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O pai da fábula escrita

Quem não conhece fábulas como A tartaruga e a lebreO Lobo e o CordeiroA Cigarra e a Formiga? Mas ao contrário do que todos pensam, não foi Esopo quem escreveu essas histórias como as conhecemos hoje. Suas fabulações faziam parte da tradição oral grega. As únicas informações sobre a sua vida que chegaram até aos dias de hoje são transmitidas por Heródoto, Plutarco e Heracles Pôntico, mas são contraditórias. Muitos chegam a duvidar da existência de Esopo. Suas fábulas foram reunidas e escritas, tendo inclusive inspirado outros grandes fabulistas, como La Fontaine e Fedro. Consta que Esopo era corcunda, mas a aparência estranha era suprimida pelo seu dom da palavra, ao contar suas histórias carregadas de ensinamentos. Seus personagens  são geralmente animais, personificados, que falam, erram e demonstram bem as muitas saliências do caráter humano. Diz a lenda que Esopo foi escravo e teria sido libertado por encantar seu último senhor com suas histórias de caráter moral e fantasioso. As histórias contadas por Esopo estão reunidas no livro Fábulas, publicado pela L&PM. Lá você encontra histórias como Guerra e Violência e Hermes e o Escultor. Vale a pena ler e refletir.

GUERRA E VIOLÊNCIA
Cada um dos deuses se casou com a mulher que
o destino lhes havia reservado. Quando foi a vez do
deus Guerra, só havia sobrado a Violência: ele se apaixonou
loucamente por ela e a desposou. Desde então,
ele a acompanha por toda parte.
A violência impera numa cidade ou entre as nações,
trazendo guerra e discórdia.

HERMES E O ESCULTOR
Hermes quis saber qual o grau de estima que os homens lhe devotavam. Tomou a aparência de um mortal e foi ao ateliê de um escultor. Ao ver uma estátua de Zeus, perguntou:
– Quanto custa?
– Um dracma – respondeu-lhe o homem.
Hermes sorriu:
– E aquela, de Hera?
– É mais cara.
Hermes viu então sua própria estátua. Achava que, sendo ao mesmo tempo mensageiro e deus do comércio, seu preço seria bem mais alto.
– E Hermes, quanto custa? – quis saber.
– Oh, se comprares as outras duas, a levas de
brinde.
Quem se acha o tal termina valendo menos que
o esperado.