Em Frankfurt, nossos editores, Ivan Pinheiro Machado, Janine Mogendorff e Caroline Chang, encontram-se com o neto de Agatha Christie, Mathew Prichard, durante um coquetel organizado pela agência que detém os direitos da escritora, a Acorn Productions. O evento, que foi oferecido aos editores internacionais da Rainha do Crime, aconteceu no prédio da Bolsa de Valores, no centro de Frankfurt. Na foto, está também Christina Macphail, agente da Acorn.
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Frankfurt à moda brasileira
O pavilhão brasileiro na Feira do Livro de Frankfurt está bastante movimentado. De comidinhas tipicamente brasileiras a encontros com gente conhecida como Mauricio de Sousa, o grande espaço dedicado ao Brasil, país convidado deste ano, está dando o que falar, o que comer e, claro, o que ler também. Abaixo, algumas fotos enviadas pelo editor da L&PM Ivan Pinheiro Machado.
Cartazes da Feira de Frankfurt riem de estereótipos brasileiros
DANIELLE NAVES DE OLIVEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE FRANKFURT
No ano passado, o diretor da Feira do Livro de Frankfurt, o alemão Jürgen Boos, disse que o Brasil não se resumiria a “samba e Ipanema” ao anunciar o país como o homenageado da próxima feira, que acontece de 9 a 13 de outubro.
Mas a imagem vencedora do concurso anual de cartazes organizado pelo evento germânico brinca com a ideia de um “Brasil festivo”: ela estampa um cachorrinho da raça teckel (ou dachshund) vestido a caráter para o Carnaval, acompanhado da frase “Esperando pelo Brasil” em alemão.
O uso irônico do estereótipo é uma das marcas do bem-humorado concurso, que existe desde 2006 e já virou uma tradição do evento.
Karina Goldberg, assessora-executiva da feira e uma das organizadoras do concurso, diz que o teckel “é uma verdadeira instituição, um símbolo alemão relacionado a conforto, estilo, mas também a uma nobreza decadente e fora de moda”.
Para ela, fantasiar o cachorro é transformar um pouco o alemão em brasileiro, tirar-lhe de seu cotidiano e dar mais agito, cor e animação.
Juntamente ao cão carnavalesco, de autoria de Yvonne Winnefeld, mais nove trabalhos foram premiados. Em segundo lugar ficou “Jogador de Futebol”, de Victor Guerrero, que faz uma montagem com Pelé segurando um livro.
A partir de setembro, os pôsteres serão espalhado em parques, estações de metrô, livrarias e cafés da cidade.
via Folha
Feira do Livro de Frankfurt começa amanhã
Ao entrar no site oficial da Feira do Livro de Frankfurt, o convite é irresistível:
De 10 a 14 de outubro, não há nenhum outro lugar que você poderia estar, além de aqui com a gente. Como a maior do mundo, sendo uma lendária feira do livro, Frankfurt é sempre emocionante, inovadora e muito, muito colorida. Este ano, mais uma vez, são esperados mais de 7.000 expositores internacionais, diversos grupos de novos clientes e mais de 3.200 eventos. Entre suas muitas atividades, a Academia de Frankfurt oferecerá quatro conferências internacionais para ajudar os editores a encontrar seu caminho no mundo digital, bem como um evento de dois dias, o StoryDrive, com o objetivo de destacar o potencial de cooperação crossmedia. O restante da programação da Academia também merece um olhar atento, pois dá espaço para assistência a editores iniciantes, às novas tecnologias em sala de aula e marketing para os editores. Nós prometemos muito – e nós cumprimos a promessa.
Os editores Ivan Pinheiro Machado e Janine Mogendorff já estão em Frankfurt e, durante os quatro dias da Feira, vão participar de encontros e reuniões para trazer ótimas novidades literárias para a L&PM Editores. É aguardar para festejar.
58. O Primeiro-ministro que amava as novelas
Por Ivan Pinheiro Machado*
Em 1976, Portugal era uma festa. Depois de 40 anos da sinistra ditadura salazarista, a cidade de Lisboa vivia a euforia dos cravos vermelhos. Tudo começara um ano antes, em 1975, quando a Revolução dos Cravos havia devolvido a democracia ao povo português.
Naquele ano, eu debutava na Feira Internacional do Livro de Frankfurt, onde, levado pela mão do grande editor brasileiro Fernando Gasparian, fiz os primeiros contatos com importantes agentes e editores internacionais. Gasparian era um homem internacional na exata acepção da palavra. Circulava nas rodas mais influentes da intelectualidade de esquerda europeia. Havia morado em Londres e feito política no Brasil, onde chegou a ser Secretário da Indústria do Estado de São Paulo. Foi empresário, fazendeiro, ganhou muito dinheiro e sempre se manteve firme nos seus ideais democráticos. Participou ativamente da resistência, foi sócio de O Pasquim e dono do legendário Opinião um dos jornais mais sérios e ativos no combate à ditadura. Na época, Portugal era uma espécie de paraíso para nós, brasileiros nostálgicos da democracia. Um verdadeiro exército de exilados invadia Lisboa. Eram professores, militantes, profissionais liberais, políticos cassados… enfim, uma legião de expatriados que já havia fugido da Argentina, que caíra nas mãos dos militares, e depois escapara do Chile, que estava nas mãos igualmente sinistras de Pinochet. Os que conseguiram sair do Chile acabaram, a maioria, ou em Paris ou em Portugal pós Revolução dos Cravos.
Fernando Gasparian já tinha vários encontros agendados e no domingo, quando a Feira de Frankfurt acabou, nós voamos para Lisboa. Eu fui para a casa do escritor Josué Guimarães, um dos principais correspondentes de jornais brasileiros sediados em Lisboa, que juntamente com sua mulher Nídia me acolheu principescamente. Chegamos por volta do meio-dia e, ao anoitecer, Gasparian me ligou e disse “vamos a um jantar meio formal, seria bom que você colocasse uma gravata”. Era o seu estilo afirmativo, sua maneira peculiar de fazer convites. Eu ri e perguntei onde iríamos. Ele estava apressado: “Vamos nos encontrar às 8h no Tivoli”. Às 8 horas lá estava eu de gravata em frente ao tradicional Hotel Tivoli. O Gasparian chegou pontualmente num táxi, eu subi e em 15 minutos estávamos no… Palácio Presidencial. “O Mário (Soares) nos convidou para jantar”, disse o Fernando rindo, “você vai gostar dele, é um boa praça”.
Fomos recebidos pelo cerimonial do palácio, umas três ou quatro pessoas. Uma das encarregadas não demorou a explicar a ausência do anfitrião: “O Primeiro-ministro pede que aguardem no salão uns 15 minutos, pois ele está a ver a novela brasileira”. Nós sorrimos e sentamos no magnífico salão. O jantar foi divertidíssimo, pois o Primeiro-ministro Mário Soares, amigo do Gasparian, era um homem culto e muito divertido. E não perdia por nada nenhum capítulo de “Gabriela Cravo e Canela”, que liderava a audiência em Portugal em 1976.
*Toda terça-feira, o editor Ivan Pinheiro Machado resgata histórias que aconteceram em mais de três décadas de L&PM. Este é o quinquagésimo oitavo post da Série “Era uma vez… uma editora“.
O sofá azul
Das blaue sofa (sofá azul), é o nome de uma série de eventos-entrevistas que ocorrem durante as Feiras de Frankfurt e Leipzig. Autores são convidados a comentar suas mais recentes obras e responder perguntas de jornalistas. Tudo transmitido ao vivo nos corredores da feira e, posteriormente, pela internet.
Quem sentou no famoso sofá na tarde de hoje foi o Nobel de Literatura Günter Grass. Confira outras entrevistas no site do Das blaue sofa
Nós e “As veias abertas…”
Por Ivan Pinheiro Machado
Conheci Eduardo Galeano na Feira Internacional do Livro de Frankfurt, em 1976. Era minha primeira vez em um evento como este e eu, muito jovem, representava uma editora que tinha apenas um livro. Lembro que Millôr Fernandes me levou ao aeroporto do Galeão e disse: “o Gasparian vai estar neste vôo”. Fernando Gasparian, que faleceu em 2006, era o dono da Editora Paz e Terra e foi, além de uma extraordinária figura humana, um dos maiores editores do Brasil. Seu lugar na história das lutas democráticas nos anos 70 está garantido. Além de editor de livros, Gasparian foi dono do célebre jornal “Opinião” e um dos donos do não menos célebre “O Pasquim”. Pois bem, encontrei Gasparian no avião, me apresentei e conversamos durante muitas horas até que, quando chegamos a Frankfurt, fomos juntos procurar um hotel. Instalados, nos encontramos na Feira, onde Fernando me apresentou Eduardo Galeano. Naquele ano, a Feira Internacional do Livro de Frankfurt se posicionava politicamente ao homenagear a literatura Latino-americana – época em que a América do Sul era 100% tomada por ditaduras militares. Todos os grandes autores, com exceção de Jorge Luis Borges, estavam lá: o colombiano Gabriel García Marquez, o peruano Mario Vargas Llosa, o paraguaio Augusto Roa Bastos, o argentino Julio Cortázar, o chileno José Donoso, os uruguaios Eduardo Galeano e Mario Benedetti, os brasileiros Jorge Amado, Thiago de Mello e muitos outros. Houve várias manifestações e uma histórica mesa redonda com todos os escritores importantes num auditório lotado por mais de 2.000 pessoas.
Hoje, primeiro de outubro, a L&PM está lançando uma nova edição de “As veias abertas da América Latina”. Com nova capa, nova tradução e índice analítico, “As veias abertas…” vem juntar-se à totalidade da obra de Eduardo Galeano editada pela L&PM.
Estamos muito orgulhosos. “As veias abertas da América Latina” vendeu milhares de exemplares em todo mundo. Líamos este livro na década de 70, em espanhol, pois esteve quase 10 anos proibido no Brasil. É um inventário da espoliação, da colonização e da predação europeia e norte-americana na América Latina. Em seu prefácio, escrito especialmente para esta edição, Galeano diz, em 2010, que lamenta que o livro não tenha perdido a atualidade… Apesar destes tempos neoliberais, “As veias abertas…” segue tendo muitos leitores. Afinal, as novas gerações querem conhecer este clássico e este lado sombrio da nossa história.
Brasil é país convidado na Feira do Livro de Frankfurt de 2013
É graças a Feira do Livro de Frankfurt que muitos livros chegam até você. O mega evento, que acontece anualmente desde setembro de 1949, é onde as editoras do mundo inteiro se encontram para comprar e vender seus títulos. Pois essa semana foi divulgado que, em 2013, o Brasil será novamente o tema da Feira – a primeira vez foi em 1994. O que isso significa? Que, se você é escritor, terá mais chances do seu livro ser vertido para o alemão e outras línguas. Que, se você é livreiro, seus títulos poderão ter maior destaque na Europa. E que você, leitor, provavelmente terá mais novidades para escolher nas livrarias.
A homenagem ao Brasil foi divulgada após um encontro que reuniu o diretor da Feira, Jüergen Boos, e o Ministro da Cultura do Brasil, Juca Ferreira. Outro que participou da reunião foi Mauricio de Sousa. “O mundo passa por lá para saber o que há de melhor no mercado editorial e nós estaremos lá. Temos que trabalhar para que Frankfurt possa ser a melhor vitrine”, disse o criador da Turma da Mônica. Já o diretor Boos destacou a presença da imprensa: “O importante é que nesses cinco dias são 11 mil jornalistas presentes. Fiz uma pesquisa do que eles escrevem e 60% do noticiário se refere ao país tema, que é convidado de honra”.
Enquanto 2013 não chega, trataremos de aproveitar a 62ª edição da Feira de Frankfurt desse ano, que ocorrerá entre 6 e 10 de outubro. Há cerca de 20 anos a L&PM participa do evento.