mulheres como eu, assim, um pouco fogosas… ?   

David – A mesma resposta acima: ação!

Lembrem sempre de Josué Guimarães


Ivan Pinheiro Machado

Quando Josué Guimarães morreu num domingo ensolarado, no dia 23 de março de 1986, seus leitores, amigos e admiradores perdiam não só o grande escritor, cheio de planos, mas perdiam também uma referência. Para todos nós, Josué era um exemplo de coerência e postura moral. Um humanista ferrenho, incapaz – mesmo diante das grandes dificuldades materiais que viveu – de capitular com a ditadura que vigorava da época. Josué era perseguido pela polícia política e, por consequência, ignorado pela elite cultural que dava as cartas na época. Salvo exceções, é claro.

A L&PM Web TV está apresentando o único depoimento audiovisual existente de Josué Guimarães. Na forma como exibimos aqui, ele está editado com imagens de referência e foi apresentado na TV COM em Porto Alegre, por ocasião da dramatização de A Ferro e Fogo sua obra mais conhecida (aproveito a ocasião para agradecer à RBS, na pessoa de Alice Urbim, que gentilmente nos cedeu esta cópia restaurada e editada). O vídeo original da entrevista foi produzido em maio de 1984 pela L&PM Vídeo, empresa da L&PM Editores. A produção foi do Paulo de Almeida Lima, minha e do jornalista Marcelo Lopes, já falecido. O entrevistador foi o jornalista José Antonio Pinheiro Machado, que hoje faz grande sucesso como Anonymus Gourmet. E a entrevista foi feita na casa de Josué na rua Riveira, no bairro Petrópolis em Porto Alegre

Logo depois da abertura democrática, no final dos anos 80, este vídeo foi emprestado para a TV Educativa de Porto Alegre, que queria fazer uma cópia e colocar no ar. Nós emprestamos o material, sem problemas. Com o passar do tempo e a “reabilitação” pós-ditadura de Josué, a TVE, através de alguns de seus ex-dirigentes, arrogou-se a autoria do vídeo, o que foi rapidamente desmentido pelas imensas evidências da nossa produção. Josué era um homem de idéias claras e de uma coerência absoluta – repito. Ele jamais colocou os pés na TVE. Para ele, a TV estatal era um braço do regime ditatorial. Portanto, o que os nossos internautas podem assistir aqui é uma raridade.

Além deste depoimento gravado em vídeo, a equipe editorial da L&PM fez uma grande entrevista que foi publicada em mais de 40 páginas na saudosa revista Oitenta, nos idos de 1983. Esta entrevista estará disponível no nosso site em breve. E nada mais foi feito além do que a L&PM, que foi sua principal editora, realizou.

Suas firmes posições de resistência democrática custaram a Josué Guimarães a indiferença de seus contemporâneos. Este é o trágico da ditadura; ela espalha o medo, o pânico. E aqueles que estavam “bem postos” jamais se aproximavam de um perseguido político. Hoje, ninguém mais se lembra dos apaniguados do regime militar que ditavam as regras da época. Mas Josué ficou. Sua permanência se deve a sua enorme dimensão como pessoa e pela sua obra poderosa que se projeta no tempo encantando gerações após gerações.